Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

- Posso falar com você? - A voz fria de Lana quebrou o silêncio, tornando sua presença ainda mais constrangedora. - Sem o saltitante, é claro!

Hesitei, observando as expressões confusas que se formavam no rosto de Christian sempre que a morena estava por perto. Ele ainda oscilava entre o medo e a raiva quando assentiu, deixando o quarto a passos duros e apressados.

- Eu não gosto quando o chama dessa forma, se você pudesse parar de...

- Perdeu uma festa e tanto ontem. - Me interrompeu, entrando no aposento junto com a fumaça da sua última tragada, algo me dizia que ela não apagaria a droga dessa vez. - As pessoas perguntaram por você, todos querem saber qual foi o paradeiro da “badalada” Anahi Portilla.

- Quanta consideração! Avisa que estou bem. Obrigada. - Retruquei, cruzando os braços. - Se veio para me falar da festa, eu dispenso.

Ela suspirou e se aproximou da janela, jogando a ponta do cigarro fora e, acendendo outro em seguida, com os olhos dispersos na fumaça em sua volta.

- Sabe, eu não costumo gostar de pessoas ingratas. - Sorriu, me fitando. - Espero que não ache que vou abrir uma exceção.

- Eu... sai com Christian, esqueci da hora. - Menti, ela riu.

- Claro, perdeu a noção do tempo nos braços da caipira. - Revirou os olhos, enojada. - Que romântico!

- Está certo, eu fui vê-la. – Confessei. - Mas não devo satisfações, devo?

A morena ergueu os olhos sem conseguir conter o espanto. Seus lábios agora apertavam o cigarro com força e, imaginei que era o que ela gostaria de fazer comigo. Já começava a me arrepender de enfrentá-la quando a mesma sorriu de repente, estranhamente relaxada.

- Claro que não, a vida é sua! - Retrucou tranquila. - Mas na próxima vez que marcarmos algo, não fure.

Engoli em seco enquanto seus olhos me encaravam, intimidando. Eu precisava seguir em frente, por mais que sua atitude parecesse estranha.

- Nós não marcamos nada, você que impôs isso! Disse que estava arrependida por ter me deixado a mercê de uma "aproveitadorazinha" barata.

- O que não é nenhuma mentira, não é mesmo? - Riu, cruzando os braços. - Você é jovem Anahi, ainda tem muito que aprender.

- Pode ser mais clara?

Ela suspirou e mexeu nos cabelos, se aproximando em seguida, encurtando nossa distância. Dei um passo involuntário para trás, mas suas mãos me puxaram de volta, colando nossos corpos numa proximidade perigosa.

Eu sabia que era inútil tentar fugir, tão pouco seria preciso. Finquei os pés no chão e a encarei, esperando por uma reação que não veio. Seus lábios pousaram calmos em meu pescoço e aquilo realmente me arrepiou, mas foi só.

Por mais atração que seu jeito frio causasse, assim como o cheiro forte de cigarro e suas lembranças, Lana havia perdido o domínio sobre mim e, aquilo me aliviou. Ainda mais pelo fato de que ela não havia percebido.

- Por algum momento, eu realmente achei que tivesse mudado. - Sussurrou, perto demais para que eu me arrepiasse. - Mas você é jovem, tem direito a algumas crises idiotas.

Fechei os olhos e tentei me concentrar nas suas palavras, ela realmente achava que tudo não passava de uma fase. Será que era tão difícil assim aceitar que eu estava apaixonada? Bom, ao menos isso me dava algum tempo.

- Continue se divertindo querida. Quando essa fase passar, eu vou estar aqui.

- E... se não passar? - Testei, ela se afastou com as sobrancelhas arqueadas. Como se ainda não houvesse pensado naquilo. - Se eu realmente a amar a ponto de não deixá-la?

- Sabemos que isso não vai acontecer. Você não suporta ficar com alguém por muito tempo! -Sorriu, repondo o cigarro nos lábios. - Seu pai se decepcionaria, caso o contrário.

- Não me importo que ele saiba...

Lana gargalhou e tornou a se aproximar da janela, com seu ar inabalável no rosto.

- Você tem um nome, grandes propriedades, uma conta bancária que te sustentaria pelo resto da vida. - Me olhou, cética. - Mas infelizmente, nenhum juízo. Não vou permitir que arrisque tudo isso.

- Eu respondo por mim. Você só manda nos negócios do meu pai!

- `Seus` negócios. - Corrigiu. - Está certo, proponho um acordo.

- Acordo!?

- Sim, o modo menos burocrático de resolver as coisas. - Sorriu, analisando minha expressão. -Ora vamos, não é tão ruim assim.

- Que tipo de acordo?

- Eu vou deixar você viver suas crises em paz, contanto que você... - Hesitou, parecendo se divertir. - Volte a sair comigo!

- Lana eu..

- Como amiga! - Completou, erguendo as mãos. - Eu só quero me redimir do tempo em que passei distante, saber como você tá com mais frequência.

- Prometo que passo na sua sala pra contar como estou. - Retruquei, irônica. - Não vou fazer acordo para poder ter liberdade, isso é ridículo!

- Ótimo, estamos entendidas. – Aproximou-se da porta, virando para me encarar. - Eu vou fazer você entender Anahi, não se preocupe!

- Você não escutou? Eu disse que...

- Cuidado! - Alertou, passando a mão, nos seus longos cabelos negros. - Geralmente eu costumo agir, tem sorte de estar sendo apenas advertida.

Cai na cama quando a porta fechou. O cheiro do cigarro ainda estava lá, me sufocando como sua dona gostaria de fazer. Era pra ser um confronto, no entanto, eu estava mais uma vez, retraída.

- O que ela te disse?

Tão rápido que eu não sei como Christian estava ali. Parado em minha frente com as sobrancelhas arqueadas, curioso.

- Acho que fizemos um acordo. - Suspirei, a verdade é que eu não havia tido chances. - Lana não vai se intrometer em nada desde que... eu saia com ela. Como amigas!

- É claro, assim ela domina a situação, não é mesmo? Que esperta..

- Eu sei! - Suspirei, a exaustão aos poucos voltando. - Vou aguentar essa situação até poder me livrar dela.

- Contou sobre seus planos?

- Não! É só questão de tempo.

Christian assentiu e veio sentar ao meu lado, esticando os braços para que eu deitasse em seu colo. 

- Você precisa dormir agora, depois nós pensamos nisso!

Fechei os olhos e suspirei, eu só queria dormir e esquecer-me de Lana. Dormir e sonhar com Dulce. Sonhar com o dia em que estaríamos juntas de verdade, sem ninguém para atrapalhar, nem impedir.