Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

DULCE.

- Foi aqui que pediram uma dose de chocolate quente pra espantar o mau humor?!

Revirei os olhos enquanto saia do banheiro, enxugando o cabelo numa toalha. Christopher me analisava da porta do quarto, com um sorriso bobo estampado na cara e uma bandeja apoiada nas mãos. Eu devia me acostumar com sua presença, se a minha cabeça não andasse tão distante.

- Sei que você adora, então tomei a liberdade. - Piscou camaradamente, atravessando o piso de madeira em passos calculados. - E hoje eu não vou aceitar um não, nem adianta insistir.

Suspirei e me aproximei do espelho, havia marcas de noites mal dormidas em toda parte. Como um castigo impresso na lembrança. Fechei os olhos e deixei que a toalha secasse também meu rosto, na esperança de que elas desaparecessem, talvez.

- Se você não vier beber vai ficar sem, modéstia a parte, está incrível!

Abri os olhos e me permiti sorrir. Um sorriso fraco, mentiroso. O único que eu era capaz de dar, para a única pessoa que era capaz de me arrancar um.

Girei o corpo e fui sentar na cama, ao seu lado. Ele me estendeu o copo quente com um cuidado exagerado, como se eu fosse capaz de me queimar a qualquer instante. A verdade é que eu andava desligada o suficiente para que isso acontecesse, e Christopher sabia. Qualquer uma que chegasse perto saberia.

- Você está sendo um puxa saco e tanto. - Brinquei, sem humor nenhum.

- Eu sei, poderia ficar ofendido se não soubesse que está precisando. - Sorriu, sorvendo um gole do líquido marrom, a fim de me encorajar. - Nossa, não é que está bom mesmo?

- Sabe que isso é ridículo, não sabe?!

- Eu sei. - Murmurou, murchando de repente. - Mas parece que nada do que eu faça é capaz de te animar. Estou perdendo as esperanças.

Franzi as sobrancelhas, sentindo pena dele. Ucker não merecia aguentar o saco que eu estava esses dias, no entanto, não saberia como fazer sem a sua presença constante.

- Ucker, você me ama?! - Perguntei. Seus olhos se estreitaram, confusos.

- Claro que sim.

- E não precisa casar comigo pra mostrar isso, não é mesmo?!

- Bom, depende. Se você quisesse... - Brincou, tomando o chocolate das minhas mãos. - Ok, eu acho que entendi.

- Eu não queria que ela ficasse daquele jeito, juro. Era tudo que eu menos queria.

Ele levantou e pôs os copos na cômoda em frente, virando-se em seguida a tempo de me observar deitar na cama, com o olhar perdido no teto. Já tinham alguns dias que eu me encontrava assim, perdida em alguma coisa que não fosse em mim mesma. 

- Ela me odeia Chris, eu consegui. Sou uma idiota...

- Acho que está se precipitando. - Cruzou os braços, paciente. - Você ainda não se retratou, não sabe como ela vai reagir.

- Retratar... – Repeti, sorvendo o sabor amargo daquela palavra. - Esse é o problema, eu não sei exatamente porque deveria fazer isso.

- Que tal, porque você é uma caipira sem coração, nem sentimentos? - Retrucou, e eu me perguntei se ele estava brincando. - Seria um bom começo.

Tornei a sentar na cama, buscando seus olhos escuros, acusativos. Ele estaria certo se eu não soubesse que havia alguma coisa ali, ricocheteando furiosamente em meu peito.

- Nós somos de mundos diferentes, eu não posso me arriscar assim. Não ainda, não agora..

- Você tem medo! - Afirmou, resumindo meu discurso. - Mas medo exatamente, do que?!

- Das nossas vidas, Ucker. - Levantei, passando as mãos no rosto. - Nos casamos, e depois?! Eu vou ser sustentada pela família rica dela?! Eu ainda vivo embaixo das asas do meu irmão, vou sair pra ficar em outra?

- Nossa, que radical. - Riu, colocando as mãos no bolso. - Será que não parou pra pensar que pode ser diferente? Sei lá... casamento não é nenhuma prisão. Devia parar de pensar assim.

- Não há como pensar diferente, veja como está sendo. Eu quero vê-la, levo literalmente pro mato. Ela quer me ver, compra uma casa.

Ucker assentiu e pôs as mãos no rosto, forçando um silêncio que ele fez questão de quebrar com uma gargalhada. Revirei os olhos e cai na cama de novo, observando sua crise com repulsa.

- Seu doente! Imbecil. - Xinguei, de mau humor. - Isso não tem graça nenhuma!

Ele continuou rindo, sem parecer me escutar. Foi só quando ameacei sair do quarto que ele tornou a ficar sério, com o rosto vermelho. Os olhos com lágrimas.

- Me perdoe, vai. - Se desculpou apressadamente, enxugando os olhos com o dorso do braço. - Eu não tenho culpa de você soltar essas.

- Idiota. - Me afastei, seguindo para a janela. - Eu realmente precisava de um conselho.

- E de quem você quer ouvir? - Perguntou, a voz de repente próxima demais, queimando minha orelha. - Do seu melhor amigo, ou do cara que é apaixonado por você desde sempre?!

Virei-me com cautela, assustada com a sua rápida investida. Mai foram os olhos dóceis do meu amigo que encontrei, embora seu sorriso demostrasse o contrário. Eu queria poder dizer que não era hora de brincadeiras, porém tive medo de que não se tratasse de uma.

- Pode ser... dos dois?! - Mordi os lábios, apreensiva.

Ele riu e segurou meu rosto, numa quase carícia.

- Você está pensando demais e sentindo de menos. Sabe, a gente não pode controlar tudo. Fica tão mais fácil quando seguimos nossos sentimentos, mesmo que as coisas saiam fora do controle.

Analisei suas palavras por alguns segundos. Eu entendi, não importava o que fosse da minha vida de agora em diante, nada importava desde que Anahi estivesse nela. Era ela e mais ninguém.

Beijei seu rosto com uma força incomum e corri até a cômoda, retirando uma pequena caixinha de veludo de dentro. Sorrindo satisfeita enquanto a rodava entre os dedos. Christopher se aproximou confuso, tentando assimilar suas palavras com a minha reação.

- O que vai fazer?

- Vou concertar minha burrada!

- Vai pedir desculpa pra ela?

- Não Ucker. - Me virei, encontrando seus olhos confusos. - Vou pedir a mulher da minha vida em casamento.