Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

No dia seguinte, estava disposta a ir procurar Christopher, meu amigo/quasenamorado. Era com ele que eu sempre contava nos meus momentos mais... difíceis e importantes.

- Você também não tá nada mal. – Brinquei, analisando os quase dois metros de homem a minha frente. - Deixei algumas encomendas aqui perto, aproveitei a oportunidade.

Ele soltou um sorriso e me puxou de surpresa para um abraço de urso, que me deixou por alguns segundos sem ar.

- Estou tão feliz, de verdade!

- Eu percebi. – Murmurei, sem fôlego. - Você vai... me matar.

Christopher riu e me desprendeu dos seus braços, se divertindo com a minha tentativa de recobrar o ar.

- Desculpa, mas não é todo dia que recebo a honra da sua visita.

- Não seja tolo! – Resmunguei, inclinando o rosto pra olhar por cima do seu ombro. – Se importa se saíssemos daqui?!

Ele concordou, virando apenas pra se despedir dos amigos que havia deixado na mesa. Entrei no carro e esperei ele se acomodar ao meu lado, no banco do carona.

- Então, na minha casa ou na sua? – Brincou, abrindo o sorriso de que eu tanto senti falta. - Você me deu um presente enorme hoje, senti muito sua falta.

Fingi um sorriso enquanto tamborilava os dedos no volante, me culpando mentalmente pelo meu egoísmo estúpido. Estava ali porque precisava de alguém que distraísse minhas mágoas e acabei usando um cara, que só queria me ter por perto.

- Eu... também senti a sua. – Suspirei, tentando me convencer de que aquilo era verdade.

Seus dedos pousaram em meu rosto e o inclinaram, forçando nossos olhos a se cruzarem. Ucker me conhecia o suficiente pra decifrar os espaços vazios em minha fala.

- Eu adoraria que isso fosse verdade princesa, mas não é por saudade que está aqui.

Mordi os lábios, angustiada o suficiente pra deixá-los imóveis. Não fazia ideia de como eu precisava conversar com alguém sobre isso, e agora, parecia uma necessidade óbvia. Poncho não seria, nem de longe, a pessoa mais indicada. Já Ucker... eu não sabia como seria sua reação, mas começava a calcular algumas possibilidades.

- Vamos pra minha casa, temos espaço suficiente pra uma boa conversa.

Concordei com um sorriso amarelo, ligando em seguida o motor. Não demorou muito pra que o clima animado se restabelecesse. Ucker passou a me contar passo a passo sobre o que havia feito desde a última vez em que nos vimos, falando das suas aventuras e dos seus relacionamentos relâmpagos, sempre com um sorriso infantil largado em seus lábios.

Eu me permitia escutar, participando vez ou outra da conversa com algum comentário infame, que o fazia rir ainda mais. Aquilo me acalmou e quando chegamos em seu apartamento, estava estranhamente relaxada.

O lugar ainda era o mesmo de algum tempo atrás, com alguns poucos móveis espalhados e uma decoração digna de uma presença masculina. Tive que pular algumas vezes sobre peças de roupas espalhadas pelo chão, como blusas ou bermudas, as mesmas que ele tratou de repor no devido lugar com algumas desculpas, enquanto eu me acomodava no sofá improvisado no centro da sala.

Uma vez ali, foi impossível conter as lembranças que invadiram minha mente. Lembrei-me das tardes em que passei ali, dando meu primeiro beijo ou tendo a minha primeira experiência sexual, todas com o cara que eu julguei amar, até conhecer algo muito mais forte que um capricho feminino.

Eu estava rindo quando ele voltou, percebi que havia trocado a roupa e carregava um quadro nas mãos. Vestia agora uma bermuda preta que deixava ainda mais a mostra seu crescimento corporal.

- Agora você entende porque eu não mudo daqui? Esse lugar tá cheio de lembranças. – Soltou um sorriso safado e pulou ao meu lado, estendendo o quadro nas minhas mãos. – Você pintou pra mim quando esteve aqui, dias antes de sumir do mapa.

Conversamos mais um pouco, relembrando nossos bons momentos, até que ele lembrou de perguntar o verdadeiro motivo de eu estar ali. Não me contive mais, e contei tudo a ele. Desde a chegada dela em nossas vidas, até sua partida repentina.

- Dulce...

- Eu gostava dela, Christopher... - Sussurrei, ganhando coragem em minha fraqueza. – Eu realmente, gostava dela...

Seus braços foram hábeis ao me envolverem carinhosamente. Minhas lágrimas agora escorriam em sua camiseta, se desmanchando na mesma, enquanto suas mãos acariciavam, suaves, meu cabelo.

- Meu amor... sei que vocês se ligaram de alguma forma, mas não fica assim. Talvez ela não mereça suas lágrimas.

Foi novamente mais um baque, de verdade, e esse me fez desabar por completo. Coloquei pra fora todas as lágrimas guardadas na presença de Poncho. Me desfiz da angústia de uma vez, e achei que o peito que me acolhia devia saber o porque disso tudo.

- Você não tá entendendo. - Segurei sua blusa, como se fosse possível mantê-lo ali dessa forma. Tentei conter o choro, botando pra fora o que estava preso em minha garganta. – Eu acho que amo aquela mulher Christopher, eu a desejo como minha, não entendo como ela pode fazer isso, não entendo.

Houve o silêncio, e apenas o som gutural das minhas lágrimas eclodiram. Podia sentir o espasmo tomar contar do seu rosto e suas mãos se tornarem gélidas ao meu redor, mais ele não disse nada. Continuou ali, me abraçando como se me consolar fosse a única coisa que restasse. Depois de alguns minutos, quando nós já estávamos mais calmos, ele levantou e segurou minha mão.

- Você não tá bem pra voltar pra casa e já tá tarde, acho melhor dormir por aqui hoje. –Decretou, me puxando até seu quarto e me fazendo deitar sobre a cama.

Eu não estava em condições de revidar, o cansaço me abatia e agora o meu emocional também pesava. Sentia que ia esmorecer se voltasse pra casa e encarasse os olhos duros e negativos de Poncho.

- Meu Deus... – Ele passou as mãos no rosto e veio deitar ao meu lado, voltando a acariciar meus cabelos. – Vai ficar tudo bem, princesa, vai ficar tudo bem.