Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

ANAHI

No silêncio repentino, todos os detalhes de repente se encaixaram. Numa explosão de imagens despertadas por uma presença, de rosto claro e suave. Era como acordar do mais profundo sono com apenas um estalar de dedos. Despertar para uma realidade vazia sem ao menos ter se dado uma chance de optar. Um assombro de perspectivas que agora forçava duas Anahis a brigar por espaço.

A que eu era de verdade e a que eu havia aprendido a ser.

- Meu Deus, Anahi...

Meus olhos oscilavam entre a surpresa e a verdade estendida nas faces a minha frente, porém havia uma na qual eu não conseguia deixar, por mais do que frações de segundos, Dulce.

A ruiva tinha uma expressão desnorteada no rosto e seus olhos me encaravam como se estivessem me advertindo que isso algum dia iria acontecer.

Sim, nós sabíamos disso. Mas não estávamos prontas... estávamos?!

- Eu ainda não acredito que seja você! - Lana exclamou dando alguns passos corajosos a minha frente, foi quando eu percebi que ela estava verdadeiramente apavorada. - Olha só pra isso...

Seus olhos vaguearam toda extensão do meu corpo, perplexos, em busca de algum vestígio da Anahi que ela certamente, não sentira a menor falta.

- Então você lembrou de tudo?! - A voz distante de Poncho se pronunciou pela primeira vez, hesitante. - Sabe quem essa mulher é?!

Pus as mãos na cabeça e suspirei, nos segundos seguintes os braços de Lana envolviam minha cintura e seus olhos me perguntavam que tipo de brincadeira era aquela.

Seu rosto estava a poucos centímetros do meu e, aquela devia ser uma aproximação doce o suficiente para que Dulce finalmente entendesse. Lana não fazia parte da minha família. E antes que eu pudesse me explicar, os passos da ruiva se alargaram pela escada, silenciosos o suficiente pra que ninguém percebesse sua saída. Exceto eu.

- Lana! - Foi o que eu disse. Dulce era o que eu queria dizer.

- É claro que ela sabe quem sou eu! - A morena retrucou, se afastando para olhar Alfonso. - O que está acontecendo aqui afinal?

Observei as expressões tensas no rosto de Poncho e, por alguns segundos me perguntei se ele teria a resposta.

Claro que não.

- Calma. - Pedi, a voz ainda trêmula. - Eles me ajudaram eu... não conseguia lembrar de nada.

- Está confirmando a versão dele?! Você... realmente perdeu a memória e veio parar... - Seus olhos deram um giro pela sala antes de pousarem novamente, esnobes, nos meus. - Aqui?!

Não respondi, suspirei e andei até o sofá onde eu permaneci sentada por alguns poucos segundos. Estava sendo difícil conciliar minhas lembranças noturnas por algumas semanas, esclarecer minha vida inteira em apenas um instante era algo quase surreal.

- Vamos Anahi, me responda! - Lana se aproximou e, embora intimidando, sua voz não perdeu a postura. - Como você pode ter perdido a memória desse jeito?!

Inclinei o rosto fugindo dos seus olhos e, encontrei os de Alfonso. Talvez ele entendesse aquilo como um sinal e após avisar que nos deixaria sozinha, se retirou na mesma direção que sua irmã havia tomado. 

- Olha, eu realmente esperava tudo de você, mas se meter nesse fim de mundo... a troco de que fez isso?!

- Como ele te trouxe até aqui? - Perguntei, ignorando suas palavras. - Como conseguiu te encontrar? Saber quem você é...

- Quero sabe como "você" veio parar aqui. Se isso for mais uma de suas aventurazinhas, Anahi, dessa vez...

Fechei os olhos e me desliguei das suas palavras. Era claro que ninguém me procuraria. Meus sumiços haviam perdido a importância e, se não fosse a clara intromissão de Poncho, eu poderia permanecer por conta da minha própria memória.

Tudo estava se encaixando lentamente e, apesar de todas as minhas incertezas, só havia uma verdade. Não havia mais nada a se fazer.

- Se os seus amigos te vissem nesse estado, iriam...

- Me leva daqui! - Levantei, seguindo até a porta e voltando para olhá-la. - Por favor... vamos embora!

Lana olhou as escadas de súbito e se afastou parando apenas ao passar por mim.

- É claro, foi pra isso que eu vim! Para levar a fugitivazinha embora.

Olhei novamente para o vão das escadas e depois, por toda a extensão daquela casa que havia me acolhido. Eu queria subir aqueles degraus e explicar a Dulce que Lana não tinha nenhuma importância, assim como toda minha vida, depois em que eu a conheci.

Mas não era o momento certo, não queria nenhuma despedida. Precisava colocar tudo nos eixos para poder enfrentar a verdade sob aquele par de olhos castanhos que, no fundo. sempre souberam de tudo.