Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

DULCE

Ela estava ali em meio aos meus quadros e meus segredos, me encarando com aqueles olhos exaltados por um azul brilhante e, mais uma vez, me fazendo estremecer com sua presença repentina. Anahi havia me seguido, por algum motivo que não me deixava calma.

-- Alfonso! -- Gritei no impulso, ela estreitou as sobrancelhas assustadas.

-- O que? O que esta fazendo?

-- Poncho! Poncho!

Corri ate as escadas e pulei habilmente em um dos degraus, porém, Anahí foi mais hábil e conseguiu me alcançar antes mesmo que eu conseguisse subir por ele, uma de suas mãos me puxou pela cintura e me prendeu em seu corpo enquanto a outra, tampava a minha boca abafando minha voz. Ambas tinham força suficiente pra que eu não conseguisse me desvencilhar e, depois de alguns segundos, me rendesse .

-- Seja o que for que estiver fazendo... -– Ela sussurrou quando percebeu que eu estava calma. -- É melhor parar...

Estremeci, sua voz me atingia como uma descarga elétrica, aguçando todos meus sentindo e me deixando imóvel, entregue a qualquer que fosse aquela sensação medonha de ter seu corpo domando o meu.

Aos poucos Anahí me guiou até o canto do porão, estranhamente o lugar onde a semi luz não chegava, eu sabia que fugir seria inútil, porém, quando seus braços foram lentamente se afastando de mim, me atrevi a morder a mão que ainda tampava minha boca e me afastei, vendo uma careta de dor surgir em seu rosto.

-- Ai! -- Grunhiu apertando a mão mordida. -- Você tá maluca?

-- Saia daqui! -- Gritei, apontando as escadas. – A maluca aqui é você!

-- O que está dizendo?! Meu Deus, eu só queria conversar com você..

-- Também queria conversar com meu irmão?

-- O que? O que seu irmão tem haver com isso?

-- Ele pode ser um bobo, mas comigo é diferente tá ouvindo? Você não vai bancar a coitada!

-- Mais que droga! Será que dá pra me explicar o que tá acontecendo? -- Ela se aproximou e, mesmo com a escuridão, era clara a confusão em seu rosto.

-- Eu vi vocês dois na sala! O que pretendia fazer? Ia tentar beijá-lo também?

Um assombro de espasmo desvairou em seu rosto, afiando o medo que havia em mim, o mesmo que se espalhou quando ela surpreendentemente riu. Uma risada que podia me dar a certeza de seus planos ou não passava de um simples deboche.

-- Então é por isso essa algazarra toda? -- Perguntou, o sorriso ainda estampando seu rosto.    -- Você acha que eu sou uma psicopata suicida com um incrível plano de seduzir os dois irmãos heróis?

“Sim, eu acho”

-- Não..

-- É claro que você acha! Não está vivendo em um filme, entende isso? Por mais que isso pareça ficção, é real droga! Eu não escolhi perder a memória e acordar na casa de vocês...foi você quem me salvou, eu não estava consciente pra te pedir socorro, lembra disso?

-- Dane-se! Eu não quero mais te escutar!

Girei nos calcanhares e peguei mais uma vez o rumo das escadas, Anahí puxou meu braço e me trouxe de volta quase com a mesma força no qual havia me aprisionado.

-- Vai me escutar sim! -- Seus olhos me fuzilavam, aparentemente enraivecidos. -- Se você quer achar que eu sou isso tudo continue achando, mas eu não permito que jogue isso na minha cara, está ouvindo? Guarde seus pensamentos idiotas só pra você!

-- O que você quer que eu pense? Já faz algum tempo e você não consegue lembrar de nada, já devia ter lembrado, ninguém perde a memória assim...do nada!

-- Eu nunca disse que não tinha lembrado!

-- Então você lembrou? Diga-me! Por acaso você lembrou-se de algo?!

A loira passou a mão no rosto e se afastou, sua raiva aos poucos parecendo dar lugar ao constrangimento, de repente não era a mesma Anahí furiosa que estava ali e, quando ela se virou me encarando, tive a certeza disso.

-- De você, a primeira e única lembrança que tive... foi justo a sua... Dulce Maria!

Anahi me encarava como se tentasse decifrar as expressões que se formavam em meu rosto, tinha sido mais uma vez pega de surpresa naquele jogo de palavras inesperadas.

-- O que... o que esta dizendo?

-- Que eu só consigo lembrar você.. -- Repetiu, num sussurro quase inaudível. -- Que seu rosto é a minha única lembrança..

-- Impossível... -- Retruquei, reagindo contra a sensação que suas palavras me causavam. -- Você estava fora de si naquela noite... como isso pode ser possível?

-- Eu não sei Dulce, não comando meu cérebro !

-- Mas sabe como articular, não é mesmo? Isso por acaso faz parte do seu jogo?

-- Hã? Que idiota! Pra mim já chega! -- Anahí virou-se e seguiu até as escadas, ameaçando ir embora.

-- O que está fazendo?

-- Parando de dar asas a sua imaginação infantil!

-- Não tente reverter os papéis, está ouvindo? Eu não vou acreditar que você seja uma coitada!

-- É melhor calar a boca!

-- Ou o que? Quem vai me calar?!

A loira irrompeu sua trajetória e, em meio à escada, soltou um suspiro que mais parecia de raiva do que de exaustão, recuei instintivamente, como que prevendo o que aconteceria.

Com um olhar assustado, vi Anahí descer os degraus de volta com o semblante totalmente domado pela raiva, recuei na escuridão atônita mais logo senti novamente a força de seu braço quando fui jogada na parede fria e dura do porão e, sem me dar chances de escapar, seu corpo se encaixou no meu me imprensando contra a mesma.

Pensei em gritar, mas desisti quando sua boca tomou a minha num beijo ávido e quente, onde sua língua se movia com a raiva que parecia a consumir e pela qual eu me deixava dominar. Sentia cada músculo de seu corpo transbordar fúria, e aquilo me deixava em êxito, era duas vezes mais forte do que tudo que eu já havia sentido.

Foi quando ela se afastou abruptamente e foi embora, subindo as escadas sem olhar pra trás, me deixando totalmente paralisada em meio ao desejo e a raiva.

Sim, ela sabia mesmo como calar alguém.

Aproximei-me das escadas e olhei mais uma vez pra cima, nada, nenhum sinal de Poncho. Subi um degrau e ameacei subir, mas a minha súbita vontade de me conter me fez descer novamente.