Fanfics Brasil - 7 Lição de Ternura AyA Finalizada

Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada


Capítulo: 7

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-...Uma celebridade e grande amante - ela completou.

Alfonso sorriu com malícia da brincadeira, mas logo assumiu um ar pensativo.

- A verdade é que meus irmãos se esforçaram muito para chegar onde estão.

- Fala como se você não.

- Sou o único que não tem diploma universitário. Abandonei os estudos para me tornar jogador profissional. Quase matei meus pais de desgosto. Ele dizia que eu me contentava com pouco. Não que se opusesse ao futebol; pelo contrário, era um torcedor fanático. Mas achava que eu devia obter diploma. Vivia falando "Um dia o futebol acabará, e então Poncho, o que fará?" Talvez o velho estivesse certo. Talvez agora eu esteja à beira do nada.

- Acho difícil acreditar nisso. Além do mais, não vejo por que alguém julgaria que você não se esforçou para chegar onde está.

- Na realidade não tive de dar duro nenhum. Jogar futebol é algo natural para mim. Nunca precisei me esforçar para isso. De fato, pensando bem, obtive tudo em minha vida com facilidade. Talvez com facilidade demais.

Para Anahí, parecia que ele falava como se devesse desculpas ao mundo por ser bom no que fazia, por ter talento. Também sentia um pouco de remorso da parte dele por desapontar o pai, embora não concordasse com esse ponto de vista.

- Talvez você não se veja como as outras pessoas o vêem - ela repetiu o que ouvira antes.

- Parece que caí em minha própria armadilha.

Anahí apenas sorriu em triunfo. Prosseguiram um pouco em silêncio, a atenção do motorista exigida para o tráfego intenso da noite de sexta.

- E você? - ele retomou a conversa. - Tem irmãos?

- Nenhum. Sou uma mimada filha única

- E seus pais?

- Estão mortos. Meu pai morreu quando eu tinha cinco anos e minha mãe quando eu tinha vinte e um.

Após ouvir sobre a unida família Herrera, ocorreu a ela que nenhum dos seus relacionamentos mais significativos havia terminado bem. A morte do pai lhe ensinara muito cedo na vida que o amor não a ligava para sempre à pessoa amada. Uma lição reforçada pela perda da mãe.


 


Então sofrera a traição do noivo. Talvez, de forma irônica, tivesse tido a sorte em ser forçada a viver sozinha. Pelo menos não podia perder o que não possuía.

- Já foi casada?

- Não. Onde é a festa?

Alfonso fitou-a de relance, em dúvida: ela estava ansiosa para mudar de assunto ou apenas curiosa sobre a festa?
- Aqui no Sheraton - ele informou, indicando o hotel logo adiante.

Ao estacionarem, Anahí constatou que o frio e a umidade, somados aos esforços despendidos para entrar no carro, haviam deixado seu quadril ainda mais rígido. A dor aguda voltou só dela girar as pernas para fora do carro. Apoiando-se na porta, impulsionou o corpo para cima. Em vão. Os músculos se recusavam a cooperar de uma posição tão baixa. Tentou outra vez, ganhando apenas uma dor mais forte como recompensa. O suor lhe brotava na testa.

Além da dor física, havia outra - não menos mortificante - relacionada com orgulho ferido, com vergonha de expor sua debilidade àquele homem. Respirando fundo, porém, superou o embaraço e o encarou.

Alfonso entendeu o pedido silencioso de ajuda. Mas também sabia o que o gesto custava aos sentimentos de Anahí. Segurando-a pelo braço, colocou-a de pé num instante.

A dor percorreu a perna de Anahí, aumentando várias vezes com a pressão exercida sobre o quadril para que ela pudesse ficar de pé. A testa estava molhada, o coração acelerado e a respiração difícil.

- Obrigada - sussurrou como se expressasse um segredo de namorados.

- Não seja por isso - ele respondeu, ainda a segurá-la pelo braço.

Permaneceram alguns instantes assim, próximos, mas distantes, ambos esperando que a dor cessasse.

- Não precisamos ir à festa - sugeriu Alfonso.

Anahí o encarou com um sorriso, que embora débil expressava sinceridade.

- E perder a oportunidade de ser vista com Alfonso Herrera? Está brincando!

Ele sorriu também, imaginando que jamais conhecera uma mulher como aquela. Tão linda. Tão desejada. A obsessão aumentava.


 


Anahí não era o tipo de mulher que Alfonso Herrera em geral levava a festas. Disso ela teve certeza no momento em que entrou na suíte lotada do hotel. Era evidente a expressão de surpresa nos rostos dos convidados. 

Logo, porém, foi cercada por sorrisos e cumprimentos calorosos.
- Oi! - cumprimentou uma moça, aproximando-se.

- Já estava na hora de chegarem - um rapaz comentou em seguida.

- Ora, ora, se não é o Malandro Irlandês! - Christian mal disfarçou o espanto de ver Anahí. De repente compreendia a persistência do colega na agência após a sessão de fotografias. Ele se virou para ela. - Não me diga que uma moça tão bonita não conseguiu programa melhor para uma noite de sexta do que sair com esse sujeito.

- Não comece, Christian - Alfonso advertiu.

- Na verdade - Anahí retrucou sorridente - ele não me deixou escolha. Simplesmente telefonou e disse "esteja pronta". - Ela se surpreendeu com o próprio tom jocoso e o olhar maroto que lançou a Alfonso. Como recompensa, ganhou um sorriso estonteante.

- Ainda tentando se poupar da humilhação de ser rejeitado, hein, Herrera? - provocou Christian.

- O que posso dizer? Ele encolheu os ombros. - Como vê, meu método funciona.

- E então, o que acha? - O companheiro de equipe mudou de assunto, indicando o quarto. - Está bem, não?

A suíte ampla estava decorada com faixas pretas como a simbolizar luto, além de balões e flores da mesma cor espalhados por todos os lados. Para completar um quadro grande trazia a inscrição: "Sinceras condolências".
- Fizemos um bom trabalho - confirmou Poncho. - Isso deve deprimi-lo.

- É... Parece suficientemente lúgubre. Venha - Christian chamou Anahí - Vou apresentá-la ao pessoal. Obviamente esse mal-educado com quem você está não o fará.

- Gostaria de se sentar? - Alfonso perguntou a Anahí, falando em tom confidencial, Lembrava-se muito bem da dor que ela sentira há apenas alguns minutos, e que provavelmente ainda sentia.


 


A preocupação estampada em seus olhos esverdeados era tão genuína que a comoveu. Bem no fundo do coração, uma porta se abria para aquele homem.

- Eu me sentarei logo - ela cochichou em resposta, amedrontada com os súbitos sentimentos que a invadiam.

- Não deixe que ele a canse - alertou Poncho. - Enquanto isso, vou até meu quarto apanhar o presente de Chris. Voltarei logo.

Anahí assentiu com um gesto de cabeça e seguiu Christian para as apresentações. O grupo se compunha de cerca de vinte pessoas, todas elas de uma forma ou de outra, ligadas ao meio esportivo. A maioria eram jogadores, acompanhados pelas esposas ou namoradas, entre as quais se destacava uma morena - líder da torcida dos Cowboys de Dallas - cuja beleza seria capaz de encantar qualquer homem. Seria do tipo com quem Alfonso normalmente era visto? Com toda a certeza! 

Nada mais natural do que uma moça bonita e saudável namorar um homem bonito e saudável. Essa constatação apenas reforçou o que Anahí já suspeitava. Ela e Alfonso Herrera pouco ou nada tinham em comum.

Entretanto, embora se recusasse a reconhecer isso, ansiava por sua companhia. Quando ele voltou, seus olhares se cruzaram de imediato. Trocaram sorrisos, ela sentindo-se aliviada, flutuando de felicidade. Alfonso parou apenas para depositar o presente num monte de outros antes de se juntar a Anahí.

- Vejo que arrumou um lugar para se sentar.

- Se reparar bem, vai perceber também que é o lugar mais alto do recinto.

- Sinto muito quanto ao carro.

- Não foi culpa sua.

- Foi, sim.

- Não foi e assunto encerrado, Herrera.

- Como queira, srta. Puente. O que gostaria de tomar?

- Uma... Perrier.

- Não prefere um vinho?

- Não posso misturar bebida alcoólica com minha medicação.

- Que seja Perrier então. - Alfonso foi até o bar e voltou com dois copos de bebida.

- Isso não era necessário - ela protestou.

- Eu adoro Perrier.

- Quando foi à última vez que tomou uma?


 


- Vai jogar pesado, hein? Muito bem, deixe-me ver...Sabe, creio que esta é a primeira vez. Mas estou gostando. Juro que sim.

- Não mude seus hábitos por minha causa.

- Assunto encerrado, Giovanna.

- Mas não é necessário...

Ele encarou com ar de advertência.
- Como queira, Sr. Herrera.

Nesse instante, Christian aproximou-se deles.
- Está tudo marcado para as nove - disse, num tom conspiratório.

- Muito bem. - Poncho consultou o relógio. - Ela disse quanto?

- Setenta e cinco. Podemos pagar depois.

- Ela disse quanto tempo durará?

- Uns quinze minutos.

Notando que Anahí fazia um ar intrigado, Alfonso tratou de tranqüilizá-la.
- Isso não é o que parece.

- Sinceramente, espero que não.

Naquele instante houve batidas à porta.
- É ele! Alguém sussurrou.

- É o Chris!

- Rápido! Vamos nos esconder!

- Por quê? Ele sabe que estamos aqui - uma voz argumentou.

- Vamos, rapazes! - Christopher berrou do outro lado da porta. - Abram aqui e comecemos logo essa festa!

- Eu não disse? - comentou alguém.
- Peguem a cadeira! Peguem a cadeira!

Todos se enfileiraram diante da porta enquanto um dos rapazes trazia a cadeira de rodas previamente escondida no banheiro.

- Já não era sem tempo... Chris desabou quando a porta se abriu. O que é isso, pessoal? - ele se referia à cadeira. Alguém o obrigou a sentar-se nela e outro colocou um xale rendado sobre seus ombros.

A festa começava, com risos, bebidas, comida e diversão. Anahí não ficou imune ao espírito comemorativo. Ainda que a dor no quadril persistisse, divertia-se de verdade, sempre procurando se concentrar em algo positivo, tal como a piada que o aniversariante contava. Ela riu como todos.

- Está contente por ter vindo? - Alfonso sussurrou-lhe ao ouvido. Ele não saíra de seu lado desde que voltara com o presente de Chris.

- Sim, seus amigos são muitos simpáticos. - Notando que ele segurava uma lata de cerveja, Anahí não conteve uma provocação: - O que aconteceu Poncho? Acabou o estoque de Perrier?


 


Sem nada dizer, ele sorriu da brincadeira e apertou-lhe a nuca. A avalanche de sensações que o contato causou felizmente foi reprimida pelo anúncio de que era hora de Chris abrir os presentes.
Ao consultar o relógio e constatar que faltavam vinte minutos para as nove, Alfonso insistiu nisso.

- Gostaria de ter trazido um presente também - Anahí comentou.

- Não se preocupe. Coloquei seu nome junto com o meu no cartão... Ontem.

Surpresa diante daquela declaração, ela tentou ficar séria, reclamar, porém não resistiu. Acabou rindo.
- É sempre tão convencido, Poncho?

- Você está aqui, não?

Ela foi obrigada a se render às evidências. Aliás, não podia negar que se divertia ou que jamais tivesse conhecido alguém como Alfonso Herrera.

Uma gargalhada geral atraiu sua atenção outra vez para a festa. 
Muitos dos presentes eram jocosos - vitaminas, polidor de dentadura e tubos de linimento - embora Anahí não considerasse trinta e dois, por exemplo, não se julgava velha. Também não faltaram as lembranças picantes, vexando-a. 

- Sinto muito - Alfonso se desculpou em meio às gargalhadas.

- Não me diga que nosso presente está entre esses.

- Não está. Nós lhe demos um suéter perfeitamente normal.

O suéter foi o último presente aberto, provocando surpresa entre os convidados.
- Obrigado a vocês - o aniversariante agradeceu a Anahí e Poncho.

Ela sorriu em resposta, mas no íntimo estranhava a associação com um homem, mesmo daquela forma descompromissada. Era uma sensação que, se não a agradava, tampouco a desgostava.

O bolo de chocolate tinha mais calorias do que Anahí devia consumir. Entretanto ela comeu todo pedaço que lhe foi servido.

- São nove horas - ela observou. - A propósito, não me deixe comer outra fatia desse bolo mesmo que eu implore, chore ou lhe ofereça muito dinheiro.

- Quanto está pensando em me oferecer? - Alfonso brincou.

- Não muito.

- Nesse caso não poderá comer outro pedaço de bolo. Bem, já são nove horas. A surpresa está atrasada.

- Poncho!

- Ela chegou.


 


Alfonso se juntou sem demora ao amigo na porta apenas entreaberta. Então trocaram cochichos e sinais incompreensíveis.
- O que está acontecendo? Alguém deu o alarme.

- Quem chegou? - outro quis saber.

- O que vocês estão tramando? - berrou Christopher, desconfiado, ainda na cadeira de rodas.

Nem Poncho nem Christian deram atenção às perguntas. Finalmente Christian correu até um gravador sobre a mesa.
- Christian? - Alfonso jogou com precisão profissional uma fita nas mãos do outro.

- Gol! - alguém gritou.

- Aí, infernais!

- O que está acontecendo, afinal?

Sem mais demora, Christian pôs a fita para tocar. A expectativa dominava a todos, e Anahí não era exceção à regra.

De repente a música encheu o ambiente. Um ritmo tipicamente oriental.
- Senhoras, senhores e estimado aniversariante - Poncho anunciou - tenho a honra de lhes apresentar Diva!

Uma jovem morena entrou no quarto a dançar. Diante da visão da bela moça num esvoaçante traje de seda vermelha, típico da dança do ventre, a platéia irrompeu em aplausos, assobios e risos.

- Vamos, Uckermann, aja como um homem! - um dos amigos gritou.

- Vou pegar vocês dois - ameaçou o aniversariante.

- Não vai não, meu caro - retrucou Christian. - Porque essa moça não o deixará em condições de pegar ninguém.

A gargalhada foi geral.

Diva emprestava uma sensualidade toda especial à dança. Seus cabelos longos balançavam lascivamente nas costas enquanto uma meia-lua dourada cintilava na testa. Os seios voluptuosos pareciam prestes a escapar da tira de pano que os cobria, e o tecido diáfano deixava entrever as pernas bem torneadas. Uma fina corrente de ouro lhe envolvia a cintura.

Tirando uma faixa de seda que fazia parte do traje, ela a passou pelo pescoço de Chris e o puxou para si, ficando com os quadris a centímetros do rosto dele. Encabulado, o aniversariante não sabia o que fazer. E todos riram com sua timidez.


 


Alfonso se juntou sem demora ao amigo na porta apenas entreaberta. Então trocaram cochichos e sinais incompreensíveis.
- O que está acontecendo? Alguém deu o alarme.

- Quem chegou? - outro quis saber.

- O que vocês estão tramando? - berrou Christopher, desconfiado, ainda na cadeira de rodas.

Nem Poncho nem Christian deram atenção às perguntas. Finalmente Christian correu até um gravador sobre a mesa.
- Christian? - Alfonso jogou com precisão profissional uma fita nas mãos do outro.

- Gol! - alguém gritou.

- Aí, infernais!

- O que está acontecendo, afinal?

Sem mais demora, Christian pôs a fita para tocar. A expectativa dominava a todos, e Anahí não era exceção à regra.

De repente a música encheu o ambiente. Um ritmo tipicamente oriental.
- Senhoras, senhores e estimado aniversariante - Poncho anunciou - tenho a honra de lhes apresentar Diva!

Uma jovem morena entrou no quarto a dançar. Diante da visão da bela moça num esvoaçante traje de seda vermelha, típico da dança do ventre, a platéia irrompeu em aplausos, assobios e risos.

- Vamos, Uckermann, aja como um homem! - um dos amigos gritou.

- Vou pegar vocês dois - ameaçou o aniversariante.

- Não vai não, meu caro - retrucou Christian. - Porque essa moça não o deixará em condições de pegar ninguém.

A gargalhada foi geral.

Diva emprestava uma sensualidade toda especial à dança. Seus cabelos longos balançavam lascivamente nas costas enquanto uma meia-lua dourada cintilava na testa. Os seios voluptuosos pareciam prestes a escapar da tira de pano que os cobria, e o tecido diáfano deixava entrever as pernas bem torneadas. Uma fina corrente de ouro lhe envolvia a cintura.

Tirando uma faixa de seda que fazia parte do traje, ela a passou pelo pescoço de Chris e o puxou para si, ficando com os quadris a centímetros do rosto dele. Encabulado, o aniversariante não sabia o que fazer. E todos riram com sua timidez.


 


A música acabou abruptamente. Seguiram-se os aplausos. Com um sorriso insinuante, Diva puxou a faixa do pescoço de Poncho e se aproximou de Chris. Deu-lhe um beijo, parabenizando-o pelo aniversário, antes de se retirar erguendo a tira de seda num movimento sensual. Christian e Poncho a acompanharam até a porta, quando então lhe pagaram pela apresentação.

Emocionalmente e fisicamente inquieta Anahí levantou-se, sentindo dores no quadril. Devia tomar um analgésico agora? Talvez fosse melhor esperar um pouco mais.

- Aceita outra Perrier? - ofereceu a bela líder da torcida dos Cowboys.

- Sim, obrigada.

- Foi uma exibição empolgante! - a moça comentou enquanto servia a bebida. - Imagine ser capaz de se mover daquele jeito. Eu mal consigo levantar a perna para o alto, mas aquela dançarina...

- Ela é realmente impressionante - concordou Anahí. Imaginando que se contentaria em poder mover-se normalmente.

- O que aconteceu com você? Um acidente? - Era uma pergunta típica, que de forma alguma ofendia Anahí.

- Não, sofro de artrite.

- Artrite? Mas você é tão jovem!

- Essa doença não respeita idade.

Enquanto as duas conversavam, alguém pôs uma fita romântica para tocar. Outra pessoa abriu as cortinas, revelando Nova Orleans em toda sua magnitude milhares de luzes cintilando como diamantes na noite escura.

Anahí pressentiu a presença dele antes mesmo de vê-lo.
- Você está bem? -indagou Alfonso.

- Levantei-me um pouco para descansar. Ficar sentada muito tempo é quase tão ruim quanto permanecer de pé.

- Dói?

Alguém apagou as luzes, deixando apenas a luminosidade tênue de um abajur criar um ambiente romântico. Alguns casais começaram a dançar.
- Nada de se aproveitar do escuro - uma voz masculina advertiu.

- Por quê não? - outra pessoa rebateu.

- Muito bem, todo mundo se agarrando - concluiu a primeira voz.

- Estou bem - Anahí respondeu evasivamente à pergunta de Alfonso.

- Então vamos dançar.


 


Antes que ela pudesse considerar a proposta, Alfonso envolveu-lhe a cintura, puxou-a de encontro a si e ficou imóvel, abraçando-a. 

Quando a surpresa inicial passou, a realidade da situação deixou-a aturdida. Estava nos braços de Alfonso, sentindo o cheiro másculo de sua colônia, o rosto quase colado no dela.

- Abraçar-se, minha querida - ele lhe sussurrou ao ouvido, provocando um arrepio-, é no que se resume a dança de todos os casais.

Querida... Ele a chamara assim com raiva e de brincadeira. Como a palavra soaria pronunciada com amor? Bem, não adiantava perder tempo com essa idéia. O importante agora era ignorar aquela leveza que os braços fortes lhe transmitiam. Para isso, resolveu puxar assunto.

- Por que é tão ruim chegar aos trinta?

- Em nosso meio, significa atingir a meia-idade. Passando muito disso, já se é considerado um velho. A partir dessa idade, ficamos em compasso de espera.

- Como assim?

- Espera pela decadência do corpo. Os joelhos em geral são os primeiros. Nos quarto zagueiros também o braço arremessador. Aguardamos então o dia negro em que nos sentiremos a incapacitados para jogar. - Ele a encarou. A expressão sombria. - Estou com trinta e cinco. Quase trinta e seis. - De repente lhe parecia importante partilhar isso com ela.

Anahí, por sua vez, compreendeu o temor que ele sentia e ansiou por consolá-lo.

- Você está uma excelente forma física - murmurou, sentindo a força dos braços dele, a rigidez do peito e a firmeza dos músculos da coxa.

- Está falando como médico do time ou como mulher? - A expressão sombria dava lugar ao ar maroto de sempre.

- O que as outras mulheres dizem? - ela perguntou impulsivamente.

- Nada... Elas sequer suspeitavam da minha crise dos trinta e cinco anos.

Anahí se conscientizou de que estava conhecendo uma faceta daquele homem que poucos, se é que alguém, conheciam.


 


- "Medo é a cor da meia-noite" - ela recitou num sussurro. - "O som de demônios desconhecidos que chamam seu nome. Medo é fogo, e tempestade, e lugares indescritivelmente frios com os ventos da vida. Medo é trilhar por um caminho escuro e inalterado e de repente perceber que ele não leva a lugar nenhum. Mas ter de caminhar para sempre por ele. Sozinho."

Alfonso fitou-a consciente de que ela também conhecia o medo. Anahí se desconcertou e riu.
- É apenas algo que li uma vez.

Sem nada dizer, Alfonso tomou-lhe as mãos e levou-as até seu pescoço. Então voltou a abraçá-la pela cintura.

Os dois corpos se roçavam à altura dos quadris. Para ambos, porém, o momento era mais do que sensual. Também tinha algo de espiritual. Dois seres e os ventos frios da vida...

Com uma persistência implacável, a dor começou a se intensificar, tornando-se a cada minuto mais forte e aguda, obrigando Anahí a buscar uma postura menos incômoda.

- Você está bem?

- Sim - ela mentiu, ansiosa por não sair do calor daquele abraço.

A música acabou. A dor não.
- Alguém já lhe disse que você dança muito bem? - Poncho perguntou.

- Para ser franca, não. - Ela apressou-se em buscar uma posição confortável no banco alto.

- O que acha disso, Poncho? - alguém da turma o interpelou. 

Aproveitando a distração dele, Anahí pegou um comprimido na bolsa.

- O que acho sobre o que?

- Sobre viajar para o Colorado amanhã. O suéter novo de Chris nos inspirou a ir esquiar.

- Vamos sim - outro encorajou.

- Por que não? - interpelou Chris. - Estamos de férias.

- Podem contar comigo - Christian também aprovou a idéia.

- Eu também - mais um gritou.

Enquanto isso Anahí tomou o analgésico com água Perrier. Em questão de minutos, a viagem para esquiar estava planejada.

- E então, Herrera, vai conosco ou está fora?

- Pensarei a respeito - ele respondeu, os olhos fixos em Anahí desde que a vira tomar o comprimido. Não era preciso muita imaginação para adivinhar para que servia o remédio.



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Autor(a): eduardah

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 4



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  • dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52

    u.u

  • franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34

    :)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36

    consegui ler tudo ;)

  • franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46

    nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)


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