Fanfics Brasil - Capitulo-14 Lição de Ternura AyA Finalizada

Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada


Capítulo: Capitulo-14

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- Obrigado, eu o lerei.

- O tema é a adaptação pessoal, a experimentação. No momento, por exemplo, nem a própria Any sabe ao certo suas limitações.

- Como assim?

- Acontece que nos cinco, quase seis anos que nos conhecemos, você é o único homem que Any deixou se aproximar tanto dela. - Poncho não conteve um sorriso maroto.

- Na verdade não creio que ela me deixou chegar tão perto. De certa forma invadi sua vida.

- Uma mostra da teimosia irlandesa de que tanto ouvimos falar?

- Talvez. Mas por que aconteceu isso?

- Qualquer coisa que eu dissesse a respeito seria apenas palpite. Ela me contou tão pouco sobre o assunto!

- E qual seu palpite?

- Assim que nos conhecemos, ela mencionou que já tinha sido noiva.

- E o que aconteceu?

- A única coisa que sei ao certo é que foi ela quem desmanchou o noivado. Só que nunca me contou por quê. Na verdade Any evita como pode o assunto. Minha opinião é que o sujeito não soube lidar com a doença e de alguma forma feriu seriamente o ego dela... Tão seriamente que ela não acredita mais que um homem possa de fato achá-la atraente.

- Só se fosse cego!

- Você sabe que uma mudança na aparência física pode também alterar a auto-imagem de uma pessoa. Acrescente a isso uma experiência traumática qualquer e... E você tem Anahí.




- Uma mulher independente e forte, que tenta a qualquer custo dispensar ajuda alheia.

- Certo.

Na noite anterior, porém, Poncho tivera a nítida impressão de que Anahí precisara dele. Para aliviar uma dor da qual não se livraria sozinha. Para fazerem amor até saciarem os corpos de prazer. E então adormecerem em paz um nos braços do outro.

- Eu lhe desejo boa sorte - disse Mayte.

- Nem precisa me desejar sorte; um irlandês já nasce com ela.
Além disso, é teimoso demais para se contentar com pouco.




****
- O que aconteceu? - Poncho indagou naquela noite, quando Mayte abriu a porta da casa de Anahí, antes mesmo que ele tocasse a campainha.

Tinha feito reserva no Antoine`s para as oito. Eram sete horas agora, e algo na expressão sombria do rosto de Mayte lhe dizia que o jantar com Anahí estava cancelado. Assim como a noite romântica que planejara.

- Any não está bem - May explicou.

- Falei com ela agora há pouco e parecia... - Na verdade, ao lhe telefonar, Poncho tivera a impressão de que Anahí sentia dor; entretanto, ela havia insistido em saírem naquela noite. - Eu devia ter adivinhado...




- Não se culpe. Ela esconde o que sente o tempo todo. Nunca se sabe ao certo qual a situação real.

- Como ela está?

- Sente dores por todo o corpo. Mas não se impressione - Mayte advertiu, considerando que ele jamais vira Anahí em crise -, pois a doença é cíclica. Sempre retrocede. Em questão de horas ou dias, a fase ruim passará.

- E até lá?

- Temos de recorrer aos remédios. Acabei de lhe aplicar uma injeção. Logo, logo, a dor começa a ceder. Any me pediu para lhe telefonar a cancelar o encontro. Praticamente me implorou para fazer isso. - Naquele instante nascia uma nova amizade.

- Obrigado, May. Devo-lhe um favor.

- Em absoluto. Temos o mesmo interesse: salvar Anahí de si mesma.




Ao ouvir um débil chamado vindo do quarto, May se apressou em atendê-lo.
Poncho seguiu-a, embora permanecesse discretamente na porta. Ele prendeu a respiração ao ver Anahí pálida, com um ar tão vulnerável.

- Conseguiu... Conseguiu falar com ele? - Mal se ouvia sua voz.

- Quer parar de se preocupar com Alfonso Herrera? - Mayte censurou num tom amigável.

- ... Não quero que ele... Me veja assim...

- Fique quieta e deixe o medicamento agir.

- ... As crianças... o que farei, May? Onde encontrarei outro lugar... Tão em cima da hora?

- Não se preocupe com isso agora. - A amiga lhe apertou a mão. - Tente descansar, está bem?

- Eu... Eu... Christian... Você se atrasará... - Então Any adormeceu sob efeito da injeção.




May certificou-se de que ela estava realmente dormindo, antes de voltar para a sala.

- A que ela se referia em relação às crianças?

- Ligaram do hotel-fazenda à tarde para avisar que estavam fechando as portas. Alegaram que era impossível sustentar o negócio com a crise econômica atual etc, etc. Por isso estavam se esquivando de enviar a carta de confirmação. Não esperavam ser obrigados a tomar uma medida tão drástica, mas...

- Droga! - Poncho não se conteve.

- Realmente. Não foi uma notícia boa para Anahí, sobre tudo a tão pouco tempo do evento.

- Esse transtorno deflagrou a crise? - Ele se lembrava de Anahí ter mencionado a influência da tensão na doença.

- É bem possível. Além do fato de Any estar trabalhando demais.

Poncho então procurou se inteirar das características do local de que Anahí precisava para as crianças e em seguida mudou de assunto:
- Você tem um encontro com Christian?

- Claro, obrigada por me lembrar. Preciso telefonar para ele para cancelar o programa.




- Não é preciso. Passarei a noite com Any, quer você fique ou não. 

May hesitou.
- Ela não vai gostar que nenhum de nós fique.

- Vamos jogar conforme as minhas regras desta vez.

- Sabe, Alfonso Herrera, acho que vou gostar de você.

- Ótimo. Pois tenho a impressão de que precisarei de um aliado.


Para evitar que o toque do telefone acordasse Anahí, combinaram que Poncho lhe telefonaria às dez e meia, a fim de avaliarem a situação e adotarem o plano de ação mais adequado.
Caso Anahí estivesse com muita dor, May voltaria para lhe aplicar outra injeção. Do contrário, recorreriam a um analgésico comum.

Após a saída de May, Ponchp apagou as luzes da casa e voltou para o quarto iluminado apenas pela luz do corredor.
Anahí continuava dormindo, embora seu sono fosse intranqüilo. Ele tirou o paletó e se preparou para uma longa noite de vigília.

- May? - Anahí chamou de repente. - May? Conseguiu... Conseguiu falar com ele? 

- Mayte não está aqui, querida. - Poncho se agachou à meia-luz.

Por um momento ele teve a impressão de detectar uma nota de contentamento em sua voz. Entretanto, se assim foi, logo deu lugar à angústia.

- Não! - Ela virou o rosto. - Por favor, vá embora. Não quero que você... Me veja... Estou horrível.




- Você sempre está bonita para mim. - E segurou-lhe o queixo delicadamente, obrigando-a a encará-lo.

- Eu... Eu sinto muito por esta noite.

Poncho sorriu, embora só Deus soubesse como era difícil sorrir vendo-a sofrer tanto e ainda pedir desculpas por isso!

- O Antoine`s não sairá do lugar. Não faltará oportunidade para jantarmos lá.

- Alfonso...

- Shh, volte a dormir agora.

Talvez Anahí não se desse conta de que entrelaçava os dedos aos dele, mas o fato era que ela lhe apertava a mão com força surpreendente. Os minutos se passaram lentamente, e há muito Poncho sentia as pernas doloridas da má posição em que se encontrava, quando afinal o contato afrouxou. Erguendo-se, encostou a poltrona na borda da cama e, ao longo das horas seguintes, ficou apenas a observá-la.

Notou cada tremor de suas pálpebras, cada espasmo súbito do corpo nos momentos em que a dor desafiava o analgésico. Ouviu suspiros ocasionais seguidos de gemidos que revelavam sofrimento.

Enquanto estava ali, emoções desconhecidas o tomavam de assalto. Revoltava-se contra a própria impotência em ajudá-la, restando-lhe apenas esperar até julgar que não agüentaria mais. E se descontrolar. Pela primeira vez, então, compreendeu, realmente compreendeu, o que Anahí sentia em relação à doença. E lhe dava razão. Aquela perda de controle era assustadora. O medo nascia da consciência de não haver apelo. Não se podia racionalizar com a situação, nem implorar por misericórdia. Simplesmente existia. Para ser suportado com toda a dignidade da alma.




Instintivamente ele quis fugir desse horror injustificável, mas de uma forma misteriosa e complexa sabia que apenas fugiria de si mesmo. De um modo que desafiava todas as leis, exceto as do coração, de um modo que desafiava o pouco tempo em que se conheciam, haviam se tornado um só. Anahí preenchera o vazio dentro de si; com seu sorriso, seu suspiro, seus beijos. Assim como com a inteligência, a sensibilidade, o orgulho e a dignidade, acima de tudo, porém, simplesmente por existir. 

Pouco antes das dez, ela deu mostras de inquietação. A princípio apenas gemia, depois passou a balbuciar palavras inteligíveis se mexer, fazer caretas e tentar se virar, evidentemente por causa da dor.

Mais uma vez Poncho correu para o seu lado.
- Você está bem, querida?

- Poncho? - Ela mal conseguia abrir os olhos.

- Sim, querida.

- Poncho? - Ela molhava os lábios secos. - Dói.

- Onde?

- Em toda parte...

Percebendo que ela tentava tocar o quadril, Poncho afastou as cobertas e passou a mão no local indicado. Soube quando localizou a junta dolorida ao provocar um gemido, desta vez de alívio. 
Massageou a região por cima do tecido fino da camisola. De repente, porém, parou e correu até o banheiro. Voltou em segundos, trazendo um tubo de linimento e uma almofada térmica, que ligou a uma tomada. Puxando a camisola para cima, aplicou o medicamento na coxa de Anahí e se pôs a friccioná-lo na pele.




Aos poucos ela sentiu a fragrância mentolada do linimento, simultânea à sensação de alívio provocada pela mão estranhamente tão macia quanto calosa. Seria de Alfonso? Sim, era... Mas ele não devia vê-la naquelas condições... Não devia... Por outro lado, era tão bom... Tão repousante o que ele fazia...

Depois de ajustar a almofada térmica sob o corpo dela, Poncho continuou com a massagem. Anahí se aquietava outra vez; sua respiração voltava ao ritmo normal. Dez minutos mais tarde, já não reagia. Adormecera. 

Pé ante pé, ele foi até o telefone e ligou para Mayte. Tocou duas vezes antes de Christian atender.

- Poncho, como ela está?

- Dormindo.

- Se houver alguma coisa que eu possa fazer...

- Obrigado.

- Vou passar o fone para May.

Poncho a informou sobre o estado de Anahí.
- O fato de ela ter voltado a dormir é um bom sinal. A injeção que lhe apliquei deve estar perdendo o efeito a esta altura, portanto, se Anahí se acalmou é obviamente porque sente menos dor agora. Vamos tentar passar apenas à base de comprimidos. Da próxima vez que ela se inquietar, dê-lhe...

Poncho ouviu as indicações com atenção.
- Se precisar de mim, telefone - Mayte finalizou.

- Está bem.

E ele retornou à poltrona ao lado da cama. Passava das onze e meia, quando foi vencido pelo cansaço e adormeceu.



 




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Autor(a): eduardah

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A um leve sussurro dela, porém, acordou sobressaltado e consultou o relógio. Era uma e oito. Percebeu vagamente que estava com torcicolo. Seguindo as indicações de May, foi até a mesinha-de-cabeceira o pegou dois comprimidos e um copo d`água.- Tome isto, querida - disse gentilmente, erguendo-a com um dos braços.Assim que ela e ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52

    u.u

  • franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34

    :)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36

    consegui ler tudo ;)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46

    nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)


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