Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

DULCE

-Poncho! Poncho! - desci os pequenos degrauzinhos da varanda e me aproximei correndo em direção ao seu carro. Poncho tentou ligar o motor, mas desistiu quando pus minha cabeça na janela.

-Você não vai fazer isso vai?!

-Dulce... -pôs a mão na testa e me olhou, depois de um longo suspiro.

-Me parece que você ainda não entendeu a gravidade disso tudo.

-Se é tão grave assim, porque não fica e resolve?

-Por que tenho outro problema pra resolver, e por acaso, esse também foi culpa sua!

-Culpa! Culpa! Grande droga! Será que você vai se sentir culpado se voltar e me encontrar em óbito?

Poncho soltou uma gargalhada e pôs a mão pra fora da janela, beliscando minha bochecha.

-É mais fácil ela não sobreviver a você ruivinha! -encolheu o corpo se esquivando do meu tapa

-Está vendo?! Haha!

-Argh, vai lá então! Buscar sua tão “importante” encomenda, que eu vou escrever meu testamento doando tudo pra caridade! Pra CARIDADE ouviu bem?! -me afastei dando as costas. Poncho buzinou chamando a minha atenção, parei sem me virar.

-Escuta, óh senhora do drama, enquanto estiver cuidando do sítio, faça ela repousar, está bem? Se não quiser que isso se prolongue... -ligou o motor e deu partida, fazendo sua última piada.

-E escolha bem a caridade, vou encomendar sua caricatura, ok?!

Abaixei-me pegando a primeira coisa que pudesse o atingir, mas o carro já havia atravessado a cerca.

Eu estava sozinha agora... sozinha com uma suicida amnesiada.

Que droga! Sempre achei que valesse mais do que batatas.

Parei em frente aos degrauzinhos que levavam até a varanda e olhei a sala pela porta aberta. Nada parecia estar fora do normal, a não ser pelo fato de ter uma loira suicida em qualquer canto dali.

Suspirei e entrei num passo repentino, vistoriei a sala e logo percebi que Anahí não estava lá. Mais alguns passos e a encontrei no mesmo canto onde havia ficado quando corri atrás de poncho, em frente ao espelho, se olhando.

Me aproximei analisando sua expressão séria, longínqua, foi quando ela me notou através do espelho, nossos olhos se cruzaram no reflexo daquele vidro opaco. Aquela mulher que estava ali já não se parecia em nada com aquela que havia pulado em meus braços, tão fraca e perdida. A presença que existia naquele imenso azul de seus olhos, azul fascinante que me fitava, não tinha nada de evasivo.



-Hanr..- grunhi tentando me recompor, Anahí virou-se em minha direção.

–Tenho ordens pra que repouse, então... acho melhor fazer isso logo!

-Me desculpe, mas... acho que já dormi demais hoje –suspirou e pôs a mão na cabeça.

-Só preciso dar um jeito na minha dor de cabeça.

Ótimo, se a única coisa que me confortava era saber que ela dormiria, agora então, havia voltado para a estaca zero.


-Talvez se você dormisse... quem sabe... lembrava de alguma coisa... -Anahi suspirou novamente e fechou os olhos. Como se a dor houvesse aumentado naquele momento, me aproximei do balcão e retirei um comprimido de dentro da caixinha de remédio, o entreguei em seguida à loira.

–Tome e vá se deitar um pouco!

A loira olhou para o pequeno comprimido que a oferecia e num toque sutil, o tomou de minhas mãos.

-Vem, vou te mostrar o quarto! –chamei-a seguindo em direção ao quarto de hospedes, escondido em baixo das escadas. Só percebi a presença da loira quando parei de frente a porta de madeira.

- Tem algumas roupas minhas no armário... você pode usar se quiser.

-Acho que vou precisar, obrigada.

Olhou ligeiramente vistoriando a cama de casal e o velho armário que completava os móveis daquele lugar, em seguida olhou pro casaco que cobria sua camisola e pra mim.

-Eu... estava com outra roupa, não estava? Quem... quem me trocou?

Seus olhos me fitavam sem nenhum tipo de constrangimento, enquanto os meus oscilavam, nervosos, como eu iria explicar aquela mulher que eu havia visto seu corpo quase nu? Que havia invejado todas as suas curvas perfeitas e sua silhueta esguia?

-Fui eu... -respondi quase sussurrando.

Olhei pra escada no topo das nossas cabeças e prossegui tentando mudar o clima.

-Mas não se preocupe, não tirei nenhum tipo de vantagem sobre você.

-O que é uma pena... -desci levemente o olhar e a encarei, ela sorria como alguém que acabara de dizer algo inaudível, talvez eu não devesse ter escutado seu sussurro.

-Vou deitar, obrigada pelo remédio.

Balancei a cabeça positiva e fiquei vendo-a entrar no quarto, com seus longos cachos loiros balançando sobre seus ombros cobertos.

Sentia-me confusa com suas palavras e, definitivamente, vítima da sua beleza.