Fanfics Brasil - Último Capitulo-27 Lição de Ternura AyA Finalizada

Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada


Capítulo: Último Capitulo-27

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A porta do quarto se abriu devagar, distraindo o pensamento dela.
Era May. Parecia preocupada, e Anahí ansiou por lhe dizer que não se afligisse, pois estava bem. Entretanto não podia dar à amiga essa garantia. Nunca havia sentido aquele tipo de morte espiritual. Não sabia se sobreviveria a isso.

- Oi. - May se aproximou em seu uniforme branco.

- Oi - Anahí tentou sorrir apenas pela amiga.

- Como se sente?

- Muito bem.

- Então está preparada para caminhar um pouco?

Era o terceiro dia após a cirurgia, portanto, o momento indicado para Anahí tentar os primeiros passos. No dia anterior, em preparação ao caminhar, fora colocada numa maca com um cinto apertado à cintura e transportada para a sala de terapia, onde a tinham erguido em posição vertical. Tratava-se de uma reintrodução a um mundo não horizontal. Alguns minutos à mercê da força da gravidade a deixaram exausta.

- Sim - Anahí concordou, quase ansiosa pela dor física que preencheria o vazio emocional.


 


Em seguida, o assistente de Mayte, um rapaz de uns vinte anos entrou com a maca.

- Seu aliado, suponho - Anahí brincou.

- Que nada - o rapaz sussurrou. - Vim ajudá-la a fugir daqui.

- Sei... - Anahí não se mostrou convencida.

Enquanto ele preparava a maca, May ajudou a paciente a vestir um roupão branco e calçar chinelos.
- Muito bem - May observou -, está tudo pronto. Deixe que façamos todo o esforço. - Então, com a ajuda do assistente transferiu-a da cama para a maca. - Formamos uma boa dupla Doug - ela brincou, apertando o cinto. - Não concorda, Any?

- Em gênero, número e grau - ela garantiu, embora a movimentação, por mínima que tivesse sido, provocasse um latejar no quadril.

- Muito bem - May começou a empurrar a maca. - Vamos colocar o show na estrada.


 


O percurso até a sala de terapia foi breve. Das janelas do corredor. Anny viu a chuva ainda a cair e imaginou se haveria arco-íris depois.

- Pronta? - May a tirou do devaneio.

- Pronta. - Anahí não sentia nada, não se importava com nada.

May começou a colocar a maca em posição vertical. Lentamente Anny passou a sentir a força da gravidade puxar seu corpo para baixo. Houve uma tontura momentânea. Ela se concentrou em aceitar seu peso nos pés, e o esforço provocou dor no quadril. Maior do que esperava.

- Você está bem? - May acompanhava atentamente sua reação.

Anahí assentiu com uma breve piscadela. Assim, May e Doug a levaram até uma pista estreita com barras paralelas por toda sua extensão.

- Agora preste atenção nas regras do jogo - disse May. - Vou desapertar o cinto, então vamos ajudá-la a sair da maca e você tentará andar. Digamos até a metade da rampa, uns dez ou doze passos, e por hoje será só. Está bem? - Como não obtivesse resposta, repetiu: - Está bem?


 


Anahí apenas fez que sim com a cabeça.

- Muito bem, vamos lá. - May desapertou o cinto, e Doug se preparou para segurar a paciente no caso de uma queda eventual. - Vamos, Anny, tire os pés da borda da maca. - O tom era gentil, porém firme.

Como um robô desprovido de sentimentos, Anahí obedeceu. Colocando a perna direita à frente, tentou movimentar a outra. Não conseguiu e fez uma nova tentativa. Uma dor aguda fez seu rosto se contrair. Mas não desistiu e forçou a perna esquerda a ir adiante. Deste vez houve um pequeno deslocamento, acompanhado por uma queimação na pele. Então, outro limitado avanço. Seguido de outro. E ainda outro. Sua respiração estava ofegante.

- Ótimo - comentou May. - Saiu da maca.

A resposta de Anahí foi cair de encontro à amiga e esperar o suor frio passar. Quando se tornou evidente que não passaria tão cedo, ela tentou se endireitar.

- Segure as barras - May instruiu. E acrescentou para Doug - Ajude-a.

Anahí agarrou as barras, frias em contraste com o calor de sua dor.
- Vamos, Any, ande.

Como? Se era apenas difícil ficar de pé... Mas tinha de fazê-lo. Precisava continuar com a vida. Não precisava?


 


Um gemido escapou de seus lábios em reação ao peso crescente nas pernas, ao peso crescente no coração.

- Ande, Anahí. - Desta vez o tom era imperativo.

Usando toda a força, ela avançou com a perna direita, depois arrastou a esquerda e imediatamente sentiu uma dor aguda.

May e Doug continuaram firmes.
- Sei que dói. - May mantinha a custo o tom profissional. - Vamos acabar logo com isso. 

Anahí deu um passo, mais outro e desmoronou de encontro à amiga. Estava ofegante e o suor lhe banhava todo o corpo.

- Vamos, só mais alguns passos.

- Eu... eu não sei... se posso. 

- É claro que pode.

- Eu...

- Ande, Anahí!

Agarrando as barras com o máximo de firmeza possível, ela tentou se endireitar. Mas em vão. Doía como se tivesse um punhal fincado em sua perna. Mais uma vez se amparou na amiga. Não parecia valer a pena. Andar... Ou viver. Sem Poncho ao seu lado. Embora se odiasse pela fraqueza, seus olhos se encheram de lágrimas. Imaginava tratar-se da confirmação da morte de seu espírito.

- Any, não desista! - May ordenou, suplicou.

- Dói... - Ambas sabiam que ela não se referia apenas à dor física.

- Eu sei, mas não pode desistir. Não pode...


 


- Ela não vai desistir. - Uma voz masculina e determinada ecoou pela sala. - Certo, querida?

Anahí ergueu a cabeça sobressaltada ao reconhecer o sotaque irlandês. Com a visão turva distinguiu um homem parado no meio da rampa. Parecia Poncho. Ou era a imaginação levando a melhor sobre a mente esgotada?

Visão ou não, ele não só sorria como também falou: 
- Vai ficar aí parada, tão linda, ou virá até aqui me abraçar? 

- Você está em Nova York - ela balbuciou, pondo à prova a realidade do que via. Só podia estar sonhando.

- Eu estava... Tive de voltar para a mulher da minha vida.

Algum dia ele lhe contaria que havia ameaçado deixar o emprego antes mesmo de começá-lo, caso não suspendessem as conversações e lhe permitissem ir para Nova Orleans. Algum dia ele lhe contaria que consultara várias companhias aéreas até descobrir a rota mais rápida para casa, depois que Christian lhe dera a notícia da cirurgia. Algum dia ele lhe contaria que subornara o motorista de táxi para levá-lo ao hospital o mais depressa possível e, chegando ali, que havia percorrido vários corredores à procura dela. Algum dia ele lhe contaria que ficara à porta da sala de terapia observando seu esforço até ter a impressão de que o coração explodiria dentro do peito. Algum dia ele lhe contaria tudo isso. Mas naquele momento só desejava abraçá-la.


 


- Venha até aqui - ele sussurrou.

Anahí sentiu seu espírito ressuscitar.

- Pelo que calculo - ele continuou -, há uns cinco passos entre nós. Dê esses cinco passos e juro por Deus que nunca mais caminhará sozinha. Acha que pode fazer isso? 

De repente ela quis rir a chorar ao mesmo tempo.

- Neste momento... Acho que poderia voar.

- Nada de extravagâncias, querida. Apenas ande até aqui. Voaremos juntos. 

A presença de Poncho e a promessa que ele fizera eram todo o incentivo de que Anahí necessitava.
Com May e Doug ainda ao seu lado, ela se endireitou e pôs a perna direita para a frente. Poncho estendeu os braços em sua direção.

- Agora só faltam mais quatro. Já lhe disse que quase enlouqueci de saudades? O quanto quis estar com você?

- Não... - Anahí juntava a perna esquerda à outra, sufocando a dor.

Ele, por sua vez, mal continha a vontade de ir ao encontro dela. Entretanto, continuou firme no lugar. E a falar, para distrair a ambos:

- Pois senti saudade... Mais do que jamais poderei descrever com palavras. E preciso de você... Mais do que jamais imaginei que precisaria de alguém.


 


- Eu... Senti saudades suas também. - Sua respiração era audível no silêncio doloroso da sala.

- Então dê mais três passos e acabe com esse inferno solitário para nós dois.

Mantendo os olhos fixos nele, extraindo força dele, Anahí forçou as pernas para outro avanço. O rosto se crispava de dor. E mais um. Ela cambaleou, mas quando Poncho pensou em ampará-la, já se endireitava.
Estavam agora tão perto que por pouco não se tocavam. O que talvez constituísse o pior dos infernos. Estarem próximos e não poderem sentir um ao outro.

Any estava pálida e fraca, mas era para sempre dele. 

Poncho parecia cansado e ansioso, mas estava ali, quando podia estar em qualquer parte de mundo.

- Só mais um - ele murmurou, o hálito quente roçando as faces afogueadas de Any.

Algum dia ela lhe contaria como naquele momento, parada diante dele, tudo havia se esclarecido em sua mente.
Algum dia ela lhe contaria como naquele momento se dera conta de que, embora não tivesse um corpo perfeito, possuía um amor perfeito.
Algum dia ela lhe contaria como naquele momento havia reencontrado a própria coragem e sentido sua força, uma força com que sempre contara e sempre contaria, suficiente para o que viesse a enfrentar.
Algum dia ela lhe contaria tudo isso. Mas naquele instante só desejava abraçá-lo.

 


 - Você gostaria de dançar - ele continuou - ou prefere dispensar as formalidades e fugir comigo?

- Fugir com você - ela respondeu sem pestanejar.

Para sempre restaria a dúvida de quem havia dado aquele último passo se ela ou ele, mas de repente estavam nos braços um do outro, para sempre. 

Enterrando o rosto no peito forte, Anahí não conteve o pranto; Poncho, por sua vez, afundava o rosto, nos cabelos dela e sussurrava palavras carinhosas.

- Eu te amo... Nosso futuro será como você quiser. Você dará as cartas. Só me deixe ficar ao seu lado. Por favor.

Ela tentou falar, mas as palavras lhe fugiam. Apenas o apertou mais contra si. Até que ele se virou para May.
- Posso erguê-la?

May sorriu, assentiu com a cabeça e enxugou as lágrimas. Carregando Any nos braços como se fosse um tesouro raro recém-descoberto, ele saiu da sala.
De repente começou a rir. De repente ela também ria. Os dois riram e trocaram beijos apaixonados por todo o trajeto até a privacidade do quarto. Onde ninguém ousou entrar por muito tempo.


 


A chuva parou inesperadamente naquela tarde, deixando em seu rastro um arco-íris a cortar o céu.
Todos seriam unânimes em considerá-lo bonito, muitos lhe atribuiriam um caráter poético, enquanto aqueles com uma alma romântica diriam que resultava do mais frágil, mais precioso, mais sagrado dos ingredientes: as lágrimas e a luz dos enamorados. 

No dia dois de junho, a seguinte notícia foi dada no jornal noturno da televisão.

- E agora vamos encerrar com uma nota em primeira mão. Hoje, numa cerimônia restrita, Alfonso Herrera, o Malandro Irlandês, partiu o coração de milhares de fãs ao se casar com Anahí Giovanna Puente.
O casal se conheceu no começo do ano e, segundo Christian Chavez, do famoso trio Os Infernais, foi paixão à primeira vista. Trata-se do segundo matrimônio do sr. Herrera e o primeiro da srta. Puente.
Eles fixarão residência em Houston. Nossos sinceros votos de felicidade aos dois!

Em Nova Orleans, um casal ouvia o anúncio com uma criança a brincar a seus pés. Nenhum dos dois falou, embora os olhos da mulher se enchessem de lágrimas. O homem apenas lhe apertou a mão. Nos dedos entrelaçados se destacava uma aliança de noivado, a reluzir promessas gloriosas para o futuro.

A centenas de quilômetros dali, marido e mulher assistiam ao mesmo noticiário. Nenhum dos dois falou, embora os olhos dela se enchessem de lágrimas. O homem apenas lhe apertou a mão e a levou aos lábios, beijando com reverência a aliança no dedo. Então, possessivamente, entrelaçou suas mãos. Pele com pele. Ideal com ideal. Amanhã com amanhã.


FIM



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Autor(a): eduardah

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52

    u.u

  • franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34

    :)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36

    consegui ler tudo ;)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46

    nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)


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