Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

DULCE

Naquela manhã Halgartt havia amanhecido sobre o clima quente e acolhedor de uma cidade as margens da natureza. O vento varria as folhas secas pelo chão provocando o farfalhar ruidoso das mesmas e o balançar preguiçoso das árvores, que completavam o cenário já tão conhecido aos meus olhos, porém, completamente desnorteante aos de Anahi. [

Ao meu lado, a loira parecia esquadrinhar cada detalhe como se o trajeto daquela curta caminhada fosse mesmo de uma extrema relevância. Seu comportamento me intrigava e embora eu não achasse sentido naquilo, desejei por alguns segundos me render a sua empolgação e apreciar tudo através de seus olhos, queria entender por que ela tanto sorria feito uma garotinha no auge da sua pura e perigosa inocência.

- Você está agindo feito uma boba! - Comentei, sem conseguir atrair sua atenção. - Posso saber o que há de diferente dos outros dias?!

Anahi suspirou e girou nos tornozelos até parar frente ao estábulo, mesmo sem dizer nada, de alguma forma ela sabia que aquele seria meu destino inicial de todas as manhãs. Prensei os lábios quando ela finalmente me olhou sobre o azul dos seus olhos, me fitando com um ar saciado de quem havia acabado de fazer amor.

- Será que você não consegue sentir esse clima?! - Abriu ridiculamente os braços e tornou a me olhar. – É tão diferente... você não acha?!

- Não! - Respondi, assustando-a com minha pressa. - Depois de um tempo você se acostuma..

- Hum... você devia tentar olhar as coisas de outro ângulo, aposto que ia ficar maravilhada em saber como isso tudo é lindo!

- Argh! - Grunhi, revirando os olhos. - São questões diferentes Any, eu não nasci num berço de ouro feito você, sei muito bem como é que funciona isso tudo!

Ela franziu as sobrancelhas, desapontada com a minha impaciência e cruzou os braços. Fui subitamente tomada pela sensação de culpa e antes que eu pudesse perceber, já estava com ela entre meus braços, tomando seus lábios num beijo curto, correspondido sem pressa.

- É assim que você pede desculpas?! - Perguntou enquanto afastava seu rosto lentamente e encostava nossas testas. O gosto do seu hálito era quente em minha pele. - Acha que eu vou te desculpar por causa disso?

- Sim! – Afirmei e ela assentiu com um sorriso demorado. – Acho que fiquei chateada por não conseguir ver as coisas do modo simples em que você vê...

- Invejosa! – Sussurrou, rindo enquanto me dava um rápido selinho antes de se afastar. – Mas que tal uma volta pra mudar isso?!

- Péssima ideia! Se você não sabe, eu tenho um sítio pra cuidar.

- Tá bom, estressadinha! Mas será que você não pode fazer isso outra hora? Não quero perder esse clima..

Me aproximei do estábulo e olhei Jack, deitado sobre suas patas como se estivesse com preguiça de levantar naquela manhã ensolarada. Any acompanhou meus olhos e pareceu entender o que eles queriam dizer.

- Eles não podem esperar, não é mesmo?! – Bufou, me fazendo rir da sua cara de brava. – Eu também não posso, sabia?

- É, mas não é você que vai ficar sem comida. Será que dá pra ficar um pouco menos empolgada?

Ela grunhiu deixando claro que não. Ri e me aproximei passando a mão em seus cabelos igualmente molhados, do banho que havíamos tomado juntas.

- Achei que quisesse vir só pra não ficar sozinha e, além do mais, já demos uma volta se não lembra!

- Claro, e você estava super disposta, não é mesmo? Me mandando dormir como se eu fosse te assassinar a qualquer momento. – Franziu o cenho numa careta que provocou minha risada. – Você não está em condições de se explicar.


- E nem você de exigir, sabe que não vou mudar de posição!

- Está bem então! - Concordou, sua voz soando nenhum pouco convincente. – Mas vai ter que me deixar fazer algo por isso.

- Desiste! Eu já estou indo.

A loira riu e me puxou quando eu ainda tentava dar as costas. Seus olhos agora cintilavam de tão empolgados. Era mais uma vez a garotinha Anahi que estava na minha frente.

- Me deixa te ajudar nas tarefas vai, por favor! – Pediu, usando todo charme da sua voz de seda.

- Eu, sinceramente, espero que esteja brincando! Ou já se esqueceu que da ultima vez você quase esfolou a vaca?! – Ri, numa rápida lembrança da cena.

- Argh, é só você ser boazinha e me dar uma tarefa menos escorregadia e... – Estreitou os lábios numa careta de nojo. – Nojenta...

- Sinto muito madame, mas não há nada do seu porte aqui! – Beijei seu rosto e me afastei. –Desiste!

Apoiei-me na portinhola e acariciei a crina de Jack, o cavalo pareceu despertar com meu toque e nos segundos seguintes estava em pé, rinchando provavelmente por comida. Virei-me e, antes mesmo que eu pudesse encontrar sua refeição, encontrei Anahi de braços cruzados e com o lábio repuxado num bico. Sinceramente, não sabia definir se estava com raiva ou magoada, mas aquilo foi o suficiente pra que eu me rendesse.

- Você devia ser presa por fazer essa cara! – Olhei a horta a alguns passos de distância enquanto Any saltitava vitoriosa. - Pode cuidar da horta, só o que você tem que fazer é molhar as plantas... acha que consegue, patricinha?

- Como você é ridícula! Pode parar de me subestimar e me dar uma tarefa decente?

Ri. Ela era mesmo imprevisível.

Só acho que as plantas vão sofrer menos nas suas mãos! – Olhei novamente ao redor e uma tarefa pareceu se ajustar comicamente a ela. – Os porcos! Você pode cuidar deles...


Anahi lançou um rápido olhar pro chiqueiro e me olhou, como se o rápido contato colocasse em risco a sua decisão.

- Aceito! – Sorriu, parecendo não ligar para o desafio. – O que eu tenho que fazer?

Aproximei-me e expliquei, passo a passo, como se aquela fosse realmente uma tarefa difícil, no entanto, ela ainda parecia disposta e totalmente hesitante.

- Vai ser mole! - Decretou, andando em seguida até o chiqueiro como se estivesse indo fazer compras.

Não pude evitar de rir quando ela se afastou, era simplesmente surpreendente o modo como persistia. O jeito como valorizava as coisas tão simples, elevando-as a um grau realmente importante.

Naquele momento, eu soube que sua estadia me daria algo mais do que ela mesma, porque de alguma forma eu estava aprendendo, aos poucos, eu estava resgatando algo em mim que eu achei que estivesse perdido, para sempre.