Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

As luzes estavam quase apagadas, o vento que batia ruidosamente pela janela trazia consigo a calmaria de uma noite fria e tranquila, inundada pelo silêncio e o vazio.

Eu estava só, me sentia só...mais talvez esse teria sido um bom momento pra uma suposta recuperação. Teria, se eu não estivesse com a mente ocupada demais, com o pensamento assolado por dúvidas e incertezas.

Naquela altura do campeonato o fato de estar sem memória na casa de estranhos não me parecia mais tão dramático quanto o de estar estranhamente atraída por um deles, alguém que eu talvez nunca tenha visto antes, mas que de alguma forma... penetrava em minha alma cada vez que me olhava. Me enraivecia apenas com um sorriso e com o mesmo... me fazia querer beijá-la.

Meu Deus, eu quase a beijei!

-- Anahi?

A voz de Poncho soou quase ao mesmo tempo em que meu suspiro de espasmo. As luzes se acenderam em seguida e, do alto da escada, pude ver seu rosto cansado me olhando com um ar de surpresa.

-- O que está fazendo aqui?

-- Eu não estava com sono, quis ficar um pouco aqui na sala... -- Menti, esboçando um sorriso.

Ele olhou pro relógio em cima da estante e mesmo de longe, parecia notar que já se passava da meia noite, grunhiu algo e veio até onde eu estava com um ar de preocupação pairando em seu rosto.

-- Dulce me contou que quis ajudar nos afazeres, eu devia saber que isso não lhe faria bem.

"Então ela havia falado de mim"

-- Não, não tem nada haver com isso eu... não fiz esforço algum..

-- Então... é algum problema?

-- Não, você não precisa se preocupar... eu estou bem!

-- Tem certeza? E porque não está dormindo a essa hora?

-- Vai ver esse foi o meu problema, dormir demais! -- Enfatizei com um sorriso, Poncho retribuiu sentando em seguida ao meu lado.

-- Eu sei que não deve tá sendo fácil pra você... -- Hesitou, olhando em meus olhos em seguida. -- Mas vai ficar tudo bem, vamos dar um jeito nisso..

Suspirei, chegava a ser comovente o jeito como ele falava, sempre calmo, com aqueles olhos tão parecidos com os de Dulce transmitindo algo diferente dos dela, tranquilidade, era como se soubesse mesmo que tudo sairia bem...

A verdade, é que ninguém sabia.

-- Obrigada! -- Baixei a cabeça, fugindo de seus olhos. -- Por tudo... não é todo mundo que acolhe um estranho assim, em casa..

-- E também não é qualquer estranho que se comporta tão bem como você, acho que eu que tenho que agradecer..

Alfonso riu da própria ironia e apertou minha mão, um gesto que terminaria de me tranquilizar, porém, antes que isso acontecesse, fomos pego de surpresa por uma silhueta sobre a escada, era Dulce, a mesma que havia fugido de mim, agora ela estava ali, nos olhando com uma expressão vaga no rosto, porém, que me causava as mesmas sensações de sempre.

-- Dulce, o que há com vocês hoje? -- Poncho brincou, na ingênua esperança de arrancar um sorriso em seu rosto.

A ruiva permaneceu em silêncio, e apenas seus passos largos em direção ao corredor falaram algo.

Ela estava com raiva de mim.

-- Nossa... -- Poncho exclamou, ainda com o olhar fixo no corredor por onde ela havia entrado. -- O que há com ela?

-- Porque não vai lá e descobre? – Perguntei, mesmo sabendo dos riscos que corria.

Alfonso pareceu concordar porém, apenas se levantou e girou o corpo em minha direção ,me encarando com aqueles olhos irritantemente, tão parecidos com os dela.

-- Me diz uma coisa, ela está te tratando bem... digo... quando não estou?

Estremeci, por alguns segundos cheguei a imaginar que Dulce não havia poupado explicações quanto a mais cedo, porém, sabia que estava enganada, seja o que for que a ruiva estivesse pensando, ela não seria capaz de falar nisso.

-- Ah... está! -- Menti, me desvencilhando do seu olhar. -- Porque a pergunta?

-- Por nada, só acho que isso seja um bom começo! Bom...acha que pode dormir agora?!

-- Mas .. e Dulce?

-- Falo com ela amanhã, não precisa se preocupar... isso é apenas um gênio ruim.

-- Está bem... -- Levantei, ficando frente a ele. -- Obrigada pela companhia, boa noite!

-- Durma bem!

Apertei levemente sua mão e segui em direção ao quarto atrás das escadas, Poncho esperou que eu trancasse a porta e só então subiu, fazendo a velha escada ranger com suas pisadas firmes, o sinal que me deu a certeza de que ficaria sozinha outra vez.

Abri a porta e encontrei a mesma semi luz de minutos antes, dei alguns passos sobre ela em direção a sala e fiquei observando o pequeno corredor que até então, havia passado despercebido por mim, ficava ao lado da porta quase como entre a varanda e a escada, e era tão pequeno que dava a sensação de guardar apenas o vazio, mas Dulce estava lá, e eu não ia esperar o dia amanhecer pra falar com ela.

Prendi a respiração e fui ao seu encontro, ansiosa pra saber como aquela ruiva marrenta me receberia.

Aquele era um caminho realmente estreito, os curtos passos a que foram precisos levavam a uma espécie de portinhola que, aberta, dava a uma escada restrita e uma espécie de porão, prendi a respiração e desci por ela, era preciso manter o silêncio mesmo que os velhos degraus não ajudassem muito, eu precisava chegar de súbito, sem correr o risco de ser expulsa antes mesma de vê-la.

Me apoiei no corrimão e desci o último degrau, o lugar estava iluminado por uma espécie de meia luz mais ainda assim, foi possível vê-la. Estava de costas pra mim, sua atenção voltada a uma tela branca na qual ela se concentrava, sem se quer notar minha presença, ao seu redor haviam outros quadros, todos pintados e assinados pela mesma pessoa.

Era quase impossível acreditar que existisse uma artista dentro daquele corpo rude, mas tudo levava a crer que era verdade, estava frente a mais uma incrível faceta de Dulce Maria.

-- Então esse é seu segredo? -- A ruiva voltou-se pra mim num quase sobressalto de susto. -- E aqui que você esconde a verdadeira Dulce?

E então minhas queridas... o que estão achando da aproximação dessas duas ? Haha.