Fanfic: Story Of My Life - Herroni | Tema: Trauma Herroni: Maite Perroni & Alfonso Herrera.

011 – Passado Doloroso.

O dia foi todo tranquilo, a Mia e a Shailene ficaram brincando o dia quase todo, o Davi, ainda doentinha, ás vezes chorava e sentia algumas dores no ouvido, mas com o pano quente, ele logo se acalmava e a febre, graças a Deus, havia diminuído. Era de noite, quando Shailene inventou que queria assistir um filme, ela e Poncho insistiram até que eu aceitei. Eles escolheram um filme de terror, para o meu desespero. Sim, com 20 anos eu tinha medo de filme de terror...vai entender.

"Mas...Tem que ser mesmo de terror? Existe tantos gêneros no mundo" – Eu disse e eles sorriram.

"Deixa de ser medrosa, Mai" – Shai disse.

"Não é medo...é só..."

"Você não é uma boa mentirosa" – Poncho disse, sorrindo.

"De fato" – Shai disse e eu suspirei me encostando no sofá.

"Se não tem jeito..." – Fiz um biquinho sem perceber.

"Pegando os costumes da Mia, Mai?" – Alfonso perguntou e eu sorri.

"Convivência..." – Eu disse sorrindo, ele sorriu em resposta, enquanto colocava o filme. Shai tomou conta de todo o sofá maior. Alfonso a fuzilou com um olhar.

"Folgada" – Resmungou, se sentando ao me lado, no menor sofá. Ela sorriu.

"Eu sei que você me ama" – Disse convencida. E então o filme começou. Na primeira cena, já tinha sangue, meu estômago embrulhou.

"Ok...Vou ver a Mia e o Davi..." – Eu disse levantando, mas Alfonso segurou minha mãos, me puxando de volta, fazendo eu ficar bem perto dele. Muito perto.

"Não vai fugir assim tão fácil, mocinha" – Ele disse e eu bufei, forçando-me a olhar, aquele filme terrível e assustador. Menos de 15 minutos depois que começou o filme, Shailene dormiu, mirei Alfonso que assistia atento o filme.

"Você não sente nem um pouquinho de nojo?" – Perguntei. "Digo...essas coisas todas de mortos e sangue...Nossa" – Estremeci. "Isso me apavora"

"Não devemos ter medos dos mortos, Mai...E sim dos vivos, eles são o únicos que podem nos fazer mal"

"Isso é verdade, mas...Ai meu Deus" – Eu disse, quando olhei para a televisão e vi uma mulher sendo partida ao meio, com todo o seu intestino sendo jogado para fora. Alfonso sorriu e eu o mirei apavorada. "Como...Como você consegue rir...meu Deus" – Eu tentava dizer algo, mas não conseguia. Alfonso riu novamente e me puxou para perto de si, me aconcheguei mais nele, estava tão quentinho...

"É só um filme, Mai..." – Ele sussurrou em meu ouvido.

"É apavorante" – Eu disse, não olhando mais para a tv.

"Quer parar de assistir?"

"Não...Não precisa" – Eu disse e continuamos assistindo. Ou melhor, ele continuou assistindo, porque não me lembro mais de nada, apenas que apaguei. Quando acordei, a televisão estava desligada e eu estava sobre o peitoral de Alfonso, Shailene ainda dormia no sofá. Suspirei me afastando um pouco dele, pensei que estivesse dormindo, mas não...Estava escuro, mas dava para ver seus olhos verdes me mirando.

"Oi" – Eu disse, sem graça. Ele sorriu.

"Oi, tudo bem?" – Brincou, eu sorri.

"Desculpa por...hum...por isso" – Eu disse.

"Sem problemas, eu sei que sou muito confortável" – Ele disse brincalhão. É tão bom vê-lo assim.

"Convencido nem um pouco" – Eu disse, me espreguiçando e me afastando dele.

"Com certeza...Mas então, vai para a cama?" – Ele perguntou.

"Não...Ela não gosta de dormir sozinha, ontem foi parar no meu quarto" – Eu disse e ele sorriu.

"Normal, sempre quando ela vem para cá é assim, dorme comigo...digo, na minha cama, mas não comigo...não...quero dizer"

"Eu entendi" – Disse sorrindo. "E você? Vai para o quarto? Você nem dormiu, né?"

"Não...Eu não dormi e..." – Antes dele terminar, ouvimos o chorinho do Davi. Levantamos e fomos para o quarto de Alfonso na mesma hora.

"Não acende a luz não..." – Eu sussurrei antes de me aproximar de Davi.

"Ei meu amorzinho..." – Me sentei na cama, o colocando em meu colo e peguei o paninho que já estava do lado da cama, o molhando na água morna que também estava lá, numa vasilha térmica, para manter a temperatura ideal. Coloquei com cuidado em seu ouvido e logo o choro foi cessando. Me encostei na cabeceira e logo ele dormiu. Alfonso não saiu do nosso lado. "Pronto...Dormiu" – Eu disse e o coloquei no canto da cama, me levantando e ajeitando os travesseiros em seguida.

"A ideia de vê-lo sentir dor não me agrada" – Ele disse fazendo careta.

"A mim também não, nem um pouco" – Digo sincera.

"Você gosta muito deles, não é?"

"Sim..." – Sorrio, olhando Davi. “Eles são uns amores, fazem companhia a mim a semana toda e o Davi..." – Eu parei, sentindo meu coração apertar.

"E o Davi? O que tem?" – Ele perguntou e eu o mirei.

"Meu filho seria um pouquinho mais velho que ele..." – Eu disse baixo, minha voz fraquejou. E mais uma vez o passado. Eu sabia que por mais que um dia eu fosse feliz, o passado eu nunca esqueceria.

"Seu...Seu filho? Você teve um filho?"

"Não...Eu iria ter um filho..." – Disse e meus olhos marejaram.

"Oh meu Deus...Eu sinto muito, Mai...O que aconteceu?" – Ele perguntou, suspirei e me sentei ao seu lado.

"Foi aborto espontâneo...Eu tinha apenas 18 anos, desde o começo eu sabia que era uma gravidez de risco, não só pela minha idade, mas também, pelas circunstâncias que eu fiquei grávida..." – Suspirei e dei uma risada amarga. "Pelo menos eu não pude pega-lo no colo, acho que doeria mais, sentir o seu cheirinho, ver o seu rostinho e depois perde-lo" – Eu disse e uma lágrima caiu, sequei-a rapidamente e Alfonso me abraçou de lado.

"Oh Mai...Eu sinto muito...Nem sei o que faria se perdesse um de meus filhos, acho que morreria" – Ele disse e beijou meus cabelos. "Sabe, Maite...Eu te admiro muito" – Eu me afastei o mirando e secando minhas lágrimas. "Eu sei poucas coisas sobre você, mas o suficiente para saber que você é uma mulher incrível, uma mulher tão fascinante que já sofreu tanto e mesmo assim, em vez de ser uma pessoa revoltada com tudo e amargurada com eu, você é um anjo, tão doce, delicada...Eu acho que nunca conheci uma pessoa tão boa quanto você..." – Ele disse, acariciando meu rosto.

"Poncho...Você não é uma pessoa má, talvez você já tenha sofrido muito e eu entendo a sua dor, eu também já a senti, muitas vezes...Saudade você vai sentir todos os dias e vai doer sim e você vai sofrer sim...muito. Mas você tem dois filhos, tem pelo que lutar todos os dias e os motivos para você ser feliz, só depende de você..."

"Eu sei...Mas e você? Por quem é que você luta todos os dias e consegue ser uma pessoa tão maravilhosa assim?"

"Poncho...Eu não ou maravilhosa, longe disso...Eu luto por minha mãe..." – Dei um sorrisinho de lado. "Pelo meu filho também...Pelo Chris..." – Eu disse e ele me olhava atento. "Eu sei que eles não estão mais vivos, mas estão em meu coração...é o suficiente" – Eu disse e ele me abraçou. Ficamos assim por um longo tempo, eu derramei mais algumas lágrimas, abraçada a ele.

"Eu me sinto bem com você..." – Ele disse e nos afastamos. "Há muito tempo eu não me sinto assim" – Completou, secando minhas lágrimas e me deu um beijo na testa. "Obrigado..." – Sussurrou.

"Eu que te agradeço, você me deu um lar, Poncho...Você cuida de mim, afinal, não é?" – Sorrimos. "E eu me sinto igual em relação a você...Me faz muito bem" – Completei e nos abraçamos mais uma vez, antes de eu me levantar. "Agora eu tenho que ir" – Disse e o mirei, ele assentiu, mas antes de sair, ouvi ele me chamar.

"Maite" – O mirei. "Eu não luto todos os dias apenas pelo Davi, pela Mia e por Anahi..." – Ele disse e eu o mirei curiosa. "Luto também por você...Desde o dia que te conheci" – Ele disse e de repente senti o vazio do meu peito se diminuir um pouco.

"Eu também, Poncho...Desde o dia que conhece você, ou melhor vocês e a Mia" – Eu disse, olhando para ele e para Davi.

"Boa noite, Mai" – Sorriu de leve.

"Boa noite, Poncho"

Fim da Narração.