Fanfic: Cartas para você | Tema: Morte, doença

Acordei e dessa vez não estava cercada por enfermeiros, médicos, e nem ninguém. Olhei para o meu lado direito, e vi o menino mais irritante que já conheci. Estava dormindo. Sorri. Ele era bem mais bonito dormindo do que acordado, olhei para á porta, e pelo que previ a enfermeira estava entrando com uma bandeija roxa. Ela sorriu ao me ver acordada.

- Dormiu bem? - Ela se aproximava. - Não gritou dessa vez. 

Assenti com a cabeça. Ela pegou a mesma cadeira de sempre, e sentou-se ao lado da cama. Colocou a bandeja em seu colo, e vi que havia uma espécie de feijão avermelhados. Não queria comer aquilo, mas se eu não comesse ficaria morrendo de fome. Optei para comer. Me aconcheguei na cama, e ela foi pegando a colher enorme, colocando um pouco do feijão em minha boca. O gosto era horrível.

- Credo. - Escapuliu. - Quem faz essa gororoba que vocês chamam de comida?

Ela me olhou, e depois desviou para a tigela. 

- Acho que é a Liliane... - Desviou o olhar para o chão. - Você acostuma.

Me acostumar é a coisa mais difícil do mundo. Eu sempre reclamo, falo mal, e se eu tiver braba chego até bater. Olhei para ela e sorri ironicamente. Abri a boca, mesmo não querendo comer aquela gororoba, e ela colocou aquela coisa que é chamado de comida em minha boca.

- Quer mais? - Dizia ela me olhando. - Se não quiser, não precisa comer. 

- Tanto faz. - Mesmo reclamando não queria fazer o papel de nojentinha. - Dá para comer.

Ela sorriu. Chegou mais perto, colocou a comida em minha boca. O gosto estava cada vez mais horrível, não sabia se era porque minha boca estava amarga, ou era a comida mesmo. Suspirei. Quando reparei, a tigela estava vazia, e a enfermeira me olhava sorridente.

- Uau. - Fingia estar espantada. - Para quem não queria comer.

- Não queria. - Ignorei a ultima frase dela. - Tive que comer.

- Se não quisesse, não comia. - Me olhava. - Você que quis.

- Não. - Olhei para ela. - Não fui eu que quis, eu tive que comer, se não ficaria com fome. 

Ela me olhou, se levantou, pegou a bandeija e foi para fora. Me aconcheguei de novo na cama, e olhei para Yuri. Estava acordando. 

- Oi. - Falei. - Acordou, é? 

- Não. - Sorriu. - Claro que acordei, boba.

- Não sou boba. - Fitei-o. - Sou apenas uma menina normal.

- Não, nada disso. - Ele sorriu, dava para ver seu brilhante sorriso. - Você é uma menina normal, só que boba. 

- E você? - Falei, me virando de lado para poder vê-lo melhor. - É o quê?

- Um menino lindo. - Falava em um tom sério, sorrindo. - Lindo e perfeito.

- Não é bem isso tudo. - Falei. - Mais voltando, sou uma menina normal, e você um garoto bobo.

- Não. - Pensou, e logo sorriu para mim. - Você é uma menina lerda.

Sorri.