Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Atravessei o imenso portão preto e adentrei pelo jardim, sendo imediatamente perseguida pela sensação de inferioridade que aquela imensa mansão provocava em mim. Suspirei acuada, me sentindo uma sombra vagando em meio a enormes paredes, perdida.

Alarguei meus passos por instinto, parando frente a porta de madeira pela segunda vez. Uma voz invisível me atendeu quando toquei a campainha, precisei de alguns segundos para entender que se tratava do interfone, despercebido por ali.

- É... quero falar com Anahi. - Murmurei, sem graça. - Avisa que é a Dulce.

- Dulce Maria?!

Hesitei, escorando meus ombros na parede. 

- Sim... sou eu.

- Sinto muito senhora, ela não se encontra!

Revirei os olhos e bufei. Era claro que ela não estaria, não pra mim.

- Mais que diabos você está pensando... - Me virei, encarando o objeto de metal. - Muito bem, eu vou esperar ela chegar então.

Afastei-me ignorando a resposta da mulher do outro lado, a grama do jardim tornou a me receber, espetando meus pés com raiva. A mesma raiva que carregava os olhos pequenos de Anahi. Analisei a estrutura branca minunciosamente, uma janela aberta, uma esperança acessa.

Corri sem conseguir pensar, meus pés e braços já se atiravam pelo batente quando o fiz. Cheguei com facilidade ao cômodo, era um quarto. O quarto dela. Pulei da janela com algum esforço e a vi, deitada na cama, perdida num sono que eu não conseguira ter.

Aproximei-me guiada pela saudade e toquei seu rosto, sem conseguir acordá-la. Era tão bonita dormindo... tão bonita em tantos aspectos... tão estupidamente teimosa em outros.

- Até quando você pretendia ficar longe de mim, pequena?! - Sussurrei, contornando os dedos em sua pele fria.

A loira se mexeu, abrindo lentamente os olhos. Afastei-me quase ao mesmo tempo em que ela pulou da cama, prevendo seus passos.

- Dulce? É você?

- Para o seu azar e pra minha sorte, sim! - Sorri, acompanhando atentamente seus passos, enquanto ela se dirigia a porta.

- O que você está fazendo aqui?!

- Invadindo o território inimigo.

- Não é possível. Eu dei ordens para...

- Não se preocupe, sua empregadinha te obedeceu. – Aproximei-me, analisando o azul adormecido em seus olhos. - Eu te fiz mesmo tanto mal assim, pra você fugir de mim por tanto tempo e... dessa forma?!

Ela me encarou por alguns segundos, sem palavras. Um silêncio que acabou com o toque do telefone, o mesmo que Anahi se apressou em atender. Trocando algumas palavras vazias apenas, voltando a buscar meus olhos.

- A empregada, avisando que você está lá fora. Me esperando... - Explicou, confusa.

- Melhor que ela pense assim. - Ri, me encostando na janela. - Você devia mudar de quarto, caso ainda queira me evitar.

- Meu Deus Dulce... - Franziu os olhos, oscilando o olhar entre mim e o batente. - Você pulou a janela?

Acenei. Ela pôs as mãos no rosto e o sacudiu.

- Você é maluca, você é maluca..

- Sim, eu sou. - Me aproximei, segurando seu rosto. - E posso piorar se você ficar longe de mim de novo...

Ela me olhou em silêncio, com seus olhos azuis adormecidos, ameaçando roubar meu fôlego. Suspirei, a saudade apertava, machucava... como um veneno agindo lentamente. Não havia chances de voltar atrás, eu não suportaria nem mais um dia longe dela.

- Vamos acabar com essa distância ridícula, eu sinto a sua falta! - Confessei, me aproximando do seu rosto.

- Não é ridícula. - Murmurou, se afastando. - Não até você me pedir desculpas.

- Ai caramba, não seja difícil Anahi, eu não agi errado. Só expus minha opinião... não posso?!

Any cruzou os braços e me encarou, estabelecendo o silêncio como resposta. Mordi os lábios e respirei fundo, relutando entre a vontade de manter a posição e a de agarrar uma birrenta linda.

- Está bem, eu me rendo. - Suspirei, me ajoelhando. - Será que dá pra você perdoar essa pobre idiota!?

- Hey, o que está fazendo? Levanta.

- Não até você me desculpar.

- Dulce sua idiota, pare com isso!

- Opa! Eu ouvi um "Eu te desculpo"?!

Ela revirou os olhos e passou as mãos no rosto, impaciente. Sorri, me preparando para o próximo passo.

- Eu não deveria te desculpar, você foi uma grossa, sem sentimentos. - Suspirou, mordendo os lábios. - Tá desculpada, levanta dai agora vai!

- Ótimo, mas não! - Retirei a caixinha do bolso, estendendo o par de anéis diante dos seus olhos, deliciosamente surpresos. - Você esqueceu isso comigo.

- Dulce...

- Eu fui uma boba Anahi, se for capaz de me perdoar... quero que case comigo.

A loira me encarou, estarrecida. Analisando os anéis em seguida, como se certificasse de que aquilo era real. A verdade é que tudo parecia surreal demais, como um sonho acontecendo em tempo recorde.

- Então... meus joelhos estão doendo.

- Você é muito cara de pau mesmo né?! - Cruzou os braços, mantendo a raiva fajuta. - Te dou dois minutos pra descer a janela e voltar pra casa.

Deu as costas, pisando fundo. Levantei e corri até a porta, impedindo sua saída.

- Ei! Ei! Eu te fiz um pedido, você não pode sair assim... sem me dizer nada.

- Não tem direito de me cobrar uma resposta. - Suspirou, dando de ombros. - Eu vou pensar.

- Acho que não tenho mesmo... você tá certa! Vai em frente...

Afastei-me, dando espaço para que ela passasse. A loira não hesitou, sumiu pela porta sem parecer notar meus olhos tristes. Fitando o vazio na sua ausência. Aproximei-me da janela e, antes que eu pudesse ir. A porta bateu, tornando a se abrir. Minha esperança foi retomada pelo som doce da sua voz.

- É claro que eu aceito, sua imbecil.

Sorri aliviada, abrigando seus lábios em um beijo ardente. Ela era de novo minha, e assim seria, pro resto de uma vida inteira.