Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

Estevan assentiu, me observando sumir com os olhos condoídos, sorvendo um pouco do amargo que fora minha vida. Entrei no quarto hesitante, recordando cada segundo que estive em um hospital, debruçada em um leito hospitalar. Rezando para que alguém que eu amasse não morresse. Era vergonhoso, mas não conseguia mais sentir uma dor que não fosse as das lembranças. Talvez aquela fosse uma boa chance.

- Nita...

Suspirei, observando o homem de cabelos brancos me fitando. Tentando esconder o choque.

- Não é sua Nita, sou eu, Anahi.

- Eu sei quem você é. Só quis ter a certeza de que não havia morrido. - Sorriu, prosseguindo com a voz embargada. - Está tão linda... parece tanto com ela.

Aproximei-me, sentindo o peso dos meus passos. Analisei seu rosto enrugado, sua pele branca, o azul morto em seus olhos. Era tudo tão estranho. Tão diferente do homem que me punha no colo. O homem que me amava sem medo, meu protetor.

Foi impossível suportar, impossível não explodir diante da verdade, as lágrimas já jorravam, surpreendentemente quando cai em seus braços, frágil. Sem que eu pudesse controlar. Ele me abraçou com dificuldade e então eu entendi, que eu havia o perdido para o tempo.

- Eu não queria tê-la deixado, perdoe meu medo estúpido.

- Não me peça desculpas. - Sussurrei, escondendo meu rosto em seu peito. - Você Sempre foi meu pai.

- Mas nunca agi feito um. Depois que perdi sua mãe.

- Eu entendo, você a amava. – Levantei o encarando em meio as lágrimas. - Pode parecer estranho, mas eu sei o que você passou.

Ele me analisou, com um sorriso fraco no rosto. Era loucura, mas graças a todo sofrimento eu finalmente pude entender como ele se sentia. E mesmo depois de tantos anos, só agora eu enxergava, agora que nossas dores se abraçavam, se buscavam, condoídas.

- Eu gostaria de escutar suas histórias. – Sussurrou fraco. -  Mas não tenho tempo...

- Pai...

- Estou deixando tudo pra você Anahi, menos o que aquela maldita mulher te roubou.

Sentei do seu lado, analisando as expressões amarguradas em seu rosto. Finalmente eu entenderia toda a historia

- Lana?

- Ela sempre quis ocupar o lugar da sua mãe.

- Vocês...

- Não, mas fiz a grande besteira de te deixar com ela. Meu Deus como fui cego.

- Nós fomos pai. - Retruquei, apertando suas mãos. - Eu vou conseguir tudo de volta, eu te prometo.

Ele suspirou fechando os olhos por alguns segundos. Recuperando a força que a raiva havia tomado. Era tudo tão claro. Eu havia sido tão covarde que não conseguia enxergar. Havia deixado tudo para trás, quase uma vida inteira. Por motivos que nunca foram expostos, por uma dor que nunca foi evitada.

- Se você pudesse optar por salvar minha mãe, mesmo que isso te afastasse dela. O que faria? - Sussurrei, com o velho sentimento sufocando meu peito.

- Eu morreria ainda assim, mas pelo menos ela estaria viva. - Suspirou, tocando meu rosto com os olhos embargados. - Ainda assim, eu nunca desistiria dela. Nem por um momento.

- Como o senhor nunca desistiu... - Beijei sua testa, entrelaçando suas mãos na minha. - Eu te amo pai.

- Eu também te amo, Anahi.

Dez anos se passaram, e finalmente eu tinha as respostas. Finalmente eu sabia o que fazer e, o que eu deveria ter feito. O tempo já havia me roubado meu pai, parte da minha infância e, metade da minha vida. Não me importaria com o resto desde que ele não fizesse o mesmo com Dulce. Sim, a minha Dulce. Porque agora sim, eu poderia lutar contra todos os fantasmas que me impendiam de lembrá-la.

Poderia ser forte o suficiente para enfrentar todas as imposições, ser forte o suficiente para enfrentar qualquer destino que se parecesse com o do meu pai. Eu não desejaria morrer como ele, numa cama fria de hospital, chamando pela mulher que amou. Não. O meu destino seria diferente.

- Como foi? - Estevan me abordou assim que eu sai do quarto, preocupado com as lágrimas em meu rosto.

- Ele não vai suportar. - Murmurei, limpando os olhos com o dorso do meu abraço. - Imagino que seja meu advogado agora.

- Você vai aceitar?

- Não atravessei o país a toa, nem estou na Europa a passeio. - Retruquei, o encarando. - Eu preciso sair daqui.

- Eu entendo, o hospital não é um dos meus melhores lugares também.

- Não Estevan, eu preciso sair desse país. Preciso voltar pra minha casa, a minha verdadeira casa.

- Tem certeza?

Estremeci, depois de tanto tempo enterrando aquela ideia. Resgatá-la era como resgatar outra parte de mim. A parte morta

- Sim. - Suspirei, repetindo a mesma pergunta que me fazia todos os dias. - Como será que ela está...