Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Seus olhos marcantes me fitavam, aptos a me roubar o fôlego, seus cabelos ruivos balançavam ao vento remoendo todas as nossas lembranças. Foi preciso prender o ar para não perder a cabeça. Definitivamente, Dulce tinha esse poder sobre mim.

- Sente saudades disso? - Perguntou, enquanto eu ainda me aproximava. - Descobriu que esse não é seu mundo, não é mesmo?

Não respondi. Dulce acenou com a cabeça e começou a andar na minha frente. Segui-a, movida pela atração invisível que ela exercia sobre mim. Logo, estávamos iniciando uma conversa durante a caminhada.

- Você foi embora daquele jeito... - Hesitou, cerrando as mãos em punho dentro do bolso. -Quem é você de verdade, Anahi?

Parei. Pela primeira vez então, percebi como ela me enxergava. Éramos como completas estranhas. Dulce não sabia nada sobre mim, a Anahi que ela havia conhecido, era a que ela havia ajudado a construir. Por isso o medo se desenhando em seu rosto, por isso o modo tímido de me olhar. Ela não sabia quem eu era na verdade, o que eu pensava, o que eu fazia. Como um primeiro encontro.

Um segundo primeiro encontro.

- Espera. - Apressei os passos para acompanhá-la. - Eu fiquei com medo da sua reação, medo de como me trataria. Não foi por mal, entenda.

Ela ergueu as sobrancelhas, surpresa com minha resposta. De repente um misto de sensações pareceram inundar aquele rosto que eu tanto admirei. Sensações tão reais que mais pareciam físicas.

- Isso não explica, não ter voltado pra se retratar. - Grunhiu, parecendo cuspir as palavras. - Eu esperei por você.... esperei muito.

O que ela estava falando...Claro, Christian! Era sobre Poncho que ele estava falando. Ele era o culpado disso.

- Dulce entenda, Christian estava certo... tudo foi um engano. Você não me esperou sozinha eu...

- Dane-se. – Falou tão rápido, que eu não sei como, suas mãos me puxaram ávidas a jogarem meu corpo contra a árvore mais próxima. Seus olhos eram escuros e queimavam meu rosto quando ela modelou seu corpo ao meu.

Eu tentei capturar sua intenção, quando ela retornou a falar, com a voz embargada por uma emoção previsível.

- Eu não quero saber quem você é, nem o que faz. Não me importa quanto tem no banco, nem o que pensa em ter. Eu impedi que viajasse porque não aguento mais ficar longe de você. Quero a minha Anahi de volta. Se você disser que ainda me aceita, nem que eu tenha que largar tudo Anahi. Vou ficar com você.

Não respondi. Não havia nada a ser dito, simplesmente. Movida pelo instinto que já começava a arder em meu peito, avancei sobre seu rosto e capturei seus lábios.

 Beijamo-nos com a pressa e a intensidade de quem espera por anos. Com a única certeza de que agora, nada nem ninguém nos pararia.

- Desgraçado, mentiroso.

Dulce cuspia as palavras, visivelmente, enraivecida. Havíamos esclarecido aquela triste confusão da maneira mais simples e rápida possível. Porém, foi impossível evitar que Poncho não saísse como o vilão daquela historia. Não que eu quisesse isso, apenas estava tentando ser cautelosa quanto ao parentesco que havia entre eles. 

- Não adianta ficar desse jeito. - Sussurrei, beijando delicadamente suas costas. - Isso não vai resolver nada.

Ela mordeu os lábios e cerrou os punhos, ficando aos poucos mais calma. Girei seu corpo e a abracei. Dulce correspondeu ao abraço parecendo entender perfeitamente o que estava tentando dizer. O importante era que estávamos bem. Finalmente tínhamos nos encontrado.

- Ele me fez acreditar que você havia me esquecido. - Murmurou, afastando-se de mim. - Não faz ideia do quanto eu sofri com isso.

Suspirei. Sempre que ela se referia ao tempo em que ficamos separadas, seus olhos doíam em mim de tão tristes. Eu era capaz de esquecer todo meu sofrimento, todas as vezes em que chorei por causa dela. Só queria vingar a dor naqueles olhos castanhos. Só queria apagar a imagem da mulher que amava, se destruindo por uma mentira.

- Já passou. - Selei nossos lábios brevemente, apenas para que ela não percebesse a incerteza em meus olhos. - Vai ficar tudo bem agora.

- Não tenho certeza disso. - Hesitou, evitando me olhar. - Ele não vai aceitar, Anahi. Não conheço o Poncho descontrolado que você citou. Não sei com quem estou lidando..

- Ele não precisa saber. - Ergui seu queixo, encontrando medo nos seus olhos. - Nós vamos dar um jeito nisso. Só precisamos ter calma e ficarmos juntas, está bem?

- Não está nada bem. - Exclamou, parecendo de repente, enraivecida. - Ele no pode cuidar dessa forma da minha vida. Posso resolver as coisas do meu modo.

- Ui, bravinha. - Ri, segurando seus braços junto a seu corpo. – Você vai ter que segurar seu instinto, querendo ou não, ele tem direitos sobre você.

- Ele não pode ter direitos sobre mim!

- Dulce... - Murmurei, colando meus lábios em seu rosto. – Por favor, por favor... se segure. Não estrague tudo.

- Tá... - Grunhiu, dando de ombros. - Mas não me obrigue a tratá-lo da mesma forma. Não vou conseguir olhar pra cara dele.

- Isso eu sei que é impossível, não se preocupe. Só não o mate. - Brinquei, enlaçando os braços ao redor do seu pescoço. - Não acredito que você me sequestrou.

Ela assentiu e abriu o "meu" sorriso. Incrível como eu ainda desmanchava quando ela ficava assim.

- Você acha que a polícia ainda está atrás da gente? - Hesitou, fazendo uma cara de medo que me fez rir. - Vou ter que pensar numa boa recompensa... sabe.

- Hum.. - Me aproximei, deslizando provocantemente os lábios em seu rosto. - O que você acha disso?

- É um Grande começo. - Suas mãos penetraram em meu cabelo e me puxaram para um beijo ávido e quente. Pude sentir a suavidade dos seus lábios, o toque macio e bruto das suas mãos. Pela primeira vez então, recordei como estava sentindo sua falta. - Preciso ir.

Dulce se afastou de mim tão rápido, que demorou alguns segundos até eu me recompor, ela ficou me observando de uma forma estranha. Como se estivesse lembrando de algo.

- Algum... problema?

- Bom. Digamos que eu não cometi apenas um delito hoje. - Mordeu os lábios e me olhou. - Eu também roubei um carro.

Ergui as sobrancelhas assustada. Dulce revirou os olhos e enxugou a testa, parecendo perfeitamente tranquila. Ela ainda me observava quando pus a mão no bolso e retirei um papel, a entregando em seguida.

- O que é isso?

- Na próxima vez que quiser me ver, me liga, certo?

Ela riu e me puxou para mais um rápido beijo. Seus olhos brilhavam enaltecendo a feição alegre em seu rosto. Era exatamente daquela forma que eu a lembraria quando, recordasse aquele momento.