Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Não demorou muito e Dulce reapareceu assumindo de imediato seu posto ao volante. A ruiva que agora estava ao meu lado, tinha o mesmo semblante rígido e marrento de sempre, mas seu corpo estava completamente encharcado pela chuva, deixando sua blusa clara ainda mais transparente.

Engoli a seco e desviei meus olhos até encontrar os seus, eles me encaravam com a mesma irritação de antes.

-- Peguei a estrada errada...

-- Está assumindo a culpa!?

-- Não mesmo! VOCÊ me fez fazer isso!

-- Ah, então agora a culpa é minha?!

-- De quem mais seria? Pra começar, estamos aqui por causa da sua ideia ridícula de ser abandonada!

-- Ridícula? Você não parecia achar ridícula quando aceitou!

-- Eu só queria me livrar de você, sua chata!

-- Tá vendo no que deu seu egoísmo!?

-- Argh, vai se catar garota! Vamos resolver isso assim que sairmos daqui!

-- E quando você acha que isso vai acontecer?! Quando nos matarmos aqui dentro?

Dulce grunhiu alguma coisa e voltou a ligar o carro, porém desistiu de seguir em frente quando a chuva desabou ainda mais grossa sobre nós.

-- Droga! -- Resmungou desligando o motor. -- Não há como dirigir assim, o pneu não vai resistir nessa mata!

-- Vamos ter que esperar a chuva passar?

-- Está satisfeita agora?

-- Mas e se ela não passar? Nós...

A ruiva me olhou de relance, e em seguida voltou seus olhos a janela, num gesto que mais parecia tímido do que zangado.

-- Vamos ter que dormir aqui... -- Sussurrou, ainda sem me olhar.

-- Dormir... -- Repeti, pairando meus olhos sobre seu corpo.

Lentamente, a garota marrenta ao meu lado foi tomando a forma da mulher que havia me fascinado durante uma manhã confusa. Dulce vestia uma blusa clara que havia a pouco se tornado transparente pela água da chuva, seus seios despontavam por ela desprotegidos e em todos os seus detalhes atraentes. Aquela imagem era como um convite a conhecer de perto a beleza estonteante daquele corpo.

E eu estremecia só de pensar em aceitá-lo.

-- Anahí... -- Sua voz soou pausadamente, me acordando do transe em que ela havia me posto.

Levantei os olhos e encontrei os seus, me encarando como num flagrante, despido em um silêncio que durou os minutos seguintes aquela cena.

-- Ok! Temos que sair daqui!

-- Não! Não! Não! -- Segurei sua mão antes que ela abrisse a porta. Dulce recuou me olhando assustada. -- Quero dizer... você tem razão... o pneu pode não resistir!

-- O pneu né?! -- Perguntou num tom irônico afastando minha mão do seu braço. -- Sei... sei..

-- Olha, se você acha que eu vou te atacar desencana! Não faria isso nem que fosse a única mulher no mundo! -- Menti ainda constrangida pelo flagra.


Dulce riu e inclinou a cabeça no banco, abrindo e fechando os olhos numa curta sequência que demonstrava nitidamente sua total indiferença por mim.

-- Que foi? Não vai me xingar, nem jogar nada na minha cara?

-- Bom, isso pode durar, e eu não to com vontade de discutir a noite inteira...

-- Então vai me deixar falando sozinha?

-- Ué, se quiser pode sair do carro e conversar com os bichos lá fora!

-- Que bichos?! -- Olhei assustada para o deserto em volta e em seguida para seus olhos risonhos. -- Tem bichos aqui?

-- Claro! Nojentos e peçonhentos, como esse ai no seu pé!

Gritei pulando instintivamente do seu lado, a ruiva gargalhou parecendo se divertir com o resultado de mais uma de suas brincadeiras sem graças. Me olhou em seguida pronta pra finalizar com um de seus ataques verbais, mas pareceu surpreendida com a proximidade que ela havia causado.

Seu rosto estava próximo ao meu... seu cheiro me embriagava quase com a mesma intensidade em que nos beijamos, e sendo ambas atingidas pela lembrança desse momento, nos afastamos com a mesma voracidade do mesmo.

-- Caipira idiota! -- Resmunguei, encostando minha cabeça na janela.

-- Patricinha medrosa! -- Retrucou, fazendo o mesmo.

Grunhi alguma coisa e fechei meus olhos, queria não poder lembrar que ela estava ao meu lado, forçar minha memória a recordar das birras que me levavam a odiá-la. Mas era quase impossível, porque parecia ser contra minha vontade esquecê-la.

Abracei meu corpo tentando me proteger do frio que repentinamente havia surgido, porém, antes que eu percebesse que aquela era uma tentativa inútil, senti algo cobrindo meu corpo, abri os olhos e vi que se tratava de uma lona amarela.

-- O que... o que é isso? -- Perguntei olhando de relance pro seu rosto.

-- É do carro, mas acho que você tá precisando mais do que ele...

Dulce olhava pra fora me impossibilitando de decifrar sua face, não sabia mais com quem estava naquele momento, mas ainda assim, queria estar com quem quer que agora ela fosse.

-- Porque... tá se preocupando comigo?

-- Não to me preocupando. -- Hesitou, voltando a me olhar. -- Você tem que estar bem quando voltar pra casa...

-- Mas e você?

-- Eu to acostumada, agora vê se dorme e me esquece.

Virei o rosto novamente e tornei a fechar os olhos, porém, despertei algum tempo depois com o bater de queixos da ruiva. Dulce tinha os lábios embranquecidos e levemente tremidos, assim como o resto do seu corpo.

Sem pensar duas vezes me aproximei a abraçando, cobrindo respectivamente nossos corpos com a lona. Ela não se mexeu, mas demostrou estar acordada quando me olhou de relance.

-- O que está fazendo? -- Perguntou, iniciando uma conversa entre sussurros.

-- Te protegendo do frio...

-- Eu não preciso..

-- Não é o que tá parecendo...

E o que será que vai rolar entre essas duas nessa caminhonete?! kkk Algum palpite??