Fanfics Brasil - Capitulo-24 Lição de Ternura AyA Finalizada

Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada


Capítulo: Capitulo-24

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Era. Ao menos em parte. Isso e algo nebuloso que ela não sabia precisar. Ou talvez não quisesse precisar.

- Não? Você sabe realmente em que está se envolvendo? Só me conhece há... O quê? Três meses?

- É isso que está em jogo agora? O tempo em que nos conhecemos? Eu a conheço o suficiente para me apaixonar, mas não o suficiente para avaliar em que estou me envolvendo?

- Mais ou menos...

- Não houve um minuto desde que nos conhecemos em que eu não a tenha visto com dor. E agüentei a situação. Já presenciei a doença na fase boa, ruim, e intermediária. Passei uma noite inteira certo, pelo menos com base na experiência de Mayte, de que você superaria a crise, mas não tão certo da minha reação porque não estava acostumado a testemunhar o sofrimento de alguém que amava. Entretanto, na manhã seguinte continuava ao seu lado, abraçado a você. Eu superei, Anahí.

- Aquilo foi apenas a ponta de um iceberg. - O desespero a levava a ser ríspida. - Há uma centena de sutilezas que sequer passam por sua cabeça.


 


- Por exemplo?

- Por exemplo? O cancelamento de planos na última hora. E se tivéssemos uma viagem de férias planejada durante aquela minha crise? Uma viagem pela qual tivéssemos ansiado por muito tempo?

- Nós a teríamos cancelado - ele respondeu com calma.

- Sou uma péssima companhia para sair. Não agüento ficar acordada até tarde, não posso beber, nem dançar, nem...

- E eu não posso mergulhar, correr numa maratona, escalar o Matterhorn - ele argumentou.

- Vou me submeter a uma operação em breve. Talvez o medicamento que tomo hoje não surta mais efeito amanhã. Ou talvez eu tenha úlcera depois de amanhã porque o remédio que alivia a dor destrói o estômago. Daqui a cinco, dez ou quinze anos, poderei precisar de uma cadeira de rodas ou ter um monte de peças de metal nas juntas chocalhando ao andar. - Deliberadamente, ela pintava o quadro mais dramático possível.


 


- A necessidade de cadeira de rodas acontece apenas com cerca de dez por cento das pessoas que sofrem a doença - Poncho retrucou, provando que não era ignorante no assunto. - Além disso, talvez entre num período de remissão...

- Talvez, mas não há garantia disso.

- Pode ser que surja uma cura...

- É uma possibilidade muito remota.

- Talvez apareça um novo remédio. Você mesma disse uma vez que os pesquisadores fazem grande progresso na área. E, droga, talvez eu tenha uma úlcera depois de amanhã por tentar jogar futebol como se tivesse vinte anos quando tenho quase quarenta! Ou então quebre o pescoço e fique preso a uma cadeira de rodas ou a uma cama. Quem sabe se não descobriremos que o mundo não é redondo, afinal, mas triangular, e deslizaremos por uma aresta para o vácuo cósmico?

- Poncho! Você está sendo obtuso de propósito!


 


- O que é isso, uma piada triangular? - O sorriso dele era cativante e quase a contagiou. Quase.

- Sou um ser imprevisível. Deficiente. Até o corretor de seguros é honesto o suficiente para admitir isso.

- Ele não a ama. Eu, sim.

A intensidade do olhar dele provocou um nó na garganta de Anahí e levou lágrimas aos seus olhos. Ela abaixou a cabeça, mas Poncho se aproximou e a obrigou a erguer o queixo. E a beijou com doçura.

- Você não joga limpo - ela murmurou.

- Não estou jogando, querida. É isso que parece não entender. - Quando ele tentou beijá-a de novo, Any resistiu.


 


- E quanto a filhos?

- O que há com eles?

- Você vem de uma família numerosa e certamente pensa em constituir a sua própria. Quanto a mim, não sei se quero arriscar uma gravidez. Às vezes a artrite reumática melhora nesse período, às vezes piora. E, mesmo que chegue ao fim de um estado desses, não me sinto capaz de me responsabilizar por outra vida. Em certas circunstâncias, mal consigo tomar conta de mim mesma.

- Não estou lhe pedindo filhos. Mas apenas que se case comigo.

- Só que não será justo para você. Não vê...

- Droga, quer parar de se preocupar com o que é justo para mim?

- Bem, alguém tem de se preocupar quando você não se mostra interessado no próprio bem-estar!

- Faremos como Mayte e adotaremos uma criança, se quisermos. Se. E contrataremos uma babá. Seja como for, não sinto o desejo ferrenho de ter um Alfonso Herrera Rodriguez em miniatura vagando sobre a terra.


 


Any sabia que ele achava que lhe dizia a verdade. Também sabia que ele talvez não conhecesse os sentimentos mais íntimos. Às vezes esses sentimentos se revelavam lentamente. Com freqüência quando era tarde demais. Dando-lhe as costas, foi até a janela. Uma brisa soprava.

- Poncho... - Ela sentia o coração se contrair diante das palavras que devia dizer. - Por favor, não me peça para fazer uma coisa dessas com você. Não me peça para acorrentá-lo a mim. Por favor...

Poncho segurou seu braço com firmeza e a obrigou a se virar. A raiva faiscava nos olhos dele.

- Diga o que quiser, mas de frente para mim!

- Está bem. Não me peça para fazer isso com você. Moraremos juntos onde quiser, pelo tempo que quiser, mas por favor me permita deixar a porta aberta para você ir embora quando sentir necessidade.


 


A frieza daquelas palavras cortou o coração de Poncho. Ocorreu-lhe então uma frase que ela dissera meses atrás: que o amor era apenas para os felizardos ou os fortes.

- Você disse quando eu sentir a necessidade de ir embora, mas será que não se refere a si mesma?

Ela ergueu as sobrancelhas com ar interrogativo.
- Talvez queira deixar a porta aberta para si mesma - ele sugeriu.

- Não entendo...

- Talvez não esteja sendo nobre ao tentar me poupar. Quem sabe se na realidade você não sente medo de assumir um compromisso?

- Estou disposta a me comprometer, sim...

- Não por inteiro.

- Pode ser que você esteja certo... Até certo ponto. É possível que seja importante para mim saber que você está comigo por escolha, não por causa de uma assinatura num documento legal. Desmanchei o noivado com Ross e sempre me pergunto se ele teria ido adiante e casado comigo por algum senso distorcido de dever. Eu não suportaria tê-lo ao meu lado só por... - Ela não conseguiu expressar a palavra odiosa.


 


- Sabe, Anahí, não gosto nada quando me coloca na mesma categoria desse sujeito.

- Não estou...

- Está sim! - Poncho respirou fundo. Não era hora de perder a calma. Mas, droga, como se controlar quando estava a ponto de perder a mulher que amava? - Any, não percebe o que está fazendo? O problema todo é que está se refugiando na questão da saúde. Realmente tem um problema, é diferente, entretanto sua doença não constitui um obstáculo insuperável. Você a está usando como um escudo. - Ele se aproximou e lhe acariciou o rosto. - Uma vez você disse que o amor era apenas para os felizardos e os fortes. Julguei, na época, que se tratava de uma forma peculiar de pensar. Agora entendo. Você encara o amor como uma proposta de perda.

- Isso é um absurdo - ela protestou, embora imaginasse se existia alguma chance de Poncho ter razão. Talvez isso justificasse seu medo diante da proposta de casamento. Talvez isso justificasse seu humor depressivo anterior, à beira do riacho.


 


- Ah! Você perdeu o pai e a mãe e depois, quando estava pronta para amar de novo, escolheu a pessoa errada, que acabou destruindo sua auto-estima. Seus relacionamentos mais significativos, por um motivo ou outro, seja natural ou devido à insensibilidade de um idiota, terminaram traumaticamente. Não é possível que tenha concluído que não valia a pena se dedicar a mais ninguém?

- Não...

- E quanto a todas as concessões que foi forçada a fazer? - ele retomou um pensamento anterior, aquele que havia julgado que ela não estava preparada para ouvir. - Sem dúvida, algumas delas foram necessárias, entretanto cedeu quando não precisava. Pode ser que tenha de aceitar limitações em questões de saúde, porém não no que se refere a relacionamentos.

- Está sendo injusto. - Anahí não sabia se o que Poncho dizia era certo ou não. Sentia apenas a necessidade instintiva de negá-lo.

- Não, estou sendo firme. As concessões têm de acabar. Agora. - O silêncio subseqüente se encheu da batalha entre duas vontades fortes. - Case comigo.


 


- Ou? - ela aceitou o desafio.

Um lampejo de emoção cruzou o rosto dele. Arrependimento? Mágoa? Talvez os dois, pois ele não podia deixar de dizer o que devia.

- Não sou de fazer concessões, Anahí. Comigo, é tudo ou nada.

Tudo ou nada.

A implicação dessa colocação era clara. E perseguiu Anahí enquanto faziam amor novamente... Desta vez com desespero. E continuou a persegui-la enquanto tentava dormir nos braços dele.


 


 


 


 


 



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Autor(a): eduardah

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52

    u.u

  • franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34

    :)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36

    consegui ler tudo ;)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46

    nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)


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