Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

ANAHI

Abri os olhos, encarando a vertigem de uma parede branca. Movi-me, esperando que as formas tomassem sentido e, uma vez assim, percebi que estava num quarto, um quarto colorido, confortável. Não parecia com um quarto de hospital.

- Que bom que acordou, estava preocupado.

Ergui o rosto, encarando Christian. Escorado na porta.

- Onde estou?!

- No meu quarto, na minha casa. - Explicou, se aproximando. - É aqui que você vai ficar, por uns tempos.

Tentei levantar, mas a dor aguda na cabeça me pôs na cama novamente. Ele sentou ao meu lado, me analisando com cautela.

- Porque estou aqui?!

- Não queria que Lana te visse dessa forma, além do mais, é mais fácil eu te olhar assim, anda dando trabalho.

- Chris, não é hora de brincadeiras. Eu preciso estar com ela.

- Eu não estou brincando. - Assentiu, suspirando. - Você estava apodrecendo lá. Eu não podia deixar que morresse a minguas..

- Como me trouxe pra cá?! - Sussurrei, fechando os olhos. A dor na cabeça estava piorando.

- A água que você tomou, estava batizada. Tem dormido há um dia exatamente, deve estar com fome.

- Não... eu não posso ficar longe, me leve pra lá.

Chris revirou os olhos e levantou, passando as mãos na cabeça, impacientemente.

- Não vai adiantar dizer nada, é bom que saiba.

- Christian...

- Vou buscar alguma coisa pra você comer e um comprimido, ordens médicas.

- Christian...

Ele não me ouviu, saiu do quarto sem olhar para trás. Provavelmente, fugindo do meu sofrimento. Fechei os olhos e desejei adormecer novamente, dessa vez, para sempre.

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Os dias naquele quarto pareciam iguais, um martírio que se arrastava lentamente, levando o que ainda sobrava de mim. Eu estava sóbria, mas infelizmente a distância era necessária. Meu corpo não suportava mais aquele cheiro de hospital. Eu poderia ir embora a qualquer momento. Fugir a força daquela dor. Era uma depressão profunda que eu lutava para evitar, mesmo já sabendo que seria impossível, caso Dulce não resistisse.

- O dia está bonito lá fora, devia ter vindo andar comigo. - Christian entrou no quarto, abrindo as janelas em seguida.

- Não precisa fazer isso. - Pus as mãos no rosto, me defendendo da luz. - Eu acredito em você.

Ele riu e sentou na cama, me analisando com os olhos divertidos. Já fazia algum tempo que a pena havia desaparecido deles.

- Você está bem melhor. - Avaliou, tocando meu rosto com cautela. - Não tem mais crises de febre, não é mesmo?!

Assenti, sentando ao seu lado. A dor havia se exposto de várias formas, porém a febre emocional era a única que eu havia conseguido curar.

- Meu coração tá apertado. - Murmurei, jogando a cabeça em seu ombro. - Não me negue mais notícias, por favor...

- Any. - Hesitou, sua voz ficando triste. - Não quero mais te alimentar com coisas ruins, vamos aguardar, está bem?!

- Isso quer dizer que ela não melhorou. - Conclui, fechando os olhos, tentando descobrir onde doía.

- Ou, que eu não tenho como saber, porque estou longe. - Suspirou, abraçando meus ombros. - Vamos, precisa sair desse quarto. Ver a luz.

- Não me peça isso, Chris, eu estou tentando.

- E sinceramente, te agradeço por isso. - Sussurrou, afastando meu rosto. - Você tem sido tão forte, tão maior que essa pancada.

Suspirei, abraçando meus ombros. Força era uma palavra que eu fora obrigada a conhecer.

- Eu só estou tentando, Chris... só isso.

- Eu sei, e preciso que continue, está bem?!

Assenti, ouvindo o som do telefone tocar em outro cômodo. Christian se retirou sem pressa, me deixando a sós com o vazio. Levantei e segui até a janela, observando pela primeira vez depois de dias, a cor do mundo lá fora. O mesmo mundo que Dulce me ensinou a enxergar com outros olhos, os olhos da alma. As cores ainda pareciam mortas sem ela.

- Anahi....

A voz de Christian ecoou como um sussurro pelo quarto. Virei-me, encontrando seu rosto pálido, me fitando.

- Ela acordou...