Fanfics Brasil - Capitulo-12 Lição de Ternura AyA Finalizada

Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada


Capítulo: Capitulo-12

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Com as mãos em seus ombros, ele a olhou dentro dos olhos, o semblante marcado pela preocupação.


- Se não quiser ir...


- É claro que quero. Não me sentirei melhor ficando aqui.


A noite estava fria e o ar tão úmido como se carregasse o orvalho da manhã. As estrelas tinham desaparecido do céu.


- O que é isso? - Anahí indagou ao deparar com a caminhonete de quatro portas estacionada à frente de sua casa.


- É o meu carro novo.


- Onde está o Porsche?


- Em casa. Eu precisava de outro carro. Com bancos altos.


Anahí sentiu um nó na garganta. Ninguém jamais fora tão atencioso com ela. Entretanto, junto com a emoção, experimentou também um sentimento de culpa.


- Você... Você não devia mudar seu estilo de vida por minha


causa.


- Deixe que eu me preocupe com meu estilo de vida, está bem?


Nos minutos que se seguiram ninguém se preocupou com nada. Christian contava uma piada após outra, criando dentro do carro um ambiente agradável em contraste com a chuva que começava a cair lá fora.


Foi nesse clima festivo que se ouviu um resmungo da parte de Poncho, atraindo a atenção de todos.


- O que houve? - Anahí perguntou, intrigada.


- Aconteceu de novo - disse ele, apontando para frente.


Através do arco formado pelos limpadores do pára-brisa, Anahí percebeu o que motivara a imprecação. O restaurante que Poncho escolhera ficava num terraço com uma vista magnífica da cidade. O único problema era o lance de escadas que se tinha de subir para chegar lá. Mais do que o esforço que isso lhe custaria, o que a magoou foi a expressão frustrada de Poncho.


- Não faz mal. Só levarei algum tempo para subir. Ninguém está com pressa aqui, certo?


Sem nada responder, Poncho parou a caminhonete junto ao meio-fio.


- Ponha o carro no estacionamento - recomendou ao amigo, enquanto pegava o guarda-chuva.


Antes que Anahí pudesse sequer pensar em rejeitar o plano, já estava nos braços dele. Com passadas rápidas e seguras ele subiu a escadaria.


Ela voltou a experimentar os sentimentos contraditórios que haviam predominado a semana toda em seu coração. Por um lado adorava estar nos braços dele, gostava que ele a mimasse, ao mesmo tempo em que se dava conta do perigo que isso representava à sua própria independência.


- Eu teria subido sozinha - ela argumentou, encabulada.


- Por que se cansar à toa se eu estou aqui?


Esse era o problema, ela pensou. Por quanto tempo ele estaria ao seu lado?


Apesar do jantar excelente, da companhia agradável dos amigos, Anahí não conseguia se livrar da impressão de que rumava para um desastre.


- Você está bem? - Poncho estendeu o braço para afagar as mãos que ela mantinha no colo.


 


Ela assentiu com um gesto de cabeça e entrelaçou os dedos aos dele.


- Como se sente?


- Estou bem.


- Você está linda, isso sim.


Seu olhar de admiração despertou nela o desejo de ser tocada. Como seria sentir aquelas mãos quentes sobre a pele? Aqueles lábios quentes percorrendo seu corpo? Aturdida com esses pensamentos, ela deu graças a Deus pela chegada do garçom com a sobremesa.


Só mais tarde, quando tomava o café, Mayte fez um anúncio importante:


- Hoje aconteceu uma coisa que me deixou entusiasmada.


Preenchi o pedido de adoção de Jason. - Seus olhos negros procuraram os de Anahí, à espera da reação da amiga.


Mal acabou de ouvir a novidade, Anahí deu-lhe um abraço caloroso, muito mais expressivo do que qualquer palavra.


- Tomei a atitude certa, não acha? - indagou May, sorridente.


- Claro! Foi a melhor notícia do dia.


- Você aceitará ser "tia", Any?


- Só se eu puder mimá-lo bastante.


- Pensarei no caso.


Christian também abraçou Mayte enquanto Poncho foi mais ousado: inclinou-se sobre a mesa e deu-lhe um beijo no rosto. Em seguida pediu champanhe para comemorarem.


-Calma, pessoal - argumentou May -, só preenchi a ficha de adoção. Podem não aprová-la.


-É claro que aprovarão - os três asseguraram em uníssono.


-O champanhe pode ser prematuro - ela insistiu.


- Não será - garantiu Poncho. - Mas, por via das dúvidas, brindaremos apenas ao preenchimento do pedido. Abriremos outra garrafa mais tarde, quando a adoção se confirmar.


Anahí ria e brindava com a bebida borbulhante, porém, no íntimo sentia uma pontada de... De quê? Não tinha certeza. Só sabia que May não viveria mais sozinha, enquanto ela sim. Apesar de tudo, procurou não dar mostras de tristezas, para não pôr em risco a alegria de todos.


Discutiram acaloradamente o futuro de Jason. De acordo com os "tios" Anahí, Christian e Poncho, o menino estudaria respectivamente medicina, direito ou computação. Quanto à "mãe", não interessava o que estudasse, contanto que fosse presidente dos Estados Unidos.


- Que tal se ele for físico nuclear? - Anahí disse à certa altura.


- Pensando bem - respondeu Christian -, não é má idéia. Aliás, mudando de assunto, eu ia sugerir que fôssemos dançar. Creio que estão prestes a nos expulsar daqui... - Ele se interrompeu ao perceber o que estava sugerindo. Olhou para Anahí. - Isto é, acho que a comemoração deve continuar e... Falei algo que não devia?


- Claro que não. - Anahí sorriu, embora, no fundo sentisse um pouco de mágoa. Isso sempre ocorria quando, por força de sua doença, via-se como um empecilho ao programa dos amigos.


- Também acho que dançar é uma boa idéia - comentou Poncho. - Para vocês dois. De minha parte, estou cansado e creio que essa chuva não fará bem a Anahí. Que tal se deixarmos vocês na casa de May para que possam sair com o carro dela?


 


Todos concordaram. Anahí manteve o sorriso, apesar de se sentir não apenas diferente, mas também culpada. Estragava a noite de Poncho. A consciência disso levou-a a se retrair.


No entanto, a noite ainda lhe reservava outra contrariedade. Quando o grupo saía, uma jovem, bonita e morena, aproximou-se de Poncho.


- Oi - ela o cumprimentou, ignorando os outros. - Você é Alfonso Herrera, não?


- Exatamente. - Ele sorriu, como sempre fazia com as fãs.


- Poderia me dar um autógrafo? - A moça lhe estendeu papel e caneta.


- Claro. - Poncho olhou de relance para Anahí, como se pedisse desculpas por estar cumprindo com aquele pequeno ritual. Assinou o nome com tanta pressa que mal se podia decifrá-lo. A morena não pareceu se importar.


- Minhas... Bem, minhas amigas - ela indicou uma mesa com duas outras moças a se desmancharem em sorrisos. - Elas apostaram cinco dólares que eu não ganharia um beijo seu.


- Não queremos que perca cinco dólares, certo? - Educado, Poncho inclinou-se para lhe dar um beijo no rosto. A moça, porém, colou os lábios aos dele.


- Eram dez, se fosse na boca - ela explicou, triunfante.


Poncho ficou desconcertado, mas logo se recompôs e desejou que ela fizesse bom proveito do dinheiro. Christian aproveitou a deixa para "lamentar" a vida dura que certos quarto zagueiros levavam.


Anahí, por sua vez, assumiu um ar sombrio.


"O que fazia ali?" Perguntou-se de repente. O que uma mulher enferma fazia ali ao lado de uma celebridade como Poncho? Teve de admitir, porém, que o padrão emocional da semana fora quebrado. Não sentia mais as emoções contraditórias de antes. De fato, naquele momento sentia apenas uma coisa. Simples e imutável. Ciúme.


- Que tal um café? - Poncho sugeriu enquanto abria a porta da casa para Anahí. A chuva esfriara ainda mais a noite. - A menos que esteja cansada e prefira ir para...


- Não - ela o interrompeu, às voltas com suas sensações ambíguas.


Queria mas não queria ficar sozinha; queria mas não queria que Poncho fosse embora; ansiava por se esconder dentro de si mesma tanto quanto nos braços dele. Desejava... O quê, afinal? Encontrar o sentido da explosão que parecia iminente em seu íntimo? Sim. Apagar a lembrança de outra mulher beijando-o? Sim. Droga, sim!


- Eu... Eu vou preparar o café - ela disse, a caminho da cozinha.


- Espere. Você está bem?


- Claro. - O tom indicava que ela estava tudo, menos bem.


Sem encará-lo, Anahí receava que ele percebesse seu conflito interior e fizesse a pergunta lógica: "Por quê?" À qual não teria resposta, embora a gota d`água tivesse sido o beijo da fã. Ele teria gostado?


É claro que sim! Que homem não gostaria?


Poncho ergueu-lhe o queixo. Seus olhares se encontraram. Ele não disse nada, mas Anahí teve certeza de que ele lia ali tudo que ela temia revelar.


- Posso acender a lareira? - POncho perguntou depois de um longo silêncio.


Ela fez que sim e logo dirigiu-se à cozinha, sentindo dores no quadril. Enquanto preparava o café, ouviu o barulho da chuva contra a vidraça entremeado pelo crepitar do fogo na lareira. As labaredas pareciam ganhar vida com fúria instantânea.


Tão instantânea quanto a de seu ciúme? Pela primeira vez ela sentira essa emoção. E não se conformava com isso. Detestava a reação que causava - tensão num momento e vazio no outro. Também não ficava nada satisfeita com a forma como alterava sua personalidade. Normalmente não se deixava abater, como ocorrera durante o trajeto de volta para casa, apesar do esforço em contrário. Fora dominada pela mágoa e ameaçada pelo...Descontrole?, perguntou a si mesma, furiosa. Sim, droga, sim!


 


Anahí abriu o armário e apanhou uma xícara. Entretanto, com os dedos entrevados devido ao mau tempo, não teve forças para segurá-la, derrubando-a. Cacos se espalharam pelo chão.


Ela ficou imóvel, imaginando se era adequado uma mulher de trinta e dois anos chorar por uma xícara quebrada. Ou um beijo. Ou uma confusão de emoções.


- O que houve? - Poncho logo apareceu. - Você está bem?


- Sim. - Ela se mantinha calma, apesar de tudo, mas ao vê-lo abaixar-se para recolher os cacos, gritou: - Não!


Seu tom de voz foi tão estridente que Poncho se ergueu de imediato, com ar contrariado.


- Não - ela repetiu em voz baixa porém determinada. - Não preciso que ninguém conserte meus erros.


Poncho compreendeu que ela se sentia invadida em sua privacidade, em sua independência. Pelo jeito ela passara a semana inteira lutando para delimitar seu território. E parecia que a batalha ainda não havia terminado.


- Está bem - ele aquiesceu, a voz calma.


Por um momento ficaram apenas e se olhar. Nenhum dos dois falou. Finalmente Anahí apenas se afastou. Andando com dificuldade, foi até a área de serviço, de onde voltou com uma vassoura. Deixou a bengala de lado e, lentamente - tão lentamente que Poncho mal se controlava para não interferir -, começou a varrer os cacos. O suor brotava de sua testa enquanto as mãos tremiam, indicando que sentia dor. Essa constatação deixou-o terrivelmente mal.


Mesmo assim não ofereceu ajuda. Permaneceu imóvel, observando-a voltar para a área de serviço e trazer uma pá de cabo comprido. Havia um brilho desafiador em seu olhar quando ela se curvou - reprimindo uma careta de dor - para recolher os cacos. Ao estender o braço, porém, calculou mal a distância e a vassoura rolou para o chão, caindo sobre o monte de cacos e os espalhando novamente.


Lágrimas de frustração e de raiva surgiram nos olhos de Anahí.


Calmo e paciente, Poncho se adiantou e apanhou a vassoura.


-Afaste-se.


-Posso fazer isso! - ela protestou, tentando recuperar a vassoura.


-afaste-se, Anahí, por favor.


-Não, eu...


-Quer sair do caminho e me deixar ajudá-la?


Ela ia dizer que não precisava dele, mas a emoção lhe embargou a voz. Além do mais, não tinha certeza se queria dispensar sua ajuda. A ambigüidade voltava, e desta vez levava a melhor sobre ela. Pegando a bengala, Anahí seguiu para a sala. A cada passo, aumentava a dor no quadril. Entretanto, ela não cederia. Nem choraria!


O calor da lareira foi como um bálsamo para seu corpo dolorido. Sentada a poucos metros do fogo, tentou pôr em ordem seus pensamentos. Por que tanta confusão? Afinal, Poncho estava apenas varrendo os cacos de uma xícara! Uma mera...


- ... Xícara quebrada - ouviu-o dizer em meio ao seu turbilhão de emoções.


Ao se virar, viu-o parado na porta da cozinha. Seus olhos esverdiados transmitiam calor, pediam compreensão.


- Foi apenas uma xícara quebrada, Anahí - ele repetiu, a voz pausada. - Só varri os cacos. Não a incapacitei de voltar a fazer isso se for necessário. Não tirei sua independência.


- Você não entende. - Ela se virou para o fogo, confusa.


- Tente me explicar.


 - Foi... Foi apenas uma semana ruim. E então esta noite..


- Esta noite o quê?


Uma lágrima rolou pelo rosto dela. Todas as emoções reprimidas pareciam prestes a explodir. Precisava controlar-se. Não podia fazer papel de boba e chorar.


- Qual o problema, Anahí? - Ele se aproximou. Podia tocá-la, e queria, mas se conteve.


- Tudo! - afinal desabafou.



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Autor(a): eduardah

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Poderia ser um pouco mais específica? - A pergunta, feita num tom calmo, foi à gota d`água para que a raiva de Anahí eclodisse, numa torrente de palavras e lágrimas.- Você não devia ter comprado o carro... Eu não esperava que fizesse isso... Está chovendo e sinto dores... Meu corpo todo dói... Então ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52

    u.u

  • franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34

    :)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36

    consegui ler tudo ;)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46

    nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)


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