Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada
A um leve sussurro dela, porém, acordou sobressaltado e consultou o relógio. Era uma e oito. Percebeu vagamente que estava com torcicolo. Seguindo as indicações de May, foi até a mesinha-de-cabeceira o pegou dois comprimidos e um copo d`água.
- Tome isto, querida - disse gentilmente, erguendo-a com um dos braços.
Assim que ela engoliu as cápsulas, Poncho deitou-a outra vez na cama. Então tirou os sapatos e começou a desabotoar a camisa. Enquanto isso Anahí se contorcia, o corpo inteiro dolorido... Mas melhoraria, sabia que sim... no dia seguinte... Se bem que o amanhã parecia tão distante quando ainda tinha de superar aquela noite... Alfonso... Via seu peito nu na penumbra... Queria tocá-lo... Por que ele tirava as calças?
A resposta veio em seguida, com o oscilar do colchão sob o peso dele.
-Tente relaxar, minha querida. - Poncho puxou-a ternamente para os braços, ajeitou as cobertas ao redor dos dois e reacomodou a almofada térmica embaixo dela, começando então um leve massagear sobre o músculo do quadril. - Volte a dormir.
Anahí queria que ele ficasse. Ao mesmo tempo, que fosse embora. Não podia se acostumar àquela verdadeira dádiva divina. Não podia se acostumar a ter alguém partilhando suas noite: de sofrimento. Precisava ser forte... Era forte... Entretanto, como lhe fazia bem, por uma vez que fosse, estar nos braços de alguém ainda mais forte!
- Poncho... - murmurou, ofegante.
-Sim, amor?
- Não... Não me deixe.
Poncho sentiu o peito contrair de emoção. Sabia o quanto aquele pedido custava ao senso de independência de Anahí e o aceitou com humildade.
- Ficarei aqui - assegurou num fio de voz. - Não a deixarei.
Anahí dormiu até o meio- dia no dia seguinte e acordo sentindo-se muito bem. Mas com dúvidas no coração e na mente.
Poncho havia realmente passado a noite ali? Em sua cama? Ao seu lado? Confortando-a com palavras ternas que pareciam possuir poder de cura? Ou ela imaginara tudo?
- Olá!
Assustada, ela olhou em direção à porta, onde Poncho estava recostado, muito à vontade. Sua calça amassada era a evidência de parte da noite passada na poltrona, enquanto a camisa estava com as mangas arregaçadas e os botões abertos até a metade, revelando o peito.
- Olá. - A confirmação de que havia dormido com Poncho desconcertou-a.
- Como se sente?
- Bem melhor. - Anahí percebeu que ele se barbeara. Com sua lâmina?
Poncho, por sua vez, concluiu que a crise passara, antes mesmo de que ela falasse. Além de não ter precisado de nenhuma medicação há várias horas, sua aparência revelava disposição.
- Que tal tomar o café agora?
Ela pareceu indecisa.
- Deixe-me consertar a frase. - Ele riu. - O que você quer para o café?
- Vai ser duro, hein, Herrera? - Um sorriso brincava em seus lábios.
- Que tal ovos mexidos? Ou prefere ovos mexidos?
- Pelo jeito essa é sua especialidade.
- Para falar a verdade, não sei cozinhar outra coisa.
- Neste caso prefiro... Ovos mexidos!
- Excelente escolha! - Ao vê-la afastar os lençóis e tentar se levantar, Poncho indagou: - Onde pensa que vai?
- Vou até a cozinha ajudá-lo...
- Nada disso, Giovanna. - Algo nos olhos esverdeados dizia que não adiantaria teimar.
- E ao banheiro?
- Pensarei no caso.
- Acho melhor pensar rápido, então.
Poncho lhe passou a bengala e deixou que ela se erguesse sozinha. Ansiava por ajudá-la, mas sabia que naquele momento Anahí precisava mais do que nunca de sentir-se independente, auto-suficiente. Será que se lembrava de ter pedido que ele ficasse?
Quando ela estava de pé, o sol se infiltrou pelo tecido fino de sua camisola branca, deixando transparecer o contorno do corpo. Um corpo bonito, do qual Poncho se lembrava de cada curva e que havia passado a noite aconchegado ao seu. Embora ainda não o conhecesse intimamente, ele se sentia mais próximo dela do que de qualquer outra pessoa.
Quando seus olhares se encontraram, Poncho teve certeza de que ela se lembrava do pedido para que ficasse.
- Você está bem?
Anahí assentiu com um gesto de cabeça, como se não confiasse na voz.
- Se precisar de mim, grite.
Ela fez que sim novamente.
- Eu... Eu vou, fazer o café.
Mas nenhum dos dois se moveu. Pareciam incapazes de pôr fim aquele momento. Foi ele quem tomou a iniciativa.
- Vou preparar aqueles ovos mexidos.
Cada um seguiu seu caminho, e no banheiro Anahí lamentou a própria aparência: os cabelos desgrenhados e maquiagem - o que restava dela - toda borrada.
Que maravilha... Era exatamente o contrário do que qualquer mulher gostaria de mostrar na presença do famoso Malandro Irlandês. Teria ele se chocado com a dura realidade da doença? Sentido pena dela? Tomara que não.
Isso ela não suportaria.
Ao voltar para o quarto, Poncho encontrou-a sentada na cama, apoiada nos travesseiros e aparentando um frescor inacreditável em comparação com o que passara na véspera.
- Trouxe todos os seus remédios. Pode escolher o que quiser. - Ele colocou a bandeja de vime branco sobre o colo dela.
- Quero um de cada. - Havia uma nota de sarcasmo naquela declaração. Anahí separou os comprimidos que tomaria depois de comer os ovos com torradas, suco de laranja e café. - Possuo uma verdadeira farmácia domiciliar. O que o médico receitar tenho à mão.
- Não me diga que realmente toma tudo isso.
- Quase tudo.
Ele se acomodou na poltrona em que havia passado metade da noite, as pernas estendidas e as mãos entrelaçadas sobre o estômago.
Teria dormido com roupa íntima? A pergunta surgiu de repente na mente de Anahí. Lembrava-se de suas pernas entrelaçadas, do peito forte...
- Pois devia ver o punhado de vitaminas que tomo - disse Poncho, interrompendo o curso de seus pensamentos.
- Por que tantas?
- Para permanecer jovem... Pelo menos por mais algum tempo.
- Por que não abandona a carreira antes que seja forçado a isso?
- Para fazer o quê? Futebol é tudo que sei.
- Não acredito... O que é isso? - Debaixo da xícara de café havia um pedaço de papel. Era uma lista incompreensível escrita a mão:
Cavalos.
Piscina.
Hidromassagem.
Campo de beisebol.
Contratação de assistentes.
Hospedagem das crianças num hotel em Houston com transporte diário em ônibus.
Casa grande.
- O que é isso? - Anahí repetiu, encarando-o.
- Uma lista de motivos para você realizar a semana que planejou no hotel-fazenda em minha propriedade. - Diante da surpresa no rosto dela, explicou, mal contendo a ansiedade: - Mayte me contou. Creio que o problema está resolvido. Quero dizer, não possuo a infra-estrutura de um hotel, mas daremos um jeito. E ainda há tempo suficiente para providenciar quaisquer adaptações necessárias. Por exemplo, poderíamos transformar um dos quartos em sala de exercícios. Basta me dizer do que necessita. Faremos o transporte diário das crianças da cidade para a fazenda e vice-versa em ônibus. É perto. E então, o que acha da idéia?
Anahí demorou a responder, pois tinha um nó garganta.
- Você... Você faria isso?
- É o que estou oferecendo. E francamente, Anahí, não creio que possa se dar ao luxo de recusar.
- Não, realmente não. - Era como se um peso tivesse sido tirado de seus ombros. Também experimentava uma sensação indescritível de... A palavra "amor" lhe veio à mente, entretanto considerou-a forte demais para o caso. Assim, apenas aceitou o sentimento sem lhe dar nome.
- E então - ele insistiu -, está combinado?
- Sim... E obrigada. - Anahí ainda lutava para se recuperar da surpresa.
Poncho teve a impressão de que ela agradecia por mais do que a oferta da fazenda. Teve a impressão de que ela agradecia pela noite anterior. Quis abraçá-la e dizer que lhe ofereceria qualquer coisa, inclusive a vida, que ficaria para sempre ao seu lado, se assim desejasse. Mais do que qualquer outra coisa, desejava e precisava declarar seu amor. Mas compreendia que ainda não era o momento.
- Anahí, faça a operação agora. Acabe com a dor o quanto antes.
O pedido comoveu-a, mas não a convenceu.
- Não posso.
Ficaram a se olhar, ela o instigando a entender. Estranhamente, magicamente ele entendeu... E a amou mais ainda por isso.
****
Após o café, Anahí dormiu novamente. Acordou por volta das três, sentindo-se bem, porém irrequieta. Queria se levantar e cuidar da mudança de planos. Poncho a impediu de ambas as coisas e a distraiu com jogos.
No final da tarde, Mayte e Christian apareceram com uma pilha de revistas e comida de um restaurante italiano próximo: espaguete, lasanha e pão de alho. Todos comeram no quarto, acompanhando Anahí, que continuava na cama. Foi Poncho quem se lembrou de lhe providenciar um robe para vestir antes da entrada de Christian.
Obviamente não via necessidade de tal formalidade em sua presença apenas, o que constituía um sinal do intimidade crescente de seu relacionamento.
Mais significativa foi a constatação, quando Mayte e Christian partiam, de que Poncho pretendia passar outra noite ali. Ainda mais revelador foi o fato de que Anahí havia esperado isso o tempo todo. E desejado.
Autor(a): eduardah
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Como se houvesse um pacto tácito, nenhum dos dois abordou o assunto de outra noite juntos. Por volta das oito, Anahí ameaçou tomar medidas drásticas, caso ele não a deixasse tomar um banho e trocar de camisola. Poncho acabou cedendo e fez o mesmo depois. Christian lhe trouxera uma muda de roupa.- O que está fazendo? - ele perguntou a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52
u.u
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franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34
:)
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franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36
consegui ler tudo ;)
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franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46
nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)