Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Poncho se esquivou dos meus olhos, fechou os seus. Depois os abriu novamente, observando o médico ir embora, a passos apressados. Christian suspirou nostálgico, me lembrando de respirar. Encolhi-me e cerrei os punhos, antes de finalmente encontrar o par de olhos tristes. Tentei dizer alguma coisa, gritar alguma coisa, pedir notícias, mas eles se aproximaram, tomando meu campo de visão por inteiro.

- Os médicos liberaram minha visita. - Poncho sussurrou, a voz machucada. - Se você quiser olhá-la, estou cedendo minha vez.

Me escorei na cadeira, evitando desabar. Havia finalmente chegado a hora de revê-la.

- Você tem certeza de que pode fazer isso?! - Christian perguntou, segurando meu braço.

Olhei mais uma vez a porta branca na minha frente. Eu não tinha certeza do que encontraria, mas sabia que era necessário.

- Não. Mas eu preciso. – Afastei-me, abrindo a porta com cautela.

O quarto me recebeu com o cheiro afável de hospital, titubeei. Deixando que aquilo parecesse normal as minhas lembranças. A porta se fechou num baque surdo quando entrei, me deixando a sós com o silêncio.

Andei até a cama no centro e deixei que meus olhos se perdessem no corpo imóvel sobre a mesma. Era o corpo de Dulce, mas não parecia mais a minha marrenta, tão cheia de si e tão cheia de vida.

Estava presa a aparelhos, dependendo deles para respirar. Suspirei, buscando algum ponto de equilíbrio sobre seu rosto. O mesmo rosto em que tantas vezes me perdi, parecia tão distante. Tão frio. Se perdendo lentamente na imensidão da vida.

Tentei ser forte, me aproximar, mas a dor já havia tomado conta de mim, eu era inteiramente dor. Cada poro do meu corpo era dor, cada segundo de respiração. Desabei, deixando que meus joelhos encontrassem o chão. As lágrimas escorreram naturalmente, inundando meu rosto cansado. Era outra face de mim, a face destruída.

- Dulce... - Murmurei, minha voz se perdendo no silêncio. - Porque...

Ergui os olhos, arrastando meu corpo até a cama. Toquei em sua testa fria, no seu corpo, desejando que ele reagisse. Implorando que ele se mexesse. Mas ele continuou imóvel, assistindo ao meu desespero sem uma resposta.

Levantei, sentando ao seu lado. Expurgando a vontade de tomá-la em meus braços. De provar do seu Beijo.

- Você foi sempre tão teimosa. - Deslizei os dedos em sua testa, me atirando em seu corpo, num abraço frio. - Eu pedi tanto pra você guardar segredo.

Apoiei a cabeça em seu peito, erguendo os lábios até seu ouvido.

- Por favor, não me abandone, não me deixe sozinha. Eu te amo marrenta. Eu vou te esperar sempre.

Fechei os olhos, deixando que as lágrimas se rompessem em soluços. Queria morrer sobre seu corpo, me afundar nele por inteira. Se fundir naquela pele feito ferro, da mesma forma como nossos corações estavam fundidos. Mas apenas me restava o cheiro, roubado pelo amargo do hospital. O cheiro que outrora fora doce, convidativo. Agora lembrava a morte. Lembrava doloridamente a nossa morte.

- Anahi, tem que ir embora agora. - A voz de Christian soou como um sussurro, embora eu soubesse que ele estava perto. - Não é uma visita oficial, ela está debilitada.

Encolhi-me, abraçando mais aquele corpo. Tentando aquecer com o calor do meu. Christian falou mais alguma coisa e, em seguida, me retirou da cama com a ajuda de mais alguém. Deixei-me levar, atravessando a porta, os corredores. Esquecendo a minha alma, sobre aquela cama.

- Você está muito mal. - Era o médico que falava, eu estava sentada em algum lugar, observando o vazio. - Precisa de um descanso ou não vai suportar.

- Toma, beba isto. - Chris pareceu erguer um copo a minha frente. Derramando o líquido do mesmo em meus lábios em seguida. - Isso, engula, vai ficar melhor.

Girei os olhos enquanto sorvia da bebida. Encontrei os de Alfonso, assustados, me encarando de longe. Separei meus lábios do objeto, sentindo meu corpo amolecer ligeiramente.

- Obrigada... - Sussurrei, apagando.