Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada
Por mais que tentasse, ele não compreendia por que ela se recusava a aceitar um simples convite para sair.
- Pense no assunto, está bem?
- Não creio que...
- Por favor. Conversaremos amanhã. Agora preciso me apressar. - Desta vez ele mentia. Queria apenas desligar logo o telefone. - Boa noite.
- Boa noite... – Atordoada, Anahí afastava o aparelho do ouvido quando o ouviu chamá-la.
- Anahí?
- Sim?
- Eu menti.
- De novo?
- Sim. Não sou rico. - E desligou o aparelho. O esboço de um sorriso surgiu nos lábios de Anahí, embora não durasse mais que um instante.
Por que seu coração batia com esperanças vãs toda vez que falava com ele?
Durante a noite de quinta-feira, Anahí tentou se convencer que não esperava telefonema algum. Finalmente foi para a cama com uma certeza que tivera o tempo todo. Havia achado que Alfonso ligaria... Que a instigaria a aceitar o convite... Que terminaria a conversa com outra confissão...
"Anahí?" - ele diria antes de desligar. - "Sim?" - ela responderia como das vezes anteriores. - “Eu menti”.- “Mentiu?" - “Sim. Não sou um grande amante. Amante...
Que tipo de amante Alfonso Herrera seria?
A curiosidade a surpreendeu. Fazia muito tempo que não pensava num homem em termos tão íntimos. Convencera-se de que não poderia ser uma boa amante de um homem e por isso deixaria o assunto de lado.
"Um homem quer sua mulher cheirando a perfume, não a linimento. Um homem quer ouvir seus gritos de êxtase, não de dor. Meu Deus, um homem não quer se sentir um canalha por fazer amor com a própria esposa!"
Essa lembrança dolorosa surgiu de repente, como um monstro do meio da escuridão, deprimindo Anahí tanto quanto na ocasião em que, por acaso, escutara o desabafo do ex-noivo com um amigo. Até aquele momento, anos atrás, não tinha pensado seriamente em como pareceria aos olhos de um homem. Naquele instante aturdido, uma parte de sua auto-estima, uma parte da sua feminilidade havia sido destruída. E nunca mais reposta.
Nenhum homem queria uma mulher doente. Tratava-se de uma das grandes verdades da vida - pelo menos no caso de Anahí. Ela riu com amargura, cedendo a um raro momento de auto piedade. Piedade... A idéia lhe veio à cabeça como um raio.
Por isso Alfonso a convidava para sair? Sentia pena dela? Uma sensação de raiva tomou-a por inteiro. E, em seu estado depressivo, precipitou-se do provável para o certo. Alfonso Herrera sentia pena dela. Por que outro motivo um homem tão viril e saudável se interessaria por uma mulher doente?
Lágrimas lhe encheram os olhos. Entretanto, não as deixou cair.
Preferiu praguejar baixinho: amaldiçoou a doença que mudara sua vida; amaldiçoou Alfonso Herrera por fazê-la sorrir, por despertar seu interesse, por fazê-la a desejar que tudo fosse diferente.
****
A sexta-feira amanheceu cinzenta, com uma névoa espessa e fria cobrindo a cidade.
- Por que não vai almoçar? Sugeriu enquanto se preparava para datilografar o prospecto da Sra. Hecker.
- Não, vá você primeiro - disse Anahí. - Preciso relacionar a equipe médica que levaremos conosco a El Paso.
- Deixe isso para mais tarde. Vá comer.
Anahí pôs a caneta sobre a mesa e sorriu.
- Estive tão mal-humorada assim a manhã toda? Não precisa responder.
Ao se erguer, sentiu uma pontada na perna esquerda, mas sua única concessão à dor foi uma pequena pausa e uma tomada silenciosa de fôlego.
- Quer que eu traga um hambúrguer?
- Sim, por favor.
Lá fora soprava um vento frio e úmido. Apesar disso, Anahí sentia-se melhor por sair do escritório. Precisava ver os últimos dias em perspectiva: não significavam nada no plano geral da sua vida. De fato, as rosas resumiam com clareza seu relacionamento com Alfonso Herrera - naquela manhã encontrara-as mortas, as pétalas espalhadas sobre a mesa da sala de jantar. Então as jogara fora e continuara sua rotina.
Parada ao lado do carro, estava tão concentrada em procurar as chaves na bolsa que não deu atenção ao ruído de outro veículo entrando no estacionamento. O som de uma voz conhecida, porém, não passou despercebido.
- Oi.
Anahí se virou sobressaltada, o olhar cruzando com o de Alfonso. Uma série de perguntas lhe veio à mente: "O que ele quer?”, "Por que me deixo afetar tanto por esse homem?"
- Oi - ele repetiu, sorridente.
- Oi.
- Vai almoçar?
Com receio de que ele sugerisse que almoçassem juntos, ela pensou em mentir, mas não conseguiu.
- Sim, vou buscar um hambúrguer. É mais rápido.
- Nesse caso, não a deterei mais que um minuto. Desculpe-me por não ter telefonado ontem: é que fiquei preso a compromissos...
- Está tudo bem. Não esperava que você ligasse.
Os dois mentiam: Anahí aguardava ansiosa o telefonema, e Alfonso não tivera nenhum compromisso. Ele não tinha entrado em contato de propósito, para evitar uma recusa pelo telefone. Torcia para que sua presença dificultasse a rejeição.
Enquanto Anahí receava que ele percebesse sua mentira, Alfonso imaginava se ela fazia idéia do quanto havia lutado consigo mesmo para não lhe telefonar. O jogador também se perguntava porque aquela obsessão aumentava cada vez que a via.
- Bem - ele rompeu o silêncio - quanto a esta noite... Posso apanhá-la em sua casa por volta das sete?
Algo explodiu dentro dela, algo que se desenvolvia há dias, talvez anos. Uma série de emoções acumuladas - sua mágoa passada, o auto conceito, a humilhação de ser alvo de piedade de Alfonso eclodiram num acesso de fúria, intensificada pela consciência de que no fundo gostaria de sair com aquele homem.
- Dane-se, Alfonso Herrera! Não quero sua piedade!
Piedade. A palavra o atingiu como uma bofetada. Chocado, ele não disse nada. Absolutamente nada. Apenas olhava para ela confuso, atônito.
- De que está falando? - perguntou depois de um longo silêncio.
- Você já se desculpou por aquela noite de sexta, e não quero nem preciso da sua piedade ou de quem quer que seja. Não sou caso de caridade!
Ela desviou o olhar. Oh, Deus, por que ele não a deixava em paz? Voltou a procurar as chaves, desta vez com desespero. Mas Alfonso não desistiu facilmente. Segurou, gentil porém firmemente, o braço dela e a obrigou a encará-lo. O movimento brusco provocou a queda das chaves à qual nenhum dos dois deu atenção.
- Na verdade, você está duplamente enganada, querida. - Seus olhos esverdiados, habitualmente marotos, expressavam uma cólera que condizia com a fama do temperamento Irlandês.
A palavra "querida" estava longe de ser uma forma carinhosa de tratamento, e Anahí não pôde deixar de imaginar como soaria se fosse Doce e sensual? Capaz de fazer uma mulher se sentir desejada? Capaz de fazer uma mulher se sentir mulher? Esses pensamentos, porém, se perderam sob a avalanche da ira que Alfonso continuou expressar:
- Não a convidei para sair como um pedido de desculpas e muito menos por sentir pena de você. Meu verdadeiro objetivo, Anahí era fazer uma gozação. Sabe, adoro me divertir às custas de pessoas deficientes, particularmente de cegos ou de gente em cadeiras de rodas, mas não é todo dia que encontro um desses pela frente e tive de me contentar com uma moça manca de bengala.
Segundos se passaram sem que ninguém falasse. Nem se movesse. O coração de Anahí batia num ritmo que parecia dizer: "Boba! Boba! Boba!" O olhar de Alfonso continuava fulminante, entretanto, ela pouco a pouco percebeu algo mais nas profundezas esverdiadas. Mágoa? Vulnerabilidade? Não tinha certeza.
De repente ele retomou a fala, embora com um fio de voz:
- Como pôde pensar que eu... Ora, esqueça o assunto! - Virou-se abruptamente e estava a caminho de seu Porsche branco quando parou para gritar: - Moça, você sofre de um sério complexo! - A cena atraía a atenção dos transeuntes.
- Alfonso! - Anahí agiu num impulso, guiada pelo coração. - Alfonso, espere!
Levou algum tempo e muita paciência para recuperar as chaves com a bengala. Quando finalmente conseguiu, foi até a lanchonete mais próxima e voltou ao escritório com dois hambúrgueres. Susan prudentemente evitou qualquer comentário ao perceber que a chefe retornara duas vezes mais mal-humorada do que quando saíra.
-Quer que eu jogue isso fora? a secretária perguntou cerca de meia hora depois, referindo-se ao hambúrguer praticamente intacto de Anahí.
- Como?
- Ainda vai comer isso?
Anahí olhou para o sanduíche esquecido na mesa e sacudiu a cabeça.
- Obrigada - murmurou distraída quando a secretária recolheu a embalagem do hambúrguer.
"Devo telefonar para ele me desculpar? Sim, eu o magoei." Ela pôs a mão no telefone, apenas para retirá-la em seguida. "Não. O que vou dizer?" Suspirou. "Simplesmente peça desculpas. Sabe fazer isso, não?" Desta vez tirou o fone do gancho, porém o manteve no ar. "E se ele não tiver voltado para o hotel ainda? E se não quiser falar comigo? E se eu for a maior covarde que já existiu?" Suspirando em derrota, devolveu o aparelho ao lugar. Talvez fosse melhor deixá-lo sair de sua vida, mesmo que de uma forma tão traumática. Talvez...
O telefone tocou.
Anahí sobressaltou-se na cadeira.
Susan observava a silenciosa indecisão da chefe com ar interrogativo. De repente Anahí voltou a assumir um ar profissional, grata pela interrupção ao curso infrutífero de seus pensamentos.
- Viagens e Excursões Farrel, às suas ordens.
- Esteja pronta às sete! - disse uma voz masculina com firmeza, e a ligação foi cortada em seguida.
Anahí ficou a olhar atônita para o aparelho por alguns instantes, ouvindo o ruído de linha e as batidas do próprio coração.
Ele continuava zangado. E tipicamente objetivo. E ainda capaz de fazê-la sorrir, ela reconheceu, não sem espanto diante do tremor incontrolável dos lábios.
***
A campainha tocou as sete em ponto.
Anahí respirou fundo e enxugou as mãos úmidas de nervosismo. Enquanto atravessava a sala, pensamentos perturbadores passavam por sua cabeça. Devia ter telefonado de volta a ele e dado uma resposta negativa definitiva. Devia dizer-lhe isso agora e mandá-lo embora. Devia...
As idéias se perderam ao abrir a porta. Contra a própria vontade, a visão de Alfonso Herrera parado na varanda afetou seu lado feminino em parte sufocado.
Alfonso também se embevecia com a visão da mulher à sua frente. Parecia angelical no conjunto de lã rosa. Como da primeira vez que a vira, o impacto foi grande. Céus, que poderes sedutores aquela fada possuía? Também o surpreendia encontrá-la pronta para saírem, uma surpresa que suspeitava que fosse partilhada pela própria Anahí.
Ao perceber que estavam parados, apenas a se olhar em silêncio, ela se desconcertou.
- Eu... Bem, não sabia exatamente o que vestir. Você não disse aonde íamos...
- Você está... Bem. - Ele se absteve de um elogio mais efusivo e condizente com o que achava, receando provocar uma reação negativa. - Só precisará de um casaco. Está frio.
- Já separei um.
Seus olhares se cruzaram por mais um longo instante antes de ela se virar para apanhar o casaco cinzento pendurado no encosto de uma cadeira.
Mesmo sem ser convidado, Alfonso entrou na casa e apreciou a decoração. A classe imperava no ambiente sóbrio e simples. Como sua ocupante...
- Deixe-me ajudá-la. - Sem esperar resposta, ele se adiantou e segurou o casaco para que Anahí o vestisse.
Ela o fez mais do que depressa. De repente tudo que desejava era se distanciar daquele homem o mais rápido possível.
- Pronta?
- Pronta - ela confirmou, evitando encará-lo enquanto apanhava a bolsa.
A noite estava realmente fria, com o ar úmido e pesado da chuva que não havia caído.
A caminho do carro, Alfonso diminuiu o passo em consideração à Anahí. A consciência disso a impacientou com o andar que lhe parecia ainda mais lento que de costume.
- A propósito - ele observou, o hálito se vaporizando com ar frio - vamos a uma festa de aniversário. Do Christopher.
- Parece divertido. É uma surpresa?
- Pensávamos que sim. Mas ele me telefonou à tarde para perguntar o quanto devia se atrasar, pois queria nos dar tempo de preparar tudo.
Anahí riu com espontaneidade. Era bom fazê-lo depois de um dia tão tenso. Para Alfonso, por outro lado, era agradável vê-la sorrir.
- Tanto esforço para guardar segredo em vão - ela comentou.
- É verdade. Mas foi a última vez. Se bem que... Acho que vamos surpreendê-lo de qualquer forma.
- Suponho que não vá me contar do que se trata.
- Acertou! Você pode ser uma espiã.
- Tem razão, a própria Mata Hari.
Ao se aproximarem do carro e ele abrir a porta do passageiro, bastou um olhar para o assento baixo - que lhe dificultava a entrada e praticamente impossibilitava a saída - para apagar o sorriso de Anahí.
- O que foi? - Alfonso indagou.
- Nada. Peço-lhe apenas que tenha um pouco de paciência até eu conseguir entrar aí. Carros esportes são bonitos, mas...
-...Baixos demais - ele completou, só então lembrando da dificuldade dela para se erguer da poltrona na festa. Amaldiçoou a memória fraca. - Sinto muito. Esqueci esse detalhe. Vamos de táxi.
- Não seja tolo. Só levarei um minuto. De costas para o banco, ela se abaixou devagarzinho, ignorando a pontada de dor e deliberadamente escondendo o rosto dele. Quando pensou que não agüentaria mais, sentiu o estofado sob si. Afundou nele e relaxou, esperando a dor passar. - Pronto, não foi tão mau assim - balbuciou, com um sorriso forçado.
Alfonso, no entanto, não se deixou enganar. Sabia que ela mentia. Estranhamente, sofreu com a dor dela. Mais estranhamente ainda, decidiu aceitar a mentira pressentindo que se relacionava com orgulho. Sem uma palavra, fechou a porta e deu a volta para ocupar o volante.
- Ficará quente num instante - ele informou, ligando o aquecedor.
- Já me sinto melhor.
- Este tipo de tempo afeta você? Quero dizer, o frio e a umidade?
- Um pouco. Principalmente a umidade.
- Sente dor?
Anahí ia mentir, "minimizar" como Mayte costumava dizer, porém ele a impediu:
- Diga a verdade.
- Um pouco - ela admitiu. - Mais no quadril.
- Não há nada que os médicos possam fazer? Uma vez li sobre juntas artificiais.
- O lado direito do meu quadril já tem um pino de platina. Agora estou aguardando para operar o esquerdo também. Além disso, tenho implantes nos dedos e pulsos. Como vê, sou um verdadeiro embuste.
- Pois para mim - retrucou ele, desviando o olhar do trânsito para mirá-la - parece bem real.
O comentário provocou emoções estranhas em Anahí - Uma onda de calor lhe atravessou o corpo e as batidas do coração se aceleraram.
- Quando? - Alfonso quis saber.
- Quando o quê?
- Quando será a operação?
- Ah... Em abril. Assim que passar a semana do hotel fazenda.
Alfonso ia comentar que nada era mais importante que a saúde, contudo se conteve a tempo. Não se sentia no direito de fazer um julgamento tão pessoal. Preferiu mudar de assunto, embora a admiração por aquela mulher só aumentasse.
- A cirurgia porá fim à dor?
- No quadril, sim.
- Mas não ao resto do corpo?
De repente Anahí não sentiu mais inclinação para mentir.
De certo modo, constituía um alívio expor toda verdade sobre sua saúde. Tratava-se também de uma ousadia. Por alguma razão inexplicável, queria desafiá-lo a conhecer a verdade. Era como se pusesse à prova a reação dele.
- Não, a dor surgirá e desaparecerá a seu bel prazer no resto do corpo. A doença é cíclica. Ás vezes some, outras volta com força total. É totalmente imprevisível. - Com um sorriso irônico, acrescentou: - Faz parte do charme da enfermidade. Nunca se sabe que planos terão de ser cancelados.
- Entendo...
Ela duvidava. Simplesmente porque não havia como ele entender.
Ninguém, exceto um artrítico, seria capaz de compreender o que era planejar com antecedência, esperar ansiosamente a concretização dos planos e, então, vê-los destruídos. Não havia como explicar uma dor tão intensa, tão implacável que chegava a aterrorizar.
Esse pensamento conduziu naturalmente a outro, que a perturbara a tarde inteira. Será que a consciência daquela realidade acabara por levá-la ao pessimismo, a uma visão do mundo cheio de amargura?
Sempre se julgara realista, por pura questão de sobrevivência, porém, talvez a acusação anterior de Alfonso encerrasse algum fundamento.
- Acha realmente que sofro de um sério complexo?
A pergunta rompeu o silêncio e apanhou Alfonso totalmente desprevenido.
Ele notou o traço inegável de mágoa na voz dela e desejou se esganar pela língua solta.
- Eu estava com raiva quando disse isso. Talvez você não acredite - acrescentou, com um sorriso - mas tenho um temperamento forte.
- Não diga! Você, um temperamento forte?
Trocaram sorrisos diante da ironia; ela a imaginar que havia algo de encantador no dele, e ele a desejar beijá-la.
- Não respondeu a minha pergunta - Anahí insistiu. - Você me considera complexa?
- Digamos apenas que me parece que você não se vê como as outras pessoas a vêem. Caso contrário, jamais teria me dito o que disse lá no estacionamento.
Aproveitando uma parada no sinal vermelho, ele passou o braço pelos ombros dela e não resistiu à tentação de lhe tocar as pontas dos cabelos.
- Quero lhe garantir, Anahí, que não a convidei para sair por piedade.
Olhos nos olhos, não havia como duvidar da sinceridade daquelas palavras, e ela desejou perguntar por que então ele a convidara para sair. Mas não o fez. E ficou na dúvida se por recear o que ouviria em resposta ou o que não ouviria.
O momento de intimidade passou quando o semáforo mudou para o verde.
- Você parece conhecer bem a cidade - ela comentou, mudando de assunto.
- Nasci aqui.
- É mesmo?
- Sim, Para lá do Canal Irlandês.
Anahí conhecia o bairro a que ele se referia. Tratava-se originalmente de um reduto de imigrantes irlandeses, atualmente ocupado por minorias de várias raças. Havia se transformado numa área estranha. Por um lado, tinha uma ala pobre e violenta, em que não se recomendava andar sozinho à noite; por outro, passava por uma onda de renovação com a reforma de alguns dos antigos casarões para onde se mudavam executivos bem sucedidos.
- Então é realmente descendente de irlandeses?
- Eu precisava de uma desculpa para o meu temperamento.
- O temperamento que posso não acreditar que você tenha de verdade?
- Naturalmente.
- Seus pais ainda moram aqui?
- Não. Eles se mudaram para a Flórida alguns anos atrás. Os dois estão na faixa dos oitenta, mas continuam muito ativos.
- Que maravilha!
- É verdade. Eles agora desfrutam do prazer bem merecido. Levaram uma vida dura. Papai foi dono de uma loja de roupas durante trinta e cinco anos enquanto mamãe trabalhou como doméstica. Fomos muito pobres, só que nada impediu de sermos felizes.
- Tem irmãos?
Ele soltou uma gargalhada.
- Se tenho irmãos? Quatro irmãs e três irmãos, para ser exato. Papai costumava dizer que ele e mamãe fizeram pelo menos uma coisa bem na vida. Graças aos santos, puseram no mundo os bebês mais bonitos.
Ambos caíram na risada.
- Alguns deles mora aqui?
- Não. Estão espalhados por várias cidades. Porém, sempre procuramos nos reunir no verão. Em geral no feriado de quatro de julho. Nem sempre é possível, mas tentamos. Meus velhos nos embuíram de um forte senso de família, sem falar da absoluta questão que faziam de nos educar. Não queriam que os filhos tivessem de dar tanto duro quanto eles ou fossem tão pobres. "Não nos contentaremos com segundos lugares", papai sempre dizia. "Não nos satisfaremos com menos”.Assim, de oito filhos saíram três médicos, um advogado, um professor de lingüística, um contador público, uma nutricionista e...
Autor(a): eduardah
Este autor(a) escreve mais 7 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
-...Uma celebridade e grande amante - ela completou.Alfonso sorriu com malícia da brincadeira, mas logo assumiu um ar pensativo.- A verdade é que meus irmãos se esforçaram muito para chegar onde estão.- Fala como se você não.- Sou o único que não tem diploma universitário. Abandonei os estudos para me torna ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52
u.u
-
franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34
:)
-
franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36
consegui ler tudo ;)
-
franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46
nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)