Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

A noite heroica acabava de ganhar ares de macabra.

Já se passavam das duas, e eu ainda não sentia um pingo de sono. A loira suicida dormia na cadeira ao lado, esperando pacientemente que eu tivesse coragem de trocar sua roupa e colocá-la no colchão velho que Poncho havia ajeitado. Mais que diabos, eu ainda estava na seção martírio comigo mesma, ela teria que esperar mais um pouco.

-Eu não quero...

Dei um rápido pulo e sentei na cama, observando assustada a rápida frase da suicida. Com o que devia estar sonhando? Como seria sua reação ao acordar e perceber que não estava em casa? Será que ela tinha uma casa?

-Não sei quem você é, mas vai ficar me devendo uma!

Aproximei-me decidida, era melhor por a camisola de uma vez e deitá-la, assim quem sabe ela dormiria mais tranquila e não tinha perigo de que acordasse. Não durante a noite, me inclinei e passei as mãos nas suas costas em busca dos botões do seu vestido, ela deu uma leve mexida na poltrona e virou o rosto contra o meu.

Fiquei tão constrangida que não me mexi, analisei instintivamente seus olhos fechados, sua boca pequena e avermelhada, sua face rosada... seu hálito quente se chocando contra o meu rosto.. Como uma garota daquele porte podia desejar sua morte? Abri os malditos botões e me afastei, antes que ela abrisse os olhos e me visse tão próxima que ficaria caolha, como naqueles filmes tão românticos que chegam a doer.

Pus a camisola sobre os ombros e desci as alças do seu vestido de leve, bastava um toque pra que ela o perdesse, e eu pretendia fazer isso o mais rápido que pudesse. Não me pergunte o motivo, eu apenas não me sentia a vontade com aquilo.

Segurei seus ombros firmes e sacudi, vendo o vestido deslizar levemente sobre sua pele, logo seus seios ficaram visíveis, eram médios e cabiam perfeitamente no sutiã amarelo que dava a eles um contorno digno de sua beleza. Demorou alguns segundos até que eu saísse do transe e batesse na cabeça até me segurar de que não estava ficando maluca. O que aconteceria quando terminasse de tirar? Era hora de descobrir.

Impulsionei os dedos na sua cintura e desci o vestido até um pouco abaixo, tive que incliná-la um pouco pra que ele passasse por ela. Em seguida deslizei as mãos por suas coxas passando o vestido e finalmente consegui tirá-lo, me afastei e fiquei a olhando, era realmente incrível sua beleza, seus seios, sua barriga delineada, suas cochas grossas... Mais que droga, que tipo de inveja eu estava sentindo? A verdade é que a resposta podia ser nenhuma.

Mordi os lábios, aflita e simplesmente joguei a camisola sobre seu corpo, sentia que vê-la assim me perturbava. De alguma maneira constrangedora me perturbava, ajeitei a camisola e fiz força pra derrubá-la no colchão, sim, mais uma cena terrível de filme romântico, cai sobre seu corpo e fiquei feito estátua sobre ele, sentindo cada parte vibrar contra mim. Respirei fundo e pulei olimpicamente a uns três metros de distância, terminando por fim minha missão perturbadora.

Era hora de dormir, ou melhor, tentar dormir.

Quatro da manhã, o inferno da insônia ainda me rondava. Sentia meus olhos pesando, mas sempre que tentava fecha-los, lembrava-me da hospede suicida que dormia do meu lado. Oras, mais que diabos! Eu esperava que poncho cuidasse disso, que a levasse pro quarto de hospedes e fizesse vigília enquanto eu dormia, porque agora ele tinha que inventar mais essa? Me fazer responsável... idiota, ele vai é me deixar paranoica desse jeito.

Virei meu rosto e engoli as lágrimas, sentia raiva dele, ódio de mim e medo, muito medo dela. Minha nossa, aquilo era pior do que dormir com o Poncho, com ele, tenho certeza que resolveria as coisas num simples chute, aliás, sempre sonhei fazer isso, mas com ela era bem pior, daria um chute e ela me devolveria uma facada, ou quem sabe, me derrubaria da janela e fugiria em seguida.

O que se passa na mente de uma assassina ninguém sabe, muito menos de uma suicida, sim, ela poderia tentar me matar por ter impedido seu ato, mas podia ser bem pior, ela poderia querer terminar com ele, Deus... eu ia acordar com um cadáver no meu quarto!

Pulei da cama e procurei rapidamente por qualquer objeto de perigo, tive que usar minha visão de suicida pra essa missão. O que eu usaria se tentasse me matar? Minhas sandálias bicudas, isso, elas furariam até concreto, corri e as joguei pra detrás do armário. Estava resolvido, agora era só esconder os perfumes, as cordas, os lençóis, o ferro... Porra! De repente o quarto inteiro apresentava perigo.

Corri pra cama e comecei a chorar silenciosamente, estava me sentindo tonta, perdida, com medo. Queria acordar e acabar com aquilo, mas eu não conseguia dormir, porque droga eu não tinha deixado ela se jogar? Certo, da próxima vez eu prometo que passo direto ou, eu mesmo empurro.

-Quem quer que você seja, eu já lhe odeio por isso.... -sussurrei sem forças.

Ela apenas se moveu, tranquila, sob o efeito das drogas pesadas que tomara.