Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

ANAHI

- Anahi Portilla, você não pode ficar jogada nessa cama a manhã inteira!

Grunhi, reagindo ao peso repentino que se instalou em minhas costas. Christian havia adentrado pela porta no seu estado exaltado de sempre, sem parecer notar meu desânimo.

- Vamos lá garota, está um dia lindo lá fora. - Riu, balançando os braços ao redor do meu corpo. - Hey, sou eu, Christian.

- Uns dez quilos mais gordo! - Murmurei sem fôlego. Ele levantou e quase pude ver seus olhos revirarem. – Obrigada.

Estiquei o braço a fim de encontrar uma almofada, mas antes que ela pudesse cobrir meu rosto, já estava nas mãos hábeis de Christian, me obrigando a erguer os olhos para olhá-lo, pela primeira vez.

- Qual é o seu problema?

- O meu eu não sei. - Suspirou, jogando novamente a almofada na cama. - Já o da bela adormecida...

- Para sua informação, eu ainda nem dormi. - Levantei, sentando na beira da cama. - E parece que nem vou, não é mesmo?

- Yes! Espera... - Hesitou, com uma súbita animação nos olhos. - Você passou a noite fora?

Assenti, apoiando a cabeça entre as mãos num gesto evidente de cansaço. Como contra resposta.

- Haha eu sabia, voltou a cair na night. Me conta, com quantas..

- Hey, criatura! - Interrompi, o assustando. - Você tá louco? Eu tenho namorada, esqueceu?

- Queria, mas você não deixa. - Rebateu, dando de ombros. - Também não é uma novidade muito comum para que eu supere cedo.

Revirei os olhos e suspirei, lutando para que o cansaço não me fizesse desmaiar ali, na frente da figura abismada de Christian.

- Foi a caipira que te deixou assim? - Perguntou, a voz surpresa demais para parecer irônica. -Agora entendo porque está tão apaixonada.

- Não, você não entende. Aliás, achei que estivesse do meu lado.

- Não seja tola, eu não evitei que viajasse a toa. É lógico que estou!

- Qual é o problema, então?

Ele hesitou antes de responder, parecendo assimilar as palavras numa ordem certamente, cautelosa.

- Muito bem. – Aproximou-se, inclinando os joelhos na minha frente. – Não é exatamente com ela que eu me incomodo, é com o que ela te fez virar. Poxa Any, sinto falta da minha amiga, da minha confidente, você não tem mais tempo pra nada. Está sempre ocupada com ela.

Surpresa, observei seus olhos nostálgicos e me perguntei em qual momento havia sido tola o suficiente para deixá-lo assim. Talvez fosse verdade, Dulce havia mesmo me roubado a noção do tempo, mas ainda assim, não era ela a culpada. Há sempre um preço a pagar por ser feliz;

- Você tem razão. Eu devia ter imaginado isso. - Mordi os lábios, apreensiva. – Há, por acaso, alguma chance de perdão?

Ele riu, levantando em seguida para sentar do meu lado.

- Se você prometer dar um pouco mais de atenção pra esse velho amigo, posso pensar na hipótese.

- Assim é mole, vou tirar de letra. - Brinquei, Christian riu e levantou, parecendo de repente preocupado. - Que foi?

- Se você passou o dia com a Dulce, imagino que tenha furado com a bruxa. Sim?

Assenti. Deixando que a preocupação de outrora voltasse a estampar meu rosto. A reação de Lana era uma incógnita que eu receava desvendar, embora soubesse que fosse preciso.

Chris pressentiu meu medo e tornou a sentar ao meu lado, abraçando meu ombro enquanto seus lábios estalavam carinhosamente em meu cabelo.

- Você tem um problema.

- Eu sei.

- Contou pra ela?

- Lógico que não. - Me afastei, analisando a acusação em seus olhos. - Eu sei o que você pensa, mas desista, Lana é um problema meu, não quero envolver Dulce nisso.

- Isso é bonito, mas na prática não funciona. Ou por acaso você acha que a bruxa também vai poupar sua namoradinha?

Mordi os lábios num reflexo impulsivo a suas palavras. Eu sabia que Lana não seria capaz de fazer nada, mas ainda assim, sofria com a hipótese de ver Dulce sofrendo. Não suportaria se alguma coisa acontecesse com ela.

- Eu só quero que você pense Any, vocês podem enfrentar isso melhor se estiverem juntas.

- Não surta! Lana seria incapaz de fazer algo com ela, é a mim que ela quer atingir, você não entende?

- Eu não atiraria no escuro dessa forma! - Suspirou, tocando em meu queixo. - Vai ficar mentindo pra ela?

Franzi os lábios, sentindo meu coração encolher com a lembrança da noite passada. Eu estive outra vez em seus braços, me entreguei ao seu corpo perfeito sem nenhuma ressalva, no entanto, não fora completamente sincera. Eu a amava e ainda assim, mentia.

- Foi tudo tão lindo Christian, está sendo tão perfeito. Não quero estragar nada, mesmo que tenha que remoer a culpa por esconder isso dela.

Ele analisou meu rosto por alguns segundos, com uma certa admiração carregada nos olhos. Depois sorriu, erguendo o braços pra afagar meu rosto.

- Eu nunca vi seus olhos brilharem por nenhuma mulher, fico feliz que Dulce tenha me dado essa oportunidade.

- Vou te lembrar de agradecer a ela. - Brinquei, entrelaçando nossas mãos. - Entende como isso é importante agora?

- Sim, mas ainda não sei como vai fazer.

- Vou parar de ter medo. - Suspirei, andando até a janela. - Parece que só agora me dei conta da situação, isso tudo é meu Christian. Ela apenas administra porque eu não me interessei, mas se isso mudar...

- Você vai ter o poder de afastá-la. – Oscilou. O ranger da cama denunciou que ele havia levantado. - É uma atitude que deveria ter tomado há tempo, ainda assim, estou orgulhoso.

Sorri, recebendo os raios de sol que atingiram meu rosto. A vista de cima daquela mansão era impressionante e, eu me sentia estranhamente relaxada por finalmente ter tomado uma decisão.

- Acho que vai ter a chance de por em prática agora. - Christian sussurrou, quase ao mesmo tempo em que o cheiro de cigarro invadiu o quarto.

Ela estava lá, parada na porta em meio a fumaça da droga que carregava nos dedos. Os olhos negros perdidos em algum ponto do meu rosto, extremamente sérios. Um olhar intimador que me estremeceu.

Não seria tão fácil enfrentá-la.