Fanfics Brasil - 1 Lição de Ternura AyA Finalizada

Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada


Capítulo: 1

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Capítulo 01

Alfonso Herrera saiu do chuveiro no hotel bem à tempo de ouvir o noticiário esportivo da rede WWL, canal quatro.

"- A agitação é geral aqui em Nova Orleans para a grande final de futebol americano - o repórter anunciava - E não faltam especulações sobre o time que conquistará o título de campeão este ano, se a ofensiva dos Cowboys ou a defesa acirrada dos Bengals... 

Enquanto enxugava com vigor os cabelos de um tom escuro de castanho, Alfonso tentava convencer-se de que, afinal, havia sido melhor que seu time, Memphis Maraudes, não tivesse chegado à final naquela temporada. 
A expectativa pelo jogo, a partida em si e a volta à realidade depois da vitória ou da derrota eram desgastantes demais. Mesmo os jogadores mais jovens sofriam com a tensão.

- Os dois times entrarão em campo sem nenhum dos titulares contundidos...

Alfonso enxugava o peito quando a menção do trio infernal chamou sua atenção. Ele não resistiu à curiosidade de se ver na televisão.

- Três rapazes que dispensam apresentação. Em campo, eles são conhecidos como os Infernais, um trio certamente tempestuoso.

Nu e descalço, Alfonso foi para quarto assistir à entrevista que havia concedido juntamente com seus dois companheiros de equipe.

- Como vocês vão se sentir no domingo ao assistir à batalha entre Cowboys e os Bengals? Se alguém por acaso não os conhece, estes são Christian Chavez, Christopher Uckermann e o Malando Irlandês em pessoa, Alfonso Herrera.

Foi Christian quem respondeu à pergunta do repórter.

- Vou me sentir realmente muito bem no domingo vendo os Cowboys e os Bengals se massacrarem em vez de os massacrados sermos eu e meus companheiros.

- Mas é bom lembrar - Christopher Uckermann, de pele clara e cabelos negros, ressalvou - que o Memphis Maraudes fez uma campanha...Posso dizer...- ele o cochichou a palavra ao ouvido de Christian - ...Na televisão?

O outro respondeu negativamente com a cabeça.


 


- Bem, chutamos um bocado de b...

Christian interveio a tempo com a tossida.
- Chutamos um bocado de traseiros - Christopher corrigiu, provocando o riso da equipe de filmagem.

Alfonso Herrera ria enquanto amarrava a toalha na cintura. Foi sua imagem na tela quem salvou a situação hilariante.
- O que meu companheiro está querendo dizer é que tivemos uma boa campanha e não há por que nos envergonharmos.

- Não há como contestar isso - o repórter concordou - Com um quarto zagueiro que já foi campeão, Alfonso, que tipo de pressão os beques dos Cowboys e dos Bengals estão sofrendo hoje?

- Muita. Assim como os demais integrantes do time. Todos estão tentando colocar a cabeça no lugar, para evitar o menor erro no domingo.

- Os dois times estão em pé de igualdade? - a pergunta se dirigia a Alfonso.

- Eu diria que sim. A equipe de Dallas conta com a experiência; enquanto a de Cincinnati, com a garra de jogadores novos. Deve ocorrer uma disputa palmo a palmo até o final.

- Agora a pergunta que todos fazem - o repórter anunciou, finalizando a entrevista: - quem vencerá no domingo?


- Essa, caro amigo - Alfonso sorriu - é uma pergunta fácil de responder. Vencerá o time que marcar mais pontos."

Vendo-se no vídeo, Alfonso balançou a cabeça, divertido, logo, porém, o sorriso morreu em seus lábios. Quem era ele, afinal? O homem bem-humorado que há pouco vira na televisão? 

Sua imagem revelava o glamour de uma carreira de grande projeção, sobretudo no que se referia às mulheres, no entanto, no fundo não passava de um produto da mídia. No íntimo, Alfonso ainda se sentia o garoto pobre e cheio de inseguranças do Canal Irlandês, um bairro humilde de Nova Orleans. Só que os temores da infância haviam cedido lugar às incertezas de um profissional veterano num meio de jovens.
Preocupado com a idade, mantinha o físico em forma através de exercícios intensivos e mega doses de vitamina. Afligia-o estar com trinta e cinco anos e não ter nenhuma carreira alternativa. Dedicava a vida ao esporte.


 


 


 


Preocupava-o também uma incômoda sensação de vazio. Temia acordar um dia e se descobrir sozinho num mundo indiferente. Não era isso que desejava. Estava cansado das mulheres que entravam e saíam de sua vida, numa sucessão indistinta de noites partilhadas. Por outro lado, ainda não encontrara uma que lhe despertasse um sentimento especial. Nenhuma até então tinha conseguido chegar até sua alma. Pior ainda, nenhuma mostrara interesse em conhecê-lo a fundo, nem mesmo a ex-esposa.

Alfonso riu amargurado. Seria o telefonema de Dulce, naquela manhã, a causa da depressão que o perturbava o dia todo?
Depois de três anos de separação amigável, ela pretendia casar-se novamente. Com toda honestidade, concluiu que não tinha sido a notícia que o abalara, mas sim a consciência do vazio interior.
Sentia-se muito só. Muito sentimental! E precisava sair urgentemente desse estado de autocomiseração.

Ao consultar o relógio constatou que era mais tarde do que imaginava. Havia perdido a noção do tempo enquanto se exercitava no salão de ginástica do hotel. Se não se apressasse, perderia a festa em antecipação à final do campeonato.

Se bem que não perderia grande coisa... O desânimo ameaçava voltar quando o telefone tocou, interrompendo o curso de seus pensamentos.

- Alô?

- Oi, malandro, por acaso viu aqueles bonitões no noticiário das seis? - Era Christian Chavez.

- Vi, sim. Dois deles eram bem apessoados, concordo, mas o outro, o de cabelo colorido... Parecia ter caído de uma árvore de cara no chão.

- Eu o lembrarei disso na próxima vez que houver apenas esse sujeito entre você e o Super-Homem - ele se referia a William Perry, atacante do Chicago Bear, um verdadeiro gigante de mais de dois metros de altura.

- Deixaria realmente um amigo ser massacrado em campo? - Alfonso reprimia o riso.


 


- Quer dizer que vocês, beques, tentam dirigir Chevy Novas, certo? Seja como for, a carona está garantida. Isto é, se não se sentir humilhado por andar ao lado de um verdadeiro jogador de rúgbi.

Após nova troca de provocações, combinaram horário de partida. Alfonso desligou o telefone com Christian gritando em seu ouvido: 
- Festa! Festa! Festa!

Um sorriso se esboçou nos lábios do quarto zagueiro. Uma festa era exatamente do que precisava para dissipar a melancolia.

****
"Vou me atrasar para a festa", pensou Anahí Giovanna Puente enquanto se sentava cuidadosamente diante da penteadeira, reprimindo uma careta de dor.
O motivo de seu atraso era simples. Estimava-se que cerca de 120 milhões de pessoas assistiriam à final de futebol no domingo. Uma verdadeira multidão invadira Nova Orleans... Congestionando o trânsito no percurso entre o consultório do médico e a casa dela.

O consultório do médico... No fundo, era um alívio para Anahí ter de se arrumar às pressas. Assim não lhe sobrava tempo para pensar na notícia que recebera do Dr. Straton. Embora não fosse inesperada, a havia chocado do mesmo jeito.

Para ajudar a combater o nervosismo e romper o silêncio opressivo da casa, apanhou o aparelho de controle remoto e ligou a televisão. Começava o noticiário do canal quatro.

-...E não faltam especulações sobre o time que conquistará o título de campeão este ano...

Anahí ouviu distraidamente o repórter enquanto se maquiava.

-...Se a ofensiva alegre dos Cowboys ou a defesa acirrada dos Bengals...

Realçando os olhos azuis, cobriu os lábios com um batom rosado que combinavam com a pele alva. Em seguida, penteou os cabelos loiros, e ajeitou-os melhor com os dedos.


 


 


 


-...Os dois times entrarão em campo sem nenhum dos titulares contundidos...

- ...Três rapazes que dispensam apresentação. Em campo, eles são conhecidos como Os Infernais, um trio certamente tempestuoso.

O bom humor dos entrevistados chamou a atenção de Anahí. Dos três homens na tela, um tinha cabelo azul e uma cara de sarrista; o outro, de pele clara e cabelos escuros, e uma carinha de bebê que provavelmente enlouquecia muitas mulheres; o terceiro, um moreno forte e atraente. Ao vê-lo sorrir, ela o classificou como terrivelmente atraente.

- Agora a pergunta que todos fazem: quem vencerá no domingo?

Um sorriso maroto se desenhou nos lábios de Alfonso Herrera, e Anahí se viu à espera da resposta, embora não se interessasse por futebol.

- Essa, meu caro amigo - o sotaque irlandês era deliberadamente carregado - é uma pergunta fácil de responder. Vencerá o time que marcar mais pontos.

Anahí sorriu não tanto pelo gracejo quanto pelo sorriso contagiante em close de Alfonso Herrera.
- Muito bem pessoal, vocês acabaram de assistir a uma entrevista exclusiva para a WWL - o repórter finalizou - Obrigado, rapazes, e..."

O toque do telefone assustou Anahí, dissipando seu encantamento pelo jogador de futebol. Aliás, ela deixara de lado o interesse por homens há muito tempo... Exatamente dez anos.

Apoiando as mãos na penteadeira, Anahí se ergueu com dificuldade. Uma dor aguda percorreu sua perna esquerda, obrigando-a a fechar os olhos para reprimir as lágrimas. Só não conseguiu conter o suor que brotava na testa. Apoiando-se na bengala, andou até o telefone.
- Alô?

- Vou me atrasar - uma voz feminina informou sem rodeios - Tive de atender um paciente na última hora.

- Não se preocupe, também estou atrasada.

- Ainda bem. Devo chegar aí em meia hora.

- Estarei pronta. Até logo.

Ao desligar o telefone, Anahí imaginou o que o Dr. Straton diria se soubesse que iria a uma festa, apesar da recomendação de repouso. 

Entretanto, não podia deixar de comparecer. Fazia parte do seu trabalho.


 


Mayte Perroni era de estatura mediana e esbelta, com cabelos negros cortados chanel. Os olhos, igualmente pretos, destacavam-se no rosto de pele clara.

- Foi ao médico hoje? - Mayte perguntou enquanto dirigia pelo trânsito intenso com a impaciência. Rumavam para o sofisticado bairro dos Jardins.

- Sim - Anahí confirmou, segurando-se na porta quando a amiga cortou um caminhão para trocar de pista. - Não viu o caminhão? - Claro que sim. Senão teria batido nele. - Sem a menor pausa, Mayte acrescentou: 
- O que ele disse?

- Nada, mas só o olhar mataria...

- Refiro-me ao médico.

A imagem dos raios X iluminados numa tela voltou à mente de Anahí. Para ela, não passavam de um aglomerado bizarro de sombras que não sabia interpretar, embora pudesse prever o que revelavam. A dor e a imobilidade crescente no quadril a obrigavam a se apoiar numa bengala, apontando para um único diagnóstico plausível: a artrite havia destruído a junta de sua bacia, apesar da cirurgia que lhe deixara uma cicatriz acima da coxa direita.

A idéia de uma nova operação lhe trazia lampejos de pânico. Sentia-se presa numa armadilha sem escapatória. Procurou, contudo, afastar a sensação. Tudo acabaria bem, como sempre. Além do mais, era uma mulher forte. Tinha de ser.

- Ele disse que preciso de uma nova cirurgia - finalmente respondeu, sem deixar que os sentimentos transparecessem na voz.

Houve um momento de hesitação em que Mayte sufocou ímpeto de dizer o quanto lamentava a situação. Esse tipo de comentário aborreceria a amiga.
- Você já esperava por isso, não?

- Sim.

- Precisa de uma prótese no quadril, é isso?

- Exatamente.

- Quando será a cirurgia?

- Não antes de terminar o projeto do hotel-fazenda.

Mayte virou bruscamente a cabeça.
- Mas isso é só em...

- Poderia, por favor, olhar para frente?

- meados de abril - Mayte concluiu, voltando a atenção para o tráfego congestionado.

- Tem razão.

Desta vez Mayte não hesitou em expressar o que tinha em mente: 
- Está louca menina?


 


- Por quê? - Anahí sorria com cinismo. - Ouviu algum boato a respeito?

- Não banque a engraçadinha comigo. O lado profissional da fisioterapeuta veio à tona. - O assunto é sério. Se você sente dor agora, daqui a três meses...

- Vou até o fim com meu trabalho. - O tom categórico não dava margem à objeção.

A reação de Mayte fora idêntica à do Dr. Straton, embora ele soubesse apenas que sua paciente estava envolvida num projeto que não podia delegar a outra pessoa. Anahí não tinha entrado em detalhes.
Não contara, por exemplo, sobre o trabalho voluntário que desenvolvia na Fundação de Pesquisas sobre Doenças Reumáticas, em paralelo à administração de uma agência de viagens especializada no atendimento a deficientes físicos.
No momento, ela se empenhava em convencer empresários de Nova Orleans a patrocinar uma semana num hotel-fazenda no Texas para crianças artríticas. Depois de tanto esforço, recusava-se a desapontar fosse o empresariado já comprometido com o programa ou a fundação e muito menos a garotada. Faltavam dez semanas para o evento e havia trabalho a perder de vista. Nada, nem mesmo sua dor, a impediria agora.

No final, o Dr. Stratton se conformara em fazer o máximo ao seu alcance: havia receitado um forte analgésico e recomendado muito repouso, lembrando que a artrite reumática progredia com o estresse e a hiperatividade.

- Além do mais - Anahí completou -, preciso do dinheiro para a operação. - Tratava-se de outro aspecto que ela não mencionara ao médico.

-Se o problema é dinheiro...- Mayte começou, mas se interrompeu em seguida diante do olhar fulminante da amiga. - Está bem, está bem! - Ela ergueu o olhar para o céu e suplicou: - Oh, misericordioso Senhor, perdoe-me pelo terrível pecado de oferecer ajuda a uma amiga.

Anahí sorriu.
- Um dia desses, Anahí Giovanna, esse seu teimoso senso de independência vai metê-la numa grande encrenca.

O sorriso de Anahí se dissipou, cedendo lugar a lembranças dolorosas.


 


- Talvez. Mas nunca tão grande quanto o problema que a dependência me traria.

Mayte suspirou inconformada, porém não disse mais nada. Aquele assunto constituía o pomo da discórdia entre as duas. A fisioterapeuta sabia que jamais venceria essa batalha. Infelizmente, Anahí sempre impunha a vontade, inconsciente de que assim acabaria perdendo a guerra.

No silêncio que se seguiu, Anahí recordou como havia conhecido a amiga. Mayte fora sua fisioterapeuta após a primeira cirurgia no quadril, cinco anos atrás. Mayte a instigara implacavelmente, por vezes até além de seu limite de resistência física, levando-a a odiá-la. Na época da alta do hospital, porém, o ódio se transformara em gratidão, e assim nascera uma grande amizade.

- Obrigada. - Anahí quebrou o silêncio - por me oferecer o dinheiro. Mas, realmente, não precisarei de nenhum empréstimo.

- Se precisar...

- Não precisarei.

Era o fim do assunto.

Era o fim do trajeto.

Anahí agradeceu em silêncio pela chegada em segurança.

O Bairro dos Jardins em Nova Orleans abrigava as residências mais distintas da cidade. A festa daquela noite se realizava numa mansão construída por volta de 1800. Embora a arquitetura a impressionasse, foram os degraus amplos que davam na porta a frente que mais chamaram a atenção de Anahí.
- Diga-me que aquilo tudo não são degraus - ela balbuciou.

- Conseguirá subir?

- Não tenho escolha.

- Tem mesmo de aparecer nessa festa?

O anfitrião era um dos empresários que haviam generosamente colaborado com a semana das crianças no hotel-fazenda. Todos os envolvidos na campanha iam estar lá. Era um meio de informar o público sobre a doença. Ela pretendia acertar os últimos detalhes na festa.
- Infelizmente tenho - respondeu.

Mayte deu um suspiro de resignação. 

Com a ajuda da amiga e da bengala, Anahí se pôs a subir a escadaria. Na chegada ao topo, uma dor intensa corroia-lhe o quadril. A respiração era ofegante e a testa estava coberta de suor.


 


 


 


- Você está bem? - Mayte indagou, a voz revelando tanto preocupação quanto admiração. Ela sabia que os artríticos tinham uma força de vontade excepcional. Anahí talvez mais do que a maioria.

- Não poderia estar melhor - ela respondeu, brincando. - Lembre-me de quando comprar minha mansão mandar instalar uma escada rolante.

Bateram à porta e, enquanto esperavam alguém vir atendê-las, Anahí forçou um sorriso, no fundo ansiando por estar em casa com frasco de linimento, uma almofada elétrica e um comprimido para dor. Na impossibilidade de ter tudo isso, contentava-se com uma cadeira para sentar.

Fazer concessões, ela pensou com um pouco de tristeza e muito de sabedoria, era o verdadeiro segredo para uma vida bem sucedida.



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Autor(a): eduardah

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 Alfonso Herrera nunca fazia concessões. Sempre jogava para ganhar. Levava a vida a todo a vapor. Portanto, surpreendeu-se ao perceber, enquanto girava um copo de uísque com gelo e ouvia o burburinho da festa, que sem querer comprometia o prazer daquela noite. Chegara à suntuosa mansão nos Jardins com o firme propósito de se divertir ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52

    u.u

  • franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34

    :)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36

    consegui ler tudo ;)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46

    nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)


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