Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Dulce

- Titia. - A voz da pequena Julia veio acompanhada do barulho matreiro de seus pés corredores. Sorri, abaixando para receber um abraço do minúsculo corpo que se encaixou desajeitado no meu.

Alguns passos atrás, Poncho se aproximava. Mãos nos bolsos, olhos estreitos. Perfeitamente idênticos ao da filha.

- Vamo bincar?!

- Claro que sim meu amor. - Beijei sua testa, segurando sua mão. - Mas agora não dá. A titia veio só para uma visita, está bem? - Ela sorriu, sumindo em seguida sem dar importância.

Poncho acompanhou a filha com os olhos, gritando alguma coisa parecida com cuidado e se aproximou, me observando erguer o corpo.

- Ela esta cada vez mais parecida com você. - Atestei, mordendo os lábios.

- É, eu realmente sinto por isso. - Brincou, coçando o queixo em seguida. Sorri, sentando no pequeno banco de madeira posto no jardim. Ele me observou em silêncio, repetindo o ato sem demoras.

- Está melhor? - Indagou, ao mesmo tempo em que sua mão tocava a minha. Assenti, revirando os olhos. Ele apenas sorriu. - É que não costuma nos visitar. - Comentou, franzindo o cenho.

- Sou uma péssima irmã, não é mesmo? - Retruquei, encarando seu rosto. Poncho devolveu o olhar, me recriminando. - Ora, não minta. Não tenho feito um bom papel ultimamente. -Sorri, olhando para o chão. Os raios solares ofuscando nele. - Na verdade, sinto que estive de olhos fechados por todo esse tempo.

- Dulce, não veio aqui pra me dizer isso. - Concluiu, cruzando os pés. Ergui os olhos, encontrando os seus fitados em mim. - Vamos, seja direta.

- Você não é mole. - Ri, suspirando em seguida. Do outro lado Julia parecia falar sozinha, distraindo minha atenção. - Também tinha essa mania, lembra? - Poncho girou os olhos observando a filha e riu, com os olhos castanhos voltando-se a mim. Sérios. - Está bem, eu... estou indo para a reunião. - Sussurrei, sem coragem de encará-lo.

- Então, qual é o problema? – Indagou confuso.

- É sobre... aquilo que me disse mais cedo. - Suspirei, encolhendo os ombros. - Poncho, porque me disse todas aquelas coisas? - Perguntei, estreitando os olhos ao encará-lo. Ele pareceu pensar, mas não hesitou, apenas sorriu. Como sempre.

- Veja, olha o que a vida me deu. - Exclamou, apontando Julia com os olhos. A pequena agora corria em círculos. - Eu tenho uma filha e... com uma mulher que quase nunca para em casa. -Murmurou, a voz oscilando entre a decepção e alegria. - Não foi eu que escolhi isso, Dulce, não fui eu quem pediu pra largar todos os negócios e viver cuidando de uma criança, dependendo da própria mulher. - Mordeu os lábios, hesitando por alguns segundos. Seus olhos me focaram, felizes demais para não soar estranho. - Mas sabe, eu não poderia ser mais feliz do que isso.

- Poncho. - Chamei, apertando sua mão. Nossos olhos sorrindo em conjunto. - Você é mesmo um cara de sorte.

- E você, uma mulher de sorte. - Retrucou. Franzi o cenho confusa. - Nós encontramos o amor das nossas vidas, Dulce. E não importa as circunstâncias, nem os motivos. Nós não escolhemos, não foi nossa culpa. Mas podemos agarrar essa chance, ou viver pensando apenas em como seria.

- Não... não diz isso. - Levantei. Com o peito tornando a arder. Poncho segurou meu braço, me encarando confuso. - Poncho, que droga. - Suspirei, evitando chorar. - A sua história não foi difícil sabe, vocês não tiveram barreiras e, bom... - Mordi os lábios, sentindo a dor daquelas palavras. - Ela quis você...

- Tudo bem, não posso comparar. – Retrucou levantando. Sua mão ainda no meu braço. - Mas se não for pra ficar com ela do modo como quer, pelo menos pare de sofrer. Esqueça de uma vez tudo que ela te causou. Misturar a dor com o amor que ainda sente definitivamente, não está te fazendo bem.

- Eu... sei, eu a... - Odeio certo? Não, não está certo. - Não sei... - Prensei os olhos, hesitando por alguns instantes antes de olhá-lo. - Não devia me dizer estas coisas... sabe, eu deveria simplesmente ignorá-la.

- Bom, você que sabe. Já fiz minha parte. - Soltou minha mão, chamando Julia. A pequena correu e se aninhou em seu pé. Provocando sua gargalhada. - Que energia garota.

- Obrigada Poncho. - Agradeci, chamando sua atenção. - Por tudo...

- Nada, só preciso que pare de lutar contra você mesma.

- E o que eu faço?

- O que tem que ser feito.

- Esse é o problema, eu não sei o que é.