Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Abri a porta devagar, emanando um pequeno ruído que estalou silencioso pela sala, suspirei aliviada ao perceber que poncho não estava ali, na verdade, era apenas alguns segundos adiados, ele estaria ali em qualquer parte, mas nem por isso deixava de ser reconfortante não vê-lo de imediato.

Encostei a porta e segui pra cozinha a passos sorrateiros, e como previ, encontrei meu amável irmão sobre a mesa, com seus óculos de leitura analisando uma pilha de papéis que eu sabia, se tratar de contas.

- Posso saber porque demorou tanto? -perguntou sem sequer desviar a atenção dos papéis, as vezes, eu achava que ele tinha um terceiro olho, só não gostava de imaginar aonde.

- Ah...peguei um transito detestável –reclamei fingidamente, abrindo caminho até a geladeira.

- Ótimo!- exclamou ao se levantar da mesa.

Me servi de um grande e necessário copo de água. Ele continuou.

- Nossas contas estão todas em dias, agora vou poder dormir tranquilo,não terei nenhum problema.

Beleza! Acabei de bater o recorde na categoria: cuspe de água a distancia.

Poncho me olhou surpreso, depois esbanjou um pequeno sorriso dócil, era lógico que eu havia apenas me engasgado. Claro que não foi pelo fato de ele mencionar a palavra “problema”, na mesma frase que “não terei”.

- Hei você esta encharcada! -observou o dito cujo, finalmente, seu terceiro olho devia ser míope.

- É.., tive que sair do carro em algum momento. -disse tentando parecer descontraída.

- Está certo, e onde estão minhas batatas?

Deus as batatas! Como posso ter esquecido das batatas?

- Escolheu as certas, não foi?

Maneei a cabeça confusamente e pus o copo de volta a mesa, acabara de ganhar mais um motivo pra ser assassinada, bastava agora começar a escolher o menos idiota, bem, um voto pras batatas.

- Dulce... tem certeza de que trouxe as certas? Você sabe, a que é fácil de cortar...

- Bem, se você der drogas a ela, acredito que a mesma possa fazer isso - sussurrei quase inaudível, implorando que ele não escutasse meu desabafo.

- E ela é bem amarela?

- Ah... Talvez fique depois do efeito.

Que droga aquilo era pra ser sério!

- Ora, do que está falando? -perguntou entendendo finalmente que aquilo não era piada.

– De que marca são?

- Bom, a marca eu não sei, mas com certeza ela não devia gostar dela.

Poncho me fitou por alguns sérios segundos, depois balançou a cabeça em tom de confusão e repugnância, era assim que eu costumava tratar assuntos sérios, e ele as vezes, somente as vezes, me odiava por isso. Não deve mesmo ser fácil conviver com uma comediante de meia tigela.

- Preciso te mostrar uma coisa. Vamos, está no carro! -disse e prossegui sem mais nem menos até a sala, poncho me seguiu, com passos assustados e curiosos.

- O que é isso?

Aproximei-me da janela e analisei, junto dele, a garota que havia “salvado” a poucas horas, agora ela dormia profundamente no banco do carona, sem nenhuma expressão macabra no rosto, sem nenhum rastro que pudesse revelar seus atos recentes.

- “Isso” é uma garota, a quanto tempo você não sai com mulheres?

Eu e meu terrível senso de humor macabro.

Ele e sua paciência divina.

- Quero dizer, o que ela faz no nosso carro?

- Bem... ela é...

- Ah claro, já sei o que aconteceu!

Poncho se virou disposto a desvendar o mais terrível dos mistérios, embora a atmosfera em seu rosto fosse de raiva, e piorasse a cada minuto, me afastei em defesa. Estar perto dele em certos estados não era nenhum pouco agradável, apesar de já saber que ele se desapontaria em descobrir que não tinha outro dom, ora, já não bastava o terceiro olho míope?

- Você encontrou sua amiga e esqueceu-se de buscar as batatas, não é mesmo?

- Ah, é disso que fala? -perguntei dando um leve sorriso, nada surpreso, apenas casual.

- Diga Dulce, você esqueceu mais uma vez não é mesmo?

Poncho me olhava inerte de raiva. Mordi os lábios, de repente uma ideia macabra passou pela minha cabeça, talvez se eu confirmasse sua versão as coisas poderiam ser menos piores, tudo que teria que ouvir era uma bronca e eu já havia mesmo me acostumado com elas, então não teria nada a perder, a não ser, claro, minha reputação, a que eu acabara de restituir bancando a heroína...

Mais que droga!

- Não! -gritei mais preocupada em salvar minha reputação do que minha pele.

- Ela não é minha amiga e eu não me esqueci das suas batatas eu... apenas não tive cabeça pra busca-las.

- Desde quando você tem cabeça pra alguma coisa?

- Desde que pessoas não tentam se matar na minha frente! -gritei olhando instintivamente pra garota.

Quando voltei a olhá-lo, encontrei um poncho terrivelmente assustado, com a boca semiaberta pronta pra perguntar algo de que ele não queria saber. Sabia que ele entenderia muito bem o recado.

- Escuta... eu preciso da sua ajuda, acho que fiz... uma besteira..

Suspirei.

Ele passou as mãos no rosto incrédulo.

Sem duvida já sabia do que se tratava.

- Uma besteira? Essa foi a maior burrada que você fez na vida!

E então... o que acharam desse começo ?? \O