Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Abri a porta lentamente, estranhando o silêncio repentino que me recebeu em casa. Eu esperava um Poncho bravo e curioso a minha espera e, tudo que encontrei foi uma sala vazia.

Aquilo me acalmou por alguns segundos, me fez ter coragem de subir as escadas com um sorriso bobo nos lábios, como uma adolescente voltando de um encontro proibido. Entrei no quarto e me joguei desajeitada na cama, sentia uma necessidade monstruosa em descansar e, estava perto de fazê-lo, quando fui subitamente interrompida por um barulho estranho vindo de algum lugar do quarto.

Levantei assustada buscando pelo emissor e, quase cai pra trás de susto quando encontrei Christopher ressonando no chão ao lado da cama, numa posição nada confortável para o seu corpo alto e esguio.

Ele tinha a cabeça tombada na parede e os braços espremidos entre o armário e a cama protegiam alguma coisa amassada demais para que eu distinguisse. Cruzei os braços e o fitei, era lógico que poncho não estaria a minha espera, uma vez que Ucker já fazia esse papel.

- Hey Ucker, acorde! - Chamei, cutucando levemente sua perna, ele não se mexeu. - Seu tonto, vai quebrar o pescoço dessa forma.

Me inclinei para tocar em seu ombro, empurrando-o sem nenhuma amabilidade. Ele abriu os olhos assustados e se colocou em pé num salto, olhando em volta com ansiedade.

- O que foi? O que foi? - Perguntou, desorientado.

- Sou eu Ucker, a Dulce.

Ele se virou para me olhar, piscando e confuso.

- Ah caramba eu dormi. Desculpe-me por isso, de verdade. - Bagunçou os cabelos, ainda atordoado. - Droga, não era pra ser assim.

- E era pra ser como? - Cruzei os braços, o encarando. - Eu entrando no quarto e você me atacando feito um ninja louco?

Ele balançou a cabeça e buscou com urgência alguma coisa no chão. Inclinou-se em seguida, e se ergueu novamente com o que parecia ser um buquê de rosas e uma caixa, agora mais parecidos com restos de veludos e papelão.

- Droga. - Grunhiu. Os olhos numa decepção evidente.

Suspirei e peguei os objetos com um sorriso digno de agradecimento. Era impossível guardar mágoas de uma criatura tão estupidamente tola e ingênua, feito Christopher.

- Acho que alguns bombons sobreviveram. - Brinquei, abrindo a caixa de chocolate na mão. -Quanto as flores, ando mesmo em dívidas com alguns defuntos, eles vão ficar alegres.

Christopher riu descontraído e suspirou, aliviado por não ter sido empurrado porta a fora. Coloquei os presentes sobre a cama e o fitei, esperando por uma explicação que eu sabia que viria.

- Ah, eu vim me desculpar por ter sido tão idiota naquele dia. - Suspirou, lutando contra as palavras. - Eu só queria evitar que você sofresse, mas... sei que não posso te obrigar a escolher.

Ergui a sobrancelha, erguendo o olhar em seu rosto.

- Eu sei, eu sei. Há uma possibilidade disso não acontecer... - Hesitou, mordendo os lábios. -Mas seja como for, eu quero tá do seu lado, você sabe... como amigo.

Suspirei, erguendo a mão para arrumar a desordem em seu cabelo. Errado ou não, era bom ter o meu melhor amigo de volta.

- Isso quer dizer que me perdoa?

- Não antes de me prometer que vai confiar em mim e não se meter mais nisso. - Sugeri, ele ergueu a mão em resposta. - Muito bem, então está perdoado.

- Obrigado Dulce.

- Não agradeça, na verdade eu só estou com pena do torcicolo que vai ter mais tarde.

Ele levou as mãos ao pescoço como se lembrasse que estava destruído. Ambos rimos da sua careta de dor.

- Aliás, por acaso dormir em meu quarto faz parte do seu ritual de desculpas?

- Ah, me desculpa. Eu achei que fosse voltar logo, quis te fazer uma surpresa e... acabei dormindo.

- Está bem, mas que não se repita. - Sentei na cama, esfregando os olhos impaciente. - Se não se importa, podemos nos falar mais tarde.

- Claro. Você deve estar cansada. - Concordou, com a voz entristecida. - Na verdade, estava pensando em preparar um café da manhã.

O loiro de olhos claros hesitou por alguns segundos antes de se aproximar, com as íris escuras demais para que eu descobrisse a sua decepção. Era duro demais desencorajá-lo, ainda mais porque eu sabia que ele precisava da minha amizade.

- Ah droga, está bem! Mas nada de ovos mexidos.

- Claro que não! - Sorriu, bobo demais para que eu me arrependesse. - Volto em alguns instantes.

Aproximei-me da cama enquanto ele atravessava a porta quase correndo. Abri a caixa de bombons e, com alguma dificuldade, encontrei um em perfeita harmonia, levei aos lábios e suspirei, sentindo o bombom se desmanchar amargo em minha boca.