Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Anahi

- Meu Deus Any, o que houve? - Estevan perguntou, erguendo-se do sofá. Louise apenas virou a cabeça, me encarando. - Está passando bem?

- Estev-na, e-u eu... - Gaguejei, enxugando as lágrimas com o dorso do braço. Ele se aproximou, tocando meu rosto. Seus olhos atenciosos sobre mim. - Eu preciso agir rápido. -Murmurei, fraco o suficiente para que Louise não ouvisse.

- Do... que está falando? - Retrucou, no mesmo tom baixo que eu.

- Sobre... Lana. Nós temos que acabar com isso. - Mordi os lábios, sentindo minhas pernas fraquejarem. - E-u... - Apertei os dedos, ainda com o gosto dos lábios de Dulce nos meus. - Não aguento mais. - Desabei, sendo acolhida por seus braços. Louise agora pareceu se aproximar. Com os olhos preocupados sobre mim.

- Calma, me conte o que houve. - Estevan pediu, com a voz falhando.

- Ma chère, o que houve? Porque está chorando?

- Não é nada. - Retruquei, me afastando. Não queria que ela fizesse parte daquilo. - Só preciso descansar. - Estevan segurou meu braço, me impedindo de sair. - Nós, podemos conversar outra hora. - Ele assentiu, me observando fugir para o quarto em seguida, trocando palavras com a francesa.

Bati a porta e me afundei sobre a cama. Meu rosto dividido entre um sorriso e as gotas de lágrimas. Meu coração partido e ainda assim, feliz. Eu havia tido a certeza que ela me amava, mas não havia ouvido isso dela. Como antes...

Os dias se passaram sem esforço, na correria costumeira do tempo. Já fazia algumas semanas e, os encontros com Lana ficavam cada dia, mais intensos. Porém, eu sentia que a faca já havia penetrado o bastante para ser arrancada. Exatamente da forma, ou ainda mais perfeito, do que a que fizera comigo.

Louise e Estevan acompanhavam calados as minhas saídas. Ele não tocara mais no assunto desde o episódio com Dulce, mas ainda assim, sabia o que se passava. Era uma de suas qualidades, me entender entre linhas e, a francesa parecia fazer o mesmo. Com seus olhos sempre atentos em mim, suas mãos sobre o meu corpo no meio da madrugada ou, o sorriso que despontava em seu rosto quando me assustava ao vê-la pela manhã, acordada ao meu lado.

Ela estava apenas cuidando de mim, como Estevan previra. E eu não sei se suportaria sem seus cuidados. Havia me afastado de Dulce de um jeito brusco. Fugindo de todas as reuniões e, me escondendo atrás da janela quando ela parava o carro na rua.

Seu rosto buscando o meu, numa tristeza que parecia destroçar os restos do que fora um dia meu coração. Eu estava a fazendo mal, mas se toda a verdade viesse a tona. Eu realmente a machucaria.

Aquilo era um problema meu. Portanto, eu resolveria. Iria protegê-la.

E finalmente, havia chegado o dia.

- Tem certeza?! - Estevan indagou assustado assim que me vira sair pela porta do quarto, seus olhos pairando em mim, meu vestido preto, justo. Rodando sobre a maquiagem pesada e descendo buscando o salto alto que sustentava meu pé. Não era um visual discreto, afinal, essa não era a minha intenção.

- Me ligaram... você sabe, são meus amigos. - Suspirou, se aproximando. - Precisa de mim?

- Não. - Retruquei com os olhos girando pela sala. - Eu tenho que dar fim a isso, sozinha. - Murmurei, fria. – E Louise?!

- Sugeri que desse uma saída. Imaginei que não precisaria dela. – Sorriu, me olhando meio amedrontado. – Você... está exatamente da forma na qual a encontrei .- Mordeu os lábios, erguendo uma das sobrancelhas, eu apenas o observava. - Espero que esse ódio se dissipe algum dia, seus olhos parecem queimar. - Notou, dando um passo em falso para trás.

- Não espere por mim hoje, não sei exatamente o que posso fazer. - Grunhi, caminhando até a porta com a postura mantida. Estevan andava um pouco atrás, se adiantando ao abrir a porta, os olhos presos em mim. - Uma última palavra?!

- Por mais estranho que possa soar, esse é o caminho final. - Cerrou os lábios, estendendo a mão para o corredor. Os olhos realmente emocionados. - Mas depois do fim, vem um novo começo. - Sorriu, soltando um último suspiro. - Bom recomeço... Anahi.

Aquilo não era como uma vingança comum, tão pouco parecia com as dos meus sonhos. Sim, eu havia sonhado com aquilo. E todas as vezes, bebi o maldito fel da vingança.

Mas agora, enquanto caminhava pelo imenso jardim esquecido, era como se ele simplesmente não existisse. Que se danasse quem havia me feito mal ou, o que poderia acontecer por isso. Eu só queria poder correr para os braços de Dulce e finalmente esclarecer tudo.

Só queria aninhar minha pequena nos braços e dormir, como se dez anos não houvessem se passado.

Suspirei, rebolando uma mecha de cabelo para trás. Eu estava fazendo aquilo por ela.

Toquei a campainha, girando os olhos pelos carros parados ao longe. Dentro deles, minha vingança observava. Esperando o próximo sinal.

Eu iria fazer minha própria justiça e depois, jogá-la na justiça dos homens.

- Você veio. - Lana grunhiu assim que me viu, se lançando em meu corpo num abraço nojento. Não devolvi, apenas adentrei na sala assim que ela me largou, me analisou agora com seus olhos paralisados. - Uau, está linda.

- Obrigada. - Agradeci, friamente. Deixando que um sorriso destilasse em meus lábios, feito uma gilete. - Está feliz hoje, querida?!

- Mais feliz impossível. - Sorriu, abrindo os braços. Não pude reparar que também havia se produzido. - Você vai morar comigo, afinal de contas. - Atestou, me fazendo rir com minha própria mentira.

- Que bom, você realmente deveria estar feliz, querida. - Retruquei, me aproximando. Lana apenas arqueou uma sobrancelha. - É o nosso dia, afinal, é tudo que sempre quis, não é mesmo?

- Depois dos seus negócios, sim. - Brincou, meus olhos oscilaram. Comidos de raiva. - Any, você está bem?!

- Você não imagina o quanto. - Grunhi, tomando seus lábios violentamente. Ela me abraçou, tentando se afastar em seguida. - O que foi querida, não está gostando?

- Any... o que... está acontecendo. - Murmurou entre outro beijo, sacudindo o corpo. - Está me machucando.

Abracei sua cintura, lançando seu corpo no chão. Ela arqueou, se debatendo de dor. Sorri, vendo que o tempo havia virado o jogo. Agora ela era a frágil da situação. Agachei em sua frente, observando seus olhos abrirem e fecharem enquanto sua mão prensava a barriga, dolorida.