Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Os corredores brancos continuavam imensos, diminuindo o som dos passos aflitos que corriam juntos, na mesma direção. Passos que só cessaram, quando encontraram os rostos, já tão familiares. Atordoados com a nossa presença e, provavelmente, felizes pela notícia.

- Dulce... - Murmurei, me escorando na parede.

Christian se afastou enquanto Alfonso se aproximava, tinha os olhos marejados, comovidos. Um espelho dos meus.

- Como... - Sussurrei, deixando que uma lágrima salgasse minha boca.

- Depois que você esteve aqui, ela melhorou.

Fechei os olhos, deixando que todas as sensações possíveis atravessassem meu corpo. Poncho me abraçou, sem pressa. Um abraço que significava muito mais do que um agradecimento, era felicidade. A última sensação que poderíamos compartilhar, a que tanto desejamos sentir. Dulce estava viva, a metade das nossas vidas havia sobrevivido.

- Me desculpe, a culpa é minha... - Sua voz era fraca, embargada. Aturdida.

Mordi os lábios, me separando daquele corpo num estalo. Pela primeira vez então eu recordei de que a culpa era minha. Recordei como num choque de realidade que, ela havia sobrevivido e eu... precisava partir.

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- Resolveu voltar pra casa? - A voz de Lana me recebeu fria.

Ergui os olhos e analisei os cômodos perdidos da casa. Um espaço em que eu passara minha infância, chorando a morte da minha mãe ou a ausência do meu pai. Sobre aqueles dias, eu poderia sentir tudo, menos saudade.

- Você deu sorte... Ela acordou. - Murmurei, encarando a fumaça do cigarro em suas mãos.

- Me parece que não sou a única sortuda aqui. - Sorriu, levantando do sofá em que estava. - Não espera que ela ressuscite duas vezes, não é?

- Vim buscar minhas coisas. - Sussurrei entre dentes, evitando encará-la. - É logico que você sabia.

Ela riu e entornou uma dose de uísque sobre a mesa. Buscando meus olhos em seguida, friamente.

- Suas malas e pertences estão no quarto. Imaginei que queria se despedir dele.

Suspirei, lutando contra a minha fraqueza. Eu não podia desabar na sua frente, não dessa vez. Assenti e subi até o quarto, evitando me prender nas lembranças que gritavam por meu nome nas paredes.

Peguei as malas e desci novamente, sem me dar chances de uma despedida. Tudo que eu menos precisava era olhar aquele quarto, o colchãozinho esquecido de Christian, os quadros nas paredes, as bebidas guardadas no armário. Uma época em que eu fora feliz. Uma época que eu deixaria pra trás.

- Foi rápida, vejo que está com pressa. - Lana continuava sorrindo, encostada na parede, distante de mim. - Dentro delas está a chave do carro e a passagem, faça bom proveito.

- Eu não entendo. - Falei, cerrando os punhos. - Era pra mim estar te expulsando, não o contrário.

Lana riu e se aproximou, mexendo imperiosamente nos seus longos cabelos negros.

- O mundo é dos espertos Anahi, não há espaços para tolos.

- Quer destruir nossa família, porque? - Perguntei, enfraquecida.

- Como você pode chamar de família um pai que te abandonou por medo? - Fechei os olhos, recebendo suas palavras como um chicote. – Você está sozinha Anahi, não adianta choramingar.

Abri os olhos, encarando os seus. Enegrecidos. Havia uma ferida em sua voz, embora ela fosse muito menor do que a minha.

- Do que está falando...

- É melhor você ir, garota. - Grunhiu, enchendo o copo de uísque. - Estou ficando sem paciência.

Hesitei. Dividida entre a verdade e a fraqueza. Havia uma razão maior para minha partida, Dulce foi apenas a chance que ela aguardava.

- Você cuidava do meu dinheiro, cuidava da minha vida. Sempre esperou por isso, pelo momento certo de tomar tudo.

- Que lindo, caindo em si na hora errada. - Riu, bebendo o líquido num gole. - Foi divertido ficar com você Anahi, que pena que usou tudo que te ensinei com a pessoa errada.

- Você é um monstro.

- E você tem dez segundos pra sair da minha casa. – Gritou, apontando a porta com desprezo. - E me agradeça por poupar sua poupança, vamos ver se você sobrevive com o dinheirinho do seu pai.

Virei-me, abrindo a porta. Certa de que enlouqueceria mais um segundo em sua frente. Parei antes de pisar na grama, deixando que todos os sentimentos sufocassem meu peito, abrindo minha ferida. Jorrando o sangue que ainda restava em minhas veias. Busquei por seus olhos, enfurecidos. Eu poderia matá-la naquele momento.

- Esse não é o fim, eu vou voltar...