Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Anahi

Meus olhos pousaram sobre os dela, surpresos e angustiados. E de repente, o peso de dez anos pousou sobre minhas costas. Tripudiando todos os meus músculos, remoendo o resto das minhas veias.

O mundo parecia ter parado, e como único som, restou o acelerar inconstante da minha respiração, resgatando com dificuldade o ar que sobrara nos pulmões, manchados pelos cigarros que usei para esquecê-la.

Na minha frente, uma Dulce mais velha me encarava. Em uma lenta descoberta assustadora. Eu sabia que seria mais difícil pra ela, só não imaginava que doeria tanto constar isso.

Murmurei seu nome em um chamado ensurdecido. O mundo ainda parecia ser meu e dela. Então, as mudanças foram inevitavelmente analisadas, como um baque surdo de verdades, esquecidos pela vida.

Ela havia mudado tanto, mas ainda assim, o tempo não havia me deixado inerte a sua beleza. Seu rosto suave, bronzeado pelo sol. Seus cabelos ruivos, soltos em pequenas ondas pelos ombros queimados. O vestido preto que deixava a mostra sua silhueta. O corpo antes escondido, agora definido, por doses de músculos que se espalhavam num contraste exuberante. E seus olhos... tão pequenos ainda e... tão maduros. Como ela poderia ter mudado tanto assim?

- Anahi, essa é uma péssima hora.

Meu coração havia se esquecido de bater por quanto tempo? Não se sabe. Tudo no qual me lembro, é que meus olhos percorriam desvairadamente sobre os seus. Despindo as mentiras e a saudade que sufocavam no mesmo ritmo exasperado em meu peito.

Eu queria correr e tomá-la nos braços. Correr e sussurrar em seu ouvido que eu havia voltado, que ela iria voltar a ser minha, e que todo resto se explodisse. A única coisa que me importava agora, era ter a minha menina nos braços, a minha menina que agora, era uma mulher.

- Você está me ouvindo? Vamos embora.

Aproximei-me, movida pelos milhares de sentimentos que agora explodiam dentro de mim. Dulce recuou de repente, sumindo no mesmo instante no meio das pessoas.

O mundo desabou então, quebrando em milhares de pedaços sobre minha cabeça. Agora eu já podia enxergar as pessoas, que me olhavam assustadas e confusas. Podia enxergar os rostos conhecidos, como o de Christian, que havia corrido desesperado atrás dela. O rosto de Christopher, tão mais velho e maduro, em estado de pânico. O De poncho, injetado com um sentimento desconhecido e, por fim, o de Estevan, que gritava nervosamente para me tirar do transe.

Aquele era o mundo sem Dulce, o mundo muito mais dolorido e frio.

- Eu sabia que isso não daria certo, vamos, entre no carro, acabe com isso. - Exclamou, segurando meu braço, me impedindo de correr atrás dela.

- Cale a boca, Estevan. - Ordenei, com os nervos ainda estremecidos.

- Não seja ridícula, você não é bem vinda aqui.

Hesitei, remoendo aquela verdade como castigo preciso. Meus olhos ainda buscavam por Dulce quando alguém se aproximou. De repente então, as pessoas voltaram ao seu estado normal, uma música qualquer tocou e, o ambiente aflitivo ganhou ares normais. Uma mudança de climas que me anestesiou.

- Que brincadeira é essa...

A voz era de Christopher e vinha sussurrada num ritmo fraco, carregado de surpresa e raiva. Girei os olhos, o encarando. O homem a minha frente nada parecia com o garoto perturbado e aflitivo, encolhido no chão frio de uma sala de hospital.

Ele tinha os cabelos escuros e curtos. A barba rala e os olhos escuros, transbordando uma dor desconhecida que, imediatamente, me acusaram.

- Não é nenhuma brincadeira.

- Anahi...

- Sim, sou eu Christopher. - Afirmei, encarando seus olhos.  -Eu estou de volta, de volta pra buscar tudo que é meu.