Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

DULCE

Abri os olhos lentamente, me acostumando aos poucos com o clarão que havia invadido meu quarto. A porta havia sido aberta de supetão, me despertando. Inclinei a cabeça e no curto segundo que a dor a atingiu, pude enxergar um mulher de estatura baixa, se aproximando da minha cama com alguns materiais de limpeza nas mãos.

Foi preciso alguns minutos pra lembrar que aquela deveria ser a camareira e que, definitivamente, eu não estava em meu quarto. 

- Desculpa. - Sussurrei, sentindo meu rosto arder de vergonha.

A "simpática" senhora, pareceu não entender meu constrangimento e começou com seu serviço, como se eu não estivesse ali. Apoie-me com dificuldade sobre os pulsos e consegui me levantar, arrastando o lençol para junto do meu corpo.

Eu estava nua.

Estava nua no quarto de uma boate e não conseguia lembrar-me como havia parado ali. Deus... como aquilo era constrangedor.

- O mal de vocês jovens, é achar que isso aqui é hotel. - Resmungou me olhando por baixo das suas sobrancelhas grossas.

Girei o rosto em busca das minhas roupas e consegui me vestir, sem morrer de vergonha da minha espectadora. Ela repôs o lençol, que antes me envolvia sobre a cama, e pôs a mão no bolso retirando um minúsculo papel, me entregando em seguida.

Era uma espécie de bilhete carimbado, com o número do quarto sobescrito em preto. Olhei-a e pela minha cara, devia ter ficado óbvio que eu não estava entendendo.

- É sua primeira vez aqui, não é?

Fiz que sim, prometendo pra mim mesma, que seria a última.

- A mulher que estava com você pagou pelo quarto. - Hesitou, vendo meu queixo cair e se recompor seguidamente. - Vai precisar desse bilhete se quiser sair daqui sem maiores problemas.

Acenei um obrigado mudo e tentei seguir desnorteada até a porta, ela me observava com uma das sobrancelhas arqueadas. Certamente, devia estar acostumada em acordar pessoas embriagadas e nuas, depois de uma noite de sexo. Mas parecia ser a primeira vez em que vira alguém tão constrangida como eu, perdida nos próprios passos.

- Não se esqueceu de nada?

Apoiei-me na porta e girei lentamente o corpo pra olhá-la, imaginei o que deveria estar esquecendo que não fosse meu juízo. Foi quando ela me estendeu uma máscara, certamente não era a que eu havia usado.

Estendi a mão e recebi o material frio, detalhado em um tom de mistério. Agradeci e finalmente sumi dali, levando na mão a máscara da mulher misteriosa que eu havia passado a noite.

- Mais que diabos você andou fazendo Dulce? Estava desesperado atrás de você!

Aproximei-me do carro em que Ucker gritava. Tinha me dirigido para lá após ter entregado o maldito bilhete na portaria e retornado as suas inúmeras ligações, obviamente desesperadas. Eu não tive coragem para encarar sua cara, mas certamente, não devia ser das melhores.

- Você simplesmente desapareceu, sumiu a festa inteira e eu tive que te procurar feito um maluco. Vai ter que ter uma boa explicação pra tudo isso, Maria. E pode...

- Cala a boca. - Grunhi, passando a mão na cabeça. - Tá parecendo uma mulherzinha.

Ele não disse nada. Olhou-me por alguns segundos, avaliando a máscara que eu apertava no peito e suspirou, tentando controlar a raiva, que era evidente na sua voz.

- Fique sabendo que essa "mulherzinha" aqui, estava preocupada com você. - Pôs a chave e ligou o carro, segurei sua mão, desmoronando em culpa.

- Merda! Me desculpa. - Soltei a máscara no colo e pus as duas mãos no rosto. - Eu tive uma noite horrível.

- Noite horrível?

- Bem... - Hesitei, o encarando. - Uma "manhã" horrível, não lembro da noite passada.

Desviei meus olhos do seu rosto e observei novamente a máscara. Ele acompanhava meus passos sem que eu percebesse.

- Essa é a mascara da mulher com quem passou a noite?!

Engoli a seco antes de afirmar que sim com a cabeça, ele suspirou e depois de muitos segundos quebrou o silêncio.

- Muito bem, precisamos conversar. Vamos pra casa.

Me afundei no banco, enquanto Ucker dava partida com o carro. Ainda olhava a máscara como se ela fosse responder a todas as minhas perguntas, porém, a verdade é que eu nunca saberia da resposta e, talvez, não me sentiria tão intrigada em saber, se não tivesse a estranha sensação de reconhecer o corpo que escorregou sobre o meu febrilmente. O sexo que latejava em minha memória e no meu corpo em pequenos flashs cada vez mais nítidos.

Só havia uma pessoa capaz de me deixar naquele estado. Sim, poderia estar delirando, mas a dona daquela máscara, só poderia ser Anahi.