Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

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Toquei mais uma vez a campainha, mal contendo a ansiedade que estraçalhava meu peito. Eu ainda estava destruída, sabia. Mas pela primeira vez sentia que, em meio a todos os meus pedaços, havia uma chance de vida. Eu iria renascer das cinzas.  

- Anahi... - Christian balbuciou, arregalando os olhos assim que abriu a porta. Seu semblante tornando-se agressivo no mesmo instante em que me vira.

Aquele definitivamente, não era meu Christian.

- Escuta. - Gritei, prensando a mão na porta que ele estava prestes a fechar. - Eu sei que te fiz mal, Chris, que te empurrei nessa história toda sem querer. Mas você tem que me escutar, eu... - Gaguejei, sentindo meu rosto ficar vermelho. - Preciso de você.

Ele me analisou por alguns segundos, mórbido. Antes de fechar a porta e sair, me puxando pelo braço até um pequeno jardim. Seus olhos me fitaram, dessa vez, confusos.

- O que está querendo?! Como pode bater depois do que fez e desses anos todos na minha porta pedindo ajuda? - Indagou, a voz ainda agressiva.

- Você tem razão, eu... - Mordi os lábios, abraçando meus ombros. - Devia ter pedido antes...

Chris abriu a boca, mas desistiu de falar. Sua mente processando minhas palavras enquanto os olhos analisavam as lágrimas fracas que desciam em meu rosto. Eu poderia desabar ali, sobre seus pés. Mas optei por simplesmente abraçá-lo. Envolver-me naqueles braços longos outra vez. Mesmo que esses não reagissem. Assustados.

- Mas que diabos está falando, menina? - Perguntou, com a voz falhando em meu ouvido.

- Christian eu preciso vê-la. - Me afastei, deixando os dedos presos em sua camisa. - Eu sei que sabe onde ela está, eu... preciso me explicar.

- Você não resolveu aparecer ontem. - Segurou minhas mãos, afastando-as da sua blusa. - Suma daqui Anahi, seu teatro não me engana mais.

- Então realmente achou que eu sumi porque eu quis? - Gritei, assim que seu corpo virou, ameaçando ir embora. - Realmente acha que eu seria capaz de fazer isso? Que eu seria capaz de te largar e deixar Dulce sobre um maldito um leito se não fossem a vida de vocês que estivem em risco? Será que não desconfiou que eu estava dando a minha vida por vocês? - Desabei, deixando que as lágrimas jorrassem feito uma lâmina em meu rosto. - Você era meu melhor amigo, mais que diabos, devia ter desconfiado... você... não deveria me tratar assim.

Ele hesitou, ainda de costas. Depois se virou novamente, me erguendo do chão apressado. Seus olhos me fitavam, vermelhos. Ameaçando chorar a qualquer instante.

- Eu não estou entendendo o que está falando. - Grunhiu, cerrando os dentes. - Me explica, me diz.

- Preciso encontrar Dulce. - Retruquei, me afastando do seu contato. Nossas lágrimas rolando juntas. - Chis, eu amo vocês, confia em mim.

Christian fechou os olhos, suspirando. Seus ombros aos poucos foram relaxando e, de repente, quando ele tornou a me olhar... era meu velho Chris outra vez.

- Vocês tinham um canto. - Murmurou, um sorriso nervoso despontando nos lábios. - Eu não sei, não estávamos bem. Mas Christopher também não a viu então... suponho que você possa saber isso sozinha.

Assenti, deixando que todas as lembranças invadissem minha mente. Não seria fácil achá-la, mas ainda assim, eu rodaria os quatro cantos do planeta em sua procura.

- Ela é difícil, você sabe. - Continuou, oscilando os olhos sobre o chão. - Eu não sei se é a coisa certa...

- Pela primeira vez, Christian, essa é a coisa certa. - Afirmei, beijando seu rosto. Ele apenas suspirou, confuso. – Obrigada, meu amigo.

Corri até o carro, sentindo que um sorriso despontara em seu rosto assim que dei partida. Finalmente, ele havia cedido. Finalmente, eu o teria de volta.

Dulce por favor, me espere.

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Estacionei o carro perto da pequena lagoa, deixando que meus olhos se perdessem nas lembranças daquele Lugar. A casa ainda parecia continuar a mesma, exatamente da forma em que a deixei. Exatamente da forma como sonhara.

Suspirei. Chega de choro por hoje, Anahi. Desci do carro, correndo em direção a porta semi aberta. Alguns segundos a frente então, eu a encontrei. Largada sobre o sofá, perdida nos próprios devaneios. Sorri, sem conseguir tirar os olhos do seu corpo.

Afinal, ela estava ali. Me esperando.

- Dulce. - Chamei, mordendo os lábios, nervosa.

A ruiva sentou, virando o rosto em minha direção. Seus olhos se ergueram sobressaltados, antes do seu corpo fazer o mesmo. Aproximei-me com cautela, vendo ela dar um passo em falso.

- Calma, sou eu. Não precisa ficar assim.

- Como me achou aqui? - Perguntou e, só então notei o quanto estava constrangida. Suspirei, dando de ombros. - Vo-cê...

- Rodei a cidade inteira te procurando e... - Sorri, estreitando os olhos por aquele lugar.- Estou realmente surpresa por isso, por saber que ainda mantem a nossa casa.

- Me poupe dos seus sentimentos. - Grunhiu, puxando o casaco sobre o sofá antes de ameaçar sair. Segurei seu braço, puxando seu corpo. Seus olhos se chocaram contra os meus, em um baque, que poderia me deixar cega. - O que você está fazendo, me solte droga.

- Não solto coisa nenhuma. - Retruquei, empurrando-a contra a parede. Meus braços postos em cada lado do seu corpo, prendendo-a. - Você não está aqui por acaso. Não tente fingir isso pra mim. Não piore as coisas.

- Piorar? Realmente acredita que isso seja possível?! - Zombou, abrindo os braços. Seus olhos castanhos agora mais calmos. - Eu não sei por que me procurou... mas desista caramba. Nós duas... fomos um erro.

Fechei os olhos, deixando que suas palavras me chicoteassem por dentro. Eu queria sacudi-la, fazê-la dizer o contrário. Queria acabar com aquilo de uma vez. Acabar com todas as mentiras que nos rodeavam.

- Eu sei o quanto está machucada com minhas idas e vindas. - Sussurrei, recuperando aos poucos a voz. Meus olhos encontraram os dela outra vez, mudos. - Sei que fiz uma confusão enorme em sua cabeça e, graças a isso, você sofreu. - Mordi os lábios, retirando os braços do seu redor. Dulce não se moveu. - Mas acredite, esse é o fim de tudo.

- Não acredito no que me diz. - Exclamou, encarando o chão. - Não acredito em mais nada que venha de você.

- Você não sabe o quanto doe... - Murmurei, tocando de leve em seu queixo. Ela ergueu os olhos, vendo que os meus também estavam marejados, como os dela.

- Aliás, não pode ter nenhuma ideia disso. Eu só quis te poupar e... acabei fazendo o oposto. - Suspirei, sentindo sua pele macia em meus dedos.

-Mas agora acabou e... se eu realmente for digna de ficar ao seu lado depois de saber a verdade. Saiba que ficarei feliz.

- Any... não pode me deixar mais confusa. Eu estava decidida. - Retrucou, assumindo de repente uma postura séria. - Eu estou decidida. - Retrucou, se afastando. Virei, apoiando as costas na parede. Cansada.

- Não pode se decidir, não antes de me escutar. - Ela parou perto do sofá, virando para me encarar, muda. - Eu te pedi por isso, por uma última oportunidade. Você lembra... no carro.

- E sumiu depois disso. - Completou, me lançando um sorriso triste. - Aí você perdeu.

- Você não entende, é mais sério do que tudo que possa imaginar. - Retruquei, sentindo o desespero tomar conta do meu peito. Eu deveria ser rápida, estava a perdendo. - Dulce eu não tive escolhas, durante todo esse tempo eu fui...

- Não quero ouvir mais nada. - Gritou, apontando o dedo em minha direção. - Chega de histórias, nada pode ser tão complicado assim. Você não me ilude mais, Anahi.

- Eu não estou te iludindo.

- Você sempre me iludiu. - Gritou, passando as mãos no rosto. A voz desfiando uma pontada de dor. - Mas agora é diferente, eu estou casada. Tenho uma vida estável e... quer saber? - Mordeu os lábios, me encarando. - Consegui sobreviver sem você.

- Nós duas sabemos que é mentira. - Me aproximei, sentindo minhas pernas falharem. - Por favor, você tem que me escutar. Já não está tudo tão difícil, caramba?!

- Vá embora, nada do que você disser vai fazer diferença. Será que não entende?! Não tem créditos comigo Anahi, aliás. Não tem mais nada.

Fechei os olhos, deixando que suas palavras me atingissem pela segunda vez naquela noite. Dulce tinha razão. Eu não podia esperar que não tivesse, afinal. Não podia esperar que depois de todas as mentiras, ela fosse parar para me escutar e, me abraçar dizendo que agora tudo ficaria bem. Isso não seria possível, porque eu via nos seus olhos... o tamanho da sua dor.

- Está tudo bem. - Choraminguei, andando até a porta. Ela apenas afastou o corpo, me observando virar para olhá-la. - Só... me deixa propor uma coisa. - Dul ergueu os olhos, pega de surpresa pela minha desistência. - Estevan já deve ter comentado sobre a viagem. Bom, não precisa mais ir. Eu vou no seu lugar...- Mordi os lábios, observando suas mãos hesitarem por alguns instantes.

Evitei olhar em seus olhos quando eles me fitaram, não queria saber o que passavam ali.

- Dulce, eu... amo você. - Murmurei, correndo porta a fora. Com as malditas lágrimas banhando meus olhos outra vez.