Fanfic: Lição de Ternura AyA Finalizada
- Você também, Anahí, venha conosco - convidou a líder de torcida. - Vamos nos divertir muito esquiando, sentando perto da lareira para tomar conhaque quente e... - A moça se interrompeu ao se dar conta do que dizia.
- Obrigada pelo convite. - Como sempre, Anahí procurou contornar o embaraço da garota. - Por mais tentador que o fogo e a bebida pareçam, preciso trabalhar. Divirtam-se vocês.
A conversa voltou para a viagem.
- Vamos embora - declarou Poncho, apanhando os casacos.
- Mas são apenas nove meia.
- Pelo que sei, levará cerca de vinte minutos até a medicação surtir efeito. - Diante da expressão de espanto de Anahí, acrescentou: - Você não foi tão rápida. Não sabia que os quartos-zagueiros enxergam pelo rabo do olho?
Todos tentaram impedir a saída do casal. Entretanto, sem revelar o motivo, Poncho continuou firme no propósito de partir.
- Preciso passar em minha suíte - informou ele, no corredor. - Espere por mim no elevador. Assim poupará alguns passos.
Ele não demorou mais do que alguns minutos, voltando com os braços cheio de travesseiros.
Anahí não teve tempo de questioná-lo, pois o elevador chegou em seguida, revelando várias expressões curiosas por causa dos travesseiros.
- Sim, madame?
Ela não resistiu ao seu ar de inocência e caiu na risada.
- Como se sente? - ele perguntou, preocupado.
- Estou bem. Para que são os travesseiros?
- Já disse, vamos a uma...
- ...Orgia - ela completou.
Na verdade, os travesseiros serviram para mantê-la mais alto no assento incomodamente baixo do carro esporte. Um deles serviu para apoiar sua cabeça.
Pouco falaram durante o trajeto de volta. Anahí, por sua vez, estranhava sentir-se tão segura com aquele homem, praticamente um desconhecido. Apesar de um pouco atordoada, por causa do comprimido, notou pela primeira vez uma cicatriz na têmpora dele, que só tornava mais atraente. Como a teria conseguido?
- Jogando futebol, é claro - ele esclareceu ao notar seu ar interrogativo. – Alguém decidiu passar por cima da minha cabeça.
- Doeu?
- E como. Numa escala de um a dez, doeu quinze.
Anahí sorriu.
- Pois meu quadril dói uns dois pontos, mas estou grogue uns sete.
- Chegaremos em sua casa dentro de três.
Ela riu, um riso encantador.
"Deus , como ela é linda!", ele pensou. "E tão corajosa!"
Instantes depois, estacionavam.
- Seria capaz de dormir aqui a noite toda - ela balbuciou.
- Por mim, está bem.
- Mas desconfio que você não me agradeceria pela manhã, quando nenhum dos dois conseguisse andar. - Anahí endireitou-se lentamente e, com ajuda dos travesseiros, abriu a porta do carro e se levantou do assento antes que Poncho desse a volta.
O ar frio e revigorante da noite ajudou Anahí a vencer a sonolência. Tanto que, ao chegarem à porta de sua casa, o nervosismo a perturbava.
Sem pedir licença. Poncho tirou-lhe a chave da mão e abriu a porta.
- Eu... Me diverti muito esta noite - ela comentou ao receber a chave de volta.
Poncho não disse nada.
- Gostei de seus amigos.
Ele continuou calado.
- Só sinto termos saído tão cedo. Não era necessário. Eu teria ficado um pouco tonta, mas...
O lenço rosa e cinza amarrado ao pescoço de Anahí esvoaçou ao sabor de uma rajada de vento. Poncho estendeu o braço para afastá-lo do rosto dela. Por puro acaso seus dedos roçaram-lhe os lábios.
Dois mundos pararam.
Duas respirações se alteraram.
Dois corações dispararam na quietude da noite.
Lentamente, a ponto de a principio Anahí achar que era sua imaginação. Alfonso aproximou o rosto do dela, à procura de seus lábios.
Desejo e medo entraram em conflito. Ela ansiava pelo beijo como há muito não desejava algo. Fazia tanto tempo que não experimentava aquela carícia, tanto tempo... Contudo, se tinha de trilhar sozinha o caminho para o nada, por que sobrecarregar o coração com lembranças?
-Não - sussurrou, virando o rosto quando o beijo já parecia inevitável.
Minutos se passaram sem que nenhum dos dois falasse. Finalmente Alfonso se afastou. Seus olhares se cruzaram mais uma vez, com ternura ele lhe acariciou o rosto.
- Vá descansar.
Anahí o esperou partir e fez o que ele lhe sugerira, porém, com a consciência de que havia desejado o beijo. E com a certeza ainda maior de que Alfonso sabia disso.
- Onde esteve ontem à noite? - A pergunta de May foi mais eficaz para acordar Anahí do que o despertador e uma xícara de café forte. - Telefonei várias vezes para saber se queria ajuda para fazer a hidromassagem. Até que concluí que você havia saído.
- Eu... Fui a uma festa de aniversário.
- É mesmo? De quem?
Anahí hesitou, mas não teve outra alternativa senão contar a verdade.
- De Christopher Uckermann. - Como não houvesse comentário, foi forçada a acrescentar, um tanto irritada: - Bem, não vai dizer nada?
- Esperava que você contasse algo por livre e espontânea vontade.
- Está bem. Que tal isso? Alfonso Herrera me convidou para a festa, eu recusei, tivemos uma discussão e ele me obrigou a ir de qualquer maneira.
- Ora, ora, então Herrera não é apenas um pedaço de mau caminho. É inteligente também.
- O que você quer dizer com isso?
- Que ele foi esperto o suficiente para não lhe dar ouvidos.
- Escute, May, não tire conclusões precipitadas. Foi simplesmente um... – Anahí interrompeu-se, à procura de um termo que descrevesse o que tinha ocorrido na noite anterior.
- Um encontro?
- Não.
- Como não? Não é esse o nome que se dá quando um homem convida uma mulher para sair?
- Ele não me convidou para sair.
- Você disse que sim.
- Bem, ele me convidou, mas não é o que você está pensando. Não foi um encontro.
- O que foi, então?
Anahí emudeceu, ainda incapaz de entender o significado da noite anterior. Não sabia por que ele a tinha convidado para a festa, muito menos por que quase a beijara. Até perdera a conta das vezes que fantasiara não ter virado o rosto e aceitado o beijo.
- Anahí, você não reconheceria um elefante, mesmo que ele a envolvesse com a tromba e jogasse cascas de amendoim a seus pés.
- O quê? O que um elefante tem a ver com a história?
- Não importa. Vai sair com ele outra vez?
- Não! Isto é, ele não me convidou. Se bem que não aceitaria, mesmo que o fizesse. Além do mais, ele está em Colorado. Alguns amigos iam esquiar e... Tenho certeza de que ele foi junto. Aliás, por que o chamam de Malandro Irlandês?
- Tem a ver com a atitude dele, suponho. Ele leva fama de brincalhão, animador de festas e...
- Conquistador?
- Ora, Anahí, seja razoável. Ele é divorciado e atraente, além de famoso. Naturalmente, mulheres não lhe faltam.
- Divorciado?
- Não sabia?
- Não sei de nada sobre ele. Com quem foi casado?
- Dulce Maria - Mayte parecia relutante ao revelar.
- Dulce Maria? A modelo? - Era impossível abrir uma revista feminina e não encontrar uma foto dela estampada numa das páginas.
- Sim.
Anahí não pôde deixar de comparar a perfeição física da ex-mulher de Alfonso com sua própria imperfeição. De repente sentiu vontade de rir, e riu.
- Qual é a graça?
- Nenhuma. - Anahí se via desfilando numa passarela de bengala. - Absolutamente nenhuma.
- Anahí!
Algo no tom de voz da amiga a fez voltar ao sério.
- Por favor, nada de sermões sobre minimização ou o que quer que seja, está bem?
- Certo. Nada de sermões.
- Escute, preciso ir trabalhar. Está bem?
- Claro, eu também.
- Desde quando trabalha aos sábados?
- Normalmente não trabalho, mas Jason Holland é meu mais novo paciente e precisa de um programa intensivo de exercícios.
Anahí desconfiou que a amiga fazia um trabalho voluntário e admirou sua generosidade.
- Dê-lhe um abraço por mim.
- Fique tranqüila, darei. Ah... Já ia me esquecendo...Tenho um compromisso hoje à noite, portanto, a hidromassagem fica para amanhã. Uma das enfermeiras do hospital arranjou-me um encontro com o irmão dela que está em visita à cidade.
- Isso tem futuro?
- Não. Ele parece um sujeito desinteressante, mas devo um favor à irmã dele.
- Divirta-se.
- Obrigada. Só mais uma coisa, Any.
- Sim?
- Para variar, não se menospreze, certo?
Antes que ela pudesse responder, Mayte desligou.
O dia passou depressa. Anahí trabalhou na agência até uma hora e, de volta a casa, ocupou-se com afazeres domésticos. As lembranças de Alfonso, porém, invadiam seus pensamentos a todo instante. Sempre acompanhados pela Dulce Maria.
Quem seria sua atual namorada... Ou namoradas?
A curiosidade surgiu de repente, enquanto jantava um sanduíche de presunto e queijo. Quem quer que fosse, sem dúvida não tomava analgésicos as nove e meia nem estaria na cama às dez. Muito menos usaria bengala, linimento ou travesseiro para se acomodar melhor num carro esporte. E com certeza esquiava, dançava e fazia amor... Tudo isso sem que o par fosse obrigado a dar atenção especial a fim de não machucá-la. Quem teria ido ao Colorado com ele?
Depois do jantar, Anahí preparou-se para uma ducha rápida. Embora fossem apenas seis e meia, queria ficar à vontade e ler. Talvez até acendesse a lareira para ouvir o crepitar do fogo afastando o frio da noite.
Após o banho, vestiu um velho jeans, com uma camiseta ainda mais velha, e voltou para a sala.
Incapaz de resistir à tentação que combatera o dia todo, apanhou um exemplar da revista Glamour e a folheou.
Dulce Maria estava na página noventa e sete, deslumbrante como sempre.
Teria aquela mulher imaginado os beijos quentes e ardorosos de Alfonso?
Não, ela não precisara imaginar. Soubera com certeza. Por isso, Anahí a invejava. E não se perdoava pela tolice de ter rejeitado a oportunidade.
Pouco depois das sete, a campainha da porta tocou. Sem motivo aparente, o coração de Anahí disparou. Embora a razão argumentasse que ela não poderia saber quem estava do outro lado da porta, não se surpreendeu ao deparar com Alfonso na varanda.
O que a surpreendeu e até a amedrontou foi à felicidade de constatar que ele não foi para o Colorado.
- Oi - ele a cumprimentou com um sorriso indolente, chamando a atenção de Anahí para os lábios com os quais ela sonhara o dia inteiro. - Sei que devia ter ligado antes de vir. Se tiver algum compromisso, irei embora pacificamente... Bem, talvez não tão pacificamente, mas irei embora.
- Não... Não tenho nenhum compromisso. - De repente, ela se arrependeu por ter vestido roupas velhas e estar sem maquiagem.
- Ótimo. Quer ir para o Colorado comigo, então?
- Como?
- Vamos para o Colorado. Ou, mais precisamente , vamos trazer o Colorado até nós. Srta. Puente - ele impostou a voz. - tenho o prazer em informar que acaba de ganhar uma viagem com direito às despesas pagas para duas pessoas a Aspen Colorado. Isto é, se conseguir responder a uma pergunta. - Poncho apanhou a cesta de vime o gravador a seus pés, que Anahí não notara até então, e entrou sem pedir licença. - Por favor, nenhuma ajuda da platéia - completou. Sua atenção se fixou na lareira já acesa. - muito bem. Não me lembro se você tinha uma lareira, e definitivamente não se pode fazer jus ao Colorado sem um fogo crepitante. Tem mais lenha?
- Sim, lá no quintal.
- Ótimo. Talvez precisemos mais tarde. Se estiver muito frio no Colorado. Agora está pronta para a pergunta? - Sem esperar confirmação, ele despiu a jaqueta, afastou a cadeira de balanço bem como a mesa de centro, abrindo espaço suficiente diante da lareira para estender uma toalha xadrez vermelha - Srta. Puente, não a ouço.
- O quê? - Anahí não sabia o que pensar diante da constatação de que Alfonso Herrera estava em sua sala, modificando a arrumação dos móveis, sem sequer lhe pedir licença.
- Ah, agora posso ouvi-la. Eu disse: "Está pronta para a pergunta?". Tem duas escolhas.
- De perguntas?
- Não. Duas escolhas de onde se sentar em meu avião. Na segunda ou na primeira classe. A segunda é uma cadeira e a primeira, a toalha.
- Sem dúvida nenhuma, vamos de primeira classe. - Ela começava a se imbuir do espírito do jogo.
- Pode abaixar-se sem problemas? - Poncho ficou sério de repente.
- Se você me ajudar.
- É claro que sim. - Mais do que depressa, ele a segurou nos braços e se ajoelhou para colocá-la sobre uma toalha. - Está tudo bem?
- Sim, mas... Não é um pouco prematuro embarcarmos já? Afinal, ainda não respondi à pergunta.
Ele pôs a bater palmas e assobiar.
- Srta. Puente, acaba de dar a resposta certa à pergunta. Bem vinda ao Colorado!
O calor proveniente da lareira e a música romântica do gravador de Poncho criavam o clima do Colorado imaginário. Além do riso e das histórias mirabolantes, entremeados por momentos agradáveis de silêncio e olhares demorados que Anahí não conseguia explicar.
Aliás, só a presença daquele homem bastava para deixá-la aturdida, o que também não conseguia explicar.
De fato, nem tentava mais.
- Está nevando outra vez - ele rompeu o silêncio, olhando para a janela.
Apesar do frio, não havia a mais remota ameaça de neve naquela noite. Voltavam ao jogo de faz de conta, ao qual Anahí aderiu sem hesitar...
- Para mim, parece mais uma nevasca.
- No mínimo. Será que ficaremos presos aqui?
- Com a garrafa térmica de conhaque, quem se importa?
O sorriso insinuante de Poncho afetou-a a tal ponto que ela logo tratou de mudar de assunto.
- Seus amigos foram esquiar?
- Sim. - Pressentindo a pergunta que ela gostaria de fazer, acrescentou: - Tive assuntos a tratar por aqui. - O olhar mais demorado revelava de que assunto se tratava, mas Anahí se recusou a admiti-lo, atribuindo-o à sua imaginação. - Como se sente?
- Bem, não se preocupe.
- Tem certeza? Não precisa se levantar um pouco, por exemplo? O chão duro não a machuca?
- Não, estou realmente bem. - No decorrer da noite, ele tomara o cuidado de deixar algumas almofadas à mão, caso ela necessitasse.
- Dormiu bem a noite passada?
Ela dormira péssimo, embora não devido a dor, mas ao fato de quase terem se beijado. Sua resposta, porém, foi evasiva:
- O comprimido surtiu efeito.
- Os especialistas sabem o que causa a artrite reumática?
- Ainda não. Pode ser um tipo de vírus que desencadeia a doença de modo que o organismo é atacado e não tem condições de reagir. Talvez também haja um fator de suscetibilidade de genética em jogo. A tensão pode até preparar o terreno para o aparecimento da enfermidade. Os pesquisadores apresentam uma série de hipóteses, mas nada definitivo.
- A dor é nas juntas, certo?
- Basicamente.
- Como assim?
- Trata-se de uma doença sistêmica. Pode envolver o corpo todo: coração, pulmões, pele, nervos, quase tudo. Tenho sorte, pois minha dor se limita a juntas e músculos. Embora afete, em maior ou menor grau, quase todo organismo.
- Isso significa que, às vezes, você sente dor generalizada?
- Sim.
- Muita?
Anahí relembrou as longas noites em que havia agonizado sozinha. De certa forma, a solidão parecia intensificar a dor, assim como a noite em comparação com o dia.
- Sim. Mas a gente aprende a suportar. E há algumas fases boas, que chegam a durar meses. Talvez até anos. Nesse caso, os médicos dizem que está em remissão.
- A sua já esteve em remissão?
- Não, embora tenha passado uns dois anos em condições muito boas. Entretanto a dor voltou.
- Como foi o começo de tudo? Como se sentiu quando descobriu o que tinha?
- Alfonso, essa história tem alguma importância? De repente ela hesitava em se mostrar imperfeita. Queria ser perfeita como Dulce Maria. Além disso, não sabia como descrever as emoções que ninguém jamais lhe pedira para expressar.
Alfonso percebeu a relutância. Não a tocou, embora o desejasse.
Queria segurar suas mãos e lhe pedir que desabafasse. Ansiava por saber tudo sobre ela: o bom, o mau, tudo.
- Conte-me - insistiu, envolvendo o copo com ambas as mãos para afastá-las da tentação de tocá-la.
Autor(a): eduardah
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Ela encarou, erguendo o olhar das mãos que por um instante lhe deram a impressão de que tocariam as suas. Tudo ficaria bem então. Impacientou-se com esse pensamento. Estava sozinha há bastante tempo e assim permaneceria por mais tempo ainda.Entretanto, o interesse autêntico revelado pelos olhos esverdeados a compeliu a atender a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 4
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dessaya Postado em 21/01/2015 - 19:42:52
u.u
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franmarmentini Postado em 21/01/2015 - 13:57:34
:)
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franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 16:34:36
consegui ler tudo ;)
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franmarmentini Postado em 25/08/2014 - 07:53:46
nossa...fiquei muito feliz por vc repostar denovo :) ja vou começar a ler por aki os primeiros capitulos ;)