Fanfic: C'est' finale (AyD) | Tema: Portiñon, AyD, Dulce & Anahi

ANAHI

- Viajar assim de uma hora pra outra, achei que a louca dessa relação fosse eu, Ma Chère. - Louise brincou, enquanto mexia num bolo de papel que jogava de uma mão pra outra.

- Você parece criança. - Reclamei, retirando o papel de suas mãos. - Em primeiro lugar, você ainda é a louca e, em segundo, não existe relação.

- Pensando bem, acho que vai ser legal sem você aqui...

Abri o guarda roupa e a olhei enquanto mexia em algumas peças. Ela franziu o cenho, dando língua num estilo careta francesa. Provocando meu sorriso. 

- Francesa idiota. - Brinquei, jogando as roupas na cama. - Podia parar de falar e me ajudar aqui.

Ela revirou os olhos e se aproximou, abrindo as malas jogadas na cama, me ajudando em seguida a guardar as roupas. Poucas, apenas o básico.

- Posso ir com você.? - Perguntou de supetão, fazendo uma carinha de pidona.

Ergui os olhos, encontrando os seus azuis suplicantes. Seria de cortar o coração se, eu ainda tivesse um.

- É claro que não, não vou colaborar com as suas aventuras.

- Vai reencontrar ela, não é mesmo?

Hesitei, desviando meus olhos da sua certeza. Eu nunca havia contado sobre meu passado, mas certamente, ela havia entendido a minha dor.

- Eu mando notícias, se quiser saber de mim. - Ergui as malas, pondo no chão. - Preciso ir, pretendo chegar ainda hoje.

- Está bem. - Sussurrou, mordendo os lábios. - Eu te levo no aeroporto.

- Não precisa, eu ainda tenho que ajeitar as coisas na agência. Deixar alguém em minha aunsência. - Pus a mão no bolso, jogando um molho de chaves em sua mão. - Cuida bem da minha casa, francesa maluca.

Ela riu e me abraçou, destravando todas as minhas armas. Retribui devagar, enlaçando as mãos na sua cintura enquanto, em minha cabeça, se passavam imagens de uma francesa com boina estranha rondando a porta da minha agência, com ares inocentes, implorando para que deixasse pintar as paredes. Era arte da moda. Dizia. E depois de tantos nãos, ao invés das paredes, ela estava pintando minha vida. Colando os pedaços que me sobravam. Amando-me por nós duas.

- É, eu vou sentir sua falta. - Sussurrei, selando seus lábios pela última vez. - Se cuida, minha francesinha.

Dei as costas e parti, como fiz exatamente há dez anos.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

A viagem de volta é sempre mais dura que a partida. Uma distância de acontecimentos e mudanças que tornam ainda mais dolorosas as recordações. Como se, fosse possível lembrar-me de todas as coisas vividas e, ao mesmo tempo, saber que elas não voltariam mais.

Uma sensação nostálgica plausível, que machucava, doía, da mesma forma ou mais difícil do que a de dez anos atrás.

- Você está bem? Não me parece ter aproveitado a viagem. - Estevan questionou, preocupado.

- Não tem o que aproveitar. - Murmurei fria, a verdade é que eu havia fugido de todos os detalhes do caminho. - Preciso ir para o quarto.

- Claro, aqui está sua chave. - Sorriu, me entregando a pequena fenda de metal. - Se você quiser podemos andar pela cidade, deve estar com saudades dela.

Suspirei, girando os olhos pelas pessoas que passavam apressadas pelo saguão daquele hotel, localizado numa cidade vizinha a Lexgton. Distante suficiente para mim.

Elas pareciam ter o mesmo rosto do resto do mundo, mas havia algo que os diferenciavam do mesmo. Algo que havia morrido em mim.

- Você está aqui para gerenciar meus negócios, não para servir de guia. - Exclamei, encarando seus verdes confusos. -Só preciso que me faça um favor.

- Claro. - Sorriu, desapontado. - Prometo tentar me conformar com seu gênio.

- Suas gracinhas são estúpidas.

- Realmente eu vou precisar ser bem pago pra suportar isso. - Resmungou, impaciente. - Qual o favor?

Deslizei a mão pela jaqueta, retirando um pedaço de papel. Um rascunho escrito durante a viagem no avião. Um rascunho urgente, de algo que eu precisava concertar.

- Preciso que encontre essa pessoa, o mais rápido possível.

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

As ruas ainda eram as mesmas e, quanto mais andava nelas, mais percebia que a minha dor também não havia mudado. Era difícil permanecer forte, não se deixar abater, quando tudo era lembrança, quando, de repente, você tinha que lidar com dez anos passados.

A ansiedade revirava meu estômago de um modo a causar náuseas, minhas mãos suavam, tremiam. Reagindo a antigas sensações que, finalmente, haviam ressurgido em meu corpo.

- Chavez. - Murmurei, observando o enorme letreiro prateado colado as margens da parede de uma boate. - Quanta originalidade.

Ri, nervosa. Seguindo até a caixa eletrônica. Ao lado da porta.

- Por favor, eu gostaria de falar com o dono do estabelecimento.