Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

"Não seja idiota Any, vamos, você tem que tentar.. não vai ser tão ruim assim.."

- Falando sozinha amor? - Dulce descia as escadas, com um riso debochado no rosto. - Vai afundar o piso desse jeito.

Suspirei, buscando o ar que faltava nos meus pulmões. Eu tinha que agir logo, antes que o medo assolasse minhas perspectivas.

- Eu... só estava pensando. Gostou da varanda?

- Sim, é tudo muito lindo. Você realmente caprichou, como tudo que faz. - Piscou, beijando delicadamente meus lábios.

- Nem tanto, Dulce, tem um lugar que eu preciso te mostrar.

- Achei que tivesse visto todos, pois bem, me mostre.

Assenti, segurando sua mão com mais força do que de costume. Seguimos por um corredor curto que levava a uma pequena portinhola, em nenhum momento Dulce pareceu notar a semelhança naquele caminho. Somente quando descemos pelas escadas no subterrâneo, a surpresa se espalhou em seu rosto.

- Um porão! - Exclamou, girando os olhos pelos cantos escuros daquele pequeno quarto. -Nossa, você pensou mesmo em tudo.

Sorri, me concentrando em tirar a minúscula caixinha do bolso sem que ela deparasse com o tremor e o suor das minhas mãos nervosas.

- É... em quase tudo! - Sussurrei, olhando para o chão.

- Hei! - Sua mão ergueu meu queixo, forçando nossos olhos a se cruzarem. - Você não parece estar tão feliz assim, posso saber o motivo?

- Não, eu estou sim feliz. Só estou um pouco nervosa... mas não se preocupe, você vai saber o motivo han... agora.

Suspirei, tentando encher cada músculo do meu corpo de coragem. Dulce me olhava confusa, com as sobrancelhas arqueadas em reforço.

- Dulce Maria... - Segurei delicadamente sua mão, encarando com dificuldade o tom escuro em seus olhos. - Eu quero que saiba que estou disposta a me entregar ainda mais na nossa relação, disposta a dar um passo a frente e quantos mais forem preciso.

- Any..

- Um porão foi o lugar em que demos nosso primeiro beijo e, esse representa um pouco da nossa história. Parece ser o canto certo pra... - Estendi a caixinha, deixando a mostra os anéis brilhantes. - Te pedir em casamento

- ........

- Prometo te amar pelo resto das nossas vidas, casa comigo?

Dulce me olhava em silêncio, perplexa. Ameaçando o equilíbrio do meu estado nervoso. Essa não era a reação que eu esperava, ela nem me abraçava, nem chorava como nos sonhos que eu passara a ter desde que decidira pedir sua mão.

Era algo como pânico que emanava em seus olhos, o mesmo pânico que fez com que de repente as alianças em minhas mãos passassem a pesar dez quilos.

- Estou te pedindo em casamento, vamos lá, diga alguma coisa!

Ela não respondeu, continuou parada, imóvel feito uma pedra, me olhando como se olha para uma ameaça, roubando lentamente minhas esperanças.

- Acho que entendi, isso é um não. - Murmurei fechando a caixa, a casca de veludo doeu como espinho em meus dedos. - Você não quer casar...

- Eu... - Hesitou, parecendo despertar aos poucos. - Não esperava...

- Essa era a intenção! Você não vai me dizer só isso... não é?

A ruiva pôs as mãos no rosto e suspirou, tornando a me olhar com os olhos embargados.

- Você é tão perfeita... eu... não posso te magoar!

- Ah, claro. - Mordi os lábios, tentando encontrar forças para terminar a frase. - Eu já sabia.

Cerrei os punhos e mirei o teto, rezando para que ele desabasse sobre minha cabeça antes que a dor me consumisse, feito um punhal cravado no peito. Eu me sentia o mais ridículo dos seres, o mais torpe e idiota dos reles, desprezado ridiculamente pela mulher que ama.

- Tem ao menos um motivo?!

Ela suspirou e se aproximou, perdida nos próprios passos.

- Eu não sei, só acho que é cedo... talvez.

- Você não gosta de mim o suficiente pra isso, não é?

- Não, não, não, - Segurou meu rosto, os olhos aflitos buscando os meus. - Não seja idiota, você sabe que sim.

- Então porque droga está me fazendo passar por isso? Se você gostasse de mim... se você me quisesse... iria aceitar, você tinha que aceitar...

Afastei-me, desabando em soluços. Dulce pareceu demorar alguns segundos para perceber que eu estava chorando e, quando o fez, não hesitou em me abraçar, chocada.

A ruiva apertava os braços ao meu redor como se assim pudesse diminuir sua culpa, a mesma culpa que a deixou desesperada.

-Não, não, não. Por favor, não chore, por favor...

- Você... é uma idiota!

- Eu sei, eu sei, não chore por mim, meu amor, por favor, não chore..

Me desprendi dos seus braços e joguei as chaves em suas mãos. Dulce recuou, analisando o molho em seu poder, aflita.

- Você agora sabe onde está, não vai ser difícil voltar a pé pra casa, não é mesmo?!

- Anahi...

Segui até as escadas fugindo do buraco negro que se abria sobre meus pés, porém Dulce conseguiu me alcançar e, quando seus olhos castanhos pousaram sobre os meus, cheios de dor e culpa. Senti que finalmente havia afundado nele.

- Eu só preciso de um tempo... - Murmurou, a voz falhando..

Ri comigo mesma, um riso amargo, de decepção. Eu não precisei de tempo para tomar aquela decisão, a não ser os primeiros segundos em que bati os olhos nela. No entanto, agora ela estava ali, me fazendo passar por um papel de boba, pensando se deveria ou não nos dar essa chance, sem motivos, sem razão.

- É um passo sério Any, sério demais...

- Que você não está disposta a dar, entendi. - Me afastei, sumindo em meio as escadas. - Faça como quiser Dulce, faça essa droga da sua maneira, caipira idiota.

As coisas ficaram tensas. E aí o que acharam da atitude delas? Anahi se antecipou demais em já querer casar? Ou a Dulce que agiu mal em não aceitar?