Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

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- Dulce. - A voz de Christopher veio me receber calma assim que desci do carro, me aquecendo como os raios ensolarados que desciam do céu. Ucker não era como o sol pra mim, eu sabia. Mas era quente, protetor, como o mesmo.

- Eu sabia que voltaria, meu amor. - Abriu os enormes braços, me abraçando cauteloso. Seus lábios estalaram em minha testa, cuidadosos. E selaram meus lábios, lentamente. - Está fedendo a bebidas. - Atestou, erguendo as sobrancelhas.

- Não vai me dizer que é cedo pra isso, não é mesmo? - Indaguei, tateando os bolsos. Christopher balançou a cabeça negativamente e analisou as bolsas roxas ao redor do meu olho, preocupado. - Vamos entrar. - Sugeri, incomodada com a avaliação. - Está um dia quente hoje, só pra variar.

Ele assentiu obediente. Pegando as poucas malas no carro e me seguindo. Entrei na pequena sala e me larguei sobre o sofá. Acendendo um cigarro sem notar que Christopher me analisava, boquiaberto.

- Desde quando você fuma?! - Perguntou, largando as malas no chão. Dei de ombros, cogitando que aquele, seria o primeiro dia. - Mais que diabos está acontecendo Dul?

- Eu preciso de um favor. - Pedi, analisando seus olhos castanhos por cima dos ombros. Ele repuxou os lábios, relaxando os ombros. - Quero que cuide dos negócios por hoje. - Sim, eu esgotei minhas forças. - E me deixe um pouco sozinha.

- Você... não me parece bem. - Avaliou, se aproximando. Suas mãos geladas chocaram-se contra minha testa quente. Afastando-se em seguida. Hesitantes. - Meu Deus, está ardendo de febre. Onde está Christian?

Christian, pobre Christian. Metido por azar num jogo de confusões. Já teria percebido que eu havia ido embora de sua casa, afinal? - Não devia ter te deixado sair assim, vou chamar o Poncho.

- Não seja idiota, ele não é medico. - Grunhi, levantando em seguida. Ucker me acompanhou com os olhos, dando passagem com o corpo. Eu estava fazendo de novo, sabia. Estava descontando em Ucker toda raiva que sentia de mim. Mas alguém tinha que pagar por esse preço, era injusto, mas ele havia escolhido assim.- É só uma febre idiota, só... faça o que eu pedi, por favor.

- Dulce. - Chamou. Subi nas escadas, revirando a cabeça para olhá-lo. - Eu sofro em te ver assim, gostaria de... apagar seu passado.

- Eu acredito que sim.

- Vai ficar Bem?

- Não.

- Porque?

- Porque esse foi o  preço, Cassilas.

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Abri os olhos, pela segunda vez naquela manhã. Os raios de sol não me incomodaram, na verdade, eles nem estavam mais presentes. No seu lugar, havia um par de olhos castanhos, fixos em mim. No que parecia ser uma avaliação cuidadosa. Preocupante.

- Poncho. - Murmurei, esfregando o rosto. Ele suspirou, armando a cara que provavelmente, ele havia planejado armar. - Pedi pra ficar sozinha, Ucker... - Grunhi, encarando seus olhos. Poncho arqueou uma sobrancelha, encostando as costas na cadeira.

- Está brincando?! Seu marido está se acabando de preocupação. - Explicou, mordendo os lábios. Seus olhos se voltaram para um objeto que havia em suas mãos. Mais precisamente, uma caixa de remédios.

- Sabe, ele está indeciso entre ficar com raiva ou apenas cuidar de você. Como se o fato de estar assim não fosse... bem, um pouco constrangedor pra ele.

- Também sente raiva?! - Perguntei, realmente interessada. Expor a minha fragilidade tinha sido como um golpe pra eles. Como se soubessem que a qualquer momento, eu poderia acabar com todo o esforço que fizeram pra me repor em pé.

- Não. – Respondeu, repuxando os lábios. Sentei na cama, esperando com atenção o que tinha para me falar. - Dulce... não foi fácil te ajudar a ficar bem de novo. Quero dizer... - Pigarreou, tornando a olhar sem jeito para as caixas de remédios. - Você pelo menos fingia que estava bem e era um bom começo. - Sorriu entristecido, desviando os olhos para os meus. - Mas bastou que ela voltasse e... sabe, acho que trouxe o que havia levado.

- O que... o que está falando?! - Abracei os joelhos, mordendo os lábios. Poncho não parecia mais com aquele cara rude que havia ficado contra o amor complicado da irmã. Ele estava calmo e, por baixo daquela barba rasa. Havia um sorriso sincero. Era quase como... um sorriso de compaixão.

- Dulce. Eu não acreditava que isso fosse possível... você se apaixonar de verdade por uma... bom, uma mulher. - Se ajeitou sem jeito na cadeira, apoiando os cotovelos sobre os joelhos.

- E sabe, enquanto te via dormir agora. Simplesmente... não sei o que senti diante... do sofrimento em que sua voz chamou por ela. - Gelei, arregalando os olhos. Malditos sonhos. Malditos.

- Não se preocupe. Pelo menos bastou para que eu entendesse. Na verdade, já tinha pensado sobre isso.

- Mais que diabos está falando?! – Perguntei aproximando o rosto sem perceber. Meu coração oscilava tão rápido que eu duvidava que ele realmente existisse. Poncho dizia palavras sem nexo, mas que no fundo, fazia algum sentido pra mim. Talvez ele dissesse o que eu esperava ouvir, diferente dos outros. Ele era como... uma luz. Uma luz no fim do túnel.

- Quero dizer que já basta. Quero a minha irmã feliz de novo. Quero a minha pequena Dulce... tão rude, tão marrenta, tão viva. - Falava rápido, se atrapalhando nas palavras. Deixando que um turbilhão de sensações repentinas tomassem seus olhos castanhos esverdeados.

- Eu realmente achei que fosse possível viver normalmente, mas agora... é como se ela te trouxesse de novo. Como se em todos esses anos... você estivesse com ela. -Suspirou, esfregando rapidamente o rosto.

– Dulce, ela está de volta. E não me importa se ficarem ou não juntas. Você tem que resgatar sua metade. Tem que pegar de volta a parte de si que ela roubou.

- Poncho... - Sussurrei, sem palavras. Sim, era aquilo que eu esperava ouvir. Era aquilo que deveria ser feito. Alguém finalmente havia me dito para enfrentar meus sentimentos, cara a cara. Resolver aquela história, de uma vez. Aquela história sem pontos, nem vírgulas. Apenas reticências. - E-u acho...

- Eu não sei que diabos houve pra você estar assim. Mas eu realmente acho que tem haver com ela, então... te peço para não perder tempo. - Sugeriu, ao se levantar. A mão apertando com força a caixinha de remédios. Seu olhos paralisados em mim.

- Dulce... isso não está sendo difícil só pra você... sabe, nós sofremos muito quando você morreu. Pelo menos, pareceu ter morrido.

Estreitei os olhos. Tentando resgatar as lembranças daquele dia, na verdade, elas estavam tão mortas como eu. Afundei o rosto nos joelhos, deixando que um machado partisse meu corpo no meio.

Poncho se aproximou da porta, eu precisava dizer para ele. Precisava lembrá-lo. Precisava dividir aquela maldita verdade, de algum jeito.

- Poncho. - Chamei, sem erguer a cabeça. Ele pareceu parar. Meu coração ardeu. - Ela... não me quer... lembra?! - Sorri enfraquecida, deixando que uma brecha entre minhas pernas capitassem seu rosto. Rígido e sombrio.

- Ela seria uma idiota em voltar a toa. - Murmurou, abrindo a porta. Prensei os lábios, arregalando os olhos. Aquela resposta... por Deus, será que... - Boa sorte, minha pequena Maria.

Apertei os joelhos assim que ele saiu, deixando que as lágrimas saíssem sem pressa dos meus olhos. Eu te amo. Ela havia dito. E eu definitivamente, gostaria com todas as forças de ter acreditado.