Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Dulce

- Eu tenho que procurá-la. Pablo, você não sabe como isso é serio.

Estremeci, com os olhos pedrados na sala em minha frente. Quanto tempo havia se passado? Quantas noites sem dormir haviam regressado com aqueles olhos? Não, não era um sonho.

Anahi estava de volta. A minha dor havia voltado. Voltado com o mesmo gosto amargo de lágrimas. O mesmo gosto da pancada surda, das palavras mudas, e milhares de tapas dados numa noite fria. A mão que havia despedaçado sem pena, um coração em cura.

- Ela precisa ficar sozinha, Christian, deve estar em choque.

- Você sabia, não é? - Gritei, entrando na sala.

Os rostos se assustaram, levantaram. Perdendo a postura, Christian tentou se aproximar, Pablo impediu. Um gesto de olhos, as palavras sumiram.

- Sabia que aquela maldita havia voltado. Sabia o tempo todo. Por isso estava tão nervoso quando o encontrei. Por isso quis que eu fosse embora.

- D-dul-ce, entenda...

- Dulce por favor, você está nervosa. - Pablo interviu, protegendo o marido. - Escuta o que temos a dizer.

- Não quero escutar nada, vocês mentiram pra mim. Mentiram o tempo inteiro.

- Ninguém mentiu pra você, por Deus. Eu tentei te proteger. - Christian gritava nervoso.

- Dulce, você não está bem...

Fechei os olhos, sendo abatida pelo cansaço de uma noite inteira em claro. Havia fugido feito uma criança de um malfeitor. Me perdido nas sombras das árvores, caído sobre as areias frias.

Era o instinto que gritava mais forte outra vez, o instinto da menina que algum dia amou incondicionalmente uma mentira.

- Vamos, beba.

Sorvi o líquido que alguém me dava, sentada na cadeira. Eu havia perdido a noção dos meus movimentos.

- Ela ainda está em choque, e agora, o que vamos fazer?

- Dulce, preste atenção, você tem que ser forte. Aceitar que se passaram dez anos desde o ocorrido, muita coisa mudou.

Sorri amargamente. Encarando pela primeira vez seus olhos, sem parecer um zumbi em fúria. Eles nunca entenderiam que... na minha vida, não havia se passado um segundo sequer, sem ela.

- Aquela desgraçada me jurou que ia embora.

- Christian, por favor.

- Eu preciso ir. - Levantei, zonza. - Tenho que ir embora. Pra qualquer canto.

- Dulce, isso não vai adiantar. – Disse Pablo, angustiado.

- Pablo está certo. - A voz de Ucker invadiu a sala, como um chicote em meus ouvidos. - Temos um contrato, ela pensou em tudo.