Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

- Sem companhia para o filme? - Revirei os olhos, me encolhendo embaixo do cobertor. Tinha perdido a conta de quantas vezes Estevan aparecera de soslaio pela porta, com um sorriso animador e os olhos preocupantes.

- Onde está a francesinha? - Indagou, parando frente ao sofá. Seus olhos girando em meio a sala, iluminados apenas pela luz fraca da tv. - O que fez com ela?!

- Não seja idiota. - Grunhi, suspirando em seguida. Meu pulmão pareceu reclamar. Não havia mais ar para soltar ali. - A ideia de trazê-la foi sua. Não me pergunte nada. - Estevan gargalhou, caindo ao meu lado.

- Não perdeu o senso, que bom. - Exclamou, mexendo no controle remoto. - Vamos ver o que está passando. - Mordi os lábios, deixando que meus olhos vagassem pelas cenas rápidas. Desinteressados.

Estevan sorria, comentando um ou outro programa com entusiasmo. Eu apenas assentia, sem realmente dar importância.

- Acho que sou um péssimo passa tempo.

- Desculpe. - Murmurei, deixando o cobertor de lado. Seus olhos pousaram nos meus, inquietos. - Eu sei que temos que conversar, e que está sem coragem para fazer isso. -Deduzi, vendo que agora ele sorria.

- Não fica fácil quando não sei o que se passa. - Suspirou, encostando as costas no sofá. Tornei a morder os lábios, eu sabia bem qual era o assunto. - É como se... eu fosse te machucar. - Desviou os olhos, cerrando os cílios numa expressão de repente, triste. - Desde quando voltou daquela reunião sinto que as coisas pioraram.

- Você realmente é um ótimo sensitivo. - Brinquei, sem graça nenhuma. Meus dedos se entrelaçaram, buscando apoio. Não seria fácil descrever o que havia sentido.

- Está certo, pioraram. Na verdade... elas só pioram. - Atestei, sentindo meu coração latejar. Aquelas palavras rondando minha cabeça, como a pior das lembranças. – Estevan, apenas precisa saber que... - Suspirei, maldita dor. - Dulce nutre um ódio mortal por mim.

- D-dulce? - Gaguejou, seus olhos vasculhando as manchas roxas em minha pele, desesperados. - Santo Deus, Anahi. O que ela fez com você?

- Não fez nada, eu que fiz. Abandonei ela... - Aleguei, esfregando as mãos frias. Estevan pareceu relaxar, assumindo um ar de pena agora. - Não me olhe assim, eu que fui burra demais. - Sorri sem jeito, reunindo todas as forças para parecer sã. - Achei que seria fácil afinal, não é mesmo?!

Ele não respondeu. Apenas me puxou sem jeito. Aninhando-me protetoramente em seus braços. Não me afastei, não reagi. Na verdade, eu queria desesperadamente aquele contato.

Queria desesperadamente alguém que me abraçasse sem que eu pedisse. Queria uma migalha de carinho que fosse, qualquer ponto de luz que aquecesse meu coração... negro e frio.

- Amanhã... - Sussurrou e, eu entendi perfeitamente o que quis dizer. – Any... como deve ser?!

- Eu não posso ir. - Murmurei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. - Preciso de um tempo, pode me ajudar?!

- Eu sempre vou te ajudar, pequena. - Retrucou, seus braços de repente me apertando com mais força. Eu me sentia protegida ali, era um abraço...quase paternal. - Se você quiser desistir.

- Eu não vou fazer isso.

- Não imaginei que fosse.

Fechei os olhos, deixando que a minha cabeça relaxasse naquele peito quente. Suas mãos se alinharam em meus cabelos, carinhosas. Como um pai acalmando um filho.

Estranhamente, era aquilo que ele representava pra mim. Um pai.

Não seja idiota, Anahi, ele é homem. Pensei, erguendo os olhos para olhá-lo. Seu semblante estava calmo, mesmo com a nossa proximidade fora dos costumes. Ele parecia realmente... feliz. Feliz por estar apenas assim comigo. Aquilo me relaxou, não havia mais forças para constranger meu ego estúpido, afinal.

- Bonne nuit. - A voz de Louise pareceu cortar meus pensamentos, doce. Sorri ao mesmo tempo em que Estevan pulava do sofá, constrangido. - Não consigo dormir sem você, ma chére.

- Imagino que se manteve acordada quando estive fora, não é mesmo? - Retruquei, observando que Estevan agora fitava o chão. Com uma ardência desconhecida em seu rosto vermelho.

- Mais que diabos. - Ergui os olhos, encontrando a figura de Louise parada ante a porta do quarto. Seu corpo coberto apenas por uma calcinha e um blusão antigo, caindo sobre os ombros, extremamente sexy. Gargalhei, entendendo porque Estevan estava daquele jeito.

- Você deveria provar, é um delicia. - Murmurei, vendo seus olhos arregalarem-se quase ao mesmo tempo em que sua boca. Tornei a gargalhar, Louise pareceu bufar alguma coisa, sem entender minha risada. E entrou no quarto. Cantarolando qualquer coisa. Do seu jeito viajante de sempre. - Vamos, mude essa cara. Está mais vermelho que uma pimenta.

- A-nahi eu... você não... ela... - Gaguejava, passando as mãos no rosto. Tentando se recompor. - Você não deveria, Anahi. - Grunhiu, entre dentes, buscando fôlego.

Tornei a rir, mas me detive. Depois de tantas lágrimas, era quase como uma ironia estar sorrindo daquele jeito.

- Ela... não deveria.... andar, é... assim. - Exclamou desconcertado, pondo as mãos no bolso. Seu rosto de repente tentando parecer sério. - Vocês... bom, ela estava no seu quarto. -Observou, tentando não dar importância.

- Eu não sei. - Dei de ombros. Coçando sem paciência a nuca. - Não é fácil driblar as vontades de Louise, ainda assim... - Suspirei, sorrindo mentalmente da própria ironia. - Mesmo que eu não estivesse destruída, ela é como... uma irmã pra mim.

- Uma irmã? - Indagou, relaxando de repente os ombros. Seus olhos verdes entregando o interesse. - Ah, sim claro... uma irmã. - Sorriu, andando com pressa até a porta. Escorreguei no sofá, deixando que minhas costas se aquecessem ali. – Any, o que você acharia de ter... bom, um irmão de verdade?

- Eu... não sei. – Falei surpresa com a pergunta. - Na verdade, não tenho nenhuma ideia de como seria. - Mordi os lábios, erguendo o rosto para olhar o seu, sério e tenso. - Que pergunta é essa?!

- Ham... nada. Eu só... achei que seria uma boa, sabe. Você ter alguém pra dividir isso. - Exclamou, apertando os dedos, parecendo... nervoso. - Você não acha?

- Talvez, mas seria impossível. - Retruquei, apoiando o queixo no braço do sofá. - Meu pai não amaria outra mulher...

- Ele não precisaria amá-la. - Murmurou, se arrependendo em seguida. - Bom, é bobeira desculpa. Boa noite.

Assenti, vendo seus passos sumirem apressados pela porta. Suspirei, desligando a tv em seguida. Alguma coisa dentro de mim tentou argumentar sobre aquele episódio estranho, mas em meio a todas aquelas vozes desesperadas, gritando por Dulce, ficava difícil ouvi-la.

Caminhei até o quarto, desistindo da hipótese de adormecer sobre o sofá. Afinal, Louise estaria ali. Sobre minha cama, oferecendo um segundo de paz para os meus conflitos. Exatamente da forma como a encontrei. Sorri, deitando ao seu lado. Meus olhos vagavam no teto, quando seu corpo se debruçou sobre o meu, em um movimento rápido. Suas coxas desnudas sobre as minhas, seus seios pequenos prensando os meus, os olhos verdes pequenos de sono me encarando, felizes.

- Louise... eu não quero. - Sussurrei, amaldiçoando os deuses por não conseguir desejar nada, a não ser que fosse Dulce ali.

- Eu também não, sua boba. - Retrucou, deitando a cabeça em meu peito. - Posso dormir abraçada com você, ma chère?!

Suspirei, deslizando carinhosamente as unhas no dorso do seu braço. Se meu coração não tivesse sido arrancado...

- Você não precisa.

- Mas você precisa, ma chère, vous avez besoin. Vous avez besoin...