Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Dulce

-É logico que ela te quer, porque droga acha que ela voltou afinal?!

Estremeci, abraçando meus ombros com força. Do outro lado da sala, Christopher gritava todas as verdades que haviam sido evitadas naquela maldita reunião. 

- Os olhos dela, meu Deus... como te olhavam.

- Cala a boca, Ucker! - Gritei, abrindo os braços. - Mais que Droga, eu não quero saber dessa história.

- Então, porque diabos, foi a reunião? Porque não me deixou resolver tudo sozinho?

Hesitei, lembrando do par de azuis queimando meu rosto. Eu precisei ser forte para não cair naquele mar, precisei ser forte para não me afogar nele.

- Já disse que não importa. - Disse, encolhendo os ombros. - Não importa...

- Como nada da sua vida, não é? - Grunhiu, aproximando-se da porta. - Pois bem, me procure quando começar a ser importante.

Fechei os olhos, ouvindo seus passos atravessarem a varanda violentamente. Christopher estava embriagado de raiva, pela primeira vez, ele havia perdido o controle.

Suspirei, lembrando-me que deveria estar com raiva ou algum sentimento igualmente forte. Mas aqueles olhos... não, aqueles olhos não me deixavam sentir mais nada que não fosse medo.

Aquele corpo tão mudado, as expressões do rosto pegas de raspão pelos meus olhos. Aquela mulher, aquela mulher tão madura. Não me deixava sentir mais nada que não fosse saudade.

- Meu Deus, isso só piora. - Christian exclamou, balançando a cabeça negativamente. - Você não deveria ter ido.

Suspirei, apoiando as costas no dorso de madeira da cadeira. Ele me fitava decepcionado, como se pudesse ver todas as expectativas em minha mente. E certamente, podia.

- Eu disse que iria mandá-la embora, Christopher também poderia fazer isso, acabar com esse contrato ridículo sozinho. - Prosseguiu, e agora sua voz era de raiva. - Vocês tem uma ligação agora, tem ideia do que é isso?

- Eu tenho, tá legal?! - Murmurei, inclinando o corpo. - Eu só precisava acabar com isso de uma vez. Precisava acabar com esse pesadelo.

- E de que forma acha que está acabando? - Indagou, nervoso. - Acha mesmo que está fazendo isso?

Hesitei, deslizando as mãos pelo rosto. Eu havia sido forte e agora, lutava contra a vontade de chorar. 

- É como se dez anos fossem jogados nas minhas costas, de repente. - Desabafei, sentindo o esgotamento emocional. - Tenho que suportar, aprender a viver com esse peso. Porque se o deixar cair... ele vai bloquear meu caminho, entende?

Christian assentiu, comovido. A zanga em seus olhos havia sumido.

- Você não deve carregar isso sozinha, minha ruiva. – Disse segurando minhas mãos.

- Sim Christian, eu devo, obrigada. - Agradeci, enxugando os olhos com o dorso do braço. - Só preciso de um abrigo por enquanto, Ucker não tem sido uma boa companhia nas últimas horas.

- Não tiro a razão dele. Já pensou em conversarem?

- Olha, eu só quero deixar as coisas se normalizarem, se isso for possível. - Murmurei, mordendo os lábios. - Respirar por algumas horas sozinha, vai me fazer bem.

Ele assentiu, retirando uma chave de dentro da gaveta e me entregando em seguida. Suas mãos oscilaram sobre as minhas, no mesmo instante em que seus olhos me fitaram, embriagados de medo.

- Dulce. O que você... sentiu?

Estremeci, lembrando-me do esforço em permanecer em pé naquela maldita sala. Do ar dizendo adeus aos meus pulmões, dos olhos fixos em qualquer coisa boba que não fosse os seus, das mãos geladas sobre a mesa, do aperto no peito que não parecia ter fim. De todas as coisas que eu deixei escapar, só por não conseguir me concentrar perto dela.

Eu não tinha como responder. Era loucura demais para que ele entendesse. Suspirei, saindo muda pela sala. A lembrança daquele dia então, veio assombrar minha mente. Suas palavras atingiram como um chicote as minhas costas nuas. Ela nunca me amou. Eu iria me esforçar em odiá-la, mesmo sabendo que meu ódio, seria o próprio amor em desespero.