Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Um resquício de pena invadiu meu peito e, eu apenas fiquei feliz em saber que ainda possuía algum resquício de humanidade. Toquei seus cabelos levemente, num carinho frio que pareceu cortar minha pele. Ela suspirou e abriu a boca, com dificuldade.

- O que está fazendo?

A imagem de Dulce sobre o leito. Eu iria devolver todos os ferimentos que ela havia causado.

- Estou dando o que você merece, querida, ainda está feliz? - Gargalhei, sentando no chão. Lana levantou e tentou correr, mas fui mais rápida e agarrei seu corpo, lançando-o em seguida sobre a mesa de vidro. - Não vai a lugar algum.

Ela grunhiu, rolando pela mesa até encontrar o chão. Sentei sobre seu corpo, arrancando sua roupa violentamente.

- Por todas as vezes que tocou em mim. - Prensei seus seios, encaixando sua boca na minha. Lana se debatia em vão, enquanto eu a beijava com toda a força e nojo acumulado pelos anos.

O ódio me corroía, tão ou mais, violentamente do qual eu havia pensado. Só consegui parar de agredi-la quando seu sangue invadiu minha boca, num gosto amargo, vencido. Seus olhos choravam desesperados, me observando levantar rapidamente. Eu precisava dela viva.

- Como você é idiota. Acreditou nas minhas mentiras. Como se sente, sua imbecil? - Ri, limpando a boca com o dorso do braço. - Você realmente achou que eu ia querer alguma coisa com você?

Lana tentou se erguer novamente. Revirei os olhos, puxando seus cabelos. Arrastando-a até um espelho onde minha imagem pareceu refletir muito mais doentia. Apertei seu rosto, deixando o sangue em sua boca aumentasse. Eu poderia realmente matá-la.

- Olhe para você. É uma velha estúpida. - Gritei, analisando seu corpo nu pelo espelho. - Como pode ter achado que agradaria uma mulher do meu nível? - Larguei seu cabelo, deixando que seu corpo caísse no chão.

- Você me dá nojo, sempre me deu. Mas nunca percebeu isso não é mesmo? Só ligava pro seu maldito prazer em arruinar os outros. - Gargalhei, febrilmente. - Veja só, agora é você quem está arruinada. Como está se sentindo?

Ela fechou os olhos, cobrindo o corpo com as mãos. As lágrimas se misturando ao sangue. 

Era deprimente vê-la.

- Foi exatamente dessa forma que me deixou. – Gritei, chutando seu corpo. - No chão, coberta de sangue e lágrimas.

- Senhora Anahi. - Uma voz grossa surgiu do outro lado, cautelosa. - Nós estamos prontos.

Lana tentou se erguer, esperançosa. Gargalhei, empurrando seus ombros. Aquilo não havia acabado.

- Exatamente, você não ouviu mal. É a voz do seu querido advogado. - Abri os braços, apertando seu rosto em seguida. - Eu o comprei, você esteve nas minhas mãos o tempo todo. Eu te roubei tudo Lana. - Sussurrei, encostando os lábios em seu ouvido. - Devo dizer, recuperei, não é mesmo?!

Ela grunhiu, se livrando facilmente do meu corpo. Suspirei, deixando que ela corresse sem querer pros braços da polícia. Levantei, analisando seu corpo cair no chão novamente. Coberto agora de vergonha.

- Você vai ser presa, vai pagar por tudo. – Exclamei, me aproximando. Seus olhos me pedindo piedade. - Podem levá-la.

Os homens se aproximaram, erguendo Lana do chão. Ela não gritou, não se debateu. Devia estar aliviada em fugir de mim.

- Esperem. - Pedi. Eles pararam. O rosto de Lana em desespero conforme eu me aproximava.

- Me desculpa... me... desculpa. - Pediu e, eu gargalhei.

- Peça isso para Deus. Querida. - Cuspi em seu rosto, encarando seus olhos, pela última vez. -Devia aprender que tudo que a gente faz, volta. Esse é seu fim Lana. Adeus.

Ela berrou, arrastada para fora de casa. Para fora da minha casa. Cai no sofá, pondo as mãos na cabeça, cansada. Seu advogado ficou me observando preocupado.

- A senhora está bem?!

Não, eu não estava. O gosto da vingança era o pior possível. Eu havia me igualado a ela, havia agido como um animal, que afinal de contas, ela mesma criara. 

A fera havia ferido o criador.

Ela havia pagado.

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Não sei por quanto tempo caminhei pelas ruas, sem destino. Nem quantos cigarros foram se apagando junto aos meus lábios. Eu só pretendia fugir de tudo, respirar por algumas horas longe do ar pesado da culpa.

Sim, eu finalmente havia resolvido aquilo. Havia libertado minhas pernas, mas as minhas mãos, agora estavam manchadas. Esse foi o preço. O preço da minha felicidade. Que outra escolha eu teria?! Depois de dez anos, não há muitas.

É tudo um jogo de confrontos. Sem volta. Destruir para não ser destruída. Vingar... para não ser vingada. Eu paguei por isso. Suspirei, lembrando-me da imagem de Lana se debatendo em meus braços.

Meu querido Deus, espero que algum dia me perdoe por isso. Só estou atrás da minha felicidade, da minha vida.

- Você voltou. - Estevan se aproximou, largando o canal qualquer de esporte que assistia. Seus olhos analisando meu estado, mudos. Olhos de pena. - Eu estava preocupado. Louise, não parou de perguntar sobre você.

- Onde ela está? – Perguntei, encostando as costas na porta. Ele hesitou, girando os olhos pela extensão da sala. - É claro, ela saiu. Que francesa...

Caminhei até a pequena cômoda, retirando um uísque. Sentei no sofá, analisando o líquido quente sendo despejado sobre o copo. Era assim que eu me sentia também. Um corpo despejado em outro.

- Não quer me contar nada, não é mesmo?! - Deduziu, parado ao meu lado. Mãos cruzadas ante o peito. Olhos fixos em mim. - Talvez não precise. Eu não suportei a demora e... bom, já sei que... - Hesitou, mordendo os lábios. Uma pontada de alívio misturada a tristeza em seu rosto. Porque diabos ele estaria assim.? - Deu tudo certo. - Suspirou para enfim, sorrir. - Você pode contar a ela e, sugiro que se apresse. Vocês não tem muita sorte em relação a tempo, não vai querer perder mais.

Estremeci, encarando seus olhos. Ele estava certo, era como se soubesse que eu estava ali buscando coragem. Que eu precisava daquilo para enfim, procurá-la. 

- A reunião...

- Ela não foi. -  Atestou, num rápido mumurro. - Any... Christopher foi em seu lugar. Por alguma razão... ela está evitando isso.

Virei o uísque na garganta antes de levantar e sair porta a fora sem mais palavras, aquilo também me ajudaria.