Fanfics Brasil - Capítulo 013 Efeito Borboleta

Fanfic: Efeito Borboleta


Capítulo: Capítulo 013

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Os Herrera foram ao Princeton-Plainsboro naquela manhã, mas pela primeira vez ficaram no térreo. Christopher levara Rebekah a força pra emergência – já era maior, tinha autoridade pra isso – e com algumas radiografias foi descoberto que Rebekah tinha uma luxação na perna, o tornozelo desmentido e duas costelas fraturadas, resultado do jogo de hóquei. Isso rendeu a ela uma bota de gesso e a imobilização das costelas. Grace, apesar de estar aborrecida com a filha, quase enlouqueceu ao ver a menina chegando em casa carregada. Serviu para aproximar mãe e filha novamente, mas os problemas estavam longe de terminar. A próxima pessoa a chegar a casa foi Anahí, já pela tarde. Christopher a deixou aguardando na sala, e ela se sentou, até que seus olhos bateram em algo na mesa de centro. Era uma pasta marrom escuro, com o escudo do St. Jude em cima. Anahí ficou em duvida. Será que mandaram os resultados do MID pra casa do garoto Herrera? Ela olhou em volta, na duvida, e resolveu dar uma espiada rápida. Se fosse o MID, interessava a ela também. Mas a surpresa foi tão grande que a distraiu. Era uma ficha de aplicação para matricula.
“Nome: Jennifer Shrader Lawrence Herrera Idade: 15 anos Natural de: Louisville, Kentucky Residindo em: New Jersey, EUA Filiação: Karen e Gary Lawrence Responsáveis: Richard e Grace Herrera Escolaridade: Ensino Médio Série a cursar: 3º ano”
E ela não pôde ler o resto. A pasta foi arrancada de sua mão com uma brutalidade que a fez se assustar. Olhou, e Jennifer estava lá, furiosa. O susto foi substituído por um sorriso maldoso no rosto de Anahí.
Anahí: Você realmente acha que tem porte pro St. Jude? Você? – Perguntou, deliciada. As orelhas de Jennifer estavam quentes.
Jennifer: Não é da sua conta. – Rosnou.
Anahí: E você morava no Kentucky! Olha, te juro, na primeira vez que eu olhei pra você, a primeira coisa que veio na minha cabeça foi “caipira”. E não é que eu tinha razão? – Perguntou, risonha.
Jennifer: Antes caipira que vadia. – Anahí parou de rir, sorrindo. Jennifer odiava aquelas tiaras que ela dera pra usar. Hoje usava uma com um laço vermelho, pro lado, os cabelos sempre impecáveis presos em uma polpa de lado, no mesmo lado em que o laço caía. Será que algum dia aquela garota se permitiria um deslize no visual?
Anahí: Você tem certeza, Little J? – Perguntou, segurando os joelhos. Estava com as pernas cruzadas – Aquele colégio é meu. Você tem certeza que quer arriscar entrar no meu território? – Desafiou, sorrindo – Quero dizer, olhe só a pequena Rebekah. Soube que precisou engessar o pé e tudo mais. – Disse, com falsa preocupação na voz, mas ainda sorrindo.
Jennifer: Quer saber? Tenho sim. Você não vai bancar a “rainha” pra cima de mim. Eu não vou permitir. – Enfrentou, e Anahí riu.
Anahí: Bancar a rainha? – Perguntou, como se estudasse a outra – Vê-se que você tem muito a aprender. No momento em que você pisar suas patas sujas de terra dentro dos portões daquele colégio, eu sou a rainha. Minha vontade é lei. – Disse, totalmente segura – E vai ser muito interessante ver quanto tempo você vai agüentar até voltar pra roça correndo e pedindo colo pra mamãe. – Disse, com um biquinho.
Jennifer: Até parece. Vou estar lá para garantir que você fique longe do meu primo. – Confrontou de novo. Anahí ergueu as sobrancelhas – Não sou Rebekah. Se você passar dos limites, eu acabo com você. – Ameaçou. Anahí franziu o cenho, os olhos azuis parecendo querer ver além da menina. O olhar incomodou Jennifer.
Anahí: Oh. Meu. Deus. – Disse, lentamente, ainda encarando a outra, um sorriso venenoso nascendo no rosto – Você gosta dele. Seu próprio primo, e você gosta dele! – As orelhas de Jennifer queimaram de novo. Anahí caiu no riso.
Antes que uma resposta pudesse ser dada, Alfonso chegou. Sorriu ao ver Anahí rindo. Queria que ela se sentisse confortável ali.
Alfonso: O que foi? – Perguntou, sorrindo, e Anahí olhou pra ele, as bochechas coradas do riso.
Anahí: Sua prima... É hilária! – Disse, parando pra rir em seguida – Estava aqui sozinha esperando, e em menos de 5 minutos de conversa e ela conseguiu me deixar maravilhada. Não é, Little J? – Jennifer odiava aquele apelido com todas as forças que tinha em seu corpo.
Alfonso: Ela está pensando em se matricular no St. Jude ano que vem. A família tem uma vaga, uma vez que Christopher se forma esse ano. – Disse, ajeitando os óculos e se sentando, ainda sorrindo.
Anahí: Isso vai ser fascinante. – Disse, a voz cheia de subentendidos, sorrindo e encarando Jennifer. A garota observava, mortificada.
Jennifer: Com licença. – Murmurou e deu as costas, sumindo dali. Alfonso franziu o cenho.
Alfonso: Que há com ela? – Perguntou, confuso.
Anahí: Nada. – Dispensou – Ultima revisão, então? – Ele sorriu com a animação dela.
Alfonso não tinha mais o que estudar. Passara direto, a MID acabou, de forma que ele só a auxiliava. Ainda assim, parecia cansado. Deu as apostilas pra ela repassar e se largou na poltrona, de olhos fechados, o óculos na ponte do nariz. Anahí observou por alguns instantes, esperando, então...
Anahí: Sabe... – Começou, marcando algo no caderno com um marcador rosa – Eu estive pensando naquilo que você me disse.
Alfonso: Aquilo o que? – Murmurou, ainda de olhos fechados.
Anahí: Aquilo... No dia em que você foi à minha casa. – Lembrou. Os olhos de Alfonso se abriram em placa debaixo dos óculos tortos. – Sabe, eu não namoro o Brad. – Disse, se fazendo de tímida.
Alfonso: Não? – Perguntou, o rosto totalmente corado, pondo os óculos no lugar.
Anahí: Não. – Ela suspirou, dando de ombros – Todo mundo acha que sim porque ele está sempre por perto, mas não. – Dispensou. Ela contou até 15, se concentrando pra fazer o sangue subir pro rosto e parecer corada – Eu... Eu achei legal aquilo que você falou pra mim.
Alfonso: Achou? – Perguntou, estancado no lugar.
Anahí: Achei. – Disse, ainda de cabeça baixa – E eu estava pensando... Se você quisesse, é claro... Nós poderíamos, não sei, ver um filme, alguma coisa assim. – Disse, em tom baixo, prendendo o riso. Alfonso quase teve um ataque cardíaco. Ela esperou, e ele ficou olhando-a... Olhando... Até que, com um choque, percebeu que precisava responder.
Alfonso: É claro! – Exclamou, desentupindo e se sentando direito. – Claro que sim! Quando você quiser! – Se apressou.
Anahí: Podemos comemorar as notas. – Emendou. Ele assentiu – Minha casa? Amanhã à tarde? Semana que vem eu vou estar às pressas, por causa do baile, que é na sexta. – Disse, angelical.
Alfonso: Claro. – Assentiu, então pareceu pensar em algo – As 16?
Anahí: As 16. – Disse, sorrindo pra fazer charme. Alfonso sorriu de volta, totalmente corado.
Mas não deu tempo do flerte seguir. Rebekah gritou no segundo andar e Jennifer desceu correndo, risonha.
Jennifer: Rob chegou! – Anunciou, sorridente, e correu pra porta. Alfonso se levantou, sorrindo pra receber o irmão. Logo Rebekah apareceu, retardada pelas muletas, sorrindo também. Sabia que desobedecia Grace indo receber Rob, mas a mãe não se chatearia. Ignorou Anahí.
O alvoroço com a chegada de Robert foi grande, todos dando boas vindas. Ele tinha o cabelo claro, olhos verdes, e era o mais velho dos Herrera. Anahí só sabia que estava na faculdade, cursando medicina. Não fazia idéia de porque voltara. Nem do porque abraçou a mãe, sério, nem porque isso levou Grace as lagrimas. Voltou sua atenção para a apostila, logo não viu Robert largando a mochila no chão e os outros irmãos o abraçando ao mesmo tempo, calados, se dando suporte, como se o fato de a família estar junta novamente, inteira, anestesiasse todo o resto. Ela não ligou. Eram unidos como família, se doía como família, eles pagariam como família, era assim que ia ser.

Alfonso nem acreditava que estava na mansão dos Portilla, assistindo filme e comendo pipoca com Anahí. A verdade é que ela ficara nada menos que radiante quando saíram as notas da final dela e da MID, o que significava que ela estava livre. Ela escolhera um filme que ele nem dera bola pro nome, de tão nervoso, e a empregada apareceu, servindo a mesa de centro da sala com todos os tipos de guloseimas. Anahí comeu muito pouco, apenas algumas pipocas aleatoriamente. Sentou-se no mesmo sofá de Alfonso. Se ele contasse, ninguém acreditaria. O filme era um romance água com açúcar, e ele devia admitir que estava aliviado – esperara um melodrama. Ia assistir e fingir que adorara por ela, mesmo não fazendo muito sentido pra ele. Anahí ria nos momentos adequados, comentava algumas coisas... E ela foi se aproximando dele. Aos poucos, sutilmente até que os dois estavam bem próximos. A cena final do filme se anunciou com o mocinho parando o baile da escola pra se declarar pra mocinha. É claro, ela se derretia.
Anahí: Essa cena é uma das melhores cenas de todos os filmes. – Disse, suspirando, com uma pipoca na mão. Alfonso ergueu as sobrancelhas.
Alfonso: Algumas garotas teriam vergonha. Digo, de serem pedidas em namoro assim. – Disse, olhando o ponto onde os braços dos dois se tocavam. Anahí usava um casaco de renda fininha, branca, e o braço dele estava livre. Ele podia sentir a temperatura dela.
Anahí: Eu acho lindo. – Disse, sorrindo ao ver o casal do filme se beijando, após ela aceitar. Alfonso ficou quieto.
Anahí se aproximou mais ainda, e ele olhou ela. Disfarçadamente, é claro. Só que ela, intencionalmente, se virou pra dizer algo, e os dois se encararam em silencio. Durou por vários instantes, até que começaram a se aproximar. O coração de Alfonso batia desesperado dentro do peito: Ia beijá-la!
Nunca havia beijado ninguém, e ia beijar logo ela! Os rostos dos dois se encontraram, os lábios quase se tocando... E Anahí se retraiu, como se tivesse se assustado, se encolhendo. Se teve uma vez que Alfonso corou, foi aquela.
Alfonso: Me. Desculpe. – Disse, totalmente encabulado – Eu não sei o que me deu, eu não, eu não ia fazer isso, eu não queria, digo, eu queria, mas eu não ia... – Disse, se interrompendo, e ela o olhou, falsamente hesitante.
Anahí: Não é você. – Disse, e ele parou – Eu nunca... Eu nunca beijei um garoto antes. – Disse, forçando o sangue a subir pro rosto. Ele observou as bochechas dela corarem, e aquilo meio que o acalmou.
Alfonso: Nunca? – Confirmou.
Anahí: Não. Eu nunca... – Ela hesitou – Eu nunca quis ter ninguém tão próximo. Por causa do meu problema. Você sabe, dos folhetos. – Alfonso franziu o cenho – Eu sempre acho que alguém vai descobrir aquilo, e sinceramente, quem ia querer ficar com uma garota assim? – Perguntou, exasperada – É por isso que eu nunca namoro ninguém. Eu não vejo porque alguém poderia... Você sabe. Gostar de mim. – Ela deu de ombros, sem jeito.
Alfonso: Falei daquela vez, e repito quantas vezes você quiser: Você não tem motivos pra se sentir insegura. – Disse, tirando coragem de onde não tinha – Você é linda, e é inteligente, e é legal. Qualquer um gostaria de namorar você. – Reafirmou.
Anahí: Você acha? – Perguntou, e ele assentiu. Ele viu os olhos dela irem pra televisão, onde o casal do filme se beijava no palco da formatura, onde ele havia se declarado pra ela. Tocava uma musica melosa no fundo.
Alfonso pestanejou, pensativo. Aquilo... Não, claro que não. Então ela se aproximou, hesitante, como se tomasse coragem, e deu um beijo na bochecha dele. Um beijo demorado – Ele pode sentir os lábios dela. Eram macios. Depois ela corou e deu as costas, saindo da sala. Alfonso ficou, totalmente confuso, e olhou a televisão de novo. Anahí parou sua falsa saída envergonhada, se encostando na parede do corredor, observando. Ele apanhou o controle, voltando a cena em que o mocinho se declarava, observando-a concentradamente. Ela sorriu com isso. Na segunda feira...
Anahí: Você. – Disse, puxando Brad pela camisa pra um corredor vazio. O menino sorriu, olhando-a – Ele vai se declarar pra mim na sexta-feira.
Brad: Quem? O garoto Herrera?! – Perguntou, achando graça.
Anahí: Sim. – Disse, sorrindo – Eu dei a entender que queria uma declaração publica, um pedido de namoro. Vou convidá-lo pra sua festa. – Brad daria uma festa pré-baile – Se eu estou certa, e acredite, eu estou, ele vai me pedir em namoro lá. Do jeito mais escandaloso que conseguir pensar. – Brad riu gostosamente e Anahí sorriu, encostando-se à parede – Sua chance de se vingar daquela surra que não deu nele. Pense em algo.
Brad: Vou pensar. Não quero bater nele, quero algo criativo. – Disse, os olhos distantes. Anahí sorriu.
Anahí: Agora preciso ir, tenho prova do meu vestido pro baile. – Disse, ajeitando a mochila no ombro. – Me surpreenda. – Disse, piscando pra Brad, e saiu. Ele nem fez questão de dar em cima dela, como era de costume. Sua mente estava focada em outra coisa.
A semana passou de forma turbulenta. Anahí e as minions na preparação para o baile: Vestidos, cabelo, maquiagem, tudo. Brad preparava a festa dele. Alfonso mal acreditava que ia pra festa – Nunca ninguém do grupo dele fora convidado. Aliás, o grupo dele mal acreditava no que via. Ele estava indeciso. Se fizesse... Se tivesse coragem... Levaria Anahí ao baile como sua namorada. Mas não conseguia ter o impulso, tinha medo demais pra isso. Perdeu o sono nos dias que vieram pensando nisso. A sexta-feira se anunciou em um dia bonito, tamanho deboche. Alfonso tinha um terno, e Anahí tinha um vestido preto, tomara que caia e curto, coberto com uma renda delicada preta, de mangas cumpridas. Era lindo. Ousado, pelo tomara que caia, mas recatado, pela renda que ocultava muito pouco. Havia uma tiara para acompanhar, feita do mesmo material. O dia foi de cabeleireiros, manicures... Todo aquele processo. Na casa dos Herrera, porém, o clima ainda era calmo. Rebekah não iria ao baile – Não havia como combinar um vestido apresentável com aquele gesso. Alfonso, porém se arrumava, determinado. Se vestira socialmente, e estava pronto. Falou com a mãe e saiu, sem mais.
Rebekah: Christopher! – Chamou, no corredor, apoiada nas muletas. Não podia sair do quarto. Christopher logo apareceu na porta de seu quarto.
Christopher: Que foi? – Perguntou, com dó da irmã parada no portal, proibida de sair.
Rebekah: Ele saiu. – Disse, angustiada.
Robert: Pra onde Alfonso vai vestido daquele jeito? – Perguntou, subindo as escadas, divertido.
Rebekah: Por favor, vão atrás dele. – Disse, suspirando. Tinha um péssimo pressentimento. Rebekah não tinha raiva de Alfonso, sabia que ele estava cego. Essa é uma das vantagens de ter um irmão: Você pode cometer as maiores burradas com ele, mas no fundo eles nunca têm ódio de você – Estou com um sentimento ruim. – Pediu, e Christopher negou com a cabeça.
Robert: É a história da garota? – Perguntou, e Rebekah confirmou.
Rebekah: Ela vai aprontar alguma coisa com ele. Foi pra isso que ela o convidou. Por favor, Rob! – Disse, mudando de posição nas muletas – Vão atrás, só observem, pro caso dele precisar de vocês. Por favor, estou pedindo. – Insistiu. Robert encarou Christopher. A angustia da irmã atormentava os dois.
Robert: Eu dirijo. – Disse, batendo no ombro do irmão, e Rebekah respirou fundo, em agradecimento. Christopher assentiu, indo atrás.
A festa de Brad era um sucesso. Era em um espaço de festas da cidade. Tinha uma banda ao vivo e bebida que o irmão mais velho dele, de maior, comprara pra abastecer a festa. Era antes do baile porque depois desse os pais das garotas iam buscá-las, o que impossibilitava a festa. Ninguém nunca se embriagava, todos só se divertiam e depois iam pro baile. O lugar estava lotado. Anahí chegou, cercada das minions. Estava linda, os cachos do cabelo cheios de vida, decorados pela tiara que combinava com o vestido. Usava sapatos com salto médio, que a deixavam ainda mais bonita, e estava maquiada. A banda terminou de se apresentar, deixando o palco, e a musica foi pro eletrônico. Anahí viu Alfonso chegar. Ele sorriu pra ela, e ela retribuiu com o melhor sorriso que pôde. Demorou tanto que ela chegou a pensar que se equivocara. Se ele não tivesse coragem, ela nem sabia como ia repensar isso. Ia ter que ficar pra depois das férias. Então se ouviu o som de contato com o microfone, e incrivelmente todos estavam olhando o garoto Herrera sozinho, no palco que a banda deixara. Brad sorriu, se virando. Anahí se aproximou.
Alfonso: Boa noite, gente.- Disse, o rosto da cor de um tomate – Eu... Eu queria só... – Ele hesitou, então viu ela olhando ele, uma expressão ansiosa no rosto. Se lembrou de uma conversa que tivera naquela tarde, conversa essa que o dera coragem de ir até ali. Ela estava tão linda! – Eu só preciso dizer uma coisa. – Disse, ajeitando os óculos no rosto – Existe uma garota... Uma garota muito especial, no St. Jude. Até pouco eu não tinha contato com ela, claro que não, mas nos últimos tempos sim, e nesse breve tempo ela me mostrou ser muito diferente do que todos pensam dela. Porque as pessoas julgam sem conhecer. Ela se mostrou amável, inteligente, esperta... Enfim, especial. – Ele tomou fôlego de novo. As pessoas olhavam, caladas – E hoje eu quero que essa garota saiba, na frente de todo mundo, o quão especial ela é. Quero que ela saiba... Que saiba que qualquer cara no mundo teria muita sorte e muito orgulho de tê-la ao seu lado. – Brad murmurou algo pra um amigo, que assentiu, passando a mensagem. – E quero... Quero que ela seja minha namorada. – Encerrou, assentindo e encarando-a – Anahí, você gostaria de namorar comigo? – Perguntou, e então todo mundo se virou, procurando Anahí.
Dulce: Ai, meu Deus. – Gemeu, pondo a mão na testa. As pessoas se afastaram, de modo que Anahí ficou em destaque no centro do salão... Ela sorria. O silencio era esmagador. Alfonso esperou, morrendo célula por célula, enquanto ela o observava.
Anahí: É claro... – Disse, sorrindo. Ele respirou fundo, nervoso - ...Que não. – Disse, sorrindo em descrença, e caminhando alguns passos em direção ao palco. Nem podia acreditar que já podia se ver livre daquela criatura. Alfonso a olhou, confuso – Você acha que alguém aqui não sabe o quanto eu sou especial? O quanto eu sou bonita, desejável? Você acha que algum garoto aqui não teria orgulho de me ter ao lado dele? Você acha que eu preciso que você suba ai pra dizer isso? Como se eu precisasse da pena de alguém? Ajeita a porcaria dos seus óculos e olhe pra mim. – Disse, cruel - Eu estou acima disso.
Robert e Christopher entraram no salão, passando pelas pessoas amontoadas pra tirar Alfonso dali. Mas parecia todo mundo empedrado em seus lugares, de modo que eles tinham que passar na força, o que retardava o avanço. O salão era grande. Os amigos de Brad murmuravam uns pra os outros, e as pessoas começaram a recuar de perto do palco, tomando distancia. Alfonso via aquela cena toda como quem assiste um pesadelo. Aquela Anahí não era a Anahí que ele conhecera, era a Anahí que Rebekah descrevera e ele não acreditara. Ele se expôs a humilhação publica por uma mentira, por um capricho. E ela não parava...
Anahí: Você serviu pra me ajudar com uma nota, então o que? Eu te devo alguma coisa? A você, a sua família estranha, a sua irmã complexada, a sua prima caipira? – Perguntou, rindo em seguida – Não, garoto Herrera, eu não quero ser sua namorada. É a ultima coisa que eu quero na minha vida. Se enxerga. – Disse, dando de ombros e recuando um passo. Brad a encarou, esperando autorização, e ela assentiu.
Com um baque, um balde grande virou do teto, em cima de Alfonso, inundando- o com um liquido vermelho, viscoso. Sangue. Havia um abatedouro na cidade, e Brad conseguira um balde de sangue de cabra. Anahí comentara certa vez que o garoto Herrera tinha medo de sangue, isso seria hilário. Mas certas brincadeiras não são medidas. A verdade é que Alfonso ia ao Princeton-Plainsboro todas as tardes visitar o pai. Richard Herrera fora o melhor pai do mundo pros filhos, paciente, presente, carinhoso, atencioso... Até que fora diagnosticado com câncer no aparelho digestivo. A operação e a quimioterapia vieram, mas um ano depois o câncer voltou. Não havia o que fazer. Passara um bom tempo em casa, mas conforme a doença piorou, foi internado. Havia um rodízio entre os filhos: Christopher o visitava das 12 as 14, Alfonso das 14 as 16, Rebekah das 16 as 18. Grace estava lá quase o tempo todo. Jennifer viera como uma força de dar força aos primos, já que a mãe não podia estar lá o tempo todo. Robert quisera largar a faculdade pra ficar com o pai, mas esse não permitiu. Ele não devia se prejudicar por isso. Robert só voltara agora porque o pai continuava piorando, e todos estavam apreensivos. Aconteceu certa vez, na visita de Alfonso. Richard adormecera, sobrecarregado pelos remédios, e ele ficara velando o sono do pai, pacientemente, até que ouviu murmúrios pedindo ajuda no quarto ao lado. Ele ignorou a inicio, mas foi ver em seguida. Ele já ouvira falar da paciente que pedia ajuda. Ela tinha câncer de pulmão e de pele, em estagio terminal. Ele se aproximou, oferecendo ajuda, mas ela se coçava e gemia. Coçava os braços, e a pele fina descamava, ferindo. O sangue já brotara em vários pontos, e ela continuava coçando, se ferindo.
Não era pra Alfonso estar ali, vendo aquilo, vivendo aquilo. Ele era só uma criança. Ele tentou fazê-la parar, chamando uma enfermeira, mas ela continuou, e teve uma crise de tose... Havia sangue nas mãos de Alfonso... Então ela convulsionou, e cuspiu nele. Vomitou. Mais sangue. Nos braços, pescoço, em parte do rosto. Caiu na cama, asfixiando, e foi quando os médicos entraram correndo. Alfonso foi posto pra fora da sala, mas não conseguia não olhar. Viu os médicos trabalharem tentando reanimar a mulher, sem sucesso no fim. Estava morta, e o sangue dela o cobria. Enfermeiras o acudiram, vendo-o coberto de sangue e o tiram dali, mas era tarde. A partir desse momento tomara pavor de sangue, por mínimo que fosse. E agora estava coberto dele. Ele olhava as próprias mãos, cobertas de vermelho, tremendo. Nem lembrava mais da humilhação de Anahí. Não ouvia os risos ensurdecedores. Não viu os irmãos, que sabiam da fobia dele, se aproximando correndo. Suas orelhas zuniam. Ele via tudo vermelho, o cheiro estava em toda parte, os óculos sujos. Ele se lembrava dos gemidos da mulher morrendo, do modo como ela coçava a pele, arrancando-a... Havia sangue nele.
Robert: Pegue água. – Disse, e Christopher saiu correndo – Irmão, aqui. Olhe pra mim. Alfonso, olhe pra mim! – Disse, tirando os óculos de Alfonso e limpando-os. Não adiantou. Alfonso olhava as mãos, que tremiam. Não fez diferença quando os óculos limpos foram colocados no lugar. Estava em estado de choque. Christopher voltou com uma braçada de garrafinhas de água mineral. – Chame uma ambulância. – Disse, urgente, e Christopher pegou o celular.
Alfonso não sentiu os irmão lhe prestando socorro. Não viu Christopher rasgando a camisa e o terno dele, limpando-o com o próprio casaco, com o celular na orelha, não viu Robert rasgando um pedaço da própria camisa e molhando, limpando a boca e o nariz dele, usando a água pra se livrar do sangue. Ele não sentia nada, só o sangue. Estava em toda parte. O salão estava girando... Então, em um reflexo mínimo, ele viu uma Anahí borrada, rindo gostosamente e saindo abraçada a Brad, rodeada pelas amigas. Todos estavam indo embora, pro baile, mas Alfonso se lembraria daquela cena. Havia sangue, havia dor, havia humilhação e havia uma Anahí, que o enganara, usara e traíra, dando-lhe as costas. Ela ria.
Quando suas esperanças são despedaçadas e você é humilhado em proporções que machucam até a alma, feridas são criadas. Essas feridas deixam cicatrizes, que mudam o que você é, direto da sua essência. Quando você é enganado, traído e machucado nesse ponto, só existem duas opções: Esquecer e perdoar, ou esperar o momento e a hora certa de se vingar.
Essa não é uma história sobre perdão.



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Autor(a): fanficfoda

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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12 anos depois...   Um prédio se erguia, imperioso, no centro de Nova York. Era a sede da Herrera Enterprises Holdings, Inc. Uma multinacional tocada pelos membros de uma família e amigos próximos. Sabia-se que havia começado como um negocio pequeno, tendo como base apenas uma idéia, algum fundo financeiro e muita força de ...


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