Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

- Anahi, acorde. - A voz doce de Louise me despertou de um sonho mórbido, esquecido.  - Não pode perder a hora.

Abri os olhos, analisando seu rosto preocupado e a boina esquisita em sua cabeça. Tentei sorrir, mas meu corpo acusou o excesso de álcool, me obrigando a sentar, com algum esforço.

- Minha cabeça tá girando. - Respirei, pondo as mãos na mesma. - A propósito, tem uma laranja francesa na sua.

- Não é francesa, é espanhola. - Corrigiu, sentando ao meu lado. - Me espanto que não saiba identificar.

- Avise a Saéz que não vou hoje, peça para me fazer um relatório.

- Tudo bem, eu passo lá. - Sorriu, mordendo os lábios. - Porque dormiu no sofá?!

- Tinha uma maluca na minha cama. - Brinquei, sem humor. - Desmaiei, não vi.

Ela levantou, ajeitando a boina com seu charme europeu.

- Vou te deixar descansar então, tenho alguns quadros para entregar. 

- De novo com essa história de quadros?! - Perguntei, cerrando os punhos. - Te mandei parar com essas artes idiotas.

- As pessoas não acham idiotas, ma chère. Elas gostam.

- Porque são boas demais para rejeitar esse seu sotaque doce. - Levantei, enraivecida. - Você não vai longe com isso, pare com essa droga.

- Eu também não vou muito longe com você. - Retrucou, dançando até a porta. - Tenha um bom dia.

Rosnei, caindo no sofá. As lembranças inevitavelmente vieram a tona, as malditas lembranças que eu tanto evitara e, que agora estavam ali, expostas por um quadro. Eu sabia que era inútil tentar me iludir, inútil negar a mim mesma o motivo de manter Louise em minha vida.

Levantei, acendendo um cigarro. A pasta cinza voltou a gritar sobre a mesa, esquecida. E dessa vez, alguma coisa falou mais alto que meu orgulho.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

- Eu sabia que viria. – Estevan falou aparentemente feliz com a minha chegada.

Encolhi os ombros, fugindo do cheiro horrível que exalava em minhas narinas. Era o cheiro das lembranças mais difíceis, o cheiro da dor que havia me tomado, anos atrás. Foi preciso uma força inexistente para estar ali, algo maior do que todos os meus medos. Algo chamado pai.

- Pretendo acabar logo com isso. - Resmunguei, deslizando os olhos pelo piso branco.

- Não seja tão fria, ele precisa de você. - Pediu, analisando as expressões do meu rosto.

- Não, ele precisa da Anita. – Disse citando o nome da minha mãe com dificuldade. - Desde o maldito acidente, eu morri junto com ela.

Ele suspirou tocando gentilmente em meus ombros, comovido.

- Sempre há uma possibilidade de perdão Anahi. - Suspirou, olhando para porta branca em nossa frente. - Ele não tem muito tempo.

- Então acho melhor me apressar. – Retruquei o assustando. - Temos negócios ainda para resolver.

- Não entendo como pode ser tão seca. Ele é seu pai...

- Difícil acreditar nisso. - Franzi o cenho, evitando fraquejar. - Posso entrar agora?