Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

DULCE

- Você tá se sentindo bem?!

Olhei mais uma vez ao redor, me certificando de que a sensação esquisita que tomou meu corpo, não passava de um choque causado pelo vento frio. Mesmo que não houvesse lógica quanto ao aperto repentino em meu peito.

- Sim, foi só... uma sensação estranha.

Christopher franziu o cenho, depois suspirou, afagando os dedos carinhosamente nas laterais do meu rosto. Eu podia ver claramente a preocupação se formando em seus olhos e, não era difícil imaginar que houvesse motivos pra isso.

- Eu vou ficar bem. - Assegurei, na esperança de que ele captasse o alívio em minha voz. - Acho que não vai ser tão difícil assim, ao menos não com você por perto agora...

Ele assentiu, olhando agora pro lado.

- Bom, eu vim te deixar em casa e, oficialmente falando, isso significa colocar você dentro dela.

- Já disse que não quero problemas com meu irmão, é melhor você ir.

- Acaba de chegar de uma noite fora e realmente acha que isso não será um problema?! Tenho certeza de que se eu falar com seu irmão...

- Você tem que parar de agir feito o mocinho. - Sorri, afastando delicadamente sua mão do meu rosto. - Já sou dona do meu nariz, Poncho não pode falar nada.

- Dulce, ele me conhece... sabe que a gente já...

- Ucker! - Interrompi, evitando assim uma possível lembrança indesejada. - Somos amigos, eu me entendo com meu irmão, está bem?!

Ele tentou protestar, mas desistiu. Seus olhos se reviraram contrariados, enquanto seus braços me puxavam para um último abraço. Seu corpo estava quente e eu pude sentir o contraste com ar frio da noite. Era bom estar ali, aninhada no peito do homem que eu amei. Sem hipocrisias, nem mentiras, como tinha que ser quando a gente ama alguém.

- Na próxima vez que me procurar... - Sussurrou, se afastando pra buscar meus olhos. - Vai ser porque sentiu minha falta...

Sorri, sabendo que aquilo seria verdade apenas em uma parte. Por mais egoísta que parecesse, eu precisava admitir que sua presença preenchia as lacunas vazias que haviam deixado . Não era o suficiente, eu sabia, mais era o bastante.

- Obrigada por tudo. - Agradeci, me inclinando sobre a ponta dos dedos pra beijar seu rosto. -Agora vai, antes que eu me obrigue a te deixar em casa.

Ele riu e se afastou, tomando o rumo do seu carro e logo, o da estrada. Mais uma vez eu estava sozinha. E mais uma vez a estranha sensação percorreu meu corpo. Estava claro de que se tratava do fantasma inconstante, que assombrava minha vida. Eu era capaz de sentir a presença, o cheiro, como se ela houvesse estado ali. Num rápido ataque de lucidez, retornei a caminhonete e atravessei a cerca, estacionando a alguns centímetros de casa. Só percebi que estava realmente impressionada, quando encontrei o olhar repressivo e preocupado de Poncho, sentado à beira do sofá como quem espera a muito tempo.

- Eu estou bem. – Menti. - Não atrasei a encomenda e nem houve danos...

- Onde você estava? - Sua voz era indiferente, gélida demais pra que eu sentisse medo.

- Na casa de um amigo, achei que devesse me distrair um pouco.

- Certo! - Levantou, com o rosto retraído numa tensão plausível. - Vai voltar a cuidar do sítio, mas da próxima vez que resolver escapar sem me avisar... Dulce eu...

- Não precisa dizer mais nada. - Interrompi, tomando corajosamente o rumo das escadas. - Já entendi o seu recado, boa noite!

Girei sobre os calcanhares e subi os degraus, apreensiva o suficiente para não notar o ranger estridente dos mesmos. Entrei em meu quarto e deixei que meu corpo desabasse sobre a cama, enquanto minha mente vagava em direções opostas.

 Algo me dizia que Poncho não estava em seu estado comum. Como se o fato de aceitar minhas desculpas e apenas me advertir, significasse algo mais do que cumprir seu papel de bom irmão.

Alguma coisa tinha acontecido e, mesmo que meus pressentimentos fossem negativos, eu não desejei saber, só queria fechar os olhos e dormir, dormir pra esquecer que aquela seria mais uma noite sem ela.