Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

DULCE

Eu tinha motivos suficientes para ser presa. Motivos suficientes para perder um amigo e, consequentemente, a confiança de um irmão. Não que eu ainda me importasse com a semelhança do sangue que corria em nossas veias, eu só não havia pensado na possibilidade de ser delatada por Christopher.

Não quis preocupar Anahi porque, mesmo apesar disso tudo, eu estava suficientemente feliz por ela. Finalmente tive minha menina em meus braços, tornei real aquilo que eu pensava ser apenas ilusão. Eu não me importava com nada que pudesse me acontecer desde que, estivesse com ela. Era como se, só a sua presença importasse e, longe dela, nada fizesse sentido.

Provavelmente ninguém havia sido informado sob o meu súbito estado de alegria. Isso explica a cara confusa de Poncho quando entrei em casa, com o sorriso que ameaçava não sair mais do meu rosto.

Ele levantou e se aproximou parando no centro da sala. Seria o momento certo de acertar nossas contas e descontar minha raiva se, Christopher não estivesse descendo da escada, com uma cara de poucos amigos, que me fez estremecer.

Estava tudo perdido. Ele havia nos entregado.

- Onde você estava? - Poncho perguntou, dando fim aquele silêncio torturante.

Não respondi. Meus olhos oscilavam entre o rosto inexpressivo de Ucker e os olhos duvidosos do meu irmão. Ele podia estar blefando, no entanto, aquilo não parecia uma ironia. Poncho parecia mesmo estar... confuso.

- Eu... eu... - Hesitei, em uma tentativa frustrada de esconder o nervosismo. - Fui dar uma volta.

- No meu carro. - Ucker se aproximou, afirmando minha mentira com uma segurança assombrosa. - Como eu te disse, cara.

Meu espasmo de susto deve ter sido perceptível a ponto de Christopher precisar repetir a mentira, com um tom camarada que fez com que todas as rugas maldosas de Poncho desaparecessem.

Eu tinha roubado seu carro e agora ele me defendia. Como se tudo que eu fiz não houvesse passado de, um simples favor.

Por algum motivo então, eu senti que havia algo podre naquilo.

- Hum, e como foi? - Poncho perguntou, tocando carinhosamente em meu ombro. Recuei por instinto, sentindo nojo de suas mãos. - Algum problema?

Todos. Seu idiota.

- Nenhum. - Menti, avançando até as escadas.

- Vou com você. - A voz gélida de Ucker me alcançou, forçando minha parada. - Algum problema Poncho?

Virei-me receosa, apenas para constatar o sorriso idiota que havia se formado no rosto ralo de Alfonso. Claro que não tinha. Na sua cabeça, Christopher era o homem certo para ficar comigo, o cunhado ideal pra ele. Que ridículo.

- Só não demorem muito. - Acenou, certo de que entenderíamos o recado.

Meu estômago já estava embrulhado com tanta babaquice. Subi as escadas rezando para que Christopher ficasse pelo caminho, porém, quando entrei no quarto e me virei, era ele que estava lá, me olhando feito uma sombra.

- Está bem. Eu sei que errei. Será que adianta pedir desculpas?

- Não está em condições de pedir nada. - Sussurrou, baixo demais para me fazer sentir medo. -Me deve muito mais do que desculpas, Dulce Maria.

- Do que está falando?

- De você ter traído a minha confiança e se encontrado com aquela mulher. - Gritou, parecendo cuspir as palavras. - Você cometeu um grande erro.

- Um grande erro? Você acha que eu errei só porque corri atrás da minha felicidade?