Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

DULCE

Feito uma fugitiva, Anahi havia desaparecido sem deixar nenhum rastro que não fosse o silêncio incomodo do vão da sala e as dúvidas insanas que pairaram feito bomba na cabeça de Alfonso.

Era óbvio que ele estava certo, qualquer um no seu lugar iria se questionar sobre o sumiço de uma estranha a qual você acolheu com deveras confiança em sua casa. Qualquer um menos eu.

Sabia que havia algo maior por trás de tudo, um medo que a levou a fugir dali sem maiores explicações, ir de encontro à vida que havia deixado sem olhar para a que havia construído.

Talvez fosse a morena, de cabelos negros e andar suave. Talvez fosse o compromisso que ela havia estabelecido e a vergonha de lembrá-lo para mim. Ou talvez não fosse nada, eu não poderia saber, ela não estava mais aqui. Não estava e nem voltaria a estar. Não como antes.

- Não vai comer?! - A voz tranquila de Poncho penetrou em minha cabeça, dispersando por completo meus pensamentos. - A gente poderia jogar depois, faz tempo que não fazemos nada juntos.

Suspirei e inclinei meu corpo na cama, sentando para poder olhá-lo. Poncho estava escorado na porta com seus braços cruzados ante o peito e me olhando por cima dos seus óculos de leitura, era visível que havia ficado feliz com a minha reação, mesmo que estivesse enganado.

Era como se estivesse aliviado por Anahi ter ido embora, como se ela fosse um peso que ele havia finalmente retirado em suas costas, e agora sua felicidade me incomodava. Será que ele era tão egoísta a ponto de não perceber minha dor?!

- Achei que estivesse ocupado o suficiente pensando no sumiço dela. - Ironizei, arrancando surpresa dos seus olhos. - Mas não, afinal era isso que você sempre quis, não é mesmo?!

Ele se remexeu inquieto e ameaçou dar a meia volta, quando parou para me fitar nos olhos.

- Não pode ficar chateada comigo, não tem motivos pra isso!.

- Você quebrou nosso acordo, não tinha esse direito!

- Dulce... - Hesitou, assumindo o ar comportado que ele nunca perdia. - Não existia nenhum acordo. Fiz o que achei certo.

- Claro, o que você acha certo é sempre o melhor pra todos, não é mesmo?!

- Está bem, já entendi que está sem fome.

Numa tranquilidade irresoluta, Poncho se retirou do quarto dando a última palavra. Me afundei na cama antes de jogar o travesseiro pelos ares e ficar observando o objeto fofo bater contra a porta e se esparramar no chão em seguida. Era lá que eu me sentia também.

Queria poder voltar algumas horas antes e aproveitar cada detalhe daquela última tarde de sol. Dos últimos momentos em que eu teria aquela Anahi ao meu lado, simples e irradiante. Talvez ela nunca mais voltasse a ser assim, talvez ela nunca mais quisesse me encontrar e, agora estivesse rindo da ironia irrelevante do destino, que levou dois mundos tão distantes a se cruzarem de forma intensa.

Eu não tinha certeza dos motivos que ocasionaram sua fuga, nem muito menos dos medos que assolavam minha mente. A única coisa da qual eu sabia, é que havia uma vontade enorme de cruzar aquela porta, descer as escadas, entrar pelo quarto... e encontrar aquela para quem eu entreguei meu coração, pronta aos prazeres do amor.

Mas eu sabia que no seu lugar estaria apenas o vazio, e o aperto em meu peito teimaria em permanecer.