Fanfics Brasil - Capítulo 022 Efeito Borboleta

Fanfic: Efeito Borboleta


Capítulo: Capítulo 022

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A noticia que Alfonso espalhou quando amanheceu foi de que eles estavam realmente viajando, no litoral, quando Anahí começou a se sentir mal. Resolveram voltar pra Nova York, e assim que voltaram ela teve o ataque. Ele precisava manter a história do casamento normal. Convenceu a todos. Madison apenas o encarava, os olhos duros, enquanto ele contava a história a Grace e Alexandre. Ao terminar de contar ele simplesmente se sentou e deixou cada um tirar suas conclusões. Estava muito calado, desde a madrugada. Anahí amanheceu bem melhor. Não era o tipo que ficava no chão muito tempo depois de tropeçar. Já levantara, e assim que os médicos liberassem, voltaria pro “marido”.   
Alexandre: Oh, querida. – Disse, entrando no quarto. Ela sorriu, um sorriso sincero, pra variar – Fiquei tão preocupado quando Alfonso ligou! Como você está? – Perguntou, acariciando os cabelos dela.  
Anahí: Estou bem, papai. – Dispensou – Foi só um desmaio, Alfonso é super protetor. – Mentiu, mas viu o alivio no rosto do pai.  
Alexandre: Ele disse que você não vinha se sentindo bem desde o litoral, por isso voltaram. – Disse, segurando a mão dela – O que há?  
Anahí: Foi só um desmaio. – Tranqüilizou novamente.   
Alexandre: Você está se alimentando, Anahí? – Perguntou, os olhos severos e preocupados. Ele nunca se recuperara do susto da bulimia dela.   
Anahí: Como uma porca. – Debochou, e ele riu – Não foi nada. Logo vou receber alta.  
Alexandre: Você não está... Quero dizer, talvez você não possa estar grávida? – Perguntou, e Anahí riu gostosamente.  
Anahí: Papai! – Repreendeu – Eu me casei antes de ontem! – Disse, achando graça. 
Alexandre: Sim, mas vocês vem saindo juntos há quase 6 meses. – Rebateu, e ela sorriu. Alexandre não sabia que Anahí jamais superara o trauma em relação a sexo – Ela fizera todo o possível para ele acreditar que ela superara, e funcionou. Na verdade, ela meio que superara. Depois de anos de terapia entendia que, sendo consensual, era bom e as pessoas gostavam. Isso só não se aplicava a ela. Ela tinha nojo só de pensar na possibilidade de alguém tocando-a novamente.  
Anahí: Não estou grávida. O casamento, a mudança de cenário... Foi só exaustão. – Garantiu. – Está tudo bem.   
Aquele foi um dia de visitas. Dulce sondou para ver se não foi Alfonso que tentou matá-la, mas não conseguiu nada. Grace veio, preocupada e atenciosa, se certificar de que estava tudo bem. Deu um beijo na testa de Anahí, um beijo doce, desejando sua melhora, que deixou a outra sem reação. Ah, sem contar com Greg, que levara um buquê de rosas cor de rosa para ela.  
Alfonso: Sabe que dar em cima da sua cunhada é errado, não sabe? – Perguntou, entrando no quarto quando o menino entregava as flores. Já havia se trocado, se barbeado, estava composto de novo, com uma calça social e uma camisa azul escura.  
Greg: Você tem mesmo que aparecer o tempo todo? – Perguntou, exasperado, e Anahí riu.  
Alfonso: Tenho. Mamãe esta te chamando, vocês já vão embora. – Greg suspirou, frustrado.  
Greg: Bom, melhoras. – Disse, todo rapazinho.  
Anahí: Ora, venha aqui. – Disse, se esticando, e deu um beijo estralado na bochecha do menino, que corou – Muito obrigada pelas flores. Foi muito galante. – Elogiou.  
Alfonso: Vamos, garoto, ela é minha mulher, dê o fora. – Greg suspirou, e após se despedir, saiu.  
Sobraram Anahí e Alfonso no quarto. O silencio foi esmagador. Ela esperou deboche da parte dele pelo que descobrira, ou no mínimo um bombardeio de perguntas, mas ele apenas a encarou. O sentimento de ódio mutuo entre os dois não sumira, só mudara de tom. 
Alfonso: Você está de alta. – Disse, tirando uma maleta do ombro. – Trouxe roupas. Robert vai vir até aqui dar algumas recomendações. Mande me chamar quando estiver pronta. – Disse, duro, e saiu antes de esperar uma resposta.  
As duas semanas que vieram depois foram um calvário. Alfonso não atacou Anahí, porém os dois não se falavam, e evitavam estar no mesmo cômodo. Debaixo dos gritos de Robert, ele devolvera os remédios de dormir dela. Não haviam visitas. A paz era tão estranha que Anahí quase chorou quando acordou e o viu passando no corredor, falando com alguém no telefone preso a orelha, usando calça social, camisa branca e um colete. Finalmente a maldita lua de mel acabara. Ela se levantou, tomou banho, se trocou, vestindo uma saia lápis cinza e uma camisa branca.   
Anahí: Dulce vai embora hoje. – Disse, entrando na cozinha, onde Alfonso orientava Gail. A primeira frase nas duas semanas que se passaram – Fiquei de ir com ela ao aeroporto. Qual a senha do elevador? – Perguntou, direta. Anahí reparou que a farta mesa de café da manhã não estava lá.   
Alfonso: Você não vai. – Disse, achando graça – A propósito, acabou a mordomia. A partir de hoje, você cozinha. – Gail saiu da cozinha, dando privacidade aos patrões.  
Anahí: Como é que é? – Perguntou, exasperada.  
Alfonso: Qual parte? – Perguntou, passando por ela e atravessando a imensa sala. Nova York rugia lá embaixo, através da parede de vidro.   
Anahí: Gail cozinhou esse tempo todo, porque essa mudança agora? – Perguntou, seguindo-o. Alfonso cheirava a sabonete e loção de barbear, além de um perfume masculino particularmente agradável.   
Alfonso: Ora, estávamos em lua de mel. Onde estaria o meu cavalheirismo se eu deixasse você cozinhar? – Perguntou, calçando os sapatos. – A lua de mel acabou, logo o cavalheirismo também. A dispensa está cheia, se vire. – Disse, claro, sumindo dentro do closet.  
Anahí: Eu não sei cozinhar! – Disse, exasperada. 
Alfonso: Problema seu. – Disse, voltando com um terno e uma gravata preta na mão – Não tente subornar Gail, ela está muito bem instruída. E a respeite: Ela não é sua empregada. Nem sua, nem de ninguém. – Anahí balançou a cabeça em choque. Parecia que algo maior estava escapando dela.  
Anahí: O que quis dizer com “você não vai”? – Perguntou, observando-o fechar os punhos da camisa.  
Alfonso: Você não vai levar Dulce ao aeroporto. – Esclareceu, fechando as abotoaduras de prata com as iniciais dele.  
Anahí: Ok... – Disse, lentamente – Qual é a senha do elevador? – Perguntou, lentamente. Ele sorriu, deliciado.  
Alfonso: Você entendeu, não é? – Perguntou, vestindo o terno.  
Anahí mal podia acreditar. Já havia checado: As saídas de emergência e dos empregados estavam trancadas a chave, e ela não fazia idéia de onde estas estavam. A única saída dali era o elevador, que só atendia perante a senha. Alfonso se deliciou ao ver a expressão de pânico no rosto dela.  
Anahí: Você não pode me manter presa aqui! – Guinchou, subitamente se sentindo sufocada.  
Alfonso: Na verdade, posso. – Disse, sorrindo, com o queixo pra cima enquanto dava o nó na gravata. – Você concordou.  
Anahí: É claro que não concordei! – Quase gritou. Aquele homem era louco! 
Alfonso: Está no contrato. Você teve uma crise histérica ao passar pelo item que dizia que você ia cozinhar, e depois simplesmente assinou o papel sem ler o resto. – Explicou, falsamente paciente, parado em frente ao espelho enorme que havia no fundo do closet dele. Anahí o seguiu, em passos lentos – Está no contrato: Você só sai daqui comigo ou com a minha permissão, no momento em que eu quiser. Pegue sua cópia do contrato e cheque, se não acredita em mim, mas de nós dois, não sou eu o mentiroso aqui. – Disse, terminando de se aprontar e saiu do quarto – Tenha um bom dia, querida. – Debochou.  
Anahí o seguiu, sem voz. De repente as paredes, as obras de arte, tudo parecia sufocá-la. Estava presa com por aquele lunático. Alfonso apanhou suas chaves no potinho que ficava na mesinha da ante-sala, e deliberadamente discou os números do elevador. Números demais, rápido demais, ela não conseguiu gravar.   
Alfonso: A propósito... – Disse, se virando enquanto o elevador subia – Se você tentar digitar a senha errada três vezes, o elevador desce até o porão, ficando lá até que a chave de segurança seja usada. Cada morador tem uma. A da cobertura fica comigo. – O elevador chegou e ele entrou – Tenha um bom dia. Volto às cinco. Espero ter um jantar razoável me esperando. – Disse, tranqüilo, e o elevador se fechou.  
Anahí se amparou na parede do elevador, olhando os números. Jamais adivinharia. Ela escorregou até o chão, se sentando com as mãos na cabeça, tentando pensar em um modo de escapar disso. Pelo visto, a trégua acabara. Entretanto...  
Alfonso: Ian? – Disse, no telefone – Herrera. Preciso de um favor seu. – Disse, ao se sentar em seu escritório – Preciso que você levante o passado da minha esposa. Qualquer coisa é relevante. Desde a infância: Históricos médicos, vizinhos que a conhecessem, qualquer coisa. E tenho urgência. – Ian perguntou mais algumas coisas, Alfonso respondeu e logo o telefonema acabou.  
Quem procura, acha. Vamos ver se, nessa guerra desmedida, Alfonso vai gostar do que vai encontrar.  
   
Anahí tentou não entrar em pânico. Foi ate a dispensa, abrindo-a, e havia comida a perder de vista. Ela não sabia fazer nada. Foi então que viu Gail passando, tranqüila, em direção ao quarto de Alfonso, com um saco da lavanderia na mão. Anahí disparou atrás, mas a fidelidade da governanta era clara. Ela tinha lá seus 50 anos, cabelos acobreados, vestindo uma camisa branca, social, calça de linho e tamancos de salto baixinho, os cabelos presos em um coque.  
Anahí primeiro tentou fazer ela cozinhar, depois apelou por ajuda, mas as ordens de Alfonso foram claras: Nada de dar a senha do elevador, e ficar distante quando Anahí tentasse cozinhar.  
Anahí: Ok, eu estou implorando. – Disse, abrindo os braços em frente à porta. O quarto de Alfonso, diferente do de Anahí que era neutro, tinha personalidade. A porta do closet era preta, os lençóis eram brancos e grafite, enfim, tudo muito masculino. A cara dele.  
Gail: Senhora Herrera, não posso ajudar. Perdoe. – Disse, sem jeito.  
Anahí: Eu pago a você o dobro do que ele estiver pagando. – Gail sorriu.  
Gail: Não é por dinheiro. Eu cuido do menino Alfonso desde que ele veio pra cá, logo após perder o pai. Quando se tornou independente, me trouxe pra cá com ele. É como um filho. – Disse, andando pelo corredor.   
Anahí: Pois ele vai passar fome. – Anunciou, derrotada – Juro por Deus.  
Gail: Olhe. – Disse, parecendo em conflito. Anahí se empertigou – Massa nunca é uma idéia ruim. Há carne na geladeira. – Disse, quieta, então deu as costas, saindo.  
Seria cômico se não fosse trágico. Os bifes estavam prontos, mas Anahí não os temperou – Levou ao fogo e terminou queimando. Em um momento uma labareda subiu pelo fogão, o que fez ela gritar, correndo na direção oposta. Recorreu à massa, tentando fazer uma macarronada, mas colocou na água fria. O macarrão se juntou de um modo impossível: Foi isso que Alfonso encontrou quando chegou. Com um sorriso debochado, ela cortou um quadrado do macarrão, pondo no prato dele e cobrindo com um molho de lata. Alfonso sorria. Ela se sentou em seu lado da mesa, evitando olhar seu próprio quadrado de massa. 
Anahí: Bom apetite, querido. – Disse, debochada. Ele cutucou a massa com um garfo, com um sorriso de canto.  
Alfonso: Isso foi o melhor que você conseguiu? – Perguntou, apanhando uma faca de carne e cortando uma fatia da coisa.   
Anahí: Espero que esteja do seu agrado. – Disse, tranqüila.  
Alfonso: É uma pena... Eu tive um jantar de negócios antes de vir pra casa. – O sorriso de Anahí morreu na hora – Estou farto. Mas por favor, sinta-se a vontade.  
Alfonso e Anahí se encararam por um bom tempo, mas ela estava faminta. Só comera bolachas de água e sal o dia todo. Ele observou ela comer a massa, que parecia borrachuda, com um gosto particular de vitória. Anahí comeu metade, e não agüentou mais. Teve dor de estomago durante a noite. Nos três dias que se seguiram, foi bem assim, só mudaram os pratos.  
A fome já era um sentimento permanente nela, sempre presente, nunca saciada totalmente. Havia um piano de cauda, preto, no canto da sala, perto da vidraça. Anahí sabia tocar piano porque o pai gostava de ouvir, então pedira pra ter aulas. Agora tocava um lamento triste, de uma peça antiga que ouvira em um musical. Achara que podia vencer essa guerra, mas se sentia perdendo logo a inicio. O som do elevador tocou e ela olhou, pra ver Madison entrando no apartamento. Parecia vir de um shopping, tinha varias sacolas na mão.   
Madison: Olá. – Disse, sorrindo, e Anahí sorriu de volta. Madison era a única Herrera que simpatizava com ela.  
Anahí: Olá. – Disse, sem entender a visita. Ninguém nunca a visitava.  
Madison: Estou sem jeito... Mas tudo bem. Preciso de um vestido. – Disse, meio encabulada, e Anahí franziu o cenho. Madison não tinha o mesmo corpo que ela, era um pouco mais alta.  
Anahí: Um vestido. – Repetiu, olhando as varias sacolas de grife nos braços de Madison. 
Madison: Vou a um coquetel com Christopher hoje e não encontrei nada que servisse. – Admitiu, mas os olhos estavam duros em Anahí, como se quisessem dizer algo – Kristen é mais magra que eu. Deixei pra ultima hora e estou com o problema. Sei que não nos conhecemos direito, mas... – Ela deu de ombros.  
Anahí: Certo... – O piano parou – Meu closet... Eu não sei, eu não vi direito ainda, mas você pode olhar. – Disse, sem entender.  
Anahí acompanhou Madison, confusa, até seu quarto. A outra rosnou ao ver que a porta fora removida do portal. Era uma afronta clara. Uma vez dentro do closet, ela fechou a porta, trancando-a, e sua expressão mudou.  
Madison: Não tem câmeras dentro dos closets, parte do projeto do prédio foi meu. - Explicou - Christopher me mataria... – Murmurou, colocando o cabelo atrás da orelha e se ajoelhou, abrindo as sacolas de grife que tinha na mão.  
Não eram roupas: Era comida. Comida de verdade, de restaurantes. Anahí não podia expressar o choque ao ver aquilo. Havia um kit do Mc Donalds, uma embalagem de um restaurante caro, entre outras coisas que Anahí não conseguia identificar. Madison olhou pra cima, vendo a outra estagnada.  
Madison: Não vai me entregar, não é? – Parou, subitamente hesitante – Anahí, Christopher vai acabar comigo se souber que eu estou me metendo nisso.   
Anahí: Porque está me ajudando? – Perguntou, mortificada. Suas mãos tremiam de vontade. O perfume de comida inundara o closet.   
Madison: Rebekah sabe de tudo o que acontece aqui. Ouvi ela conversando com Kristen. Não interprete Kris mal, foi dela a idéia. – Disse, apontando as sacolas de grife.   
Anahí: Você não me odeia? – Perguntou, a boca cheia d‟água. Seu estomago doía. 
Madison: Odiei pelo que fez com ele. Mas Alfonso está fora de si. – Disse, desembalando mais e mais pacotes – Esses dois você pode comer agora, ainda estão quentes, mas não posso trazer comida que não pode ser armazenada. Alfonso descobriria e Christopher torceria meu pescoço. – Resumiu. – Ande!  
Anahí se sentou ao lado da outra, apanhando uma das embalagens, com garfos de plástico. Era ravióli com um molho maravilhoso – Anahí adorava ravióli. Gemeu de satisfação, atacando o prato, e Madison não ligou, compenetrada. Anahí sempre mantivera sua dieta na linha, mas hoje era impossível. Acabou o primeiro prato e atacou o Mc Donalds, se deliciando com o sanduíche e as batatinhas e o refrigerante. No final seu corpo parecia mole, relaxado, seu estomago satisfeito.  
Anahí: Obrigada. – Disse, sincera.  
Madison: Eu trouxe mais. – Disse, mostrando outras caixas de inox. – São sanduíches esquentados por pedras quentes , mas não vai durar muito tempo. Falando em pedras quentes, tem um prato que pode te servir de jantar, ou almoço de amanhã. É um bife amanteigado com purê de batatas. Provavelmente, se deixar pra amanhã, estará frio. Desculpe. – Disse, sem jeito - Tem biscoito recheado, salgadinhos, miojo – Tome cuidado ao fazer o miojo, não tem isso na dispensa de Alfonso e eu não sei se Gail é confiável. – Disse, terminando de esvaziar as sacolas – Biscoitos de povilho, cereais... Foi tudo o que eu pude reunir com tão pouco tempo. – Se desculpou. - Existem canais de culinária na TV, isso deve ajudar você em algo. É melhor que tentar as cegas. - Anahí assentiu. Não tinha pensado nisso.  
Anahí: Não sei dizer o quanto estou agradecida. – Disse, sincera.  
Madison: Precisamos esconder isso e sair daqui. – Anahí assentiu.  
As duas esconderam em tudo quanto foi canto: Caixas de sapato, debaixo da gaveta de calcinhas, todos os esconderijos eram validos. Por fim Madison parou na fileira incontável de vestidos de Anahí e escolheu um Alexander McQueen grafite, mantendo o álibi.   
Madison: Se importa? – Anahí negou, afoita – Ótimo. Devolvo depois. Vamos sair daqui. 
As duas voltaram pra sala, e Anahí pro piano. A melodia era mais suave agora, mais tranqüila enquanto as duas conversavam sobre tudo: A faculdade, sobre como conhecera Christopher, o casamento. Foi uma manhã agradável. Até o que assunto não foi tão agradável assim. 
 Madison: Robert está preocupado. Outra taquicardia daquela... Ele pode não chegar a tempo. – Disse, parada do outro lado do piano. Anahí tocava suavemente.  
Anahí: Posso confiar em você, Madison? – Perguntou, precisando de uma amiga agora mais que nunca, já que Dulce fora embora. Madison assentiu. – Alfonso vai descobrir de qualquer jeito. – Disse, dando de ombros.  
Madison: Não precisa falar se não quiser. – Anahí hesitou.  
Anahí: Eu nasci em New Orleans. Morava com meu pai e minha mãe, e era uma criança feliz. Até que meu primo por parte da minha mãe, Jonathan, veio morar conosco. Os pais dele haviam morrido em um acidente de carro, ele tinha 12 anos. – Disse, quieta – Não vou me prender a detalhes, não gosto de lembrar. Meu pai trabalhava bastante, a empresa estava começando a dar certo e minha mãe estava deslumbrada com sua nova vida, de modo que eu Jonathan passávamos bastante tempo em casa. – Ela respirou fundo – Eu fui violentada pela primeira vez quando tinha seis anos de idade. Foi a experiência mais horrível, mais dolorosa que eu já passei na minha vida. Sangrei por semanas, em silencio, com vergonha. Meu corpo não estava pronto para aquilo – Disse, os olhos distantes.   
Madison: Eu sinto muito. – Disse, escandalizada e penalizada.  
Anahí: Eu era só uma criança, nem sabia o que era sexo ainda. Começou como brincadeiras inocentes, então ele começou a me tocar... Eu não gostei. Não entendi, mas não gostei. Ele disse que brincaríamos de casinha. Isso eu entendia. – Disse, amarga consigo mesma. – Quando aconteceu da primeira vez... Era tanta dor, tanta humilhação, eu tive vergonha. Tive medo de ficar perto dele, mas não havia como evitar. Então veio a segunda, a terceira... Ele mesmo não sabia o que estava fazendo. – Disse, os olhos distantes, em algum lugar longe dali – Me apertava, me machucando, então tateava as cegas, até conseguir forçar a penetração. Tudo o que eu sentia era dor. Quanto mais eu chorava, quando mais eu me debatia, mais ele parecia gostar. – Disse, amarga.  
Madison: Você não procurou ajuda? – Perguntou, quieta. 
Anahí: É claro. Eu contei pra minha mãe. – Disse, amarga.  
Madison: Ela não acreditou. – Supôs.  
Anahí: Ah, não, ela acreditou. – Anahí sorriu – Mas deu pouca importância. Mesmo eu dizendo o que ele estava fazendo comigo, ela insistia que ele só tentara pôr a mão onde não devia, e que isso era normal na idade dele. Me mandou evitar ele, e tudo ficaria bem. – Disse, amarga – Todos os dias acontecia. A cada vez me machucava mais. Eu não sabia o que fazer. Ela era minha mãe, ela devia me proteger. – Disse, olhando as teclas do piano.   
Madison: E então... – Encorajou 
 Anahí: Aos sete anos eu já tinha tido todas as experiências sexuais possíveis entre duas pessoas. Já havia feito todo tipo de sexo: Vaginal, anal, oral, tudo. Era só dor, e desespero. Eu implorava pra que ele me deixasse em paz, mas não acontecia. – Disse, tocando uma tecla do piano - Foi quando eu resolvi agüentar a vergonha e contar pro meu pai.  
Madison: Ele não ligou também?  
Anahí: Não consegui contar. Tentei varias vezes, mas sempre travava. Jonathan percebeu. – Disse, com um sorriso triste – Envenenou minha cachorra, e disse que colocaria o mesmo veneno no café do meu pai se eu contasse. Eu não podia. – Disse, tocando outra tecla do piano.  
Madison: Meu Deus... – Disse, sem saber como reagir.   
Anahí: Esse calvário durou cinco anos. – Ela viu Madison recuar, escandalizada – Minha infância foi roubada do modo mais cruel. Meu corpo se desenvolvia, mas eu ainda era uma criança, enquanto ele era um adolescente quase adulto. O corpo dele também se desenvolveu. E mais uma vez era só dor. Em uma das vezes ele me masturbou, me forçando a gozar só pra dizer que eu tinha gostado. E eu me odiei com todas as forças por meu corpo ter respondido daquele jeito, ter respondido a ele. – Disse, quieta. 
Madison: Sua mãe não interferiu? – Anahí riu.  
Anahí: Minha mãe estava ocupada demais sendo a nova socialite da cidade. Esqueceu o assunto. Não reparou que eu estava entrara em depressão, que eu emagrecera, que eu mal falava. – Disse, quieta – Meu pai reparou, mas eu sempre despistava. Ele quis me levar a um medico, mas eu me neguei. Se ele descobrisse, Jonathan o mataria.   
Madison: Como acabou?   
Anahí: Aos 11 anos, na semana do meu aniversário de 12, eu estava voltando do colégio. Eu mal olhava as pessoas. Fui atropelada. Acho que o destino se apiedou de mim. – Disse, sorrindo de canto – Foi um atropelamento grave. Tive um breve traumatismo craniano, quebrei uma perna, torci um braço. Os médicos mal acreditaram ao me examinar: Eu estava grávida. – Ela sorriu.  
Madison: Grávida? – Perguntou, mais branca que o normal.  
Anahí: Eu ainda não havia menstruado, mas de alguma forma meu corpo acho um modo de atender ao que estava acontecendo, e tive uma espécie de ovulação. Jonathan nunca se preocupou com nada, então a gravidez aconteceu. O bebê sobreviveu. – Disse, e Madison ergueu as sobrancelhas – Tinha semanas, era muito fraco, mas sobreviveu. Eu tinha 11 anos e ia ser mãe.  
Madison: E então?  
Anahí: Meu pai finalmente descobriu. Furioso é pouco perante a reação dele. Estava possesso. – Lembrou – Como se não fosse o suficiente, minha mãe não queria que a gravidez fosse interrompida. – O choque de Madison foi absoluto – Ela não queria que a queixa fosse prestada, que o escândalo caísse sobre a família. Era certo que em algum momento eu abortaria, meu corpo não estava pronto, e ela queria esperar por isso. Não queria denunciar o sobrinho. 
Madison: Meu Deus. – Murmurou, nocauteada.  
Anahí: Meu pai quase a matou. – Anahí riu de leve – Me levou a delegacia, prestou queixa, e eu tive que contar tudo isso aos policiais. Fiz os exames que eles queriam, que confirmaram o abuso de anos. A gravidez foi interrompida. Meu pai pediu o divorcio. Abriu um processo contra Jonathan. Infelizmente, de algum modo minha mãe ganhou minha guarda na justiça. – Disse, pondo o cabelo atrás da orelha.   
Madison: Impossível. – Murmurou.  
Anahí: Eu tinha psicólogo três vezes por semana, usava remédios controlados, mas dentro de casa era como se nada tivesse acontecido. Como se eu tivesse destruído o casamento dela propositalmente. – Disse, achando graça – Eu não consigo dormir sem os remédios. Eles me derrubam e me impedem de sonhar. Toda vez que eu sonho, tudo aquilo volta. – Explicou, e Madison assentiu – Um ano depois eu desenvolvi bulimia. Minha mãe, mais uma vez, negligenciou. Só quando eu fui parar em uma clinica, pele e osso, morrendo, meu pai conseguiu minha guarda definitiva e uma ordem de restrição que obrigava ela a ficar longe de mim. Eu me curei, nós nos mudamos para Nova Jersey, deixando tudo pra trás, eu me tornei uma adolescente intragável, e foi onde eu conheci meu marido. – Disse, amarga – Essa parte da história você conhece. Foi isso. – Encerrou, observando a outra, esperando pela pena. – Quando Alfonso me sacudiu, aquela noite, eu me vi outra vez sobre o domínio físico de outra pessoa. É claro que não reagi bem.  
Madison levou um instante em silencio, então pegou a mão de Anahí em cima do piano, apertando-a. Em vez de pena, havia determinação no olhar dela. Anahí observou.  
Madison: Não sei como vou fazer, mas conte comigo. – Disse, em um murmúrio. Certamente haviam escutas na sala – Vou ajudá-la com isso. – Anahí assentiu, agradecendo.   
No escritório de Alfonso, o assunto era o mesmo. Não com tantos detalhes, mas ainda assim. Estavam Robert, Christopher, Alfonso, e Ian. Ian era um moreno do cabelo negro, primo de Madison. Trabalhava com petróleo, e adorava fuçar a vida dos outros. Tinha detetives que faziam isso pra ele.  
 Ian: O pai dela deu uma surra no tal Jonathan, quase matou. – Disse, lendo um relatório. Alfonso olhava outro, que estava em sua mão. Haviam os registros de Anahí no hospital, o que incluía o aborto induzido, relatórios médicos, resultados de exames que atestavam a perda da virgindade, juntamente com cicatrizes vaginais e anais, relatórios dos vários psicólogos por onde ela passara, até mesmo relatos de vizinhos da época – E a melhor parte: Ele arrancou o pau do cara com a mão. 
Christopher: Como é que é? – Perguntou, exasperado.  
Ian: Abriu as calças, agarrou e puxou. Quando conseguiram parar, já tinha torado grande parte. Houveram cirurgias reparatórias, mas não vejo como um pau partido pode ser útil. – Admitiu.  
Alfonso: O que houve com Jonathan? – Perguntou, os dedos cruzados.  
Ian: Pagou uma multa milionária, o que levou quase toda a herança que os pais haviam deixado, e prestou serviço comunitário. Há uma ordem de restrição que obriga ele a ficar longe de Anahí. – Relatou – Era de menor, não podia ser preso.   
Christopher: A mãe dela sabia... E não fez nada?? – Perguntou, incrédulo.  
Ian: Nem todos nós temos a sorte de ter Grace Herrera como mãe. – Disse, dando de ombros. – Ela só perdeu a guarda de Anahí pra Alexandre quando ela desenvolveu bulimia. Ele pegou a filha e saiu da cidade, indo pra Nova Jersey. – Onde ela se tornara rainha do St. Jude, Alfonso completou mentalmente. Ele podia entender a devoção agora: Anahí via o pai como um herói, que salvara do que ela estava vivendo. Se sentia em divida.  
Robert: Alfonso. – Disse, se virando pro irmão – Não sei que diabo você pretende, mas não exerça força física sobre ela. Nada que envolva submissão. – Instruiu – Isso vai desencadear as alucinações de novo. Ela teve taquicardia da ultima vez, é extremamente perigoso. – Alfonso assentiu, pensativo.  
Christopher: Não vai dizer nada? – Perguntou, vendo o outro calado.  
Alfonso: Existe algo a ser dito? – Perguntou, sereno.  
Não havia. Mas uma coisa era certa: A situação era, no mínimo, interessante. Parecia que as regras do jogo teriam que mudar.  
   
Alfonso pensou e muito aquela noite. 
Depois de rejeitar a gororoba de Anahí (que curiosamente pareceu não dar a mínima pra reação dele), cada um foi pro seu quarto. Ele trabalhou mais um pouco, com o tablet na mão, em seguida foi beber água. Parou um instante com o copo na mão, sem camisa, com uma calça moletom, olhando Nova York iluminada como sempre, a cidade rugindo lá embaixo. Seu rosto era impassível. Ao voltar pro quarto passou na frente do de Anahí, que não tinha porta, e ela dormia, largada no meio da cama, usando uma camisola vermelho vinho, as pernas emboladas no lençol, os cabelos longos largados no travesseiro ao lado. Ele observou o rosto dela, parado no corredor, por um instante. Em sua mente estava o relatório que Ian o entregara. Ele saiu dali e seguiu pra sua própria cama, ficando acordado por mais um bom tempo, os olhos fixados no teto. A imagem de uma criança abusada não se unia com a Anahí cruel que o pisara. E, no fim, quando ele desistiu de pensar, suas cicatrizes continuavam ali, nem um pouco abaladas pelo novo conhecimento. O inferno se seguiu por 2 meses. Nem com o canal de culinária Anahí progredia – Certas pessoas simplesmente não tem o dom. Estava cada vez mais difícil pra Madison ajudar. Anahí quase chorou quando Alfonso avisou que haveria um jantar em família, e ele precisaria levá-la. Já haviam tido três desde o casamento, e ele havia mascarado a ausência dela, mas agora não tinha mais como. No fim do dia ela usava um vestido vermelho vinho, com um decote folgado em V, uma faixa preta na cintura, a partir de onde se tornava justo, os cabelos soltos jogados em um dos ombros. Observou Nova York passar pela janela do carro com uma saudade que latejava. Sentia falta da cidade, da buzina dos carros, de tudo. Ao chegar na torre branca, todos os Herrera estavam lá. Anahí sorriu pra Alfonso quando o jantar foi servido, encarando-o descaradamente, e ele sorriu de canto, admitindo a vitória temporária dela, que comeu bem como não fazia há muito tempo. Depois do jantar os grupos se fizeram, e ela ganhou um tempo em paz. Pensou em ir até o jardim, caminhar um pouco, mas infelizmente nevava.  
Kristen: Olá. – Disse, se aproximando. Anahí olhou. É claro, não tinha muito contato com Kristen.  
Madison: Kristen, Anahí, Anahí, Kristen. – Apresentou, já mais familiarizada, se sentando no braço do sofá ao lado de Kristen – Como você está?   
Anahí: Mortalmente entediada. – Admitiu, e balançou a cabeça – Mas já teria dissecado de fome se não fosse vocês então, muito obrigada. – Agradeceu, sincera.  
Kristen: Estive conversando com Rob. Ele não vê como interferir, mas também não concorda. – Disse, como quem se desculpa – É claro que não vai durar muito tempo. Os tablóides já começaram a especular porque Alfonso só aparece sozinho. 
Madison: Ele vai ter que soltar você. – Confirmou, e Anahí assentiu, respirando fundo.  
Grace: Até que enfim posso ver minhas noras juntas. – Disse, simpática, e as três olharam a sogra, sorrindo – Você está melhor, querida? – Perguntou, se sentando na poltrona ao lado. Anahí travou, não sabia que diabo Alfonso dissera pra justificar a ausência dela. 
 Anahí: Melhor? – Testou.  
Kristen: Foi uma gripe muito violenta. Eu mesma ficava apreensiva quando ia visitar. – Encobriu, tirando o cabelo do rosto – Mas desde semana passada que ela está melhor.  
Grace: Entendo. Foi realmente uma pena, adoecer logo na lua de mel. – Suspirou, desgostosa. Anahí teve vontade de perguntar que diabo de gripe dura dois meses, mas se reprimiu – Quem sabe vocês possam viajar. Marcar alguma coisa, mudar de ares.  
Anahí: Ah, eu e Alfonso estávamos mesmo falando nisso. Mas ele é muito ocupado. – Mentiu, deslavadamente – Não é fácil ser esposa de alguém do perfil social dele. – Emendou.  
Grace: Eu que sei. É uma batalha pra conseguir reunir meus filhos aqui. – Disse, olhando os três que conversavam no canto. Robert ria, Christopher falava alguma coisa e Alfonso sorria com um copo de uísque na boca.   
Anahí: Onde está Greg? – Perguntou, dando pela falta.  
Grace: De cama. Ele é alérgico a lactose, coitado, e terminou comendo um salgado em uma festinha de um amigo. Teve uma reação alérgica terrível. – Anahí assentiu. Sentira, realmente, pelo menino.   
Rebekah: Mamãe. – Disse, aparecendo atrás de Grace – Greg acordou, tem um pouco de febre. Está chamando pela senhora. – Avisou, os olhos azuis parados em Anahí. Grace assentiu. 
Grace: Com licença. – Disse, e apertou o joelho de Anahí sutilmente – Melhoras, querida. – As três sorriram.  
Rebekah: Porque vocês estão com ela? – Perguntou, olhando de Kristen pra Madison.  
Anahí: Pobre Rebekah... – Lamentou, as pernas cruzadas, olhando a borda do copo d‟agua que tinha na mão. Anahí não consumia bebidas alcoólicas pelos remédios que precisava tomar pra dormir. – Nem depois de adulta consegue companhia espontânea.   
Rebekah: Oh, é mesmo. Olá, Anahí. – Disse, se sentando – Você parece um pouco pálida. Está precisando tomar algum sol, querida. – Alfinetou.  
Madison: Rebekah... – Suspirou.   
Kristen: Certo, isso vai ser interessante. – Disse, observando.   
Anahí: Nem suas cunhadas agüentam você, e olha que eu mal entrei pro time. – Ressaltou - Não é de se admirar que seja a ultima da família a estar sozinha. Seu irmão eu dei razões, mas você cresceu amarga por natureza. – Desprezou.   
Rebekah: Bom, é claro que eu não tive motivos como abuso sexual vindo por parte do meu primo, - Disse, deslavadamente, e o sorriso de Anahí morreu – Mas digamos que cada um de nós tem um motivo pra ser o que é.  
Kristen: Rebekah! – Disse, incrédula e exasperada.  
Anahí parou um instante, olhando a outra, que sorria. De repente ela se sentiu enjoada. É claro que todos ali sabiam, exceto Grace, como sempre. Ela respirou fundo, reassumindo o controle.   
Anahí: Cuidado com quem você brinca, pequena Rebekah. – Avisou – Quebrei duas costelas e sua perna da ultima vez. Vou fazer pior dessa. – Completou, os olhos duros. 
Madison: Certo, chega disso. – Disse, se levantando e trazendo Anahí. Kristen se levantou também, pronta pra sair, mas Rebekah também levantou.  
Rebekah: Não seria lá a briga mais justa do mundo, sendo que se eu conseguisse imobilizar você, corria o risco de meu irmão ter que te socorrer. – Disse, falsamente pensativa – Ou será que você só acha que está sendo estuprada se a outra pessoa for um homem? – Perguntou, se fingindo de curiosa.  
Foi rápido, com um movimento fluido como o bote de uma cobra. Anahí jogou o copo de água, ainda cheio, em Rebekah, que recuou, os cabelos molhados, a blusa ensopada, o rosto delicado irritado pela agressão do gelo. Kristen gemeu, vendo Robert e os irmãos pararem de falar, se voltando pra cena.   
Rebekah: Sua... – E, por incrível que pareça, avançou pra Anahí, que esperou, impassível. Se bateu, porém, com Madison, que a interceptou.   
Madison: Agora já chega, Rebekah. – Disse, rebocando a outra pelo braço.  
Alfonso: Anahí... Que diabo é isso? – Perguntou, em um rosnado, se aproximando.  
Anahí: Alguém precisa ensinar bons modos a sua irmã, querido. – Disse, pondo o copo na mesa de centro – Ela está fora de controle.   
Christopher: O que houve aqui? – Insistiu.   
Rebekah: Eu preciso desenhar? – Perguntou, ultrajada, abrindo os braços, mostrando a camisa de seda cinza encharcada.   
Madison: Acontece que Rebekah se excedeu em seus comentários. – Condenou, ainda segurando a loira – Um acidente, quero crer. 
Robert: Certo, parece que o jantar acabou. – Anunciou, vendo Anahí e Alfonso, que se encaravam como se fossem se atacar, e a pré briga formada ali no meio. – Bekah, vá se trocar. Não quero que mamãe te veja assim. Vou subir e chamar ela pra nos despedirmos. – Rebekah, olhando Anahí, recuou e deu as costas, saindo furiosa da sala.  
Christopher: Madison... – Suspirou.   
Madison: Já disse minha opinião, Christopher. – Confrontou, saindo de perto.  
Grace percebeu o clima tenso na sala, mas não conseguiu entender. Todos se despediram, e os carros seguiram na mesma direção. O elevador foi um evento silencioso. Casal por casal, esvaziou até chegar na cobertura. Mal saíram do elevador e a briga estourou. Anahí estava ultrajada por Alfonso ter exposto o passado dela a Deus e ao mundo, e Alfonso estava furioso porque, graças a ela, a família dele estava entrando em conflito.   
Anahí: EU NÃO SEI QUAL EDUCAÇÃO FOI TE DADA, - Começou, abrindo os braços. Alfonso seguira andando pra dentro do quarto dele, ignorando ela deliberadamente – MAS DA PROXIMA VEZ, TENHA O MINIMO DECORO COM OS PROBLEMAS DOS OUTROS.  
Alfonso: MINHAS ATITUDES NÃO TE DÃO DIREITO DE ATACAR MINHA IRMÃ, PORRA! – Rebateu, dando a volta na frente do closet dele. Anahí o encarou, exasperada, parada no meio do quarto.  
Anahí: EU TENHO O DIREITO DE FAZER O QUE EU BEM QUISER! – Jogou, com raiva, o rosto vermelho. Ele se aproximava, mas ela, apesar de ter medo, não recuou – A MERDA DO SEU CONTRATO NÃO COBRE ISSO TAMBÉM! Que pena pra você. Da próxima vez, tenha mais respeito. – Debochou, tendo ele perto o suficiente pra não precisar gritar. Só alguns passos de distancia.   
Alfonso: Oh, depois de ter se vendido, agora ela vai fazer a ofendida. – Disse, debochado. Anahí o encarou por um instante, dando as costas pra sair mas desistindo, encarando-o de novo.   
Anahí: Vai se foder, Alfonso. – Mandou, com toda a sinceridade que conseguiu reunir, encarando-o uma ultima vez antes de dar a noite por encerrada. 
Os dois se olharam por um instante, ambos arfando de raiva. Era tipo um cheque-mate na situação. Ela não tinha mais o que fazer. Ele queria bater nela, mas não podia. Ninguém viu como aquilo aconteceu. Em um momento, os dois se encaravam, e no outro haviam se lançado um no outro. Alfonso a apanhou pelo cabelo, uma das mãos adentrando os fios e trazendo-a pra si e ela enlaçou os ombros dele com os braços, as bocas dos dois se chocando com agressividade, começando um beijo violento, desmedido. A mão de Anahí correu o pé do cabelo de Alfonso, descendo a nuca dele, deixando um rastro vermelho sangue, e ele grunhiu, apanhando-a no colo.  
Os dois tombaram na cama dele, que abaixou o rosto, mordendo o pescoço dela, chupando, marcando a pele pálida e ela arfou, a cabeça em curto circuito. Estava programada pra rejeitar aquilo, mas o tesão que sentia no momento era tão alto que encobria a voz do medo. Alfonso tinha a mesma reação. A odiava, mas também estava com um tesão nela que não conseguia reprimir. Chegava doer. Inexplicável. Anahí gemeu, confusa, as mãos barrando o peito dele por um instante, mas o corpo dela gritou em protesto contra ela afastá-lo. Ele afastou o rosto, rasgando o frontal do vestido dela, coisa que a assustaria no normal, mas ela se pegou abrindo o colarinho da camisa dele, se desfazendo dos botões. Ali eram o corpo e a mente brigando. Ele virou o rosto, permitindo que ela abrisse a camisa enquanto erguia o tronco dela, as mãos buscando o fecho do sutiã sem alças, logo dispensando-o. Anahí se livrou da camisa, gemendo com a sensação da boca dele quase agredindo seus seios, machucando-os tamanha a violência. Não era virgem, longe disso, mas sexo consensual era uma novidade. Sabia o que era um orgasmo, mas o da masturbação, na segurança de casa, sozinha. Isso era diferente. Ele apanhou o gemido dela, soltando um segundo grunhido, as mãos subindo pelas coxas dela, rasgando a meia calça preta, puxando-a de qualquer jeito. Anahí tinha as mãos no cabelo dele, o cérebro, derrotado, inoperante. Era só sensação. Se sentia quente, sensível ao toque agressivo dele. Ambos estavam se machucando, mas isso era combustível pro tesão dos dois. Fazia parte do processo. Não houveram muitas preliminares ali – As roupas nem foram dispensadas direito. Ele só se afastou pra apanhar uma camisinha na carteira, e enquanto isso ela se assistiu abrindo o cinto e a calça dele. Após vestir a camisinha ele apenas a trouxe direito pra cama, se desviando do vestido (a calcinha dela fora rasgada no processo), e penetrando-a com um movimento só. Anahí gritou, mordendo o ombro dele com toda a força que conseguiu reunir. Como todo o resto, aquilo doeu. Ela não era virgem, mas não tinha uma vida sexual. Ele se ajeitou, afastando as pernas dela de modo que conseguisse apoio. Anahí enlaçou as pernas na cintura dele, que ganhou impulso, se metendo nela uma segunda vez. Ela gritou de novo e ele emitiu um som abafado no ombro dela.  
Alfonso: Puta merda, você é tão apertada... – Murmurou, e ela apertou as pernas ao redor dele, sentindo-o mover os quadris como se quisesse se acomodar. Não era tensão, ela estava molhada o suficiente pra ele, era que ela era realmente apertada. Ele se movia, testando-a, mas não havia variação – Impossivelmente apertada. – Ela não sabia ao certo se aquilo era um elogio ou uma ofensa, então ficou calada, apenas sentindo. Ele sabia o que estava fazendo, ao contrário dela, de forma que só restava a ela se entregar e esperar. Estava ótimo até então, logo não havia do que se queixar. 
Alfonso parou um instante, desfrutando daquela sensação e mordeu o lábio, se retirando dela aos poucos e voltando, só pelo ato de sentir o modo como ela se comprimia em volta dele. Não havia como descrever. Nem Anahí. Ela o sentia, pulsando dentro de si, quente, e por não ser desagradável ou repulsivo era novo. O prazer irradiava pelo corpo dela, fazendo-a se sentir febril, e a sensação era maravilhosa. Ele o fez mais uma vez, e ao senti-lo inteiro dentro de si de novo, depois da pontada de dor, ela gemeu, languida com a sensação.  
O gemido dela estourou o que restava de controle a ele, que foi tomando força, agarrado ao quadril dela, o rosto em seu ombro. Logo as estocadas dele voltaram a agressividade normal. Ele tinha uma das mãos no quadril dela, segurando-a, e a outra em um de seus seios, jogando com o mamilo, apertando- o. Anahí mordia o ombro e a orelha dele, outrora beijando, as mãos descendo pelas costas dele, já toda enfeitadas com marcas da unha dela, algumas das quais brotejava sangue inclusive. Nenhum dos dois disse mais nada, prolongando aquilo, até que ela sentiu o corpo se tensionar, se comprimindo, bem mais forte que das ultimas vezes e o orgasmo a levou, arrancando dela outro grito, fazendo-a cravar as unhas na cintura dele. Alfonso xingou baixinho ao senti-la gozar, as contrações do orgasmo tragando-o ainda mais, e agarrou a cintura dela com as duas mãos, apertando-a. Logo foi a vez dele, que gozou demoradamente, com um gemido alto. Ele ainda se moveu mais umas vezes, então desmontou em cima dela, sem forças. Por um instante o silencio esmagou os dois, até que Alfonso se recuperou do orgasmo e rolou pro lado, os dois ficando de barriga pra cima na cama. Anahí tinha os olhos abertos, olhando pra cima. Não sabia o que fazer. Pela visão periférica viu ele se livrar da camisinha, desprezando-a e ajeitando a calça, mas não queria encará-lo. Não sabia como se sentia. Alfonso estava quase igual. Estava sentindo nojo de si próprio por ter tido tesão – e uma foda desse nível – logo com quem. Os dois ficaram quietos um instante até que ela tomou impulso, deslizando pra fora da cama e saiu do quarto, segurando o vestido rasgado. Ele não protestou – queria que ela saísse, queria poder pensar em paz. Mas não havia muito o que os dois pudessem pensar: A verdade estava clara, vivida como o perfume dela na cama ao lado dele. Mais uma vez o jogo mudava de percurso. Interessante, no mínimo. 
Anahí terminou de rasgar o vestido e o que sobrou de roupa, entrando de cabeça em uma ducha fria. Seu cérebro voltara a funcionar, e agora as lembranças desprezíveis de Jonathan se chocavam com as recentes, com Alfonso. O odiava, mas o sexo fora maravilhoso. Ao terminar penteou os cabelos molhados, parando na frente do espelho do banheiro de roupão. Suas mãos tremiam. Ela abriu o frasco dos remédios pra dormir (agora da metade pra baixo) e tirou dois comprimidos, engolindo-os com um copo d’agua. Respirou fundo, organizando a cabeça. Tinha vontade de chorar, poucas lagrimas vieram. Foi bom, era inegável. A sensação do orgasmo vindo, então vinha outro mais forte, um atrás do outro... Ela já havia lido sobre isso. Eram orgasmos múltiplos. Poucas mulheres conseguiam ter. Ela tivera do melhor. Não ia se assombrar com lembranças ruins. Não podia, ou ia enlouquecer. Vestiu uma camisola, apagou as luzes e se encolheu debaixo do cobertor, ficando quieta ali por bem uma hora, até quando os remédios fizeram efeitos e ela adormeceu, nocauteada. Debaixo dos cobertores, encolhidinha, se sentia segura pra reorganizar sua cabeça. 



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Autor(a): fanficfoda

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

No dia seguinte, mesma rotina. Ela evitou passar pelo trajeto matinal de Alfonso, evitando se bater com ele, e agradeceu a Deus quando ele foi embora. Voltou ao banheiro com uma careta: Estava toda marcada. Marcas de mordida, de mão. Estava dolorida, seus lábios estavam inchados, a curvatura da cintura tinha marcas roxas, os seios coloridos de marcas de mordida ...


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