Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

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- Nós queremos apenas uma parte da Produção. Seuls les produits Peu, Ce puits?

Suspirei, apoiando as costas na cadeira. Na minha frente, um homem de terno gesticulava pacientemente, com toda beleza e harmonia do povo francês.  Tinha a feição séria e os olhos claros, de um verde perfeitamente alinhado a sua pele branca e os cabelos curtos, loiros.

Era de longe um típico europeu, excentricamente belo e, com um sotaque horrível. Antes mesmo que eu pudesse contornar meus pensamentos, o rosto de Dulce demonstrou pensar o mesmo.

Sentada um pouco atrás da figura, ela gesticulava exatamente da mesma forma que ele. Fazendo caretas ridículas e, imitando silenciosamente seu péssimo sotaque. Tive que morder os lábios e desviar apressadamente os olhos, antes de cair numa gargalhada que soaria no mínimo, ridícula naquela situação.

- Então, a senhora está me entendendo? - Insistiu, inclinando o corpo na cadeira e, tampando a imagem de Dulce. Suspirei, agradecida por aquilo. - Há algum problème?

- Désolé, je comprends. - Retruquei, vendo os fios ruivos se manifestarem por trás do sujeito. Dul havia arqueado a sobrancelha ao buscar meus olhos, certamente tentando decifrar o que eu havia dito. - Bom. - Suspirei, tentando recuperar a postura. - Não temos problema com isso, desde que as parcelas estejam em comum acordo.

- É clarro, estas são as propostas. - Exclamou, retirando alguns papéis de dentro de uma pasta.

Aproveitei sua atenção desviada e dei algo como um carão mudo em Dulce. Não que eu conseguisse fazer isso frente aquela cara impaciente que eu tanto amava, era só uma questão de princípios. Se ela continuasse com aquela pose eu acabaria desistindo de tudo e carregando-a para casa. Bom, eu bem que gostaria disso.

- Veja se está de acordo, Madame.

Assenti, analisando por alguns instantes as folhas em minhas mãos. Não passavam de algumas parcelas da produção, ainda assim, acabariam saindo caras, visto os quilômetros de distância de um país a outro. Era uma questão para se pensar. Sem respostas definitivas, talvez.

- Eu precisaria analisar junto aos outros sócios. - Murmurei, desviando os olhos para os seus, ele sorriu. - Você entende, é um grande negócio, mas pequeno diante das nossas condições.

- Claro que sim, porrém, gardez une trace... - Aproximou o corpo por sobre a mesa de vidro, tomando minha mão com a sua, levando-a até seus lábios. - Serrá um grande prazer fechar negócio com Une jeune fille douce.

Sorri, buscando instintivamente os olhos de Dulce e, quase enfartei quando senti sua presença ali, ao meu lado. Afastei a mão do contato com aquela barba áspera e me recusei a olhar para cima. Certa de que não encontraria um par de olhos dóceis. Afinal de contas, não era isso que dizia a cara confusa do sujeito em minha frente.

- Acho que esqueceu a minha presença, madame. - Grunhiu e, eu precisei de alguns segundos para entender o real sentido daquela frase. Na certa, teria um duplo sentido. - Afinal de contas, os negócios me pertencem, não é mesmo?

Suspirei, vendo que as sobrancelhas do europeu se erguiam, surpresos. Dulce agora se sentava ao meu lado, repuxando as pilhas de papéis sobre a mesa, completamente compenetrada.

- Eu posso avaliar isso. – Exclamou ela, demonstrando estar concentrada nos documentos.

Sorri, analisando o rosto sério da minha ruiva. A mesma garota que, alguns segundos atrás, se portava feito uma criança encrenqueira. Agora estava ali, misteriosamente transformada em uma mulher de negócios.

Eu amava suas faces.

Eu a amava por inteira.

- Acho que estava certa, é impossível uma conciliação desse tipo. - Exclamou e, eu tive que segurar o riso. O Europeu ameaçou falar, porém, ela o cortou. Simples e direta.

- Sem mais delongas, minha secretária resolve o problema com os papéis, custo de viagem e coisas do tipo. - Ergui as sobrancelhas, desde quando eu era sua secretária? - Tenho que me adiantar agora, algum problema?

- No, nenhum, senhorita. - Retrucou e, eu queria gritar que sim. Tinha todos os problemas. 

Dulce não faria aquilo. Faria?

- Bom, foi um prazer. - Levantou, apertando levemente a mão do europeu que, apenas se limitou a sorrir, ainda assustado com aqueles olhos intimidadores de Dul. - Nos vemos em casa, senhorita Anahi.

Ameacei levantar, mas ela me lançou um olhar capaz de congelar minha perna inteira. Que diabos ela estava fazendo agora? Suspirei, vendo seus passos sumirem pela porta.

Senti vontade de correr e buscá-la. Porém, seu último sorriso dizia algo como ``confia em mim`. Havia outra escolha, afinal?!

- E… Une jeune fille douce. Não é tão doce assim... - Murmurei, vendo que o homem agora sorria.

Nem sei com que velocidade consegui chegar em casa naquele fim de tarde. Porém, antes mesmo que a noite caísse eu estava lá, vasculhando os cômodos vazios daquele quarto de hotel. Chamando por Dulce em um misto de zanga e precisão que me deixavam ainda mais dependente.

Eu queria brigar com ela e, ao mesmo tempo agarrá-la, questioná-la e ao mesmo tempo, calar sua boca com um beijo. Mas ela não estava ali, não estava em canto nenhum e, somente no auge do desespero percebi que havia um bilhete sobre a mesa, avisando de sua saída.

Precisei de alguns minutos para conter os pensamentos. Um bom drinque francês e alguns cigarros esquecidos no bolso da jaqueta ajudaram. 

Porém, as horas passaram. Veio a noite e ela não chegou. Debrucei-me sobre a cama, amaldiçoando as cobertas por não serem tão quentes como seu corpo.

Céus, Paris parecia tão fria sem ela.

Suspirei, ouvindo em seguida um barulho da porta. Sorri aliviada, brigando mentalmente comigo por isso. Dul se aproximava cautelosamente da cama enquanto eu treinava uma careta de zanga convincente. Porém, quando ouvi o som do seu sapato caindo sobre o chão, suas roupas de frio jogadas em qualquer lugar dali, praguejei. Eu não conseguiria ficar zangada com ela.  

Um segundo apenas, e seus braços me envolviam, o corpo alinhado no meu. Os lábios doces deslizando em meu ouvido. O choque do frio com seu corpo quente, me deixando atordoada.

- V-o-cê, está..encrencada, mocinha. - Sussurrei, com a força que eu ainda tinha na voz.

- Eu sei que sim. - Riu, virando meu corpo. Nossos olhos se encontrando por instinto, quentes. - Mas eu sei que vai me perdoar amanhã. Não há mal nenhum em querer caminhar em Paris afinal.

- Achei que não soubesse nem o caminho pra casa e você já sabe caminhar por aí. Interessante.

- Não seja tão dramática. - Revirou os olhos, tocando meus lábios com os seus. Sua perna direita se alinhando em minha coxa, completamente provocante. - Senti vontade de te agarrar naquela mesa, sabia?! O loiro seria um bom coadjuvante

- Dul... eu estou zangada. - Retruquei, tentando afastar os pensamentos maliciosos que suas mãos me provocavam. - Preciso lembrar de nunca mais te carregar pra uma reunião. Você...

Seus lábios interromperam minhas palavras, me calando com um beijo ávido, cheio de saudade e desejo. Não precisei mais dizer nada. Não consegui  dizer sequer qualquer coisa util. Nem mesmo meu nome vinha na memória quando ela me tratava daquele jeito. Nada fazia sentido quando ela estava ali... sobre meu corpo... me beijando.

O mundo parava, por ela.

Tá chegando na reta final.... hehe