Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

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- Essas são todas as analises dos últimos dias.

Suspirei, analisando discretamente o relógio em meu pulso. Na minha frente, Estevan analisava uma pilha de papéis, concentrado. Anahi não viera na reunião, ele não havia explicado o por que e, eu não havia perguntado.

Não sabia bem o que sentir por isso, uma parte de mim estava extremamente perturbada e culpada e a outra, relutava em ignorar isso.

Ela mereceu, jogou sujo com você. Gritava a mim mesmo tentando controlar a vontade de correr e procurá-la.

Se eu tivesse pelo menos o endereço...

- Vamos remarcar isso para outro dia. - A voz de Estevan tornou a me despertar, ávida. Encarei seus olhos, me ajeitando na cadeira. - Você não me parece bem.

- Eu só... não tive um bom dia. - Retruquei, e se ele soubesse? - Sim, vamos deixar para outro dia.

- Tudo bem, é uma pena. - Sorriu, colocando os papéis de volta a pasta. Encarei seus olhos, eles precisavam me dizer algo, qualquer coisa.

- Algum problema?  - Indagou, me encarando por fim. Seus verdes silenciosos. - Dulce...

- Porque droga eu tenho que parecer a madura? - Gritei, levantando. Estevan ergueu os olhos assustados. - É mesmo tão fácil fingir que nada aconteceu?

- Eu não sei do que está falando.

- É claro que não sabe. - Revirei os olhos, caindo em si. Estava sendo ridiculamente infantil. - Me desculpe... é um problema com Ucker. - Menti, ignorando seu semblante. - Não estou mesmo com cabeça.

- Está bem, já percebi. - Levantou, retirando alguma coisa do bolso. - Bom, posso fazer uma coisa por você. - Me estendeu um papel, sorridente. - Tome, vai saber o que fazer com isso. –

Relutei, pegando em seguida, confusa. Seus olhos... eles finalmente me diziam algo, uma infinidade inteira de coisas. Deus... era tão parecidos com os dela, apesar de serem esverdeados.

- Até mais, espero que melhore.

Assenti, vendo seus passos caminharem além da porta. Meus olhos relutaram em cair sobre as pequenas letras. E quando o fez, pareceram pesar dois quilos. Era um endereço e... provavemente, o dela.

Agora eu não tinha mais motivos.

Estacionei o carro frente ao prédio cinza, escondido entre uma infinidade de árvores. Um lugar calmo e simples. Totalmente o contrário da poderosa Anahi. Suspirei, analisando o volante pela décima vez.

Meus pés oscilaram, quiseram dar partida, mas desistiram. Eles haviam feito esse jogo o caminho inteiro. Dando-me a sensação de ter rodado por aquela cidade, mais do que o necessário. - Mais que diabos, não deveria estar aqui. - Mordi os lábios, me repreendendo. Eu havia sido a responsável por isso. Talvez... ela pudesse estar machucada. - Meu deus, eu a machuquei. - Sussurrei, encostando a cabeça no banco. O coração esmagado. - Eu a machuquei...

- Dulce.

Uma voz frágil pareceu sacudir meu corpo. Virei o rosto, encontrando seus olhos. Sim, Anahi estava ali. Parada na porta, abraçando os ombros. Uma expressão assustada.

Tornei a ligar o carro, decidindo finalmente por fugir. Mas foi seu pequeno corpo que se lançou sobre minha frente, me forçando a fazer uma freada brusca.

- Que droga, você quer se matar?! - Gritei, socando o volante. Ela pareceu não me ouvir. Pairou os olhos sobre os meus, me afundando naqueles azuis conhecidos. Um silêncio irritante traspondo o vidro do carro e, de repente, era só o som da noite, com a furiosa batida do meu coração. - Não faz isso Anahi...

- Você... Dulce. - Seus lábios sussurraram ao mesmo tempo, em que sua cabeça apareceu na janela. Os olhos calmos, irradiando sentimentos confusos. - Está perdida?! - Brincou, deixando que um tom magoado se espalhasse em seu sorriso. Depois de tudo... como ela podia? Suspirei, aquela era a velha Anahi.

- Eu... vim resolver uma coisa. - Murmurei com dificuldade, apertando os dedos no volante. -Claro que você ter se jogado na frente do meu carro não me ajudou muito. – Grunhi, observando assustada ela abrir a porta. Seu corpo se acomodando no banco ao meu lado, sem convite. - Mas o-que...

- Estou te ajudando a resolver a tal coisa. - Retrucou, abrindo um sorriso sapeca. Suspirei, analisando as manchas rochas em seu braço. Arregalei os olhos, o peso da culpa esmagando meu peito. - O que foi??

- É... que-q-e... - Gaguejei, esfregando o rosto com as palmas das mão. Seus olhos roubando meu fôlego. - Você não deveria estar sorrindo assim, eu te machuquei, caramba. Vamos Anahi, você tem... você tem... que me odiar.

- Eu nunca vou te odiar, Dulce. - Murmurou, mordendo os lábios. Encolhi os ombros, encarando o par de azuis. Eles eram silenciosos, como o mar levando uma pequena maré.

- Eu... também machuquei você. - Sibilou, a noite de repente ficando fria. - Mereço que me odei, que me queira longe. - Suspirou, pisquei os olhos, sem reação. - Bom, se veio pra saber como estou. Não se preocupe, não tem culpa de nada. - Sorriu e, eu tive que controlar a vontade de agarrá-la.

- Any... - As palavras de Poncho acusaram na minha memória. Eu deveria enfrentar, vamos, seja forte. - Eu me excedi. - Sussurrei, apertando os dedos em minha coxa. - É só que... eu... eu queria saber. - Mordi os lábios, sentindo uma lágrima surgir em meus olhos. - Porque... você... se foi?

Ela suspirou, girando de repente o rosto, inquieta. Tentei analisar seu semblante, mas ele não me dizia nada. Era o maldito silêncio outra vez. O maldito silêncio covarde.

- Está vendo? Você não me responde. Você não fala droga nenhuma. - Gritei, soltando as lágrimas. Seu corpo de repente virou-se para mim, suas mãos prendendo meu rosto. O contato ardendo em minha pele. - Não... faz isso.

- Me escuta. - Pediu, os olhos vermelhos, desesperados. - Eu sei que não sou digna da sua confiança, que te larguei sobre a merda de um leito e fui embora... - Murmurava, a voz falhando, lágrimas rolando pelo rosto. - Mas pelo amor de Deus, me dá uma chance. Só... confia em mim. - Suspirou, buscando controle. Pisquei os olhos, mergulhando naqueles azuis atônitos. - Eu vou... te explicar tudo, mas não agora. Dulce... eu realmente tenho uma explicação, mas não posso. Não agora.

Mordi os lábios, deixando que nossas respirações se confundissem. Que seu cheiro me embriagasse. Uma luz de esperança se acendeu em meu peito. Talvez, ela estivesse falando a verdade.

Aqueles olhos tão pequenos e chorosos. Aquela boca tão fina, banhada de lágrimas. Ela não poderia estar mentindo. Foda-se o controle. Avancei em seus lábios, desesperada.

Nossas línguas se tocaram, estremecidas. Iniciando um beijo confuso e delicado. Minhas mãos puxaram sua cintura, trazendo seu corpo para mim. Nossos peitos mal pareciam conter as batidas dos nossos corações. Deus... eu poderia morrer ouvindo elas.

- Dulce... - Sussurrou, selando sem fôlego, meus lábios. Nossas testas suadas juntas, os olhos se cruzando. Embriagados. - Eu te amo. - Estremeci. Aquelas palavras juntas de novo.

- Eu-eu... - Gaguejei, fechando os olhos. Não ia conseguir. - Não consigo...

Ela se afastou, esboçando um sorriso fraco. Os olhos magoados, chorosos. Oscilando nos meus. Eu deveria tentar, eu poderia... mas a dor daqueles dias se acumulavam febris em meu peito e, Anahi pareceu perceber isso.

Antes mesmo que eu tentasse, seus pés corriam fora do carro. A imagem confusa sumindo dentro da imensa porta de vidro. Deixando-me ali, sozinha. Com a certeza de que nosso amor existia e, com a esperança de que ele fosse forte o suficiente para superar suas explicações.